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POLPA DE FRUTA 1. INTRODUÇÃO O padrão tecnológico da indústria de alimentos está constantemente sendo redefinido e ampliado conforme o setor de atividade. As crescentes variações de produtos à base de polpas (sucos, doces, néctares, concentrados, iogurte, etc.) surgidas nas prateleiras dos supermercados, impõe à indústria a necessidade de qualidade constante da matéria-prima utilizada. O congelamento de polpa de fruta é um método de conservação que preserva as características da fruta. Esse processo possibilita ao produtor uma alternativa para a utilização de frutas que não atendam ao padrão de comercialização do produto in natura ou cujos preços não sejam compensadores. A produção de polpas de frutas congeladas surge como excelente alternativa no aproveitamento do excedente dessas frutas, podendo ser elaborada nas épocas de safra e permitindo a oferta das polpas nos períodos de entressafra, evitando os problemas ligados à sazonalidade. O aproveitamento de frutas na forma de polpa congelada proporciona, também, a possibilidade de utilização de frutas pouco conhecidas no Brasil. Aspectos Legais Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: fiscaliza estabelecimentos produtores Lei dos Sucos Dec. 73.267/73 Lei 8.918/1994 (revalida Decreto anterior) Dec. 2.314/ 1997 (aprova Decreto anterior) Instrução Normativa - n° 01 de 07/01/2000 (revogada) Instrução Normativa – n°49 de 26/09/2018 Para efeito desta Instrução Normativa considera-se: I - fruta: a designação genérica do fruto comestível, incluído o pseudofruto e a infrutescência; II - vegetal: a planta comestível e suas partes comestíveis, excetuada a fruta. Apesar das ações de vigilância sanitária realizada pelas secretarias de saúde municipais e estaduais na prática, a legalização dos produtos, a liberação e fiscalização dos estabelecimentos industriais são feita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, através de suas Delegacias Estaduais. 2. PADRÕES DE POLPA DE FRUTAS Definição Polpa de fruta é o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos através de processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto. O teor mínimo de sólidos totais será estabelecido para cada polpa de fruta específica. Das definições supra, deduz-se a existência de duas classes de polpa, quanto à sua destinação: - Polpa para uso direto em bebida (não alcoólica) - Polpa para fins industriais Designação Polpa de fruta simples: é aquela polpa definida anteriormente, originada de uma única fruta. Polpa de fruta mista: é aquela polpa definida anteriormente, originada de duas ou mais frutas. A polpa de fruta será designada de acordo com o fruto ou frutos que lhe deu origem. No caso da polpa de fruta simples é opcional constar no rótulo. Além disso, devem ser preparadas com frutas sãs, limpas, isentas de matéria terrosa, de parasitas e detritos de animais ou vegetal. Não deverão conter fragmentos das partes não comestíveis da fruta, nem substâncias estranhas à sua composição normal, devendo ser observada também a presença ou ausência de sujidades, parasitas e larvas. A qualidade da polpa congelada está relacionada à preservação dos nutrientes e às suas características microbiológicas, físicas, químicas e sensoriais, que devem ser próximas da fruta in natura, de forma a atender as exigências do consumidor e da legislação vigente. Tais características não podem ser alteradas pelos equipamentos, utensílios, recipientes e embalagens utilizadas durante o seu processamento e comercialização. Composição A polpa de fruta deve apresentar a mesma composição da porção comestível da fruta sã, fresca e madura, de origem. Aditivos A polpa de fruta destinada à industrialização de outras bebidas e não destinadas ao consumo direto, poderá ser adicionada de aditivos químicos previstos para a bebida a que se destina. Na polpa de fruta poderão ser adicionados acidulantes para regular a acidez, conservantes químicos e corantes naturais, nos mesmos limites estabelecidos para sucos de frutas, salvo em casos especiais. 