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SÃO PAULO Cultura alimentar Durante os séculos XVI e XVII, período em que São Paulo ainda estava longe do desenvolvimento econômico, os hábitos alimentares surgiram de acordo com as condições de vida dos colonizadores e nativos. Desta maneira, os habitantes da área precisavam ser flexíveis e criativos para se sustentarem com o que a terra oferecia. Entre os alimentos da época, o milho, de influência indígena, era o mais utilizado.Este cereal era transformado em farinha, pamonha, curau, canjica e servia para o preparo da jacuba, um líquido nutritivo feito à base de farinha de milho ou mandioca, água fria; e mel ou rapadura como adoçante. Entre outros hábitos dos nativos que foram absorvidos na culinária paulista estão as frutas, o pinhão, a mandioca, outras raízes, os legumes, os peixes e as carnes de caça (passarinho, lagarto, tatu, capivara). De acordo com Roberto Tonin, Cientista Social e Diretor Executivo da Liga Paulista Pela Autonomia, a culinária paulista “tem raízes antigas, remontando aos bandeirantes, que se valeram de ingredientes da terra fornecidos pelos indígenas tais como a mandioca, cará, peixes, e de ingredientes importados da Europa, e produzidos aqui como o trigo, carne de bovinos e suínos, e de temperos e especiarias da Ásia, e mesmo de regiões das Américas como o milho, batata e tomate, importados por terra ou mar e mais tarde produzidos localmente”. O interior de São Paulo foi importante na formação da culinária paulista. Com um conjunto de pratos variados, normalmente feitos no fogão dos tropeiros, fogo-de-chão, fogão a lenha, ou no tucuruva (fogão que era improvisado no meio dos cupinzeiros), a cozinha caipira agregou receitas como doce de banana, rosquinhas de pinga, farofa de içá (formiga), afogado, virado à paulista, frango caipira, vaca atolada, leitão à pururuca, entre outros. No litoral, os alimentos eram feitos pelos caiçaras com base na pesca e no cultivo de produtos da mata. Eles foram os responsáveis pela introdução do pratos feitos com peixe e farinha, como o pirão. Devido a fatores históricos, muitos pratos da culinária paulista surgiram como uma forma de adaptação dos tropeiros ao trabalho árduo que tinham na região. Na época, eles precisavam de alimentos que agüentassem longas jornadas sem estragar, além de um preparo prático. Geralmente, eles carregavam carne-de-sol, carne-seca, farinha de milho e de mandioca. Foi neste processo que surgiram os pratos de maior identidade com o Estado como o virado à paulista, o feijão-tropeiro e a paçoca de carne-seca. Para garantir os mantimentos, pés de abóbora, feijão e milho eram plantados pelo caminho. Antes do período da economia cafeeira, os escravos introduziram o leite de coco, o dendê e as pimentas. Pelo lado dos portugueses, vieram as carnes de animais domesticados e a utilização do açúcar. Com o enriquecimento de São Paulo através da produção de café, hábitos culinários e receitas de outros países foram chegando ao Estado junto com o processo de imigração, dando à culinária paulista um tom mais cosmopolita. Da Itália, vieram as massas, mortadelas, polentas e o cultivo de pimentão e rúcula. Com os japoneses, os chás, arroz, soja e hortifrutigranjeiros. Os sírios completaram as receitas com quibes, esfihas e doces. Praticas alimentar Estudos sobre a evolução dos hábitos alimentares na cidade de São Paulo têm mostrado a diminuição no consumo de alimentos de base como o feijão, a substituição de gordura animal pela gordura vegetal, com o aumento no consumo de margarina e de óleo de soja, a substituição da carne bovina pela carne de frango (ALVES & VIEIRA, 1978; CARMO, 1980). Gastronomia e religião A Semana Santa, como outros feriados religiosos no Brasil, se caracteriza pelo consumo de determinados alimentos: durante a quaresma (período de 40 dias entre a quarta-feira de cinzas e a páscoa) muitos católicos não ingerem