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Anna lillian canuto bittencourt • DEFINIÇÃO (OMS): é a separação intempestiva da placenta normalmente inserida no corpo uterino em gestação com 20 ou mais semanas completas e antes da expulsão fetal; • Incidência: 1-2% das gestações; • Sua gravidade está relacionada às repercussões sobre o feto e o organismo materno; • Podem ocorrer complicações perinatais, como: - Prematuridade; - Restrição de crescimento fetal; - Baixo peso ao nascer; - Sofrimento fetal; - Óbito perinatal (DPP é a principal causa de óbito fetal). • Existe uma tendência à repetição do DPP em gestações futuras de 5-15%. • Fatores de risco associados ao DPP: - Hipertensão arterial sistêmica; - Pré-eclâmpsia/ eclâmpsia; - Multiparidade; - DPP anterior; - Tabagismo; - Uso de cocaína e crack; - Desnutrição materna/ deficiência de ácido fólico; - Trombofilias; - Brevidade do cordão absoluta ou relativa; - Trauma materno; - Descompressão uterina rápida; - Implantação placentária sobre anomalia uterina/ mioma; - Rupreme pré-termo. • O principal fator associado ao DPP é a hipertensão arterial, estando ou não associada a pré-eclâmpsia ou a hipertensão crônica; • O uso de suplemento vitamínico e ácido fólico está associado a 26% de redução de risco de DPP. Descolamento prematuro da placenta IDEIAS GERAIS ETIOLOGIA CLASSIFICAÇÃO Anna lillian canuto bittencourt O descolamento, o hematoma retroplacentário e a hemorragia 1°: Inicia-se uma hemorragia decidual que inicia o descolamento; 2°: Com essa hemorragia, forma-se um hematoma retroplacentário; 3°: O hematoma tende a invadir a placenta, formando uma “cratera” em sua superfície; 4°: Isso aumenta a área descolada que, por sua vez, provoca maior extravasamento sanguíneo e aumento de volume do coágulo; 5°: Forma-se um ciclo vicioso. • Quando essa hemorragia fica restrita ao espaço retroplacentário, não ocorrendo sangramento vaginal, denomina-se hemorragia oculta; • Tipicamente, a coloração do sangue é escura, como resultado da ação enzimática durante o percurso entre o espaço retroplacentário e a cavidade vaginal. Contratilidade uterina • O sangue extravasado em contato com o útero exerce ação irritante sobre sua musculatura; • A contratilidade uterina está quase sempre acompanhada por algum grau de hipertonia; - Hipertonia uterina: não há um completo relaxamento uterino entre uma contração e outra; - Metrossístole: contração do diafragma e da parede abdominal que geram compressão uterina; - Taquissistolia: mais de 05 contrações uterinas em 10 minutos, detectadas em 20 minutos. • Processos fisiopatológicos que contribuem para hipertonia: 1. Aumento exagerado da frequência das metrossístoles leva ao quadro de hipertonia por taquissistolia, ou seja, antes que se inicie um período de relaxamento, sobrevém outra metrossístole; 2. Hipertonia autêntica (verdadeira): decorrente da ação irritativa do sangue sobre a fibra muscular. • Com a evolução do processo, há uma intensa infiltração sanguínea miometrial que passa a apresentar desorganização da sua citoarquitetura; - Isso leva a passagem da hipertonia para hipotonia no pós-parto. • Macroscopicamente, o útero apresenta- se edemaciado, arroxeado e com sufusões hemorrágicas (útero de Couvelaire); • A hipotonia uterina é mais bem percebida no pós-parto, pois impede a adequada hemostasia e leva a perdas sanguíneas ainda maiores. FISIOPATOLOGIA Anna lillian canuto bittencourt Discrasia sanguínea • O processo de descolamento tem início com uma lesão tecidual, que acarreta a liberação de tromboplastina e a formação de um coágulo retroplacentário; - A formação do coágulo leva ao consumo de fatores de coagulação. • A tromboplastina passa para a circulação materna, estimula a liberação da cascata de coagulação nos capilares maternos. - A Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) promove a formação de coágulos na rede vascular. • Tanto o coágulo retroplacentário quanto a CIVD consomem os fatores de coagulação; • Então, o fibrinogênio pode estar reduzido na DPP, além de também ter trombocitopenia (porque foram consumidos); • O quadro resultante é de incoagubilidade sanguínea, pelo consumo dos fatores de coagulação e da ativação da fibrinólise; • Isso leva a um aumento da hemorragia. • O diagnóstico é clínico!!!!! • O quadro clínico característico é dor abdominal, associada ou não ao sangramento vaginal; • Manifestações possíveis: - Sangramento vaginal; - Dor abdominal de intensidade variável (sintoma mais frequente); - Contrações e