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corporeidade e motricidade fisioterapia

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA 
CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA. 
 
 
 
Por: Michelle da Silva Fernandes Azevedo 
Orientador 
Prof. Marcelo Saldanha 
Rio de Janeiro 
2010 
 
 
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
 
A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA 
CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA. 
 
 
 
 
 
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre 
– Universidade Candido Mendes como requisito parcial 
para obtenção do grau de especialista em Docência do 
Ensino Superior. 
 Por: Michelle da Silva Fernandes Azevedo 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
...ao meu marido João por toda paciência e 
carinho, a Ana por me auxiliar na pesquisa 
e todos os meus amigos que de alguma 
maneira auxiliaram neste trabalho... 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
...dedico este trabalho a toda minha família e 
ao meu marido em especial... 
 
 
 
 
 
5 
RESUMO 
 
O presente trabalho mostra a importância da inclusão da disciplina de 
consciência corporal na graduação do curso de fisioterapia, através de um 
estudo sócio-filosófico acerca da conscientização do corpo. 
A disciplina de consciência corporal busca proporcionar uma nova experiência 
e um maior conhecimento do corpo e de todos os aspectos ou elementos 
envolvidos na construção e remodelação desse corpo: fruto de influências 
biológicas, psicológicas e sócio-culturais, e é através do estudo de métodos 
que objetivam uma consciência maior que essa disciplina se fundamenta sua 
vivência prático-teórico. 
O fisioterapeuta é o profissional que avalia as alterações cinético-funcionais 
dos diferentes sistemas do corpo humano, ou seja, ele analisa os 
desequilíbrios motores e orgânicos que geram dor e inconforto físico e 
psíquico. Baseado nessa análise faz-se importante o estudo da consciência 
corporal para o graduando em fisioterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
METODOLOGIA 
 
A pesquisa desenvolvida sobre a disciplina de consciência corporal na 
graduação de fisioterapia é bibliográfica, através da busca de levantamentos 
históricos e discussão de conceitos. 
No decorrer da pesquisa, houve a necessidade de um estudo complementar 
sobre o papel do fisioterapeuta no mercado de trabalho e a importância da 
inclusão da disciplina de consciência corporal na formação profissional. 
Analisamos também o ensino superior, com a formação do professor do curso 
de fisioterapia, juntamente com a proposta de ementa, objetivos e programa 
de disciplina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 08 
 
CAPÍTULO I - Evolução Histórica da Consciência Corporal 09 
 
CAPÍTULO II - Consciência corporal e sua prática fisioterapêutica 16 
 
CAPÍTULO III – A Inclusão da Disciplina Consciência Corporal na 
Graduação de Fisioterapia 21 
 
CONCLUSÃO 33 
 
BIBLIOGRAFIA 35 
 
ÍNDICE 38 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 40 
 
 
 
 
 
 
 
8 
INTRODUÇÃO 
 
A abordagem corporal tem sido cada vez mais pesquisada nas últimas 
décadas, contribuindo para uma melhor compreensão da percepção corporal. 
Na década de 70, pesquisadores norte americanos uniram-se ao modelo 
holístico e desenvolveram a abordagem somática que, detém tanto na 
discussão filosófica quanto na fundamentação de práticas corporais 
(VIEIRA, 1998). 
Todo nosso aprendizado e experiência de vida se dão através da via 
corporal. Sendo assim, todo movimento humano é carregado de 
expressividade, e muitas vezes nos faz entender a forma de sentir e agir 
de uma pessoa (NEGRINE, 1998) . 
Nesse sentido, devemos considerar a importância de ter um 
conhecimento do nosso próprio corpo envolvendo tanto o sentido físico 
quanto emocional. Sendo assim, se faz necessário na formação 
profissional a construção de uma visão globalizada do ser humano, não o 
vendo como partes corporais, mas, sim, como um todo em que corpo, 
sentimento, hábitos culturais e meio ambiente fizessem parte da 
reabilitação física do paciente (CORREA, 1999). 
Para Bomfim (2000), existe a necessidade que o ensino acadêmico 
introduza em seu currículo uma discussão sobre corporeidade, propondo 
uma visão total do ser humano, respeitando as motivações e sentimentos 
como parte do processo ensino-aprendizagem sendo considerado como 
dinâmica de sala de aula diversificando as experiências. 
Alexander (1991) afirma que a formação profissional não deve ser obtida 
através de um ensino individual. As atividades em grupos permitem um 
contato próximo com os companheiros e aprofundam a compreensão de 
 
