Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bases Biológicas e Nutricionais Profa. Ms. Claudiana Marcela Siste Charal Profa .Ms. Talita Motta Beneli Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP C469b Charal, Claudiana Marcela Siste Bases biológicas e nutricionais / Claudiana Marcela Siste Charal, Talita Motta Beneli. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 134 p.: il. Color. 1. Nutrição. 2. Nutrição - Necessidades. 3. Metabolismo I. Beneli, Talita Motta. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD : 23 ed. 612.3 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTORAS Prof a. Ms. Claudiana Marcela Siste Charal ● Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação Associado em Educação Física da Universidade Estadual de Maringá e da Universidade Estadual de Londrina (PEF- UEM/UEL) na área de concentração em Desempenho Humano e Ativida- de Física com o orientador Prof. Dr. Nelson Nardo Junior ● Mestre em Promoção da Saúde no Envelhecimento Ativo (Unicesumar) ● Licenciatura Plena em Educação Física (CESUMAR) ● Especialista em Neuroaprendizagem (Unicesumar) ● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV) ● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação (Unicesumar) ● Tutora Pedagógica (UniFCV) ● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação (UniFCV) ● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE) ● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2019 até os dias atuais. ● Pesquisadora do Núcleo de Estudos Multiprofissional da Obesidade (NEMO) vinculado ao Departamento de Educação Física (DEF) e Hospital Universitário de Maringá (HUM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). ● Experiência de atuação profissional na área de pesquisa científica, em especí- fico no tratamento multiprofissional da obesidade, na avaliação e medidas de pessoas com obesidade, em programas de tratamento multiprofissional voltado à pesquisa e artigos científicos. ● Experiência em gestão e empreendimento de academia de 2003 a 2015. ● Experiência em personal trainer de 2000 até os dias atuais. Acesse meu currículo lattes: CV: http://lattes.cnpq.br/7940297809849482 Prof a. Ma. Talita Motta Beneli ● Mestrado em Ecologia e Biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) (2019) ● Especialização em andamento em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação (Unicesumar) ● Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2016) ● Intercâmbio pelo programa do governo federal Ciência sem Fronteiras na James Cook University, Australia (2013/14) com ênfase em ecologia marinha ● Atuação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID de Biologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2012/13) ● Experiência como educadora ambiental pela Prefeitura de Maringá, PR (2013) ● Experiência como tutora EAD no Ensino Superior pela Universidade Cesumar (Unicesumar) (2019/20). ● Experiência como professora conteudista no Curso de Pedagogia (EAD) na União de Faculdades Metropolitanas de Maringá (Centro Universitário Unifamma) ● Experiência nas áreas de Ensino de Ciências, Biologia e Oceanografia Biológi- ca, Educação ambiental, Ensino EAD e Ecologia Marinha. Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7140735514844050>. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Se você caro aluno(a) apreciou o tema desta disciplina, convidamos você a iniciar conosco um processo de aprendizagem que irá render conhecimentos incríveis, pois esta- mos iniciando nossa jornada rumo ao fantástico universo da biologia nutricional. Portanto, na Unidade I começaremos a nossa jornada introduzindo os conceitos básicos sobre a Ciência da Nutrição, bem como funciona uma nutrição adequada, assim discorremos sobre a importância dos alimentos e seus nutrientes para o organismo huma- no, sobre a pirâmide alimentar, dessa forma, compreenderemos sua função, sua adaptação diante à alimentação dos brasileiros além de entender como funcionam os níveis e principais grupos alimentares da pirâmide. Para finalizar,a Unidade I, estudaremos sobre a Classificação dos nutrientes, será definido e estabelecido a importância dos principais macronutrientes (carboidratos, lipí- dios e proteínas) e micronutrientes (vitaminas e minerais), onde os encontrar em nossa alimentação, qual seu papel para a vida humana, e trataremos também sobre as principais funções orgânicas da água em nosso corpo. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre o processo de enve- lhecimento, conceituando-o e contextualizando-o, além de compreender as necessidades nutricionais dos mesmos, das crianças, adolescentes e adultos. Já na unidade III iremos estudar sobre o Metabolismo Alimentar, compreenden- do-o, além de estabelecer a importância da Alimentação e Atividade Física e conceituar e esclarecer a funcionalidade e objetividade do IMC das crianças, adolescentes, adultos, gestantes e idosos. E por fim, na Unidade IV trataremos sobre as Patologias Relacionadas à Nutrição apresentando as doenças crônicas não transmissíveis, focando na Obesidade, Diabetes, Osteoporose, Doenças Cardiovasculares e Câncer. Dessa maneira, aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos aborda- dos em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigada e bons estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 Introdução à Nutrição UNIDADE II ................................................................................................... 25 Necessidade Nutricional UNIDADE III .................................................................................................. 64 Metabolismo Alimentar UNIDADE IV .................................................................................................. 99 Patologias Relacionadas à Nutrição 3 Plano de Estudo: ● Conceitosbásicos em Nutrição; ● Os alimentos e suas funções; ● A pirâmide alimentar; ● Classificação dos nutrientes; Objetivos da Aprendizagem: ● Diferenciar os dois principais grupos de alimentos: macro e micronutrientes; ● Definir e estabelecer a importância dos principais macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas) e dos principais micronutrientes (vitaminas e minerais); ● Conscientizar-se sobre onde encontrar os principais nutrientes em nossa alimentação; ● Assimilar as principais funções orgânicas da água em nosso corpo e esclarecer seu papel de ser um nutriente vital para a vida humana. UNIDADE I Introdução à Nutrição Professora Ma. Claudiana Marcela Siste Charal Professora Ma. Talita Motta Beneli 4UNIDADE I Introdução à Nutrição INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) à primeira unidade da apostila da disciplina de Bases Biológicas e Nutricionais. Os profissionais das áreas da saúde e nutrição devem estar preparados para auxiliar o ser humano em qualquer fase de desenvolvimento a buscar uma alimentação saudável e equilibrada. Para isso, vamos iniciar esta unidade elucidando alguns conceitos básicos relacionados à ciência da nutrição, como por exemplo dieta, hábitos alimentares e caloria. Vamos focar nesta unidade na importância dos nutrientes obtidos através da alimentação para o desenvolvimento, funcionamento e manutenção de atividades metabólicas básicas do nosso corpo. Com base na pirâmide alimentar, vamos compreender como obter uma dieta saudável por meio da ingestão diária recomendada dos principais grupos de nutrientes. 5UNIDADE I Introdução à Nutrição 1. CONCEITOS BÁSICOS EM NUTRIÇÃO De maneira geral, a ciência da nutrição estuda todos os mecanismos pelos quais os seres vivos recebem e utilizam os nutrientes desde sua ingestão, digestão, até a excreção a fim de suprir as funções energéticas, reguladoras e construtoras do organismo. Nesta ciência, inúmeros fatores influenciam a escolha, disponibilidade e acesso aos nutrientes por uma determinada população, como por exemplo fatores culturais, socioeconômicos, geográficos, religiosos, psicológicos ou ainda fisiopatológicos. Tais fatores moldam o estilo de vida adotado por uma população, resultando no desenvolvimento de hábitos alimentares próprios (PALERMO, 2014). O principal objetivo da ciência da Nutrição é promover a saúde por meio de uma alimentação saudável (WENDLING, 2018). Os hábitos alimentares podem ser definidos como a maneira pela qual uma pessoa seleciona, utiliza e consome os alimentos disponíveis em seu ambiente. Isto engloba o modo de produção, armazenamento, distribuição e consumo dos alimentos. Os hábitos alimentares não são universais ou estáticos, o que significa que mudanças ou substitui- ções podem ocorrer. Apesar do Brasil abranger regiões distintas e ricas em diversidade de alimentos, os brasileiros de modo geral ainda possuem padrões alimentares deficientes e por isso o conhecimento da importância dos nutrientes deve ser promovido em toda a população (PANSANI, 2016). 