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RAQUEL LEMOS DE MELO CARDOSO DIREITO DE FAMÍLIA SALVADOR- BA 2021 AVALIAÇÃO INDIVIDUAL PRIMEIRA ATIVIDADE DA UNIDADE Atividade solicitada pelo docente da matéria de direito de família como requisito para obtenção de nota SALVADOR-BA 2021 1ª questão: • Primeira decisão- http://tjpb-jurisprudencia-dje.tjpb.jus.br/2016/6/29/fe770d31-fd35- 45f5-be81-2afd531cbf43.pdf a) A apelação em questão é referente a tentativa de requerimento para a anulação do casamento entre Cícero Florêncio da Cruz e Maria da Penha Pereira da Silva, onde o recorrente sustenta que a primeira instancia decidiu em desacerto sobre a possibilidade de anulação. Segundo o apelante, a esposa abandonou o lar após dois meses da celebração do casamento e soube por intermédio de terceiros que o casamento decorreu apenas por interesse da apelada em receber pensão vitalícia, o que, segundo seu entendimento, configuraria como erro essencial à pessoa. Todavia, o desembargador e relator da segunda instancia reiterou que não se trataria de erro essencial sobre a pessoa apto a anular o casamento, tendo em vista que, após o abandono do lar, o recorrente tentou uma reconciliação com a recorrida, não tendo obtido êxito, o que afasta o alegado erro essencial. O relator negou então o provimento ao apelo, afirmando que o requerente não teria comprovado os requisitos legalmente exigidos para a anulação do casamento, estando assim em harmonia com o parecer da primeira instancia. b) No processo em primeiro grau, que foi julgado insustentável, o autor do caso é Cícero Florêncio da Cruz, enquanto o réu é identificado sendo Maria da Penha Pereira da Silva. Já na apelação em segundo grau, desprovida pelo tribunal, o apelante é novamente Cícero Florêncio da Cruz e a apelada Maria da Penha Pereira da Silva. c) No caso em questão, o pedido é identificado como um pedido imediato e não concludente, pela narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão, tendo em vista que a pretensão de anulação do casamento é inviável. Além disso, como fundamentação legal utilizou-se os art. 1.556 e 1557, do CC, definindo o erro como falsa representação da realidade que implica em manifestação de vontade viciada pelo agente, não sendo esse o caso disposto. http://tjpb-jurisprudencia-dje.tjpb.jus.br/2016/6/29/fe770d31-fd35-45f5-be81-2afd531cbf43.pdf http://tjpb-jurisprudencia-dje.tjpb.jus.br/2016/6/29/fe770d31-fd35-45f5-be81-2afd531cbf43.pdf d) A decisão do desembargador foi então estabelecida conforme o artigo 1.550 do Código Civil, posto que o apelante não conseguiu comprovar nos autos qualquer prova do alegado erro essencial sobre a pessoa recorrida, apenas defendeu que o abandono do lar seria motivo suficiente para a pretensa anulação. Além disso, o apelante ainda afirmou que dois meses após a celebração do casamento tudo corria bem, até que apelada viajou, abandonando o lar e tornando assim a situação mais equivalente a hipótese de dissolução da sociedade conjugal pelo divórcio, disposta no artigo 1.572 do CC, segundo o relator. Destarte, o veredito do relator de a negar o provimento de apelo da ação de anulação de casamento, que alegava erro essencial, mantendo então a sentença recorrida, é adequada e precisa no âmbito do direito de família. Visto que, segundo o Código Civil, o negócio jurídico, para ser anulável, precisa tratar-se de um casamento levado a efeito com a ocultação de situação ou acontecimento que, se houvesse sido conhecido pelo outro cônjuge, poderia levar à desistência do matrimônio, tornando assim insuportável a convivência do casal, porém, como visto no acórdão, o recorrente não conseguiu legitimar essa hipotética ocultação. • Segunda decisão- https://www.conjur.com.br/dl/tj-rs-reconhece-uniao-estavel- paralela.pdf a) A ação judicial declaratória de união estável post mortem foi parcialmente provida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que reconheceu a união estável simultânea ao casamento e concedeu a partilha de bens eventualmente adquiridos durante a relação extraconjugal. A decisão foi provocada pela apelação cível movida por uma mulher que afirma um relacionamento de quase duas décadas, até a data do óbito do falecido cujos bens estão em inventário, período esse em que ele se manteve legalmente casado com a parte apelada. Na ação foi relatado que a esposa sabia que o marido tinha um relacionamento fora do casamento e a demandante