3. ASPECTOS TECNOLÓGICOS Classes de Polpas Simples = concentração natural da porção comestível da fruta. Podem ser ainda de mesa (quando se destina ao uso doméstico, na preparação de sucos, sorvetes etc.) e industrial (para ser usada em outras indústrias de transformação). Concentrados = quando apresentarem no mínimo 2 vezes a concentração natural da porção comestível da fruta. Também podem ser de mesa e industrial. Em pó = quando se apresentarem na forma sólida, pulverulenta, com umidade máxima de 3% (p/p). Conservação De mesa: por congelamento por congelamento/aditivos químicos. Industrial: pelo calor pelo calor/aditivos químicos. Em pó: pressão osmótica (ajuste aw). 4. ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO Recepção e pesagem Seleção, lavagem e enxague Descascament o e corte Despolpamento Envase Congelamento Armazenamento Figura 1 - Etapas do processo de produção de polpa de fruta congelada Recepção e pesagem As frutas devem ser transportadas para o local de processamento em caixas adequadas, rasas, para evitar o esmagamento das frutas das camadas de baixo e processado o mais rapidamente possível. As frutas podem ser recebidas em caixas, em sacos ou a granel, devendo ser pesadas. Essa etapa deve ser anotada em formulário próprio, para acompanhamento do processo. Dependendo da época do processamento, durante o pico de safra, por exemplo, pode ser necessário armazenar as frutas por algum tempo, e, sempre que possível, sob refrigeração (entre 5 ºC e 12 ºC, a depender da fruta), até que se possa iniciar o processo de produção. A temperatura elevada é prejudicial à manutenção da qualidade da fruta. Caso isso não seja possível, devem-se manter as frutas em local seco, ventilado, prevenindo-se a entrada de insetos e roedores no local de armazenamento, para que as frutas não se estraguem. Seleção, lavagem e enxágue A qualidade da polpa depende da matéria-prima selecionada. Para se obter polpa de boa qualidade, não se pode utilizar frutas deterioradas. Quando as frutas sadias são separadas das frutas estragadas, todos os materiais estranhos como folhas, caules, pedras e insetos devem, também, ser retirados. As frutas em estágio de maturação adequado para o processamento são enviadas diretamente para a linha de produção, enquanto que as outras - em estágio atrasado - são colocadas em caixas e vão para as câmaras de climatização. A maturação ou sua uniformização deve ser conduzida em local fresco e ventilada, ao abrigo de insetos e roedores. Se houver necessidade de maturação forçada, será conduzida em câmaras de temperatura e umidade controladas, podendo se recorrer à aplicação de gases para acelerar o processo. As frutas destinadas à fabricação de polpa devem ser sadias e maduras, e não podem ter sofrido ataque de insetos ou de parasitas. Sugere-se usar frutas em fase de maturação adequada e que não apresentem contaminações aparentes, podridões, lesões físicas, como rompimento da casca e amassamento. Para se obter um produto final de qualidade, a seleção da matéria-prima deve ser rigorosa e executada por pessoas treinadas, que saibam descartar os produtos que não estejam uniformes. Nessa etapa, é importante uma boa iluminação no ambiente. Nesta etapa, para verificar a qualidade do suprimento da indústria, retira-se uma amostra representativa da carga para proceder-se as análises iniciais de ºBrix, acidez titulável, pH e uma avaliação sensorial por técnicos treinados para este fim. No início do processo de limpeza, procede-se a uma pré-lavagem das frutas comágua limpa, para retirar a maior parte da sujidade aderida. Após