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Endocardite Bacteriana Conceito: · Infecção da superfície endotelial do coração – endocárdio · Geralmente acomete valvas cardíacas · Alta morbimortalidade · Fatal e associada a complicações graves · Difícil diagnóstico Ocorre a colonização de bactérias ou fungos no endocárdio. à Pode acometer valvas – folhetos, levado a uma insuficiência valvar ou IC Epidemiologia · Países desenvolvidos: aumento significativo de infecções causadas por próteses valvares, marcapasso e uso de drogas intravenosas · Brasil: o principal fator de risco é a febre reumática. - Formação de anticorpos que ataca bactérias, porém ocorre reação cruzada, levando aos anticorpos a atacarem o próprio corpo, atacando as valvas deixando-as suscetíveis a endocardite. - Maior risco em crianças, devido a febre reumática, amigdalite Fisiopatologia · Para ter endocardite bacteriana precisa ter uma lesão no endocárdio, ele tem fator protetor que não deixa as bactérias se aderirem, impedindo a colonização, sendo tão eficiente que em casos de infecção generalizada o coração permanece limpo. - Porém, em alguns casos o coração sofre lesões: doenças, cirurgias cardíacas – corte, B3 na IC por bater com força, usuários de drogas utilizando agulhas com presença de partículas de poeira que choca com a parede do endotélio. - Ao lesar a parede cardíaca a circulação envia plaquetas formando tampão plaquetário, fibrinas para proteger contra hemorragias, sendo esse um mecanismo de proteção, entretanto esse mecanismo forma trombos e tecido cicatricial que favorece a ação bacteriana pois retira a proteção, facilitando a colonização e a multiplicação na parede endocárdio, assim como para dentro da luz devido a toxinas que destroem a proteção, iniciando o processo infeccioso, podendo chegar aos folhetos das valvas. - O crescimento para dentro da luz do lumen, espaço atrial, ventricular seguindo pela parede – lesão vegetante. Para que o paciente tenha endocardite bacteriana é preciso que haja lesão no endocárdio e que tenha bactérias circulantes – bacteremia. à bactérias podem cair na corrente sanguínea, mas ao cair elas sofre ação do sistema imunológico e muitas morrem, porém algumas possuem mecanismos de proteção e conseguem ficar na circulação por maior tempo, atingindo o coração antes de serem destruídas. ⇨ Valvula tricúspide, região amarelada, bactérias proliferam, presença de lesão vegetante, parede do endocardio destruindo a valvula. ⇨ Valvula mitral, bactéria na parede, lesão vegetante Lesões vegetantes: presença de plaquetas, fibrinas e bactérias. Forma trombos, esse trombo solta formando embolo que ao cair na circulação podendo levar a consequências cardíacas e extracardíacas. ex. AVE, tromboembolismo pulmonar, obstrução de vasos. Classificação · Aguda (< 6 sem de evolução) · Subaguda (> 6 sem de evolução) * Não tem crônica devido às consequências não deixarem cronificar. · Valvas nativas: natural · Valvas protéticas: próteses valvares, elas aumentam a chance de bacteremia. Fatores de risco · Uso de prótese valvar: prótese não tem proteção,sendo mais suscetível a endocardite, precisando apenas da bacteremia. · Pacientes dialíticos: apesar dos cuidados mantidos, pode haver presença de bactérias nos equipamentos, aumentando o risco de bacteremia. · Imunodeprimidos: são aqueles que possuem baixa resposta imunológica, portanto uma vez que a bactéria cai na circulação ela permanece por mais tempo circulante, podendo colonizar. * Fungos: + grave, imunodeprimidos tem deficiência na defesa. · Usuários de drogas endovenosas: relacionado a contaminação da agulha e a partículas de poeira que lesiona o endocárdio. · Valvopatias reumáticas: ocorre perda da proteção contra as bactérias. · Uso de dispositivos cardíacos (marcapasso): na colocação pode ocorrer lesão do endocárdio. · Endocardite prévia: lesão de endocardio, bacteremia, evolui, onde cresce perde proteção