 
 
9 
diferentes personalidades. Isso possibilita que se desenvolva uma das 
qualidades fundamentais para os futuros profissionais, que é a 
capacidade de observar a expressão do corpo e seu comportamento. 
Complementando essa idéia, Denys-Struyf (1995) destaca a importância 
de ver, ouvir e compreender as mensagens corporais e gestuais do 
indivíduo, pois assim será possível auxiliar na reconstrução harmoniosa 
da unidade psicocorporal de cada um. 
Através desta pesquisa, buscou-se ampliar a percepção corporal em 
acadêmicos de Fisioterapia, pois acredita-se que o futuro profissional 
deve se conhecer primeiro para assim desenvolver a sensibilidade de ter 
uma postura de compreensão e escuta para com o seu paciente 
(NEGRINE, 1998). Dessa maneira, a relação entre o terapeuta e o 
paciente será facilitada, pois o profissional já terá vivenciado as suas 
dificuldades e potencialidades, podendo transmitir maior segurança e 
confiança ao outro. 
Deve-se ressaltar que o conhecimento técnico tradicional não deve ser 
descartado, sendo ele a base de nossa abordagem. Contudo, as 
vivências corporais surgem no sentido de complementar e mostrar uma 
nova visão do ser humano e da abordagem terapêutica (FALKENBACH, 
1998). 
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a influência das vivências 
corporais na ampliação da percepção corporal dos acadêmicos de 
fisioterapia. 
 
 
 
 
 
 
10 
 
CAPITULO I 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA: CONSCIÊNCIA CORPORAL 
 
“No homem perfeito, o corpo dança ao 
som da música da voz. Esta é a 
correlação entre a postura e 
respiração. 
(José Ângelo Gaiarsa) 
 
1.1 - Evolução Histórica 
 
A idéia da percepção do corpo surgiu no séc. XVI, na França, e foi o primeiro a 
descrever o “membro-fantasma”, ou seja, uma alucinação em que um membro 
amputado é percebido como ainda presente. 
Freud = corpo (ego e id). O ego é a instância psíquica que se diferencia do id 
que é o centro dos impulsos. Bonnier em 1905, foi o primeiro a utilizar esquema 
do corpo, concebendo a soma de todas as sensações do corpo, vindas de fora 
ou de dentro. 
Em 1908, Arnold Pick referiu-se a uma imagem mental do corpo, a qual seria 
formada através de estímulos visuais, de sensações táteis e de movimento. 
Assim toda imagem torna-se o resultado dinâmico da percepção associada à 
concepção e essa interação percepto-conceito está presente na imagem 
corporal. O conceito de consciência foi abordado sob diferentes prismas ao 
longo da História da Filosofia. Na Antigüidade, o que existia era uma 
"consciência metafísica", desligada do mundo material, que buscava apreender 
 
 
 