essa etapa, as frutas devem ser imersas em água clorada, aproximadamente, 50 a 200 ppm de cloro livre. O tempo de imersão varia entre 10 e 30 minutos. A combinação de "tempo x concentração" deve ser aplicada conforme as condições da matéria-prima. As frutas colhidas, ao invés de recolhidas do chão, em geral, são imersas durante um tempo reduzido com concentrações de cloro inferiores. A solução deve ser trocada, com frequência, a cada 400 ou 500 kg de fruta (dependendo do tipo escolhido e da quantidade de sujeira aderida). A importância dessa troca se deve ao fato de que a ação do cloro contra os micro-organismos diminui devido à sujeira e à evaporação. Esse procedimento torna o descascamento mais higiênico, reduzindo a presença de micro-organismos. Após a imersão em água clorada, as frutas devem ser enxaguadas com água limpa e tratada, cerca de 5 a 10 ppm de cloro livre, para retirar o excesso desse produto. A lavagem das frutas pode ser feita em lavadores de aço inoxidável, disponíveis no mercado, ou manualmente, em tanques, que podem ser de aço inoxidável, de PVC, ou construídos em alvenaria e revestidos com azulejos ou resina epóxi. De acordo com o tipo de fruta, recomenda-se usar escovas macias ou agitar a água, para melhorar a eficiência da limpeza. Descascamento e corte Para que se possa avaliar o rendimento da produção e o controle da mão-de-obra utilizada, as frutas selecionadas e lavadas devem ser novamente pesadas, antes do descascamento, anotando-se os dados obtidos. O descascamento, manual ou mecânico, varia com o tipo de fruta a ser processada. Algumas frutas como a manga e o mamão, precisam ser descascadas com facas de aço inoxidável. Nessa etapa, retiram-se, também, as sementes e os caroços, como os do pêssego, da ameixa e do mamão, entre outros. Outras, como o abacaxi, precisam, além de descascadas, ser também cortadas. Para algumas, esta operação tem que ser necessariamente manual, como a banana. Ainda lançam-se mão de processos químicos, como a aplicação de hidróxido de sódio (lixiviação) para goiaba, caju e damascos. Muitas vezes, a remoção da casca pode ser feita na própria despolpadeira, como é o caso da acerola. A aplicação de calor - água quente ou vapor direto - pode facilitar a retirada da casca, como no caso da manga e do tomate. Além de auxiliar na despolpa e aperfeiçoar o seu rendimento, em muitos casos, a utilização de calor na etapa de preparo também tem a função de inativar enzimas que provocam alterações na textura e flavor do produto. É aconselhável que a manipulação das frutas seja feita em mesas limpas, de aço inoxidável ou de madeira revestida com fórmica. Mas, para qualquer fruta, deve se evitar o esmagamento da casca junto com a parte comestível da fruta, pois pode ocasionar um sabor estranho ao produto final, devido à incorporação de alguns componentes orgânicos. Despolpamento É o processo utilizado para separar a polpa da fruta do material fibroso, das sementes e dos restos de cascas. Conforme a fruta escolhida, o despolpamento deve ser precedido da trituração do material em desintegrador ou liquidificador industrial, como no caso da banana, caju e abacaxi. Nessa etapa, as despolpadeiras (de aço inoxidável e provido de peneiras de diversos tamanhos de furos) verticais e horizontais são os equipamentos mais utilizados. As peneiras podem ser substituídas de acordo com a fruta que será processada. Esse processo consiste em fazer com que a fruta passe, descascada ou não, inteira ou já desintegrada, pela despolpadeira. A polpa deve ser recolhida em baldes ou tanques limpos (aço inoxidável ou PVC) pela parte de baixo do equipamento, e os resíduos sólidos, pela frente do mesmo. Para frutas que apresentam problemas de escurecimento de caráter enzimático, como a graviola e maçã, deve-se proceder ao despolpamento na presença de um