6UNIDADE I Introdução à Nutrição Com isso, inserimos outro conceito básico na ciência da nutrição: a dietética, que pode ser definida como a ciência que estuda as diversas maneiras de se utilizar os alimen- tos, permitindo planejar, preparar e avaliar dietas adequadas do ponto de vista biológico, socioeconômico, cultural e psicológico para os indivíduos de uma população. Portanto, a dietética também envolve os processos culinários, os tipos de corte, de higienização, seleção, preparação e armazenamento dos alimentos (PHILIPPI, 2014). Nas últimas déca- das, tem crescido muito o interesse das pessoas em buscar um corpo saudável e prevenir doenças através da educação nutricional e reeducação alimentar (PALERMO, 2014). Neste contexto, a dietética também tem nos dias de hoje sua atenção voltada para a estética corporal, uma vez que muitas pesquisas têm relacionado a nutrição como fator fundamental na busca por um corpo bonito e saudável (SCHNEIDER, 2009). Uma nutrição adequada está relacionada à nossa dieta, e para que nosso corpo obtenha uma ingestão energética suficiente a fim manter nossas funções orgânicas vitais, ati- vidades do dia-a-dia e o desenvolvimento nas diferentes fases de vida, nós devemos garantir: ● Adequabilidade, ● Equilíbrio, ● Controle calórico, ● Moderação, ● Variedade. Ao decorrer das próximas unidades, vamos nos aprofundar nesses requisitos a depender de cada etapa de desenvolvimento do corpo humano. Por agora, vamos com- preender que o controle calórico está relacionado ao fornecimento de energia suficiente para manter um peso adequado. Caloria por definição é a quantidade de calor suficiente para aumentar a temperatura de um grama de água em 1ºC (BOAVENTURA, 2017). Esta é uma definição provinda da termodinâmica. Para a nutrição, podemos dizer que a caloria é a quantidade de energia que cada alimento pode fornecer ao nosso organismo. Refe- re-se também à quantidade de calor que é trocada, liberada ou absorvida pelas nossas atividades metabólicas. Sendo a caloria uma unidade muito pequena, a ciência da nutrição utiliza um número um tanto quanto grande para expressá-la, e por isso é comum utilizar a unidade quilocaloria (kcal), que corresponde a 1000 calorias (cal). Assim, quando dizemos que “gastamos” cerca de 500 calorias em uma hora de corrida leve a moderada, na verdade significa que foram queimadas 500.000 cal ou 500 kcal. 7UNIDADE I Introdução à Nutrição 2. OS ALIMENTOS E SUAS FUNÇÕES REFLITA “Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio.” Hipócrates - médico grego considerado o “pai da Medicina” (460 - 370 a.C) Palermo (2014) define os alimentos como materiais que ingerimos e que são capazes de fornecer nutrientes e energia para que possamos realizar nossas funções vitais. Também nos proporcionam estímulos hormonais, satisfação emocional, convívio social, saúde e bem estar. A energia fornecida pelos alimentos é obtida através de processos bioquímicos que transformam os nutrientes (e.g. carboidratos e proteínas) em partículas menores e mais simples (e.g. glicose, aminoácidos e ácidos graxos), provendo a matéria-prima necessária para a construção de células, tecidos, e órgãos. A depender da função que desempenham em nosso organismo, os alimentos podem ser classificados em três grandes grupos: os alimentos construtores, alimentos energéticos e alimentos reguladores (PHILIPPI, 1999). 8UNIDADE I Introdução à Nutrição Os alimentos construtores são basicamente aqueles que possuem fonte de proteí- nas e sais minerais. A proteína é um nutriente fundamental para o crescimento e responsá- vel pela formação, manutenção, renovação e conservação de células e tecidos do nosso organismo como músculos, órgãos, sangue, pele e cabelos. Também desempenham a função de cicatrizar ferimentos, evitar a perda muscular durante o envelhecimento e auxiliar na formação do bebê durante o período gestacional (PHILIPPI, 1999). São alimentos construtores aqueles de origem animal como a carne, frango, pei- xes, ovos, queijos e outros produtos lácteos, leguminosas como o feijão, a soja, a lentilha, o grão-de-bico e a fava e sementes como gergelim e linhaça (PHILIPPI, 1999; 2014). Os alimentos energéticos fornecem a energia que nosso corpo necessita para rea- lizar suas atividades diárias. Sendo assim, os alimentos energéticos se tornam fontes muito rápidas de energia após a digestão e absorção de seus nutrientes, sendo responsáveis pela homeostase do nosso organismo. Quando os alimentos energéticos são consumidos exageradamente, eles são armazenados pelo organismo em forma de gordura, podendo aumentar os níveis de colesterol e propiciar o surgimento de doenças cardiovasculares, o sobrepeso, dentre outros (PHILIPPI, 1999; PANSANI, 2016). Os carboidratos são os grandes representantes deste grupo (e.g. cereais, tubérculos e raízes), e participamalém da produção de energia, o armazenamento energético e a estru- turação celular. Também fazem parte os óleos e as gorduras, que devem ter consumo mais moderado por serem super energéticos, bem como açúcares e doces (PHILIPPI, 1999; 2014). No grupo dos alimentos reguladores encontramos aqueles ricos em vitaminas, sais minerais, fibras e água. Agem regulando diversas funções em nosso organismo como a digestão, absorção de nutrientes e a circulação sanguínea, promovem o aumento da resistência imunológica contra infecções, regulam o funcionamento do intestino, mantém o corpo e pele hidratados, os cabelos nutridos e as unhas fortes (PHILIPPI, 1999). Este grupo é constituído por alimentos de origem vegetal, principalmente as hortaliças, verduras, legumes e as frutas. São representantes de alimentos reguladores o brócolis, abobrinha, tomate, couve, cenoura, beterraba, pimentão alface, abacaxi, uva, ameixa, abacate, banana, morango, manga, caqui e frutas cítricas. Philippi (2014) também apresenta a divisão dos alimentos conforme eles são apre- sentados ao consumidor: naturais, industrializados ou processados. Os alimentos in natura, seja de origem animal ou vegetal, são aqueles que para consumo imediato, exigem apenas a remoção de partes não comestíveis. Estes alimentos quase não sofrem alterações até chegar ao consumidor, uma característica importante 9UNIDADE I Introdução à Nutrição que mantém suas propriedades nutritivas intactas. Por isso, devem ser os alimentos mais presentes em nossa alimentação. Incluem os cereais, leguminosas, verduras, tubérculos e raízes, nozes e oleaginosas, verduras, pescados, rã, aves, carnes bovinas e suínas, ovos, leite, algumas bebidas como a água de coco e as frutas. Os alimentos processados ou industrializados podem ser de origem vegetal ou animal, e para o consumo humano final, foram submetidos a diversas técnicas, como por exemplo a cocção (cozimento), pasteurização ou branqueamento, adição de outras substâncias como o sal e o açúcar. De modo geral, a maior parte dos alimentos presentes na alimentação humana passaram por alguma modificação antes de serem consumidos (PHILIPPI, 2016). Este grupo inclui as massas, farináceos, alimentos infantis como fórmulas e papinhas, leguminosas, verduras e frutas em conserva ou congeladas, nozes e oleaginosas que foram assadas ou salgadas, carnes, frango e pescado processados, congelados, embutidos, defumados, des- secados ou cozidos, açúcares e adoçantes, extrato de tomates, dentre muitos outros. Existem também os alimentos ultraprocessados, que geralmente estão prontos para o consumo imediato e objetivam deixar os alimentos mais atraentes, acessíveis e duradouros. Fazem parte deste grupo as formulações industriais elaboradas principalmente de substâncias extraídas de alimentos (e.g. amido, proteínas), ou ainda sintetizados em laboratório com base em matérias-prima como o carvão e o petróleo (e.g. corantes, aro- matizantes, realçadores de sabor, e aditivos que visam deixar o alimento mais atraente) (LOUZADA et. al., 2015). Incluem técnicas como moldagem, extrusão e fritura. Louzada et al. (2015) argumenta que os alimentos ultraprocessados apresentam características desfavoráveis em relação aos alimentos processados e in natura. Uma dieta com a prevalência de alimentos ultraprocessados resulta em uma deterioração genera- lizada do perfil nutricional, tendência esta que tem aumentado dentre os brasileiros, que procuram substituir refeições tradicionais por alimentos ultraprocessados, que podem ser consumidos de maneira rápida e prática. De modo geral, os brasileiros têm aumentado a densidade energética da dieta, teores de açúcar e de gorduras. Essas tendências comprometem a capacidade do nosso organismo regular o balanço energético, aumentando o risco do ganho de sobrepeso, aumenta a inci- dência de cáries e pré-dispõe os indivíduos a doenças cardiovasculares, diabetes, diferentes tipos de câncer, obesidade e hipertensão arterial (LOUZADA et. al., 2015). Dentre os representantes dos alimentos ultraprocessados incluem-se: pães de forma, produtos panificados, biscoitos doces e salgados, balas e guloseimas no geral, refrigerantes, sucos artificiais, bebidas energéticas, molhos industrializados, embutidos, hot dogs e nuggets congelados, barras de cereal, fast food de modo geral, dentre outros (PHILIPPI, 2014; LOUZADA et al., 2015). 10UNIDADE I Introdução à Nutrição 3. A PIRÂMIDE ALIMENTAR A pirâmide alimentar surgiu na década de 90, inicialmente nos Estados Unidos, fruto de inúmeras pesquisas que tinham como propósito facilitar o gerenciamento correto da alimentação humana. Seu principal objetivo é sugerir a proporção e quais alimentos devem ser ingeridos diariamente, para que a população possa, de modo geral, ter uma referência de uma dieta saudável (PALERMO, 2014). Em 1999, Philippi e colaboradores publicaram a Pirâmide Alimentar Adaptada, uma vez que os hábitos alimentares americanos não se assemelhavam aos da população brasileira. Sendo assim, esta nova pirâmide foi elaborada a partir da disponibilidade dos ali- mentos mais representativos dos hábitos alimentares brasileiros. Além disso, a distribuição dos alimentos na pirâmide segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1990) quanto à proporção dos nutrientes na dieta para a maioria dos indivíduos de uma população. 