11 
a essência das coisas por meio da razão. Para os filósofos desse período, a 
consciência como intelecto é o que verdadeiramente define o homem. Este 
encontra-se dividido em corpo e mente, sendo o corpo a parte irracional e 
enganosa do ser humano. 
Com o advento do cristianismo na Idade Média, a consciência adquire um 
caráter religioso e, ainda sob a perspectiva metafísica, ela pretende chegar à 
realidade íntima das coisas. Contudo, aqui, o que ela realmente quer alcançar 
é a natureza divinaenquanto princípio da verdade e a quem a razão deve 
submeter-se. Permanece, portanto, a distinção e oposição entre consciência e 
corpo, sendo atribuído a primeira um papel primordial no processo de 
conhecimento. 
É importante ressaltar que até a Idade Moderna, os filósofos compartilhavam o 
mesmo modo de pensar: o modo metafísico. Este consiste na crença de uma 
realidade autônoma e objetiva, independente do sujeito. As coisas existiam 
como realização de uma determinada essência, ou seja, "cada ser, cada 
indivíduo é do jeito que é porque, ao existir, ele está realizando uma essência, 
uma natureza que lhe define suas características específicas, ou seja, 
características pelas quais ele pertence a uma determina espécie de seres" 
(Severino, 1992, p. 77). 
 
1.2 – Discussão de conceitos 
 
Etimologicamente, consciência deriva de com que significa “com” ou “junto”, e 
scire, que significa “saber” ou “ver”, ou seja, consciência é “saber com” ou “ver 
com”. Em contraste, a palavra ciência, que também deriva de scire, significa 
simplesmente saber. A ciência caminha em direção ao descobrimento e 
comprovação de fatos e, apesar da boa intenção, vem ainda contribuindo muito 
para a cisão do indivíduo. 
 
 
 
12 
A totalidade do indivíduo se refere ao uno, ou seja, seu princípio, sua base 
inicial, ao tornar-se um todo completo na complexidade de sua espécie, através 
da coordenação e integração das suas partes psique, corpo e espírito. 
Nossa cultura vem contribuindo muito para a fragmentação do ser; é imposto 
ao ser humano que ele se enquadre em padrões físicos, comportamentais e 
espirituais.
Para fundamentar este trabalho fazem-se necessárias elucidações acerca do 
conceito de consciência corporal. Ao delimitar-se tal idéia, sana-se quaisquer 
dúvidas que por ventura possam surgir no desenvolvimento deste. 
Alguns autores falaram com propriedade a respeito de consciência, de imagem 
e esquema corporais. Wallon (1975) acredita que a consciência corporal 
baseia-se na noção do próprio corpo e esta depende de uma sensibilização 
própria a que denomina cinestesia. 
Para Knobel (1977), existem dois esquemas corporais: do corpo (externo) e do 
eu (interno) o qual é conhecido como imagem corporal. A percepção do próprio 
corpo só pode se formar ao exteriorizar-se, ou seja, ao vivenciar e expor 
fisicamente suas emoções e sentimentos. 
Segundo Schilder (1980), a imagem corporal é toda percepção do corpo, 
formada na mente de cada um nós, ou seja, o modo pelo qual o corpo se 
apresenta para o indivíduo. 
A partir destas concepções, pode-se perceber que uma melhor comunicação 
do indivíduo com o outro, e com o mundo faz-se através de uma relação 
harmoniosa entre a imagem corporal com o esquema corporal. Enquanto a 
imagem é a base, o alicerce interno que se forma, paulatinamente na gestação 
no parto e na infância; o esquema é mais suscetível, no sentido de 
aperfeiçoamento, eis que nele está impressos, através da respiração, da 
tonalidade muscular, da postura, do gestual e dos movimentos, a grande 
maioria dos desequilíbrios e patologias do indivíduo. 
 
 
A consciência corporal forma-se na complementação de imagem e esquema 
corporais, que juntos são apenas um, o ser humano, e que separados, na 
verdade, não se sustentam. 
Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao 
seu próprio corpo. 
Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói 
a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento. 
Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da 
localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais e 
do todo. 
 