carne vermelha, consumindo apenas peixe. Na Sexta-Feira da Paixão, que relembra o dia da crucificação de Cristo, em muitos lares católicos a tradição é comer bacalhau – costume que remonta aos hábitos dos portugueses que colonizaram o país. Outras religiões também têm uma relação especial com determinados alimentos, o que nem sempre é bem visto por pessoas de outros credos. Basta lembrar a polêmica em torno de religiões de matriz africana, como o candomblé, quando o Supremo Tribunal Federal julgou a questão e decidiu, por unanimidade, que o sacrifício ritual de animais para fins religiosos é, sim, uma prática constitucional (relembre o caso). Mesmo em se tratando das religiões mais diferentes entre si, como é o caso do cristianismo e do candomblé, elas têm em comum o fato de eleger alimentos como símbolos do sagrado. A socióloga e antropóloga Ana Claudia Fernandes Gomes explica que a relação entre alimentação e religiosidade está presente em todas as civilizações. “A religiosidade de certa forma incentiva o agradecimento aos deuses por tudo o que eles dão, sobretudo o alimento, que permite a sobrevivência. Então é um alimento físico e espiritual ao mesmo tempo”. No judaísmo, a relação dos fieis com os alimentos é uma tradição milenar, como explica o chefe de cozinha Rodrigo Fleiss Breitbarg. “A alimentação judaica é baseada na Kashrut, do hebraico "próprio", e tem diversas regras, desde qual animal é próprio para consumo até como você deve preparar seus alimentos”, conta. Algumas dessas regras são: não misturar carne com leite, comer apenas aves, animais ruminantes e de pata fendida, peixes com escamas e barbatanas – que são os chamados animais “kasher”, permitidos para o consumo. Chalá: pão trançado e redondo, típico das festas judaicas (exceto a páscoa). Simboliza a vida eterna pelo seu formato circular, sem começo nem fim. Para a religião judaica, o pão deve estar presente em todas as refeições Na tradição africana do candomblé, o alimento serve como instrumento para agradecer e para pedir bênçãos aos orixás. O acarajé, famoso bolinho que é vendido por baianas em vestimentas típicas, é um exemplo de “comida de santo”, pois pertence ao orixá Iansã. “No candomblé, a comida de cada orixá tem seu preparo específico, assim como era feito no passado pelos nossos ancestrais e ainda hoje são feitas da mesma maneira, passando de geração em geração”, ensina o sacerdote Francisco César da Silva Preto, Babalorixá de Oxóssi do Ilê Iya Omi Ati Oyá - Asé Odé Erinle Entre os Hare Krishna, toda comida deve ser primeiramente oferecida a Krishna e, assim, todo alimento passa a ser sagrado. Por ser uma religião originária da Índia, os pratos da culinária indiana são muito apreciados pelos devotos. Para cozinhar, existem algumas regras, como não experimentar a comida e não utilizar cebola e alho. Os hare krishna seguem uma dieta baseada em vegetais e laticínios, sem carne, peixe nem ovos. “Tentamos sempre oferecer alimentos livres de violência ao Senhor e, depois de oferecido, esse alimento se torna santificado, espiritual, o qual chamamos de prasāda, ou a misericórdia de Krishna”, conta a devota Candravali Devi Dasi. Chalá: pão trançado e redondo, típico das festas judaicas (exceto a páscoa). Simboliza a vida eterna pelo seu formato circular, sem começo nem fim. Para a religião judaica, o pão deve estar presente em todas as refeições. Comida típicas de São Paulo 1. Picadinho de carne O picadinho de carne é um prato relativamente simples de fazer, mas muito apreciado. O seu preparo conta com filé de carne cortado em cubos e servido no próprio caldo, lembrando o estrogonofe. Geralmente o acompanhamento é farofa de banana e arroz branco — e em alguns lugares ainda é acrescentado ovo frito. Esta deliciosa comida paulista pode ser encontrada tanto em botecos simples da cidade quanto em restaurantes luxuosos. 