11UNIDADE I Introdução à Nutrição FIGURA 1: PIRÂMIDE ALIMENTAR ADAPTADA Fonte: PALERMO, 2014. Observando a Figura 1, nota-se que a pirâmide se divide em quatro níveis principais e subdivisões que representam as porções indicadas para o consumo diário de cada classe de alimentos. Sobre os níveis, Palermo (2014) discute que a base da pirâmide, composta basicamente pelos farináceos, tubérculos e raízes é a maior pois é responsável por forne- cer energia ao nosso corpo. O 2º nível (de baixo para cima), abrange frutas e hortaliças, fornecendo minerais, vitaminas e fibras. Já o 3º nível (de baixo para cima), composto pelo leite e seus derivados, carnes, ovos e leguminosas nos fornecem proteínas, cálcio, ferro e zinco. Por fim, o último nível no topo, representado pelas gorduras, óleos, açúcares e doces nos fornecem apenas calorias, ou seja, não acrescentam nutricionalmente à nossa dieta (PHILIPPI, 1999, 2014; PANSANI, 2016) Philippi (1999) também sugeriu a quantidade de porções a serem consumidas dia- riamente para os diferentes grupos alimentares que constituem a pirâmide, considerando os hábitos alimentares dos brasileiros: 12UNIDADE I Introdução à Nutrição ● 5 a 9 porções de farináceos, tubérculos e raízes (150 kcal/porção); ● 4 a 5 porções de verduras e/ou legumes (15 kcal/porção); ● 3 a 5 porções de frutas (35 kcal/porção); ● 1 a 2 porções de carne e/ou ovos (190 kcal/porção); ● 3 porções de leite e seus derivados (120 kcal/porção); ● 1 porção de leguminosas (55 kcal/porção); ● 1 a 2 porções de gorduras (73 kcal/porção); ● 1 a 2 porções de doces (110 kcal/porção). Mais adiante nos aprofundaremos nas mudanças dos hábitos alimentares dos bra- sileiros que têm favorecido o aparecimento de doenças e complicações de saúde, como por exemplo a obesidade, atualmente atingindo cerca de 50% da população brasileira. Também veremos que a recomendação diária das porções de cada grupo de alimentos varia muito a depender da idade, sexo e necessidades específicas de cada indivíduo. SAIBA MAIS Nesta unidade, aprendemos que a pirâmide alimentar traz as porções recomendadas para o consumo diário dos principais grupos de alimentos. Mas como devemos medir cada porção? Fonte: as autoras. A resolução da ANVISA (RDC 359 de 23 de dezembro de 2003) define que uma porção seria a quantidade média de alimento a ser consumido por indivíduos sadios, maio- res de 36 meses. Para medir as porções, utiliza-se as medidas caseiras, que são utensílios de cozinha comuns para qualquer consumidor. Consulte a RDC359/03 da ANVISA para obter mais informações detalhadas sobre as medidas caseiras de acordo com cada utensílio, sua capacidade (em grama ou mililitro) e sua respectiva relação com as porções. Confira no quadro abaixo alguns exemplos de porções de alimentos presentes nos principais grupos alimentares da pirâmide, utilizando como referência uma dieta de 2000 kcal. 13UNIDADE I Introdução à Nutrição QUADRO 1 - GRUPOS ALIMENTARES Grupos de Alimentos Quilocalorias (kcal) Exemplos Pães, Tubérculos e raízes 150 o 1 fatia de pão de forma ou 1 pão francês (50g), o ½ copo de cereal, arroz ou massa. Verduras e horta- liças 30 o 1 copo de verduras cruas, o ½ copo de verduras cozidas. Leguminosas 100 o ½ xícara de chá de vagens secas. Frutas 70 o ½ copo de fruta cortada, cozida ou enlatada, o 1 maçã ou laranja. Leite e derivados 125 o 1 copo de leite, o 60 g de queijo processado. Carne e ovos 125 o 1 ovo, o 100 g de carne, ave ou pescado, cozidos. Gorduras 100 o 1 colher de sopa de margarina ou óleo. Doces 100 o 2 ½ colheres de sopa de mel. Fonte: Adaptado de PALERMO, 2014. 14UNIDADE I Introdução à Nutrição 4. CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES Nutrientes são essencialmente as substâncias químicas presentes nos alimentos das quais nosso corpo obtém o necessário para desempenhar funções vitais como a ma- nutenção e síntese de tecidos, atuando diretamente sobre nossa saúde física e mental (PALERMO, 2014). De modo geral, podem ser divididos em dois grandes grupos: os ma- cronutrientes e os micronutrientes. 4.1 Carboidratos Os carboidratos, também chamados de glicídios, se constituem de moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio (WENDLING, 2018). Como vimos anteriormente, sua principal função em nosso organismo é fornecer energia, que acontece através da quebra das ligações entre seus átomos (PHILIPPI, 1999, 2014; PANSANI, 2016). Suas moléculas possuem os mais variados tamanhos, sendo a unidade mais simples, ou ainda de menor tamanho, o monossacarídeo, representados pela glicose, frutose e galactose. Os carboidratos simples, ou monossacarídeos, são digeridos rapidamente após a ingestão, resultando em um pico glicêmico (aumento da glicose) no sangue, onde parte será utilizado como energia, e parte será estocado nos tecidos adiposos como gordura . Exemplos de carboidratos simples incluem o mel e a farinha branca. 15UNIDADE I Introdução à Nutrição A glicose é sem dúvidas o monossacarídeo mais comum. Ela é adquirida através da digestão dos carboidratos que se inicia logo pela boca pela ação das amilases salivares até que seja transformada em glicose (WENDLING, 2018). A glicose é o carboidrato que encontra-se no sangue, e atua como uma fonte direta de energia para as células e tecidos corporais. A medida do nível de glicose no sangue, a glicemia, em níveis normais em um adulto está entre 85 e 90 mg por 100 ml (PALERMO, 2014). Quando a quantidade de glicose no sangue está em desequilíbrio, seja em excesso ou insuficiente, ocorre respectivamente, a hiper e a hipoglicemia. Esta disfunção está intimamente relacionada à diabetes, que nos aprofundaremos sobre nas próximas unidades. Já os carboidratos mais complexos são denominados polissacarídeos, que equi- valem à união de vários monossacarídeos. Dentre seus representantes temos o amido, encontrado nas raízes e tubérculos tais como a batata e a mandioca (HENRIQUES, 2012; PALERMO, 2014; PANSANI, 2016). Por sua vez, os carboidratos complexos são considerados de baixo teor glicêmico, o que significa que sua absorção pelo intestino delgado é lenta em nosso organismo (CARUSO; MENEZES, 2010; NELSON; COX, 2011), gerando uma sensação de saciedade prolongada. Os carboidratos complexos incluem o inhame, a mandioca, cereais integrais e a batata doce. SAIBA MAIS O índice glicêmico (IG) ou teor glicêmico objetiva classificar os alimentos de acordo com seu potencial de aumentar a glicose no sangue e foi proposto inicialmente por JENKINS e colaboradores em 1981. Para saber mais sobre este trabalho e sobre o IG dos alimen- tos, acesse: Fonte: CARUSO, L.; MENEZES, E. W. Índice glicêmico dos alimentos. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nu- tr.=J. Brazilian Soc. Food Nutr.,São Paulo. v.19/20, p.49-64, 2000. Disponível em: http://sban.cloudpainel. com.br/files/revistas_publicacoes/6.pdf Fonte: JENKINS, D.J.A.; WOLEVER, T.M.S.; TAYLOR, R.H.; BARKER, H.; FIELDER,H.; BALDWIN, J.M.; BOWLING, A.C.; NEWMAN, H.C.; JENKINS, A.L.; GOFF, D.V. Glycemic index of foods: a physiological basis for carbohydrates exchange. Am. J. Clin. Nutr., v.34, p.362-66, 1981. Disponível em: https://acade- mic.oup.com/ajcn/article-abstract/34/3/362/4692881?redirectedFrom=fulltext http://sban.cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/6.pdf http://sban.cloudpainel.com.br/files/revistas_publicacoes/6.pdf 16UNIDADE I Introdução à Nutrição 4.2 Proteínas Proteínas são moléculas que contém carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e outros minerais importantes (como o fósforo) em sua composição. São formadas basica- mente por um conjunto de aminoácidos ligados entre si (denominadas ligações peptídi- cas). São consideradas como um dos nutrientes mais importantes para nosso organismo pois participam de todos os processos biológicos (PALERMO, 2014; PANSANI, 2016). As proteínas constituem cerca de 12% a 15% da massa corporal humana e estão presentes em maior parte nos músculos, mas também nos tecidos moles, tecido ósseo, dentes, sangue, etc (PALERMO, 2014). Quanto à sua origem, proteínas estão presentes tanto nos animais, quanto nos vegetais. As proteínas de origem animal são consideradas completas em termos de com- posição de aminoácidos que são fornecidos ao nosso organismo. Podem ser encontrados não apenas na carne vermelha, mas também em peixes, ovos, frango, leite e queijo. Por sua vez, alimentos de origem vegetal fornecem proteínas incompletas. Para exemplificar, temos os legumes, que apesar de apresentarem cerca de 10 a 30% de proteínas em sua composição, possuem deficiência de aminoácidos sulfurados (e.g. metionina e cisteína) (TIRAPEGUI; CASTRO; ROSSI, 2016). Como a ingestão de proteínas geralmente ocorre de maneira simultânea em nossa dieta, ocorre um efeito de complementação dos aminoácidos essenciais ao nosso organismo (PANSANI, 2016). Além disso, dentre os diferentes 20 tipos de aminoácidos que constituem as proteínas, nove deles não são sintetizados pelo nosso organismo, o que significa que eles devem ser ingeridos através da alimentação. A deficiência de tais aminoácidos essenciais pode desencadear uma série de problemas como a diminuição de funções vitais (e.g. reprodução), redução da taxa de crescimento do organismo, dentre outros (COZZOLINO; COMINETTI, 2013). Segundo Palermo (2014), as proteínas desempenham funções vitais em diferentes sistemas do nosso corpo, dentre elas: ● Manutenção da pressão osmótica sanguínea; ● Participação na formação de anticorpos que atuarão no sistema imunológico; ● Operam como elementos estruturais da pele, ossos e músculos; ● Realizam o transporte de substâncias como oxigênio, lipídios, ferro: lipoproteínas, mioglobina, dentre outras; ● Compõem estruturalmente alguns hormônios; ● Atuam como neurotransmissores em neurônios ou regiões do cérebro específicas; ● Dão elasticidade e resistência aos tecidos (e.g. colágeno, elastina e queratina); 17UNIDADE I Introdução à Nutrição 4.3 Lipídios Os lipídios, mais comumente reconhecidos pelo nome de gorduras, possuem uma característica em comum: são todos insolúveis em água, e assim como os carboidratos, são grandes fontes de energia para nosso organismo (PANSANI, 2016). De acordo com Melo, Silva e Mancini Filho (2013), existem quatro principais funções que os lipídios desempenham em nosso organismo. A primeira é o fornecimento de energia (triglicerídeos), armazenada no tecido adiposo. A segunda trata-se de atuar na construção de membranas biológicaspor apresentarem moléculas anfipáticas, ou seja, moléculas com características de uma extremidade hidrofílica e outra hidrofóbica. A terceira grande função dos lipídios é ser responsável pela gordura estrutural do nosso corpo, formando “coxins” gordurosos que mantém nossos órgãos e nervos na posição correta e nos protegendo contra choques e lesões. A quarta e última função é atribuir características sensoriais, como por exemplo conferir sabor e textura aos alimentos. Uma vantagem interessante do nosso corpo armazenar triglicerídeos em forma de energia ao invés do carboidrato ou glicogênio é que a oxidação dos triglicerídeos rendem o dobro de energia em relação à oxidação dos carboidratos VOET, D., VOET, J., 2006; MELO, SILVA, MANCINI FILHO, 2013). 