1.3 - A corporeidade 
 
A corporeidade é um conceito e um fenômeno. Conceito porque traduz 
epistemologicamente o evento do sujeito histórico. Fenômeno porque 
caracteriza a ação humana no contexto social. Como fenômeno e evento social 
que o sujeito constrói na relação com o meio em que vive, envolve as 
dimensões humanas. Os aspectos humanos desenvolvidos durante o processo 
de maturação (biológico) e socialização (cultura) constituem as dimensões 
humanas nomeadas como social, política, emocional, biológica e cultural. 
A relação estabelecida entre a corporeidade e as expressões do sujeito implica 
em vivências no meio sociocultural que resultam no desenvolvimento dos 
domínios do comportamento referentes aos aspectos cognitivos e sócio-
afetivos. A análise do fenômeno da corporeidade perpassa pela compreensão 
de conceitos subjacentes, entre eles: corpo, consciência corporal e 
unilateralidade. 
Há representações de corpo nas diferentes culturas e momentos históricos. Da 
ação motora autônoma e da consciente, do corpo como instrumento de 
trabalho. Na antiguidade, os gregos buscavam a harmonia entre corpo e mente 
com atividades artísticas e atléticas. Com a Modernidade há um privilégio do 
 
 
reflexivo, e o ativo é tido como menos importante. Portanto, há uma 
segmentação entre corpo e alma, o corpo é cindido. 
Descartes radicalizou a separação corpo e alma para livrar a ciência das 
amarras da igreja (ESPÍRITO SANTO: 1998, p. 104). O dualismo cartesiano 
vem com uma intenção: se por um lado o que é materializado pode ser 
comprovado, toda a realidade é explicável e tem um funcionamento linear, 
mecânico, por outro lado o que abstrato, subjetivo e relativo à alma cabe a 
igreja. 
Como conseqüência desse processo de modernização o homem é 
materializado em sua imagem, trato e existência. A maquinização dos corpos é 
superdimensionada pelo contexto social, pela indústria cultural e pela 
mercadorização dos corpos, que industrializados se tornam corpo-objeto. 
A Motricidade Humana concebe o homem em todas as suas dimensões e na 
sua singularidade, e tem como princípio o transcender. O que está embutido na 
nomenclatura é o movimento humano histórico, cultural, que através da 
consciência corporal e do movimento intencional e não alienado, constrói a 
análise, a crítica, a cidadania. 
As situações vivenciais, quando aprendizagem, constroem a corporeidade do 
sujeito. Corporeidade é a história de vida, a experiência do corpo vivido 
expressa pela motricidade, conjunto de ações intencionais ou motríceas e que 
se faz no ser sendo, isto é, na medida em que se constrói história e cultura e 
dessa forma, o sujeito se apropria da realidade, distanciando-se da 
objetificação de si, por meio da consciência corporal. A consciência corporal se 
traduz como o conjunto de manifestações corporais estabelecidas entre os 
homens e o meio. 
O homem é seu corpo e, quando age no mundo, age como uma unidade. Esse 
corpo expressivo não é uma simples coleção de órgãos, não é uma 
representação na consciência, ele é uma permanência que eu vivencio. O 
corpo humano, como corporeidade, que se constrói no emaranhado das 
relações sócio-históricas e que traz em si a marca da individualidade, não 
termina nos limites que anatomia e a fisiologia lhe impõem. 
 
 
Portanto, a corporeidade é a inserção de um corpo humano em um mundo 
significativo, a relação dialética do corpo consigo mesmo, com os outros corpos 
e com objetos do seu mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
 
CONSCIÊNCIA CORPORAL E SUA PRÁTICA 
FISIOTERAPÊUTICA 
 
 
“Aprender é transformar escuridão – ou ausência de luz – em 
luz. Aprender é criar. É fazer surgir algo do nada. O aprendizado vai 
crescendo até elucidar as coisas, dentro da gente. ” 
(Moshe Feldenkrais) 
 