composto antioxidante, por exemplo, o ácido ascórbico ou cítrico, aplicado em solução diretamente sobre o produto. Em geral, o despolpamento ocorre em dois estágios. No primeiro, faz-se a retirada da casca e/ou sementes. No segundo, refina-se a polpa. O refinamento é a repetição do processo de despolpamento, utilizando-se uma peneira mais fina, para refinar a polpa, conferindo ao produto melhores características. Além da substituição de peneiras do equipamento, são trocadas também as palhetas de borracha por escovas de cerdas, para evitar quebras de caroços e sementes durante a limpeza. Existem equipamentos, no mercado, constituídos por 2 ou 3 corpos, permitindo que as operações de despolpamento e de refino possam ser feitas continuamente. Para se conseguir atender a um padrão de qualidade uniforme e constante, após a fase do processamento, o produto pode sofrer algumas correções visando-se atingir um padrão preestabelecido em função de cada matéria-prima. Antes de se enviar o produto para envase e posterior congelamento, deve-se retirar amostragens da polpa, para avaliação por meio de análises microbiológicas e físico-químicas. O rendimento, em quantidade de polpa produzida em relação à quantidade de fruta utilizada, varia conforme a espécie da fruta e as condições de despolpamento. Acondicionamento e envase A polpa extraída é acondicionada, manualmente, em sacos de plástico ou colocada num equipamento chamado dosadora, que serve para encher a embalagem em quantidades previamente definidas. Existem dosadoras nas versões automáticas e semiautomática. As embalagens mais utilizadas no varejo são sacos de plástico de polietileno de baixa densidade, com capacidade de 0,1 kg ate 1 kg. Usa-se também pote e bombonas de plástico de polietileno de alta densidade e polipropileno na capacidade de até 20 Kg. Após o envase, esses sacos são fechados a quente, com seladora manual e em seguida levados para o congelamento. Devem constar as seguintes informações no rótulo da embalagem: Denominação: polpa seguida do nome da fruta. Quantidade em gramas (g). Data de fabricação. Prazo de validade. Expressões: 100% integral (caso o produto não possua qualquer aditivo), não fermentado e não alcoólico. Denominação: Indústria Brasileira e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Nome e endereço da empresa, CGC e inscrição estadual. Congelamento O congelamento é uma operação que deve ser realizada, imediatamente, após o envase da polpa, de modo que o centro térmico do produto alcance –18 °C ou inferior. A rapidez na execução dessa etapa favorece a preservação das características originais da fruta como cor, aroma e sabor, proporcionando qualidade ao produto final. Além de evitar as deteriorações químicas, bioquímicas e microbiológicas devido à imobilização da água. Nessa etapa, podem ser utilizadas câmaras apropriadas para congelamento, com circulação de ar frio ou freezers domésticos (menos recomendáveis). É preciso estar atento à capacidade do freezer ou da câmara de congelamento. Não se deve enchê-los além do limite estabelecido, impedindo a circulação do ar frio, porque isso afetará a eficiência do congelamento. Armazenamento A polpa deve ser mantida congelada até o momento do consumo. A temperatura recomendada para armazenamento, em câmaras frigoríficas, varia de -18°C a -22 °C, para que a vida útil da polpa de fruta atinja 06 (seis) meses no mínimo. Também podem ser utilizados freezers domésticos, cuja temperatura interna varia de -8°C a -10 °C, exigindo-se que o produto seja comercializado com maior rapidez, por causa do tempo de vida útil menor. A regra básica de movimentação dos estoques armazenados deve ser observada quanto à ordem de entrada e saída da mercadoria, “o primeiro produto que entra é o primeiro que sai”, devido à expiração do prazo de validade. É importante quenão se quebre a cadeia de frio durante todo o tempo de distribuição e venda da polpa de fruta, até seu consumo, para garantir a manutenção da qualidade do produto. 5. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E ORGANOLÉPTICAS As características físicas, químicas e organolépticas deverão ser as provenientes do fruto de sua origem, observando-se os limites mínimos e máximos fixados para cada polpa de fruta, previstos nas normas específicas. As características físicas, químicas e organolépticas da polpa mista deverão manter a mesma relação de proporcionalidade com as quantidades de cada polpa que compõe o produto. A polpa de fruta não deverá conter terra, sujidade, parasitas, fragmentos de insetos e pedaços das partes não comestíveis da fruta e da planta. A polpa de fruta não deverá ter suas características físicas, químicas e organolépticas alteradas pelos equipamentos, utensílios, recipientes e embalagens utilizados durante o seu processamento e comercialização. 6. RESÍDUOS E CONTAMINANTES É proibida, no suco e na polpa de fruta, a presença de: I - contaminante microbiológico em concentração superior ao limite estabelecido pela Resolução RDC ANVISA nº 12, de 2 de janeiro de 2001; II - resíduo de agrotóxico não autorizado ou em concentração superior ao autorizado para a fruta ou para o vegetal empregado como matéria-prima na produção do suco; III - qualquer contaminante orgânico ou inorgânico em concentração superior aos limites estabelecidos pelas Resoluções RDC ANVISA nº 7, de 18 de fevereiro de 2011, e nº 42, de 29 de agosto de 2013; e IV - qualquer contaminante em quantidade que possa se tornar nociva para a saúde humana. 7. PADRÕES MICROBIOLÓGICOS I - soma de bolores e leveduras: máximo 5x10³/g para polpa in natura, congelada ou não, e 2x10 3 /g para polpa conservada quimicamente e/ou que sofreu tratamento térmico; II - coliforme fecal: máximo 1/g; e III - Salmonella: ausente em 25 g. Parágrafo único. Os limites acima podem ser alterados nas normas específicas de cada tipo de polpa de fruta, conforme as suas características peculiares. 8. PROCESSAMENTO GERAL Vários são os métodos para a obtenção de polpa de frutas, principalmente com base nos princípios de conservação. Em geral, as etapas são as mesmas para todos os métodos, diferenciando-se a partir do enchimento e tratamento térmico. Tipos de Processamento: Enchimento a quente (“hot-fill”) Neste método, após a obtenção da polpa, a mesma é submetida a um tratamento térmico de pasteurização, geralmente por meio de trocadores de calor, a temperaturas de 85 a 93 °C, durante um tempo de 45 a 60 segundos, seguido de um resfriamento do produto já embalado. Este método é indicado apenas para produtos com pH abaixo de 4,5, como é a maioria das frutas tropicais, que é de natureza ácida. Em alguns casos, reduz-se o pH com a adição de ácido cítrico – por exemplo, banana e figo. Enchimento asséptico O processamento asséptico foi desenvolvido, para minimizar as mudanças de qualidade do produto que costumam ocorrer no processo de aquecimento lento. O processo engloba uma combinação de princípios de esterilização a alta temperatura, durante curto tempo, com métodos de enlatamento asséptico. Polpa preservada quimicamente Neste processo, a adição de conservante químico é geralmente feita após o resfriamento da polpa pasteurizada até a temperatura ambiente. Os conservantes mais comuns são os ácidos sórbico e benzóico ou seus sais derivados de sódio e potássio. O teor máximo dessas substâncias legalmente permitido para produtos de consumo direto é de 0,1% em peso. Outro conservante bastante comum é o dióxido de enxofre, permitido em limite de 0,02% sobre o produto, em geral veiculado através do metabissulfito de sódio. Polpa Congelada O congelamento é um dos processos mais indicados para a preservação das propriedades