4.3.1 Classificação dos lipídios Os lipídios podem ser encontrados tanto em vegetais quanto em animais. Em ve- getais, são encontrados em óleos de alguns frutos (e.g. oliva e palma, abacate) e algumas sementes (e.g. milho e soja), enquanto que em animais são encontrados no tecido adiposo de aves, porcos, gado, ovos, e também nos óleos de peixes e baleias (BRINQUES, 2015; PANSANI, 2016). Apesar dos lipídios serem vistos como “vilões” da alimentação por terem uma grande densidade calórica (9 kcal/g), é importante ressaltar que alguns tipos de lipídios são imensamente relevantes para o nosso organismo, e, quando consumidos apropriada- mente, colaboram positivamente para a manutenção da saúde (PANSANI, 2016). Sant’ana (2012) classificou os lipídios da maneira que eles podem ser encontra- dos. Os lipídios simples são os acilgliceróis, glicerídeos e as ceras. Os lipídios compostos apresentam outros grupos em suas moléculas além dos ácidos graxos e alcoóis, como os fosfolipídios, que são abundantes no tecido nervoso e responsáveis por manter a estrutura das membranas plasmáticas celulares. Os ácidos graxos são formados por cadeia de átomos de carbono, que por sua vez se ligam a átomos de hidrogênio. Quando em sua forma livre, os ácidos graxos quase não estão presentes nos alimentos. Existem apenas vinte ácidos graxos naturais, e a depender de sua relação com o alimento, apresentam nomes específicos como: palmítico, oleico e linoleico (PANSANI, 2016). 18UNIDADE I Introdução à Nutrição O último grupo, lipídios derivados, são definidos como substâncias resultantes da hidrólise dos outros grupos de lipídios, como por exemplo os carotenóides (pigmentos lipossolúveis responsáveis pela cor laranja, amarelo e vermelho presentes nos vegetais), esteróides, vitaminas lipossolúveis. 4.4 Vitaminas Vitaminas são substâncias orgânicas pequenas e simples quando comparadas a outras substâncias trabalhadas nesta unidade, porém são essenciais ao bom funcionamen- to do nosso organismo, principalmente ao metabolismo das células. São classificadas em dois grandes grupos: hidrossolúveis e lipossolúveis (PANSANI, 2016). 4.4.1 Vitaminas lipossolúveis Como o nome já diz, as vitaminas lipossolúveis são solúveis nos lipídios, ou seja, precisam de uma certa quantidade de gordura para serem absorvidas, e por isso estão nos tecidos gordurosos e no fígado. São representantes desse grupo as vitaminas A, D, E, K (PALERMO, 2014; PANSANI, 2016). Acompanhe na tabela abaixo as fontes alimentares, funções e recomendação diária de cada uma das vitaminas lipossolúveis. 19UNIDADE I Introdução à Nutrição TABELA 1 - FONTES ALIMENTARES, FUNÇÕES E RECOMENDAÇÕES DAS VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS Vitamina Fonte Alimentar Funções Recomendação de Ingestão Diária Vitamina A Ovos, mariscos, fígado, leite, manteiga, folhas verdes e legumes amarelos e vermelhos. Forma pigmentos na retina, • Manutenção dos tecidos, • Regulação de algumas glândulas, • Promove resistência a infecções. 600 – 700 μg para adultos Vitamina D Raios ultravioletas que provocam fotólise em uma substância na pele, gerando calciferol, ou, vitamina D, peixes, leite, fígado, manteiga e gema de ovo. • Ajuda na assimilação do cálcio e fosfato (regeneração e crescimento ósseo). • Prevenção de raquitismo, osteoporose e osteomalácia. 5 μg para crianças, gestantes e adultos. OBS.: adultos que se expõem ao sol não requerem vitamina D provinda da dieta. Vitamina E Óleos vegetais, gema de ovo, vegetais folhosos, germe de trigo, legumes, avelãs, amendoim, pistache e óleos de milho e soja. Principal antioxidante da membrana celular, • Antioxidante de sistemas biológicos, atuando na saúde de modo geral em situações que envolvam radicais livres como o câncer, cataratas, diabetes, hemodiálise, imunidade, doenças inflamatórias, dentre outros. 15 mg para adultos Vitamina K Fígado, porco, cereais (trigo e aveia), brócolis, alface, cenoura crua, vagem, espinafre, couve, repolho, pêssego, morango, banana, frango, dentre outros. • Atua na coagulação sanguínea, • Redução de doenças crônicas como a osteoporose e doenças cardiovasculares, • Participa da formação dos ossos. 70 – 120 μg para adultos Fonte: MICHELAZZO; PIRES; COZZOLINO, 2012; PALERMO, 2014; PANSANI, 2016. 20UNIDADE I Introdução à Nutrição 4.4.2 Vitaminas hidrossolúveis São aquelas vitaminas solúveis em água e, portanto, rapidamente eliminadas pelo suor e pela urina, o que torna raro sua acumulação em excesso no organismo. São representadas pelas vitaminas do complexo C e B (B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12 e C) (PALERMO, 2014; PANSANI, 2016). A vitamina C é considerada um micronutriente essencial para a vida humana e sua deficiência está relacionada a uma grave doença denominada escorbuto, conhecida desde, no mínimo, 1515 a.C. pelos egípcios (COZZOLINO; COMINETTI, 2013). Também conhe- cida como ácido ascórbico, está presente em uma grande diversidade de alimentos, por exemplo, nas frutas cítricas, brócolis, couve, repolho, couve-flor, vagem, nabo, espinafre, mostarda, ervilha e pimentão (PALERMO, 2014). Dentre as funções da vitamina C em nosso organismo, temos: auxiliar na absorção do ferro, aumentar a resistência contra infecções, sustenta as fibras de colágeno e auxilia no processo de cicatrização, fortalece os dentes, gengivas e as paredes dos vasos sanguí- neos. Por não ser estocada em nosso organismo, recomenda-se a ingestão diária de 65 a 75 mg (PALERMO, 2014). SAIBA MAIS Para saber mais sobre as vitaminas do complexo B, acesse online o artigo de revisão “Vitaminas do complexo B: uma breve revisão” de Rubert e colaboradores (2017) atra- vés do link abaixo. https://online.unisc.br/seer/index.php/jovenspesquisadores/article/view/9332 DOI: 0.17058/rjp.v7i1.9332 4.5 Minerais São nutrientes inorgânicos que equivalem cerca de 4% a 5% da massa corpórea humana, sendo o cálcio responsável por 50% dessa massa e o fósforo, 25% (PALERMO, 2014). Possuem inúmeras funções específicas no organismo como regular a pressão osmótica, manter o equilíbrio ácido-base, participar da transmissão nervosa e muscular, facilitar a transferência de alguns compostos pelas membranas celulares, participam da composição de alguns tecidos, dão resistência aos nervos, tenacidade e contratilidade aos músculos, e possuem ações sinérgicas entre si pois o excesso ou deficiência de determina- dos minerais tendem a interferir no metabolismo do outro (HERMIDA; DA SILVA; ZIEGLER, 2010; PALERMO, 2014; PANSANI, 2016). https://online.unisc.br/seer/index.php/jovenspesquisadores/article/view/9332 21UNIDADE I Introdução à Nutrição De acordo com Palermo (2014), os minerais podem ser divididos em: ● Macrominerais, representados pelo cálcio, fósforo, magnésio, enxofre, cloro, sódio e potássio. A ingestão diária dos macrominerais é de no mínimo 100mg. ● Microminerais, representados pelo ferro, zinco, cobre, iodo, cromo, flúor, co- balto, selênio, manganês e molibdênio. Com ingestão diária recomendada de menos de 100mg. ● Oligominerais, que incluem: silício, vanádio, estanho, níquel e arsênio. Com rela- ção à ingestão diária, ainda não há um consenso definido entreos especialistas. Dentre os minerais mais importantes para o nosso organismo, estão: ● Cálcio e fósforo: ● Ferro: ● Sódio: ● Magnésio: ● Potássio: ● Zinco: ● Enxofre: 4.6 Água A água é o nutriente mais essencial à vida por desempenhar múltiplas funções orgânicas, sendo também o elemento mais abundante no corpo humano, representando cerca de 65% dele (PANSANI, 2016; WENDLING, 2018). A molécula da água é simples, for- mada apenas por duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio, além de ser composta por minerais como o cálcio, cloro, enxofre, ferro magnésio, potássio, sódio, dentre outros (PATERNEZ; AQUINO, 2014; PANSANI, 2016). Suas principais funções incluem: a manutenção da temperatura corporal, atuar como um agente das reações químicas que acontecem no corpo, ou seja, fundamental para a manutenção da homeostase (condição de estabilidade necessária para que o organismo possa realizar suas funções), transportar gases, nutrientes, lubrificar tecidos e articulações, dentre outros (PALERMO, 2014; PANSANI, 2016; WENDLING, 2018). 