ainda alegou que os dois chegaram a morar juntos no Rio Grande do Sul e no Paraná. Assim, a situação em questão foi julgada com a conclusão de que a esposa concordou em compartilhar o marido em vida, também devendo então aceitar a divisão de seu patrimônio após a morte, tornando possível o reconhecimento de união estável pelo tribunal. https://www.conjur.com.br/dl/tj-rs-reconhece-uniao-estavel-paralela.pdf https://www.conjur.com.br/dl/tj-rs-reconhece-uniao-estavel-paralela.pdf b) A ação na primeira instancia, julgada improcedente, tem como autora ALESSANDRA B. S, a mulher que tinha um relacionamento extraconjugal com o de cujos, enquanto o réu é ELIZABETH A. A, que era legalmente casada com falecido. Já na segunda instancia, a apelante - que apela de uma sentença a um tribunal - foi novamente Alessandra e o apelado - a parte contrária no litígio - foi novamente Elizabeth. c) No julgamento foi identificado um pedido mediato, que é a providência que traduz o bem jurídico da ação, além de ser concludente, por estar de acordo com o fato e o direito exposto pelo autor, pelo recurso ser de admissão da união estável post mortem extraconjugal, sendo então utilizado como fundamento o artigo 1.723 do Código Civil e desconsiderados os impedimentos dos artigos 1.521 e 1.727, por retratar uma demasiada intervenção estatal. d) Após decisão desfavorável à Alessandra em primeira instância, os apelados ainda defenderam o impedimento ao reconhecimento da união estável ante a impossibilidade de coexistência desse instituto concomitantemente ao casamento, dada a vedação existente no artigo 1.723, § 1º, do Código Civil. Porém, em depoimento, a própria viúva declarou que tinha conhecimento os casos extraconjugais do esposo, os aceitando ao longo dos anos, além disso, as testemunhas apresentadas por ambas as partes confirmaram que Olavo constituiu união estável com Alessandra, enquanto também preservou o vínculo matrimonial com Elizabeth, mantendo a vontade de constituir família com as duas. Desse modo, o de cujus realmente era casado com a parte apelada, segundo o artigo 1.511 do Código Civil, mas observou-se também que ele efetivamente manteve as duas famílias de forma pública e contínua, existindo a formação de famílias simultâneas com convivência harmônica por cerca de duas décadas e não podendo o poder estatal desconsiderar as relações afetivas desenvolvidas. Assim, o tribunal dispôs de um parecer propício, pois o formalismo legal não deverá prevalecer sobre situação fática há anos consolidada, devendo então prevalecer a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a afetividade e a igualdade. 2ª questão: a) O texto crítico tem como assunto principal a discussão sobre a possibilidade de uniões estáveis simultâneas, se relacionado assim com o princípio da monogamia, o princípio da afetividade e a controvérsia do concubinato. Sobre as normas pertinentes ao texto, essas são os artigos 1.723 e 1.521 do Código Civil, que impediriam essa discussão, assim como o artigo art. 226, § 3º da Constituição Federal, que define o reconhecimento da união estável. b) Sobre o texto apresentado, esse dispõe de um pensamento antiquado e intolerante, tendo em vista que apresenta uma visão formal e moralista em desfavor dos princípios da liberdade individual, dignidade e solidariedadehumana, bem como ignora a realidade social, na qual as uniões paralelas existem, assim, constituindo uma falha frente a uma realidade evidente que requere tutela de direitos fundamentais. Outrossim, a descaso sobre paralelismo afetivo e a categorização de companheiras como concubinas é uma ocorrência que passa por um histórico de discriminação da mulher e predomínio masculino no âmbito do direito de família. Ademais, a união estável, reconhecida pelo código civil em seu artigo 1.723, tem diversos requisitos para a sua composição, porém não possui imposições sobre exclusividade ou monogamia, desse modo é preciso ter como principal objetivo a preservação de todas as modalidades de família pela relevância que essas instituições constituem na vida das pessoas. Desse mesmo modo, o princípio da afetividade (a manifestação de afeto através da convivência) assegura que a averiguação das famílias paralelas precisa decorrer ainda que confrontem a base monogâmica, uma vez que o bem maior que deve ser preservado é o direito a afetividade e a dignidade da pessoa humana.
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