2. Cuscuz à paulista Muito popular no Nordeste, o cuscuz tem origem árabe e é uma das mais importantes receitas de São Paulo. É uma refeiçãosimples e muito saborosa, que consiste basicamente em uma massa de milho cozida no vapor. Já no cuscuz à paulista, o prato recebe recheios variados, que podem ser carnes, peixes, frangos ou outras combinações que agradem o paladar. Confira deliciosos pratos típicos de São Paulo. 3. Virado à paulista Boa parte da população considera o virado à paulista um dos “marcos” da cidade e a principal comida típica de São Paulo. Ele é feito com arroz, massa de feijão com farinha de mandioca, couve refogada, banana à milanesa, ovo frito e carne de porco na forma de bacon, torresmo, linguiça e bisteca. 4. Bauru Esta comida paulista foi criada na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Ele já faz parte do cardápio de lanchonetes e restaurantes de todo País — em diferentes versões, é claro — e pode ser encontrado Brasil afora. Tradicionalmente, é feito com pão francês, queijo muçarela derretido, rosbife, tomate seco, picles e orégano. Em alguns locais a carne é substituída por presunto. 5. Sanduíche de mortadela Muito comum em padarias e no Mercado Municipal de São Paulo — também conhecido como Mercadão —, o sanduíche de mortadela une bom gosto e praticidade. É o campeão de pedidos para o café da manhã, para um almoço rápido ou simplesmente para o lanche. A receita pode apresentar algumas variações, mas as abundantes fatias de mortadela são os principais ingredientes. Sanduíche simples, porém muito gostoso. 6. Sonho Apenas o nome já é bem sugestivo, não é mesmo? O sonho também é uma das típicas receitas de São Paulo e que se espalhou por todos os lugares. A iguaria é uma verdadeira febre nas padarias da capital paulista e trata-se de um delicioso pão redondo, recheado com muito açúcar e bastante cremoso. O doce tradicional conta com recheio de creme branco, mas existem ainda sonhos de paçoca, de brigadeiro e de limão, por exemplo. 7. Cachorro-quente com purê de batata Para quem não é de São Paulo, certamente esta será uma das combinações mais inusitadas da comida paulistana. A receita é simples: basta adicionar o purê de batata inglesa ao cachorro-quente tradicional. Em especial para quem vive na maior metrópole brasileira, o cachorro-quente sem purê de batata fica incompleto. 8. Bolovo Uma missão quase impossível é encontrar o famoso bolovo fora de São Paulo. Para os turistas, essa é a comida típica de São Paulo que impressiona pela criatividade — e é capaz de despertar amor ou ódio pelos novos degustadores. O bolovo é simplesmente um bolinho de carne moída recheado com um ovo cozido inteiro. E podemos garantir: um “egg lover” de verdade jamais pode recusar este quitute. 9. Pastel de feira É verdade que o pastel pode ser encontrado facilmente em qualquer lugar do Brasil. Mas você sabia que ele se tornou uma comida paulistana pelas mãos dos próprios asiáticos? Basta visitar uma feira livre na capital que você encontrará um chinês vendendo os mais diversos sabores de pastel acompanhado de um belo caldo de cana. E claro não poderia faltar o maravilhoso pastel de feira. 10. Churrasco grego Esta é com certeza uma das marcas registradas das ruas paulistas. O churrasco grego está entre as receitas de São Paulo mais fáceis de serem encontradas pelo centro da cidade. Este prato é bem simples e barato. Conta com várias fatias de carne assadas no espeto e degustadas com pão francês. Você não precisará se locomover muito para achar um carrinho com carnes bem suculentas e um preço que chama ainda mais a atenção. Bibliografia https://www.infoescola.com/sao-paulo/culinaria-paulista/ https://www.scielo.br/j/rn/a/6ww3p3XRwpQgSH9Jppxz3hN/?lang=pt#:~:text=Estudos%20sobre%20a%20evolu%C3%A7%C3%A3o%20dos,pela%20carne%20de%20frango%20(ALVES%20%26 http://www.unilago.edu.br/revista/edicaoatual/Sumario/2014/downloads/4.pdf https://www.leiaja.com/noticias/2019/04/17/religiao-e-comida-juntas-no-mesmo-prato/