22UNIDADE I Introdução à Nutrição CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), estamos finalizando a nossa primeira unidade de estudo em Bases Biológicas e Nutricionais onde pudemos nos familiarizar com conceitos básicos da ciência da nutrição. Nesta unidade você pode perceber que os hábitos alimentares de uma população mudam com o tempo e com uma série de outras variáveis como a cultura, religião, fator socioeconômico, etc. Aprendemos sobre a pirâmide alimentar, que visa apoiar e informar a população para que alcancem uma alimentação mais equilibrada e saudável, ingerindo todos os nutrientes necessários para uma boa saúde. Conhecemos detalhadamente todos os tipos de nutrientes encontrados nos ali- mentos como os carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas, minerais, e até mesmo a água. Compreendemos em quais alimentos encontramos cada um desses nutrientes, assim como a proporção recomendada de consumo diário de cada um deles. Todos os nutrientes, nem nenhuma exceção, participam de funções fundamentais desde a manutenção das funções vitais, regulação de processos metabólicos até a criação de células, tecidos e órgãos. 23UNIDADE I Introdução à Nutrição LEITURA COMPLEMENTAR Nutrição e Estética: Caminhos para a atuação profissional O campo profissional da estética tem uma crescente demanda por profissionais especializados para atuar no cenário da nutrição. Profissionais da estética e nutrição de- vem estar conscientes quanto aos tratamentos, produtos, intervenções e procedimentos nutricionais e como eles devem ser ajustados à realidade do paciente quanto às suas características físicas, fisiológicas, sociais e psicológicas. Observa-se que a busca por orientação nutricional tem aumentado cada vez mais e em diferentes cenários como na rede básica de saúde e em clínicas de estética. Neste universo, o profissional deve estar sempre contextualizado ao que se passa na mídia, em termos de dietas e procedimentos que sejam populares na atualidade e que influenciam o público, moldando a percepção de beleza e saúde em nossa sociedade. O profissional especializado em nutrição e estética deve aplicar a ciência da nutri- ção em objetivos estéticos, como por exemplo: atenuar o envelhecimento da pele, flacidez, excesso de peso, a celulite, deficiências nutricionais que afetam cabelos, pele e unhas, visando sempre melhorar a saúde, bem-estar e auto estima dos indivíduos. Dentre as áreas de atuação deste profissional podemos citar: clínicas e consultórios de cirurgia plástica, clínicas de dermatologia, fisioterapia, medicina estética e nutrição clínica, Spas e Day Spas, academias e clubes desportivos, além da pesquisa científica. Para saber mais sobre a atuação do profissional em estética e nutrição, acesse: Fonte: SCHNEIDER, Aline Petter. Nutrição Estética. São Paulo: Atheneu, 2009. 24UNIDADE I Introdução à Nutrição MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Curso Didático de Nutrição - Volume 1 Autor: Gisele Bizon Benetti (organizadora). Editora: Yendis. Sinopse: Com autoria de docentes e especialistas em Nutrição e organização de Gisele Bizon Benetti, o livro apresenta um rico embasamento teórico para qualificar profissionais em formação das ciências da Nutrição, que nos dias de hoje engloba as mais diferentes áreas, como tecnologia, estética e cosmética, educação física, promoção da saúde, entre outros. Esta obra traz orientações gerais das necessidades e recomendações nutricionais, com foco na educação nutricional. Ao final de cada capítulo, o leitor encontra exercícios com respostas comentadas que esclarecem assuntos abordados e auxiliam o aprendizado. FILME/VÍDEO Título: O Alimento é Importante - Food Matters Ano: 2008. Sinopse: Você é o que você come. Esta é a principal mensagem do documentário produzido por James Colquhoun e Carlo Ledes- ma, que questiona os hábitos alimentares modernos, dominados pelas grandes indústrias. O documentário também traz uma crítica ao ciclo vicioso da agricultura extensiva, que acabam com os nutrientes do solo, deixam as plantas mais vulneráveis a pestes, o que exige cada vez mais pesticidas, que acabam envenenando quem as come. Como resultado do empobrecimento nutricional e das doenças resultantes, a população procura cada vez mais medicações como forma de suprir a carência nutricional. “As pessoas precisam de informação e não de medicação.” 25 Plano de Estudo: ● Processo de Envelhecimento; ● Criança; ● Adolescente; ● Adulto. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar o processo de envelhecimento; ● Compreender as necessidades nutricionais de crianças; ● Compreender as necessidades nutricionais adolescentes; ● Compreender as necessidades nutricionais adultos. UNIDADE II Necessidade Nutricional Professora Ma. Claudiana Marcela Siste Charal Professora Ma. Talita Motta Beneli 26UNIDADE I Introdução à Nutrição 26UNIDADE II Necessidade Nutricional INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), iniciamos a unidade II da disciplina Bases Biológicas e Nutri- cionais, e nesta unidade iremos abordar temas relacionados às necessidades nutricionais. Dessa forma, iniciaremos o conteúdo conceituando e contextualizando o processo de envelhecimento, bem como apresentando as necessidades nutricionais nesta fase. Após iremos compreender as necessidades nutricionais e consequências de crian- ças, adolescentes e adultos. Assim, te convido para aprendermos juntos sobre este assunto tão abordado e mencionado nos dias atuais. Vamos lá?! 27UNIDADE I Introdução à Nutrição 27UNIDADE II Necessidade Nutricional 1. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um fenômeno multifatorial, ou seja, um conjunto complexo de acontecimentos entrelaçados que se desenvolvem ao nível molecular (proteínas, genes), celular e dos tecidos (PEYSSELON e RICHARD-BLUM, 2011). No ponto de vista biológico, o envelhecimento é considerado um processo de de- gradação do organismo, associado ao tempo, que compromete a capacidade do organismo (LABOSSIERE e BERNARD, 2008). Dessa forma, podemos conceituar o envelhecimento como o declínio progressivo de um organismo, no qual ocorre o acúmulo de lesões nas células e tecidos que alteram e modificam a função normal do organismo (BATTIN e FERREIRO, 2004; DA SILVA, 2013). Embora o envelhecimento seja um processo natural, durante o mesmo ocorre diversas modificações no organismo dos seres humanos, causando alterações anatômicas e funcionais e consequentemente alterando o estilo de vida e hábitos do idoso. Fatores importantes no processo do envelhecimento são a nutrição, exercício físico e o estresse, pois estes podem afetar diretamente no processo de envelhecimento (PEYSSELON e RICHARD-BLUM, 2011). Embora as mudanças aconteçam de forma progressiva, estas reduzem a capaci- dade funcional do indivíduo, inclusive no envelhecimento, onde a absorção e excreção de nutrientes são afetadas, assim torna-seimportante que adultos idosos realizem a ingestão de nutrientes especiais a fim de minimizar tais danos, pois devido a variações na capacidade 28UNIDADE I Introdução à Nutrição 28UNIDADE II Necessidade Nutricional de ingerir, digerir, absorver e utilizar os nutrientes, torna-se difícil estabelecer as necessi- dades nutricionais adequadas para esta população. Muitas modificações podem influenciar negativamente o consumo e a absorção de nutrientes (PEYSSELON e RICHARD-BLUM, 2011; CAMPOS et al., 2000; MUÑIZ, C. M; MARTÍNEZ C. V; BLANCO, 2004). Importante frisar que o estado nutricional, com o fornecimento adequado de energia, proteínas, vitaminas e minerais é essencial para que o idoso contraponha mediante as doen- ças crônicas e debilitantes mantendo sua saúde e independência (MACIEL et al., 2015). Vale ressaltar que no processo de envelhecimento além das alterações anatômi- cas, funcionais e fisiológicas, existem outros fatores que afetam diretamente a qualidade de vida do indivíduo, resultando em prejuízos alimentares, nutricionais, como é o caso, das alterações psicológicas, sociais e questões econômicas (KUCZMARSKI e WEDDLE, 2005). Quando nos referimos sobre a alimentação, podemos mencionar que esta é uma habilidade que se desenvolve no processo do crescimento, conseguinte está relacionada a múltiplos níveis influentes, como: ambientais, familiares e individuais (TREMBLAY, BOIVIN, PETERS, FAITH, 2011). A nutrição é um fator muito importante para o indivíduo, assim não é novidade que uma alimentação variada e equilibrada recomenda-se tanto a velhos como a novos, ou seja, é necessário ingerir diariamente um mínimo de calorias, para obter todos os benefícios em termos nutricionais (CANNELLA, SAVINA, DOMINI, 2009; BAKER, 2007; DA SILVA, 2013). Muitos pesquisadores sugerem que um indivíduo adulto realize de 5 a 6 refeições por dia, divididas em 3 refeições principais e 2 a 3 refeições intercalares, variando alimentos a fim de não acumular gordura e manter os níveis ideais de glicose e lipídios no sangue. Outra recomendação é evitar alimentos gordurosos como frituras e também doces, além de ingerir uma grande quantidade de água, vale salientar que alguns compostos e elementos específicos são imprescindíveis para manter a função celular e a deficiência de um ou mais nutriente pode ser motivador de doença e/ou morte. (CANNELLA, C.; SAVINA, C.; DOMINI, 2009; BAKER, 2007; WOO, 2015). Assim, para que possamos falar em necessidades nutricionais no envelhecimento querido(a) aluno(a), é necessário considerar as alterações fisiológicas relacionadas à idade na composição corporal, no metabolismo e na função dos órgãos (WARDLAW e SMITH, 2013). Podemos mencionar sobre os fatores extrínsecos que podem influenciar o pro- cesso de envelhecimento no qual estão relacionados à condição genética, como estilo de vida e fatores ambientais que o indivíduo pode controlar devido a acessibilidade, exemplo estilo de vida saudável, no caso da alimentação (VITETLA e ANTON, 2007; BATTIN E FERREIRO, 2004). 