hipertonia uterina; - Padrão cardíaco fetal não reativo. • Deve-se presumir o diagnóstico de DPP em grávida hipertensa ou tabagista no último trimestre com qualquer grau de sangramento ou dor abdominal; • O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras: - Hemorragia exteriorizada: quando o sangue insinua-se entre as membranas e o útero; - Hemoâmnio - a rotura alta das membranas pode provocar a passagem de sangue para a cavidade amniótica;; QUADRO CLÍNICO Anna lillian canuto bittencourt - Sangramento retroplacentário. • Seguem-se anemia aguda, hipotensão e choque; • Nas formas leves, pode haver somente achado ecográfico casual.; - Nesses casos leves, pode haver reabsorção do coágulo, com reaproximação da placa basal à parede uterina e com evolução da gestação sem outros incidentes até o parto a termo. • O comprometimento da microcirculação com hipóxia tecidual e distúrbio metabólico provoca as complicações que se seguem ao DPP: - Insuficiência hepática; - Alterações renais, com: necrose cortical bilareral e necrose tubular, com consequente insuficiência renal aguda; - Síndrome de pulmão de choque; - Hemorragia intracraniana; - Hemorragia puerperal; - Alterações hipofisárias. • O trabalho de parto, quando se instala, em geral evolui de forma rápida, independentemente da idade gestacional Exame físico • Aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras de ressuscitação em suspeita de DPP (ABC da reanimação): - Verificar se vias aéreas estão pérvias; - Checar respiração; - Checar circulação (alterações posturais de pressão e/ou taquicardia). • Quando estão presentes sinais e sintomas de choque, isso significa perda de até 30% da volemia; • Palpação uterina para observar a apresentação fetal e se o tônus uterino está aumentado; • Medir altura uterina e verificar FCF continuamente; • O toque vaginal identifica bolsa d’água permanentemente tensa, como consequência do aumento de pressão intra-amniótica; • A dilatação cervical pode se completar com rapidez surpreendente; • A placenta já descolada é expelida após a expulsão fetal, juntamente com o hematoma retroplacentário. CONDUTA Anna lillian canuto bittencourt Medidas gerais 1°: Cateterização de uma veia de calibre adequado para reposição de volemia; - A fim de aumentar a perfusão tecidual e evitar o choque. 2°: Inserir cateter vesical para a medida do fluxo urinário (ideal de 30-60mL/h); - A ausculta pulmonar e a medida da diurese complementam a orientação da reposição de volume; - Uma PO2 decrescente e PCO2 elevada e edema pulmonar sugerem um quadro de desenvolvimento de pulmão de choque. 3°: Amostra de sangue para timagem sanguínea e avaliação do estado geral e da coagulabilidade do sangue. Exames laboratoriais • Têm como objetivo o rastreamento das complicações de DPP, como: - Anemia grave; - Choque hipovolêmico; - Discrasiasanguínea. • Hemograma com contagem de plaquetas; • Tipagem sanguínea ABO Rh; • Coagulograma; • Exames de rotina para doença hipertensiva; • Teste de Weiner: - É o teste de observação do coágulo, realizado à beira leitp; - São obtidos cerca de 8ml de sangue mantidos em tubo de ensaio; - Aguarda-se a coagulação, sem agitar o tubo; - Da observação do coágulo pode-se inferir a concentração aproximada de fibrinogênio. Manejo terapêutico • A não ser em casos ASSINTOMÁTICOS, cujos indícios de DPP são um achado ecográfico e um feto prematuro, o tratamento da PP e suas complicações dependem do esvaziamento do útero gravídico. 01. Com feto vivo: • Com trabalho de parto adiantado, segue-se a amniotomia, podendo-se aguardar o parto via baixa; - Abrevia o parto e diminui o risco de passagem de tromboplastina tecidual para a circulação materna; - Manter vigilância e monitoração da FC feral contínua. • Se não houver um trabalho de parto, a cesárea é o melhor procedimento, pois está associada a uma redução da mortalidade neonatal. Anna lillian canuto bittencourt 02. Com feto morto: • Repor volemia, fatores de coagulação, restaurar o equilíbrio metabólico e aguardar o parto vaginal em 4-6h; • Quando ocorre o óbito fetal, significa que existe uma grande área de DPP ou que o óbito ocorreu há mais tempo, com maior risco de complicações; • A morbidade materna está aumentada na presença do óbito fetal; • A amniotomia está indicada e o uso da ocitocina deve ser feito para abreviar o trabalho de parto. MARTINS-COSTA, S.H. Rotinas em obstetrícia. 6°ed. MEDCURSO. Obstetrícia – sangramento na gravidez. 2019. REFERÊNCIAS
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