2.1 – O papel do fisioterapeuta 
 
A Fisioterapia pode ser definida em sentido amplo, a ciência que estuda o 
movimento humano e que utiliza recursos físicos no tratamento e cura. Com o 
sentido restrito à área de saúde está voltada para o entendimento da estrutura 
e mecânica do corpo humano. Ela estuda, previne e trata os distúrbios, entre 
outros, da biomecânica e funcionalidade humana decorrentesde alterações de 
órgãos e sistemas humanos. Além disso, a Fisioterapia estuda os efeitos 
benéficos dos recursos físicos e naturais sobre o organismo humano. É a área 
de atuação do profissional formado em um curso superior de fisioterapia. O 
fisioterapeuta é capacitado a avaliar, reavaliar, prescrever (tratamento físico, 
órteses, próteses), dar diagnóstico cinesiológio-funcional, prognóstico, 
intervenção e alta, dentro de sua tipicidade assistencial.
 
 
A Fisioterapia é uma arte milenar, profissão que já vem sendo praticada desde 
os nossos antepassados, desde a idade da pedra, época em que o homem 
pré-histórico buscava o sol, a água e o regato com águas cristalinas e frias 
para amenizar o seu sofrimento e a sua dor. Tem-se visto que, a utilização dos 
recursos fisioterápicos, vêm contribuindo para a promoção, preservação e 
recuperação das condições de saúde da população. É notória a contribuição 
que a Fisioterapia vem dando ao campo da saúde em nosso país, devido à sua 
versatilidade, dinamicidade e principalmente necessidade. 
É uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos 
funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por 
alterações genéticas, por traumas e por traumas e por doenças adquiridas. 
Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados 
pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, 
das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da 
sinergia funcional, e da cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo 
humano e as disciplinas comportamentais e sociais. 
A fisioterapia, enquanto profissão, cada vez mais tem adquirido importância 
significativa na área das Ciências da Saúde nas sociedades modernas. 
Enquanto ciência tem avolumado conhecimentos e experiências diversas, 
resultantes de investigações e pesquisas teóricas e práticas nas suas 
diferentes áreas de atuação. Isto vem ao encontro à sua consolidação como 
Ciência da Saúde, mostrando o seu real valor e necessidade como interventora 
no processo de promoção, manutenção e recuperação das condições de saúde 
da população. Outro fato a destacar é a sua natureza de ciência 
biopsicossocial. 
 
 
 
 
 
 
2.2 – A importância do movimento corporal e da boa postura 
 
Movimento é um termo genérico que abrange indistintamente os reflexos os 
atos motores conscientes ou não, normais ou patológicos, significantes ou 
desprovidos de significado. Os movimentos corporais como gestos, podem ser 
definidos como um movimento determinado por uma intenção. O gesto tem 
finalidades conscientes ou inconscientes, chegando às vezes a ser uma 
redundância da comunicação. Assim como o movimento corporal pode estar 
diretamente ligado a comunicação em algumas situações, o deslocamento do 
corpo no espaço assumirá significados internos e externos, sem apoio de 
nenhum outro recurso que não seja o próprio corpo em estado de 
comunicação. Podem-se classificar os movimentos em três grandes grupos: 
voluntário, reflexo e automático. Os movimentos reflexos, por sua vez, podem 
ser subdivididos em inatos e adquiridos. Os movimentos estão sempre 
impregnados de um saber corporal e cultural, e são portadores de significados, 
portanto, devem ser entendidos como uma forma de linguagem corporal 
permeada de voluntariedade ou de subjetividades. 
É importante destacar que o conceito de movimento implica muito mais do que 
o deslocamento do corpo e da contração muscular. É por meio do movimento 
que o ser humano se relaciona com o meio ambiente para alcançar seus 
objetivos. Comunicando-se, expressando seus sentimentos e sua criatividade, 
o ser humano interage com o meio físico e social, aprendendo sobre si mesmo 
e sobre o outro. 
Normalmente, o movimento corporal é prejudicado pela má postura. E para se 
ter uma postura normal é necessário um sistema muscular equilibrado onde a 
manutenção de uma postura inadequada, causada por algum desequilíbrio, 
gera mudanças estruturais no tecido estriado esquelético e no tecido conjuntivo 
como forma de adaptação funcional. Estas alterações causam uma diminuição 
no arco de movimento, proporcionando lesões, dor e diminuição na força de 
contração máxima. 
 