29UNIDADE I Introdução à Nutrição 29UNIDADE II Necessidade Nutricional A nutrição é um fator muito importante para a saúde do idoso, pois a mesma está diretamente relacionada a diversas doenças como: níveis alterados de colesterol e triglicérides, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e outras (SCHMIDT et al., 2011). A saúde no geral depende parcialmente de medidas nutricionais mínimas ou em alguns aspetos, também restritas. Com relação ao processo de envelhecimento, os hábitos alimentares são mais consolidados, variando de acordo com a cultura, o clima e o ambiente, tornando a alimentação um fator importante para saúde física e mental do indivíduo. Assim os idosos têm de consumir alimentos de grande valor nutritivo mas com poucas calorias (PAN et al., 2012; DA SILVA, 2013). Assim, quando mencionamos sobre a ingestão de nutrientes energéticos, estamos nos referindo sobre a taxa metabólica basal, no qual diminui com a idade em função das alterações na composição corporal. Dessa forma, é necessário incentivar a ingestão de alimentos ricos em nutrientes, em quantidades adequadas para as necessidades calóricas (MACIEL et al., 2015). Um dos distúrbios nutricionais com mais impacto observado relacionado ao au- mento da mortalidade e vulnerabilidade às infecções e à redução da qualidade de vida é a desnutrição energético-protéica (DEP), assim como a obesidade o baixo peso excessivo na população idosa é um dos fatores mais associados a mortalidade (PEREIRA et al., 2006). Dessa forma, com relação às proteínas, é correto afirmar que durante o processo de envelhecimento ocorre a diminuição e a degradação proteica e diminuição da massa magra (sarcopenia), portanto embora seja necessário atentar-se para não ultrapassar na ingestão, devido aos males que o mesmo pode acarretar (sobrecarga do sistema renal, interferência na absorção de cálcio) o fornecimento proteico é de extrema importância para a nutrição dos idosos, sendo recomendada 0,8g/kg/dia (MACIEL et al., 2015). Nos idosos a síntese proteica é até 20% menor que nos adultos jovens, além da diminuição na eficiência de absorção das proteínas. A fim de diminuir os danos causados pela sarcopenia e osteoporose nos idosos, restabelecendo a função da proteína, recomenda-se a ingestão hidratos de carbono, ou suplementos de glutamina para aumentar a ingestão protei- ca pois estimula a síntese de proteínas (CANNELLA; SAVINA; DOMINI, 2009; WOO, 2011) A necessidade da presença de aminoácidos no organismo faz com que a ingestão de proteínas seja fundamental para os idosos, principalmente para as funções estruturais, motoras, metabólicas, hormonais e imunológicas (SOUSA; MARUCCI; SGARBIER, 2009). 30UNIDADE I Introdução à Nutrição 30UNIDADE II Necessidade Nutricional Quedas no metabolismo dos carboidratos é comum em idosos, assim, uma dieta rica em carboidratos complexo e fibras contribuem para compor as necessidades de nutrientes devido a muitos desses alimentos serem ricos em açúcares, embora pobres em nutrientes são ricos em calorias, dessa forma, auxiliam os idosos a manter-se dentro dos limites caló- ricos. Com isto vale ressaltar que o ideal de ingestão de carboidratos deve constituir entre 45% - 65% do valor calórico total e a quantidade mínima diária indispensável devem ser de 150g; já as fibras são entre 30g para homens e 21g para mulheres (WELLMAN, 2010). As fibras auxiliam na prevenção da constipação, favorecendo melhor controle da glice- mia e do colesterol, além de reduzir o risco de diversas neoplasias, dessa maneira, o ideal para idosos é aumentar a dieta em fibras juntamente com a ingestão de água (WELLMAN, 2010). Os lipídios possuem funções energéticas, estruturais e hormonais no organismo, além de auxiliar na absorção e transporte de vitaminas lipossolúveis (MACIEL et al., 2015). É importante ingerir de 20% a 35% de lipídeos do valor calórico total, portanto em idosos é comum diagnosticar doenças cardíacas no qual restringe drasticamente a ingestão de lipídios em sua dieta, nestes casos é importante utilizar de gorduras saudáveis ao invés de restringir por completo a mesmo (WELLMAN, 2010). É importante considerar que a ingestão de grande quantidade de gordura satu- rada provoca o envelhecimento cerebral, como a demência. Durante o envelhecimento, as membranas apresentam alterações estruturais, perdendo a maior parte dos seus an- tioxidantes e dos ácidos gordos, causando mudanças também no aspecto da membrana (BATTIN e FERREIRO, 2004). Portanto, para a melhora do estado cognitivo e/ou prevenir o declínio cognitivo, prevenir doenças do envelhecimento, proteger os nervos e sua biologia, de artrite reu- matóide, depressão, degeneração macular, reduzir a morbilidade pela melhoria da função cardiovascular (inibir a síntese de triglicerídeos hepáticos, causar relaxamento vascular, diminuirdo processo inflamatório, diminuir a agregação de plaquetas) e realizar a manuten- ção da densidade óssea, indica-se a suplementação de ácidos gordos ómega-3 (BATTIN e FERREIRO, 2004; ÚBEDA, ACHÓN, VARELA-MOREIRAS, 2012). É comum ocorrer nos idosos o distúrbios hidroeletrolítico devido a desidratação, nessa faixa etária a capacidade renal diminui, consequentemente diminuindo a vontade de ingerir água podendo causar um distúrbio cognitivo, podendo manifestar de diferentes maneiras, como: quedas, confusão mental, alteração no grau de consciência, fraqueza ou mudança no estado funcional ou fadiga (WELLMAN, 2010). 31UNIDADE I Introdução à Nutrição 31UNIDADE II Necessidade Nutricional As vitaminas e minerais são essenciais na dieta dos idosos, pois esses nutrientes atuam como reguladores de diversas funções no organismo, agindo como antioxidantes, retardando efeitos do envelhecimento e o aparecimento de doenças (FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016). Em idosos diversos micronutrientes possuem sua absorção diminuída, no qual pode gerar inúmeras patologias como a osteoporose, muito vista em idosos devido ocorrer a degradação óssea de forma mais rápida do que a reconstrução (MACIEL et al., 2015). Alguns exemplos são o cálcio, essencial para a construção e manutenção dos ossos, dentes, para a contração e relaxamento muscular do coração, coagulação do sangue e a para transmissão dos nervos (MARTINS, 2008). Fung et al. (2001) expõe sobre os efeitos antioxidante das seguintes vitaminas: Vitamina A - desempenha papel importante na visão, crescimento e desenvolvi- mento ósseo, sistema imunológico e reprodução (FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016). Vitamina C - é um antioxidante solúvel, envolvido na biossíntese de colágeno e carnitina (FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016). Os níveis plasmáticos de vitamina C previne doenças cardiovasculares, infecção viral, diminui as infecções recorrentes e melhora a função imunitária (DA SILVA, 2013). Vitamina D - importante complemento no metabolismo do cálcio, que precisa do sol para ser ativada (MARUCCI, ALVES, GOMES, 2007). Em idosos, a exposição ao sol diminui e a pele envelhecida aumenta o tempo de conversão da vitamina D para sua forma ativa (SAMBROOK, COOPER, 2006). Uma doença muito importante no envelhecimento, e que está relacionada com esses dois últimos nutrientes citados (cálcio e vitamina D), é a osteopo- rose, caracterizada pela diminuição progressiva da massa óssea, levando à diminuição da resistência óssea e a um maior risco de fraturas (KENNY; PRESTWOOD, 2000). Vitamina E - também tem função antioxidante no organismo (MARUCCI; ALVES; GOMES, 2007; FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016). Esta protege a LDL da oxidação, reduz a ocorrência de doenças cardíacas ou morte de causa cardiovascular, pode melhorar a função imunitária e reduzir as infecções respiratórias. Entretanto, é necessário utilizar a dosagem adequada, pois grandes doses podem prejudicar as respostas imunitárias (MEE- RAN; AHMED; TOLLEFSBOL, 2010; JANSON, 2006). Vitamina B12 - a falta da vitamina B12 está associada com homocisteína mais alta e nível mais baixo de folato nos glóbulos vermelhos e no plasma e afeta cerca de 10-15% dos idosos causando desordens neurológicas e hematológicas, já nos adultos idosos 30% são afetados pela gastrite atrófica (HAUSMAN; FISHER; JOHNSON, 2011; DA SILVA, 2013). 32UNIDADE I Introdução à Nutrição 32UNIDADE II Necessidade Nutricional Zinco - que está relacionado com a síntese e degradação dos macronutrientes, sistema imunológico e cicatrização. Pode haver uma ligeira deficiência devido a alterações no paladar e olfato, que ocasionam a diminuição da ingestão de alimentos ricos nesse nutriente (NOVAES et al., 2005). Ferro - participa diretamente no transporte de oxigênio e gás carbônico, respiração celular e sistema imune (MARUCCI; ALVES; GOMES, 2007; FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016) Cálcio - é um mineral constituinte de ossos e dentes, sendo 99% desse mineral utilizado na função estrutural do organismo humano. O restante está presente em funções metabólicas como: contração muscular, estabilidade de membrana celular, liberação ou ativação de enzimas intra e extracelulares, transmissão de impulsos nervosos, coagulação sanguínea, entre outras (MARUCCI; ALVES; GOMES, 2007; FUZARO JUNIOR, G. et al., 2016). Essencial para a construção e manutenção dos ossos, dentes, para a contração e relaxamento muscular do coração, coagulação do sangue e para a transmissão dos nervos (MARTINS, 2008; MACIEL et al., 2015). 