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CIRURGIA Carolina Ferreira -O abdome agudo perfurativo resulta da peritonite 2º a uma perfuração de víscera oca c/ extravasamento de conteúdo endoluminal na cavidade abdominal -Em perfurações gastroduodenais, a etiologia + comum é a úlcera péptica perfurada e é comum o relato de uso de AINEs ou de ácido acetilsalicílico. Outras perfurações do delgado são raras e devem alertar p/ a ingestão de corpo estranho ou doença inflamatória intestinal. -As perfurações colônicas normalmente estão associadas a outras doenças, como divertículos ou tumores. Doenças infecciosas, como citomegalovírus e tuberculose, podem ser causas de perfuração intestinal em imunodeprimidos. QUADRO CLÍNICO -Quadro clínico típico: dor súbita e intensa, de início bem determinado, a dor pode irradiar p/ ombro e pescoço (irritação do nervo frênico). A difusão precoce da dor traduz a disseminação de gás e líquido gastrintestinal, que são intensamente “irritantes” ao peritônio -Dependendo do tipo de perfuração, pode haver defesa abdominal involuntária localizada ou generalizada. Quando a perfuração é bloqueada ou tamponada, pode existir dor localizada, sendo flácido o restante do abdome. Evoluções arrastadas cursam c/ sinais evidentes de sepse. -Exame físico: apresenta o chamado abdome “em tábua”, c/ contratura generalizada. Observar o sinal de Jobert, que consiste no som timpânico à percussão em razão da perda da macicez hepática do hipocôndrio direito pela interposição gasosa, ou seja, timpanismo na área hepática -Exames laboratoriais podem ser solicitados, mas ñ alteram a hipótese diagnóstica. -RX de tórax: observa-se o pneumoperitônio c/ o paciente em pé. Nesse caso, o ar ficará contido abaixo das cúpulas diafragmáticas. Caso o paciente ñ fique em pé p/ fazer o exame, pode-se realizar Rx de abdome c/ o pc deitado em decúbito lateral esquerdo c/ raios horizontais. Desse modo, o ar também será deslocado p/ a porção superior e será facilmente identificado no exame. → sinal de Rigler: refere à visualização, na Rx de abdome, da parede gástrica ou intestinal a presença de gás na cavidade abdominal (pneumoperitônio). A presença de gás dentro e fora da alça causa uma espécie de contraste que “desenha” a parede da alça. → sinal de Chilaiditi: corresponde à interposição do cólon ou intestino delgado entre o fígado e o diafragma, podendo confundir-se c/ o pneumoperitônio. Ñ se deve confundir o sinal de Rigler c/ a tríade de Rigler, que causa obstrução de alças delgadas, pneumobilia e cálculo biliar ectópico, sugerindo íleo biliar. -Normalmente, grandes pneumoperitônios associam-se a perfurações colônicas. Pode ser passado uma sonda nasogástrica p/ injetar ar e favorecer a visualização do pneumoperitônio, mas pode destamponar a lesão e a contaminação da cavidade. -TC: solicita em casos de dúvida, é o melhor exame p/ a confirmação da hipótese dx TRATAMENTO -O tto é eminentemente cirúrgico, mas a conduta intraoperatória dependerá da etiologia do quadro. Úlceras perfuradas, na maioria das vezes, podem ser suturadas, c/ associação ou ñ à proteção c/ retalho do omento >. É recomendado o uso de fios inabsorvíveis. A gastrectomia é rara e fica reservada a úlceras de grande diâmetro, terebrantes p/ o pâncreas ou p/ suspeita de neoplasia. -Perfurações de delgado também podem ser suturadas ou exigir enterectomias segmentares. Quando a origem é o cólon, é comum o achado de peritonite estercorácea. Dessa maneira, a maioria dos casos acaba sendo tratada c/ retossigmoidectomia à Hartmann. Suturas no cólon, c/ ou sem ostomias de proteção, são uma conduta controversa e devem ser avaliadas individualmente, com base no grau de contaminação da cavidade e no estado hemodinâmico do paciente durante a cirurgia. CIRURGIA Carolina Ferreira -Após a correção da perfuração, o pct deve ser orientado quanto ao tratamento da condição de base. Úlceras pépticas devem ser tratadas c/ IBP e suspensão imediata do AINE logo no pós-operatório. P/ patologias neoplásicas, o tto específico deve ser iniciado assim que o pct se recuperar da cirurgia.