criando tecido cicatricial, tornando suscetível. Portas de entrada · Cavidade oral: é repleta de bactérias, lesões gengivais – rompimento de vasos permitem a entrada da bactéria na circulação. Portanto é importante avaliar a cavidade oral. · Foliculite: inflamação do folículo piloso, há formação de pus – fagocitose mediada pelo sistema imunológico, ao manipular a foliculite (espremer) ocorre uma lesão seguida do rompimento de vasos e as bactérias presentes adentram. Agente etiológico · Estreptococos (e. Viridans, e. Gallolyticus) · Estafilococos aureus · Bactérias do grupo hacek · Fungos (cândida) · Obs: Estreptococos e Estafilococos são as mais resistentes. E. Viridans e Estafilococos aureus são as mais prevalentes 50-60% - Viridans presente na cavidade oral faz parte da flora, podendo adentrar quando não se tem cuidados. - Aureus presente na pele, porta de entrada para a circulação. E. Gallolyticus -> associado a neoplasias intestinais, são presentes apenas na flora intestinal, destrói o tecido e os vasos caindo na circulação, + resistente. Bactérias do grupo hacker fazem parte da flora respiratória. Fungos são raros e comum em imunodeprimidos. Quadro clínico - Sintomas inespecíficos (mal estar, calafrios, hiporexia) -> associar com fatores de risco - São sintomas presentes em qualquer tipo de infecção - Paciente no PS com sintomas inespecíficos, pede hemograma – apresenta aumento de leucócitos e neutrófilo que sugere infecção bacteriana; em seguida procura os principais focos de infecção (pulmão, garganta, seios nasais, medula, urina) – receita antibiótico de amplo espectro de modo com que ele pegue uma gama de bactérias, porém a medicação oral não tem efeito em casos de endocardite, fazendo com que o paciente retorne com os mesmos sintomas, enquanto os dias se passam a lesão vai se tornando vegetativa podendo ocasionar embolia, infarto lacunar (SNC haplegia), por isso é preciso pesquisar melhor. · Sinais e sintomas que ajudam na hipótese diagnóstica: - Febre (origem indeterminada) com suspeita de inflamação - Sopro cardíaco associado ao quadro infeccioso. Ex. destruição das válvulas. - Fenômenos embólicos ex. AVE, microêmbolos - Fenômenos imunes: formação de imunocomplexos – anticorpo + bactéria Diagnóstico - Anamnese: fatores de risco, se tiver presença a hipótese diagnóstica se eleva ·- Exame físico: - Avaliar cavidade oral - Sopro cardíaco - Sinais neurológicos: perda de movimentos, perda de sensibilidade - Presença de hemorragias distais (ungueal, conjuntival): microêmbolos obstrui vasos da microcirculação, os vasos por serem frágeis se rompem causando hemorragias. Deve questionar fatores de risco · A hipótese diagnóstica ainda não é patognomônica – específica para determinada doença. Para fechar o diagnóstico usa-se os critérios de Duke Criterios de Duke 1) Presença de hemocultura positiva, embolos formados por plaquetas, fibrinas e bactérias (êmbolo séptico), deve colher e identificar no meio de cultura. 2 hemoculturas com intervalo de 30 minutos se ambas der positivo, critério maior; se apenas uma der positiva, deve-se realizar uma terceira, pois pode ser houve contaminação.Colher a primeira hemocultura no momento e a segunda 12 horas após, se apenas uma apresentar resultado positivo, considera-se que a bactéria era circulante, se as 2 vierem positivas é critério maior para endocardite. * Coxiella – infecciona o coração, se estiver positiva critério maior para endocardite * Bactérias típicas. 