1.1 Fatores que afetam o consumo nutricional dos idosos Podemos citar inúmeros fatores que podem influenciar diretamente e indiretamente no consumo de alimentos com o qualidades nutricionais específicas para os idosos, dentre eles podemos citar: ● Fatores socioeconômicos: O poder aquisitivo reflete no estado nutricional devido aos gêneros de custos mais baixos são de qualidade inferior (VERAS, 1994). Desse modo, quanto mais variedades no consumo alimentar, mais ideal e mais qualificado o alimento, porém os custos são “altos”, tornando acessível para idosos com rendas superiores, ou seja, com grandes poderes aquisitivos (FLORENTINO, 2008; PEREIRA et al., 2006). ● Fatores psicossociais: As desordens afetivas, isolamento social, ausência de papel social, imagem corporal distorcida, perdas cognitivas, baixa auto-estima, condições físicas precárias e depressão, também influenciam de maneira ne- gativa no estado nutricional do idoso, pois são fatores que podem levar a perda do apetite, fazendo com que o idoso reduza a quantidade de alimentos a ser ingerido, ou mesmo perca o interesse em se alimentar, assim como a ansiedade pode causar a atitude reversa estando relacionada ao consumo alimentar ex- cessivo (FLORENTINO, 2008; PEREIRA et al., 2006). 33UNIDADE I Introdução à Nutrição 33UNIDADE II Necessidade Nutricional ● Capacidade funcional/autonomia: Este fator relaciona-se diretamente com a qualidade de vida do idoso, pois limita suas atividades diárias, incluindo o preparo das refeições, tornando todas as atividades difíceis e limitadas. (PO- DRABSKY, 1995). ● Alterações fisiológicas: As perdas sensoriais são comuns nos idosos, afetan- do as sensações de paladar, odor, visão, audição e tato, tais alterações podem ocorrer devido ao próprio envelhecimento, a enfermidade, uso de medicamentos, intervenções cirúrgicas e exposição ambiental (HARRIS, 2002; SCHIFFMAN, 1994) Com a estimulação sensorial diminuída alguns processos metabólicos podem ser prejudicados, devido às secreções salivares, gástricas e pancreáti- cas são induzidas pelo sistema sensorial (PEREIRA et al., 2006). ● Saúde oral: O aumento da cárie dental, as infecções periodontais, o uso de próteses mal ajustadas e a xerostomia são fatores responsáveis pela redução da saúde oral nos idosos. (FLORENTINO, 2002). Por isso, é comum devido a dificuldades de mastigação e deglutição, redução da secreção salivar, dentre outras alterações como na função gastrintestinal, desenvolvimento da gastrite atrófica, incapacidade de secretar ácido gástrico, os idosos e pode reduzir acen- tuadamente a ingestão de alimentos (PEREIRA et al., 2006). ● Modificações Intestinais: Com o avanço da idade, como já mencionado o corpo humano sofre diversas alterações, o intestino sofre modificações que afetam diretamente no estado nutricional do idoso, pois a atrofia na mucosa e no revestimento muscular, menor motilidade do cólon, a diminuição da disponi- bilidade e absorção de cálcio no intestino delgado, a constipação intestinal, faz com que o idoso diminua a quantidade de alimentos consumidos, dessa forma a quantidades de nutrientes absorvidos pelo organismo diminui ocorrendo déficit dos mesmos (HARRIS, 2006; PEREIRA et al., 2006). ● Funções Pancreáticas: Embora as funções pancreáticas durante o processo do envelhecimento seja preservada, o fígado do idoso pode sofrer diversas al- terações, como diminuição do peso,tamanho e do número de hepatócitos, com aumento do tecido fibroso, interferência na biotransformação de drogas, na sín- tese protéica, no metabolismo das lipoproteínas e na secreção biliar (AUSMAN, RUSSEL, 2003). Outro fator que pode afetar a função hepática no envelheci- mento é a diminuição da massa muscular e da água corporal, comprometendo o metabolismo hepático, os mecanismos homeostáticos, bem como a capacidade de filtração e de excreção renal (ROSENFELD, 2003; PEREIRA et al., 2006). Dessa forma, a alimentação do idoso deve ser com valor nutricional favorável a fim de fornecer nutrientes suficientes para que o mesmo possa envelhecer e/ou viver a velhice de forma saudável. 34UNIDADE I Introdução à Nutrição 34UNIDADE II Necessidade Nutricional SAIBA MAIS TEORIAS DO ENVELHECIMENTO Existem várias teorias que se construíram na busca de uma explicação para o envelhe- cimento e que, evidentemente, procuram explicar o processo. Teoria do elo mais fraco: “Quaisquer danos na idade avançada afetam em primeira linha, a grande maioria das interações passageiras (elos fracos) nas redes celulares”. Ficar velho não é um acaso; é determinado por uma rede de longevidade, regulada por genes. Interações transitórias ou de fraca afinidade na rede celular (elos fracos) são alvos de primeira linha do mecanismo de envelhecimento, como são o exemplo as moléculas que determinam a estrutura proteica e as moléculas reguladoras de genes. A teoria dos radicais-livres ou do estresse oxidativo: Existem vários oxidantes que le- sam o organismo: provenientes de fontes ambientais (por exemplo: a luz ultravioleta, os poluentes), e produzidos endogenamente (por exemplo, o oxigénio que respiramos cria no nosso organismo, moléculas altamente reativas: radicais livres). Reações normais de oxidação-redução produzem continuamente quantidades vestigiais de radicais livres. Os radicais livres duram apenas poucos milissegundos, mas podem iniciar reações em cadeia oxidando milhares de partículas a grandes distâncias, porque os eletrões livres são transferidos de uma molécula a outra num jogo de “batata quente”. A teoria neuroendócrina: O envelhecimento é o resultado de um declínio progressivo funcional e estrutural do organismo, sobretudo do coração e das artérias. Assim a dete- rioração de estruturas e funções do ventrículo esquerdo somada aos efeitos intrínsecos do envelhecimento do miocárdio, e ainda, modificações reativas do coração para com- pensar um aumento da carga sistólica (esta outra vez causada pela rigidez das artérias) podem deteriorar significativamente o coração senescente. Isto pode ser também extra- polado a outros órgãos e sistemas. Fonte: A importância da alimentação no envelhecimento saudável e na longevidade. Artigo de revisão (DA SILVA, 2013). 35UNIDADE I Introdução à Nutrição 35UNIDADE II Necessidade Nutricional 2. CRIANÇA A nutrição caros(as) alunos(as), está relacionada aos estudos das relações entre os alimentos ingeridos e a doença ou o bem estar do ser humano e pode ser definida como um processo biológico em que os organismos, aproveitam os nutrientes vindo dos alimentos, para realizarem as funções básicas (andar, comer, respirar, etc) (MANGAS, 2015). É importante que desde cedo a criança tenha acesso a informações sobre saúde, alimentação, nutrição e as vantagens do exercício físico, para que a mesma possa em sua rotina alimentar preferir alimentos saudáveis e biológicos, praticar atividades físicas diariamente, além de ingerir alimentos com alto teor nutritivo (MANGAS, 2015). Dito isso, vale salientar que as crianças necessitam de uma alimentação equilibra- da e adequada de acordo com a idade, peso e altura. A distribuição calórica da criança depende das necessidades energéticas mediante a alimentação, dessa forma indica-se que a mesma mantenha um padrão alimentar saudável, integrando e variando todos os grupos da roda alimentar no seu dia a dia em quantidades adequadas (MANGAS, 2015). Assim, uma alimentação equilibrada, integrada por cereais integrais, frutas, ver- duras, legumes, carnes, ovos, aves, peixes, lácteos, castanhas, feijões e óleos vegetais, torna-se fundamental para o crescimento e desenvolvimento das crianças (OTTEN, HELLWIG, MEYERS, 2006).De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o aleitamento materno deve ser exclusivo até os 6 meses, dos 6 meses até os 2 anos de idade recomenda-se o aleitamento materno com alimentação complementar de acordo com recomendações individualizadas (OTTEN, HELLWIG, MEYERS, 2006). 36UNIDADE I Introdução à Nutrição 36UNIDADE II Necessidade Nutricional Nas faixas etárias: pré-escolar (2 a 6 anos) e escolar (7 a 10 anos) há recomenda- ções nutricionais diferentes, que apresentaremos no decorrer da unidade, devido nestas fases a alimentação ter função fundamental para o crescimento e desenvolvimento ade- quados, podendo refletir na saúde durante a adolescência e na vida adulta (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). Uma alimentação adequada e o aleitamento materno previne a criança das doenças causadas por excesso (obesidade, dislipidemia) ou escassez (anemia ferropriva, megaloblástica, cegueira) de nutrientes, além disso, evita na infância, as doenças crônicas não transmissíveis do adulto (obesidade, arteriosclerose, diabetes mellitus, osteoporose, hipertensão arterial, etc) (OTTEN; HELLWIG; MEYERS, 2006). Podemos encontrar estatísticas no qual apresentam que, 25 a 35% dos problemas alimentares moderados e transitórios e 1% a 2% dos problemas alimentares graves e crônicos ocorrem em crianças pequenas. Destes, os mais comuns são: comer demais e/ ou comer mal, problemas comportamentais relacionados à alimentação e preferências ali- mentares incomuns e/ou pouco saudáveis (TREMBLAY; BOIVIN; PETERS; FAITH, 2011). O número de crianças com risco de nutrição deficiênte tem gerado preocupação, muitos dos problemas ocorrem devido à ingestão de dietas pobres e à dependência de alimentos com altos teores de açúcar, gorduras e carboidratos refinados. Dados apresen- tados apontam que crianças com deficiência no desenvolvimento aparenta ter mais proble- mas prevalentes, onde a estimativa relacionada a dificuldades alimentares chega a 33%, enquanto a maioria dos problemas alimentares em crianças saudáveis são temporários e de fácil solução (TREMBLAY; BOIVIN; PETERS; FAITH, 2011). Posto isto, é necessário entendermos que para criar e modificar padrões alimenta- res das crianças é indispensável que os cuidadores participem e orientem a fim de garantir a oferta de alimentos saudáveis, em um esquema temporal previsível e em um contexto agradável (TREMBLAY; BOIVIN; PETERS; FAITH, 2011). Visto isso, queridos(as) alunos(a), podemos dizer que a nutrição é importante em todas as etapas da vida do ser humano, dessa forma deve-se respeitar a idade da criança para que possa aproveitar de maneira completa os benefícios da alimentação adequada. Assim, apresentaremos abaixo o que seria ideal na alimentação/nutrição da criança de acordo com o recomendado Departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012). 