químicas, nutricionais e organolépticas, não só de polpas em geral, como da maioria dos alimentos. Apresentam, todavia, o inconveniente dos custos de produção e armazenamento relativamente altos. Controle do Processo Os itens a serem controlados ou executados são os seguintes: Recepção É o controle que é feito para amostrar as frutas, com o intuito de determinação do peso unitário, objetivando avaliar a eficiência da fruta para fabricação (quanto maior o peso unitário da fruta, maior será o rendimento da polpa). Procedimento Escolher ao acaso do lote de frutas recebidas, 25 frutas. Pesar individualmente cada fruta, somar os pesos e dividir por 25. Tem-se então um valor médio do peso unitário para aquele lote de frutas (lote inteiro). Rendimentos É o controle que se configura na parte da pesagem da matéria-prima (fruta) para uma avaliação de eficiência, isto é, mediante o peso total da fruta saber quanto será o montante de polpa fabricado. Rejeito É aquele controle identificado após a pesagem e a seleção, onde se pesa o rejeito para determinar a fração defeituosa. Desinfecção É o controle que ocorre após a primeira lavagem com água corrente, com o objetivo de evitar o desenvolvimento de microrganismos. Veja nos anexos uma tabela prática para ser usada sem ter que fazer sempre os cálculos. Procedimento: Preparação de uma solução de desinfecção contendo 50 ppm de cloro, partindo de uma solução de hipoclorito de sódio com concentração de 15% de cloro. Pesagem Nesta parte do processo, o despolpamento, o controle é feito sob duas vertentes: - Um primeiro controle da pesagem da polpa com a finalidade de medir rendimentos da polpa e aditivos; - Um segundo controle, chamado de controle de BRIX da polpa para ter ideia de maturação completa e confirmar a avaliação ocorrida na recepção; Procedimento: O controle da pesagem configura a eficiência do processo, já o controle do BRIX é usado para a identificação da sua eficácia. Padronização É o controle que se localiza na parte de padronização de polpa e visa identificar a incorporação dos conservantes químicos e dos acidulantes e da adição ou não de água potável a depender do que consta nas normas específicas para polpa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Podemos padronizar em função de duas variáveis: a) Padronização em função do Brix – para ajuste da relação Brix/Acidez, responsável pelo gosto doce-ácido do produto. Tal ajuste corresponde a uma diluição com água quando o suco/polpa recém-extraido apresentar brix superior ao mínimo exigido pela legislação pertinente, conforme abaixo. A quantidade de água a ser adicionada dependerá evidentemente do brix apresentado pela polpa e pode ser calculado utilizando-se o Método do Quadrado de Pearson (apresentado na seguinte fórmula): X = [(Brix do Extrato - Brix Padrão) x Peso de Extrato] ÷ Brix Padrão Onde X = quantidade d’água potável a ser adicionada na formulação da polpa. b) Padronização em função da conservação Polpas Congeladas Ácido cítrico (sequestrante) - 0,3 g /quilo Benzoato de sódio (conservante) - 0,5 g /quilo Metabissulfito de sódio (antioxidante) - 1,0 g /quilo Observações – nas polpas de acerola, uva ou qualquer outra cujo pigmento responsável pela cor seja antocianina, não usar Dióxido de Enxofre, sendo válida essa observação para as demais formulações adiante apresentadas. Procedimento: Suponha-se formular 200 Kg de polpa com limites máximos de conservantes e acidulantes, para ser conservada em congelamento: Metabissulfito de sódio = 200 Kg x 1,0 = 200 g Ácido Cítrico = 200 Kg x 0,3 = 60g Benzoato de sódio = 200 Kg x 0,5 = 100g Esses produtos serão dissolvidos em cerca de 0,5% de água sobre a polpa (soluções são feitas separadamente). Polpasestocadas à temperatura ambiente (conservadas quimicamente) Acido cítrico (sequestrante) - 1,0 g /quilo Benzoato