2)Presença de exames de imagem sugestivo ⇨ Ecocardiograma AE e VE, presença de lesão de grande tamanho na válvula mitral – vegetante, causou perfuração e arritmias ⇨ Presença de lesão vegetante no AD e VD ⇨ AE e VE valva mitral, aórtica lesão 3)Aneurisma micótico: bactéria produz toxinas que afetam a parede do vaso provocando dilatação – pseudoaneurisma, se o embolo se soltar o vaso volta ao normal Hemorragia conjuntival: microêmbolos, microcirculação, ao sofrer oclusão os micro vasos se rompem e provocam pequenos focos de hemorragias na palpa das mãos e dos pés. Mancha de Janeway 4)O sistema imunológicocomeça a produzir anticorpos, eles vão se ligar as bactérias para neutralizar formando imunocomplexo, ele vai seguir pela circulação, e ao chegar na microcirculação faz processo inflamatório – glomerulonefrite - Nódulo de Osler: imunocomplexo segue para as extremidades da microcirculação – ponta dos dedos levando a um processo inflamatório - Manchas de Roth: ocorre na retina, manchas causadas pela deposição de imunocomplexos, é observado na fundoscopia. - Fator Reumatoide: detecta doenças causadas por anticorpos ⇨ Imunocomplexo na microcirculação demora passar causando processo inflamatório, sinais e sintomas 5) à Hemocultura positiva para bactéria atípica – enterococos Infarto pulmonar séptico Tomografia de pulmão – isquemia causada por embolia – infarto pulmonar séptico. Hemorragias Manchas de Janeway Nódulos de osler Manchas de Roth Fechar diagnóstico 2 maiores; 1 maior e 3 menores ou 5 menores Prognóstico Tratamento · Hemocultura ou antibiograma -> escolha do melhor tratamento - Antibiograma: faz bactéria crescer vem com antibiótico e vai testando para ver se é ou não sensível, aquele que não é sensível continua crescer por cima do antibiótico pingado, e os que são sensíveis não tem crescimento. -Associação de antibióticos > monoterapia – quando sabe a bactéria Duração do tratamento: - Valva nativa: 2 a 6 semanas - Prótese valvar: > 6 semanas * Intra Hospitalar venosa. Se não tiver acesso a hemocultura deve fazer o tratamento com antibiótico (3) de amplo espectro venoso – quando não se sabe qual a bactéria Esquema empírico · Deve utilizar até ter resultado de alguma hemocultura ou até a duração do tratamento recomendada. · Deve-se retirar pois há risco de resistência bacteriana. · Gentamicina causa ototoxicidade e nefrotoxicidade podendo ter lesão irreversível, portanto é importante avaliar função renal e conversar com o paciente para ver se ele está escutando normal, caso tiver alterações deve retirar medicação. Tratamento · Streptococcus: 1. Ceftriaxone 2g ev ou im 1x ao dia 2. Penicilina g cristalina 300 – 400 ui 4/4 horas (max: 20 milhoes/dia) Obs: se streptococus resistente: 1. Ceftriaxone 2g ev ou im 1x ao dia + gentamicina 3mg/kg/dia ev ou im 1x ao dia Enterococcus: 1. Ampicilina 200 mg/kg/dia 4-6 doses/dia + ceftriaxone 4g/ dia 2x/dia 2. Vancomicina 30 mg/kg/dia 2x/dia Staphylococcus: 1. Oxacilina 12g/dia 4-6 doses/dia Obs: se alergia: Vancomicina: 30-60 mg/kg/dia 2-3 doses/dia. Vancomicina: extremamente potente, podendo levar a resistência. Portanto deve-se começar com antibióticos menos potentes pois caso criar resistência pode-se usar os mais potentes. Indicação cirúrgica · Insuficiência cardíaca lesão de válvula, perda do folheto – prótese valvar · Hemocultura positiva persistente após antibioticoterapia · Prevenção de tromboembolismo (grandes vegetações, episódios embólicos prévios) – retirar lesão vegetativa. Profilaxia · Realizar profilaxia em pacientes com risco de bacteremia por contaminação intra oral. · Pacientes de alto risco · Endocardite prévia · Portadores de prótese valvar · Transplante com valvopatia · Ao ir no dentista pode abrir porta de entrada para bacteremia, através de procedimentos com manipulação gengival, região periodontal ou perfuração da mucosa oral, portanto deve-se utilizar o antibiótico pois se a bactéria cair na corrente sanguínea tem o antibiótico para matar. · Na pratica utiliza a profilaxia em todos os pacientes. Evita infecção mas pode deixar resistente a amoxicilina. Farmacológica: 1. Amoxicilina: 2g (1 hora antes do procedimento) se alergia, 2. Azitromicina ou claritromicina 500 mg (1 hora antes do procedimento) Não farmacológica: · Escovação dentária · Uso de fio dental · Consultas odontológicas trimestrais
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