37UNIDADE I Introdução à Nutrição 37UNIDADE II Necessidade Nutricional TABELA 1 – ESQUEMA DOS ALIMENTOS COMPLEMENTARES NA NUTRIÇÃO PARA CRIANÇAS ATÉ 1 ANO Fonte: WEFFORT, V. R. S. Importância da Nutrição Adequada na Primeira Infância. Boletim Científico Online, ano I – nº 9. Sociedade Mineira de Pediatria, dezembro de 2013. 2.1 Aleitamento Materno (Até 6º mês) Durante os primeiros meses de vida, ou seja, na fase lactente a amamentação é o padrão normativo para alimentação e nutrição, e apresenta inúmeras vantagens para o desenvolvimento neurológico e nutricional do bebe a curto e longo prazo (WEFFORT, 2013). A OMS afirma que o aleitamento materno é o melhor alimento para os lactentes nos dois primeiros anos de vida, sendo que deve ser exclusivo pelosseis primeiros meses e mantendo juntamente com complementos alimentares até os dois anos de idade. Diante disso, vale ressaltar que até os 6 meses de vida, o sistema digestório e renal da criança são imaturos, e isso limita sua habilidade em manejar alguns componentes dos alimentos diferentes do leite humano, assim é importante respeitar o desenvolvimento neuropsicomo- tor, renal e digestório do lactente, para uma melhor aceitação do alimento e absorção dos nutrientes (WEFFORT, 2013). 38UNIDADE I Introdução à Nutrição 38UNIDADE II Necessidade Nutricional Weffort (2013) aponta que, quanto mais tardio for a introdução de outros alimentos na alimentação complementar até 6 meses, diminui os riscos de excesso de peso na idade adulta. Assim, prezados(as) alunos(as), é importante atentar-se na transição do aleita- mento materno (após 6 meses), pois trata de um momento particularmente vulnerável e deve adequar-se exclusivamente a uma dieta diversificada, observando as necessidades nutricionais da criança (WEFFORT, 2013). A dieta na introdução dos alimentos após os 6 meses de idade deve ser deve ser equilibrada e variada, fornecendo todos os grupos alimentares (cereal ou tubérculo, proteí- na animal, proteína vegetal (leguminosas) e hortaliças) desde a primeira papa, e as frutas devem ser consumidas 2 a 3 vezes ao dia raspadas ou amassadas (WEFFORT, 2013). A criança estabelece padrões e preferências alimentares rapidamente, ou seja, aceitam ou recusam alimentos de acordo com as qualidades sensoriais do mesmo, exem- plo: gosto, textura, cheiro, temperatura ou aparência (WEFFORT, 2013). Os estilos de alimentação referem-se ao padrão internacional de comportamentos entre cuidadores e crianças que ocorre durante a alimentação. Tal como outros comporta- mentos parentais, os estilos de alimentação estão incluídos em dimensões de estrutura e de criação. Há quatro estilos de alimentação incluídos nessas duas dimensões: sensível/ responsivo, controlador, tolerante e negligente (BLACK e HURLEY, 2011). Deste modo, pode-se relacionar os estilos de alimentação com os padrões inter- nacionais de comportamentos entre cuidadores e crianças que acontecem no decorrer da alimentação. Os estilos de alimentação estão incluídos em dimensões de estrutura e de criação assim como outros comportamentos parentais, assim sendo nas duas dimensões existentes, inclui-se quatro estilos que serão apresentados abaixo (BLACK e HURLEY, 2011): 1. Estilo sensível/responsivo em relação à alimentação - muito protetor e estruturado. ● Derivado: deriva do estilo autoritativo de comportamento parental. ● Características: cuidadores estabelecem uma relação com a criança, que en- volve solicitações claras e interpretação recíproca de sinais e de pedidos na interação durante as refeições. ● Resposta: comportamentos interativos caracterizados por disponibilidade emo- cional, respostas casuais adequadas ao nível de desenvolvimento e consistentes com a sinalização da criança, e alternância fácil no processo de dar e receber. 39UNIDADE I Introdução à Nutrição 39UNIDADE II Necessidade Nutricional 2. Estilo controlador em relação à alimentação - muito estruturado e pouco protetor. ● Derivado: Estão contidos em um padrão geral de cuidados parentais autoritários incluindo comportamentos de superestimulação. Exemplo: a mãe fala alto para poder chamar a atenção da criança, força a ingestão do alimento ou mesmo domina a criança de diferentes formas. ● Características: caracteriza-se em estratégias exigentes ou restritivas para controlar as refeições. ● Resposta: bebês e crianças que têm cuidadores super estimuladores apresen- tam estresse e/ou esquiva-se da alimentação. 3. Estilo tolerante em relação à alimentação - muito protetor e pouco estruturado ● Derivados: Estilo geral de cuidados parentais tolerantes (cuidadores permitem que as crianças tomem decisões quando e o que vão comer durante as refeições). ● Características: As crianças geralmente são atraídas por alimentos com alto teor de sal ou de açúcar, e não por uma variedade mais equilibrada de alimentos, inclusive legumes e verduras. ● Resposta: As crianças tendem a ser mais pesadas do que aquelas cujos cuida- dores não utilizam esse estilo. 4. Estilo negligente em relação à alimentação - pouco protetor e pouco estruturado. ● Derivados: Pode ser descrita por pouca e/ou nenhuma ajuda física e/ou ver- balização durante a refeição, falta de reciprocidade entre cuidador e criança, ambiente de alimentação e rotina de alimentação. ● Características: Geralmente ocorre com cuidadores que possuem conhecimen- tos limitados e que se envolvem pouco com o comportamento de seus filhos durante a refeição. ● Resposta: As crianças estão mais propensas a apresentar atitudes ansiosas de apego quando comparadas a crianças cujos cuidadores estavam mais disponíveis. Os fatores ambientais também são fundamentais para os padrões e preferências alimentares da criança, pois o contexto em que o alimento é apresentado, a presença das pessoas e as consequências esperadas do comer ou não comer contribuem para as reações das crianças aos alimentos, pois durante a refeição é estabelecido vínculo emocional, ou apego entre bebês e cuidadores essencial para um funcionamento social saudável, através da interpretação da comunicação verbal e não verbal que existe entre eles (TREMBLAY; BOIVIN; PETERS; FAITH, 2011). 40UNIDADE I Introdução à Nutrição 40UNIDADE II Necessidade Nutricional 2.2 Crianças de 1 a 6 anos A criança torna-se independente a partir do 2º ano de vida, ou seja, a mesma já consegue se comunicar, já possuir diversos dentes além de apresentar sistemas metabóli- co e digestivo funcionando igualmente ou semelhante aos sistemas do adulto. Então este é o momento de estimular a criança a se alimentar sozinha, dando preferência a locais adequados e, se possível, junto aos familiares/cuidadores (PAIVA, 2010). Nesta fase a criança está em fase de construção dos seus hábitos alimentares, assim é importante fazer receitas simples utilizando grande variedade de alimentos, o mais natural possível, pois assim será mais saudável para a criança (DRUBI et al., 2013). As crianças de 2 a 4 anos estão aptas a comer as mesmas comidas da família, porém é necessário atentar-se aos temperos fortes, tabletes de caldos e/ou temperos prontos, tão bem como alimentos industrializados (miojo e outros), salgadinhos, pipocas e refrigerantes, devido a grande quantidade de sal, açúcares e produtos químicos, pois é importante frisar que crianças também podem ter problemas de pressão alta (DRUBI et al., 2013). Visto isto, é muito importante para a formação do hábito alimentar, recomenda-se que a alimentação da criança seja distribuída em 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar) em pequenas porções devido ao apetite da criança nesta faixa etária é menor e de dois a três lanches durante o dia (ALCÂNTARA et al., 2010). Para crianças de 1 a 6 anos de idade, alguns nutrientes são necessários para que os modos alimentares da criança sejam saudáveis e a formação do hábito adequado, são esses: ferro, cálcio, zinco, vitaminas A e D e proteínas (ALCÂNTARA, et al., 2010; RECINE; RADAELLI, [s.d]). ● Vitamina A: Conhecida como a vitamina da visão, auxilia no crescimento e funcionamento normal dos olhos, nariz, boca, ouvidos e pulmões, evitando a cegueira noturna, além de prevenir contra resfriados e várias infecções (ALCÂNTARA, et al., 2010 e DRUBI et al., 2013). Normalmente a deficiência de vitamina A ocorre em crianças que não receberam aleitamento materno e/ou em crianças que tiveram introdução de alimentos antes dos 6 me- ses de vida e em crianças com menos de 5 anos de idade. A carência dessa vitamina além de produzir cegueira noturna pode agravar os quadros de diarreia, bronquite e pneumonia (ALCÂNTARA et al., 2010 e DRUBI et al., 2013). A vitamina A pode ser encontrada nos vegetais amarelos,
Compartilhar