de sódio (conservante) - 1,0 g /quilo Metabissulfito de sódio (anti-oxidante) - 0,4 g /quilo Sorbato de Potássio(conservante) - 1,0 g /quilo Ácido lático (conservante) - 2,0 g /quilo Polpas pasteurizadas, estocadas à temperatura ambiente Ácido cítrico (sequestrante) - 0,3 g /quilo Metabissulfito de sódio (anti-oxidante) - 0,4 g /quilo Benzoato de sódio (conservante) - 1,0 g /quilo Observações – as polpas de frutas tropicais para uso de mesa tais como sucos, néctares, sorvetes e outros onde se busca reproduzir o sabor/aroma da fruta de origem, não devem ser pasteurizadas visto que, as suas termosensibilidades resultam modificações acentuadas, gosto típico de chá, indesejáveis, mesmo em sistemas assépticos, contudo, existem exceções como é o caso da polpa de caju onde o tratamento pelo calor suaviza o sabor, tornando-a mais agradável; somente as polpas para uso industrial para obtenção de produtos transformados devem receber esse tratamento pelo calor. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n. 12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de janeiro, 2001. Seção 1, p.45-53. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Instrução Normativa nº 01, de 07/ 01/ 2000 – MAPA. (Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento). CORTEZ, L. A. B.; HONÓRIO, S. L; MORETTI, C. L. (Ed.) Resfriamento de frutas e hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. 428p. MATTA, V. M. M.; FREIRE JUNIOR, M.; CABRAL, L. M. C.; FURTADO, A. A. L. Polpa de fruta congelada. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005, 35 p. MATTA, V. M.; FREIRE JÚNIOR, M.; CABRAL, L, M. C.; FURTADO, A. A. L. Polpa de fruta congelada. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. 35 p. (Coleção Agroindústria Familiar). MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 12/99, de 13/09/99. Padrões de Identidade e Qualidade para Polpas de Frutas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 set. 1999, Seção I, p 72, 2000. ANEXO 1 ADITIVOS QUÍMICOS EMPREGADOS EM POLPAS E DOCES CLASSES (Segundo a Legislação Brasileira) Corantes (C.I) Conservantes -Benzoato de Sódio (P.I) = 1g/Kg -Sorbato de Potássio (P.IV) = 1g/Kg -Metabissulfito de Sódio (P.V) = 0,4g/Kg Acidulantes -Ácido Cítrico (H.II) = 2g/Kg -Ácido Fosfórico (H.III) = 1g/Kg -Ácido Tartárico (H.IX) = 2g/Kg Espessantes (Gelificantes) -Agar-agar (EP.I) = 5g/Kg -Alginatos (EP.II) = 10g/Kg Edulcorantes (Produtos Dietéticos) -Sacarina (D.I) = 0,5g/Kg -Sorbitol (U.I) = 50g/Kg -Glicerol (U.II) = 50g/Kg Outros -Citrato de Sódio = q.s.p -Pectina = q.s.p. ANEXO 2 PREPARO DAS SOLUÇÕES DE CLORO PARA LIMPEZA E DESINFECÇÃO Quantidade de cloro comercial (em ml) necessário para preparar 10 litros de água com concentração de 5 a 50 ppm de cloro livre. Cloro comercial CONCENTRAÇÃO DE CLORO EM PPM 5pp m 10pp m 15pp m 20pp m 25pp m 30pp m 35pp m 40p pm 45pp m 50pp m 2% Cloro Livre (Água Sanitária) 2,5 ml 5,0 ml 7,5 ml 10,0 ml 12,5 ml 15,0 ml 17,5 ml 20,0 ml 22,5 ml 25,0 ml 5% Cloro Livre 1,0 ml 2,0 ml 3,0 ml 4,0 ml 5,0 ml 6,0 ml 7,0 ml 8,0 ml 9,0 ml 10,0 ml 10% Cloro Livre 0,5 ml 1,0 ml 1,5 ml 2,0 ml 2,5 ml 3,0 ml 3,5 ml 4,0 ml 4,5 ml 5,0 ml 15% Cloro Livre 0,3 ml 0,7 ml 1,0 ml 1,3 ml 1,7 ml 2,0 ml 2,3 ml 2,7 ml 3,0 ml 3,3 ml 20% Cloro Livre 0,3 ml 0,5 ml 0,8 ml 1,0 ml 1,3 ml 1,5 ml 1,8 ml 2,0 ml 2,3 ml 2,5 ml ANEXO 3 DETERMINAÇÃO REFRATOMÉTRICA DO BRIX 1. OBJETIVO Tal análise tem como objetivo determinar o teor de sólidos solúveis no extrato, o qual, por sua vez, nos possibilitará a determinação dos sólidos na cana-de-açúcar. 2. MATERIAL o e absorvente 3. TÉCNICA absorvente; plástico, agitar a amostra com movimentos circulares ; dos prismas; EXEMPLO Tabela - Correções de Brix refratométrico à 20°C ANEXO 4 PLANTA BAIXA DA AGROINDÚSTRIA DE POLPA DE FRUTA
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