 
Segundo Calliet (apud GONÇALVES, 1998), a evolução da postura do homem 
é um estudo incompleto e a antropologia da postura uma ciência iniciante. 
O autor comenta que o corpo raramente fica parado, com freqüência ele realiza 
movimentos de grande variedade de extensão e direção. A posição estática é 
considerada correta quando uma pessoa apresenta uma postura não 
comparável com este axioma, todos os sistemas vertebrais e tecidos 
correlatados estarão descompensados, iniciando assim a inclusão de uma dor 
e limitação de movimentos. 
De acordo com Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997, p. 372), “a postura é definida 
como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes corporais 
para uma atividade específica, ou uma maneira característica de uma pessoa 
sustentar o seu corpo.” Os autores afirmam que o corpo pode assumir uma 
infinidade de posturas podendo ser mantidas por um longo período. 
Já Tribastone (2001, p. 20), define: postura como a posição otimizada, mantida 
com característica automática e espontânea, de um organismo em perfeita 
harmonia com a força gravitacional e predisposto a passar do estado de 
repouso ao estado de movimento. 
Finalizando, as posturas são usadas para realizar atividades com o menor 
gasto energético, postura e movimento estão intimamente relacionados, pois o 
movimento começa em uma postura e pode terminar em outra postura. As 
relações posturais dos segmentos corporais podem ser alterados e controlados 
voluntariamente (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997). 
Segundo Béziers (1992), o equilíbrio do corpo humano é um equilíbrio de 
vários componentes que interfere entre si, o corpo forma um volume dinâmico 
que encontra seu equilíbrio em sua própria organização. O caráter desse 
equilíbrio é ser estável, os músculos estão em contínuo estado de tensão, para 
estarem prontos para um reequilíbrio. 
Bienfait (1993) diz que o equilíbrio humano é constituído de uma sucessão 
ascendente de desequilíbrio controlados pela musculatura tônica, deve-se 
 
 
evitar os 5 desequilíbrios quando possível, mas deve-se, sobretudo, controlar 
os desequilíbrios necessários e inevitáveis. 
Conforme Bricot (2001, p. 34), o “desequilíbrio tônico postural”, ocorre pelas 
forças anormais provocadas pela assimetria das cadeias musculares geradoras 
de diferentes patologias tanto articulares quanto ligamentares ou musculares. 
Rasch e Burke (1987, p. 432) afirmam que: não basta uma só postura para 
todos os indivíduos. Cada pessoa deve pegar o corpo que possui e tirar o 
melhor possível dele. Para cada pessoa, a melhor postura é aquela em que os 
segmentos corporais estão equilibrados na posição de menor esforço e 
máxima sustentação. 
Diante da afirmação de que não somos estáticos e da corrente que prioriza o 
indivíduo como um todo, podemos considerar as individualidades e assim 
identificar através da avaliação postural as intervenções necessárias. 
Denys-Struyf (1995), fala que o corpo oferece meios de comunicação e 
caminhos terapêuticos excepcionais, em especial quando a palavra está 
ausente, é inadequada, desadaptada ou viciada. Importante é estar em 
condições de ver, compreender e responder as mensagens gestuais e 
posturais. São palavras que, sendo ouvidas e compreendidas, contribuem para 
aliviar o desconforto humano. 
O objetivo da Fisioterapia é intervir no movimento corporal humano e, por meio 
do próprio movimento e restaurar as disfunções e desconfortos ocorrentes, ou 
impedir o aparecimento destes. 
 
 
 
2.3 - Consciência corporal como aliado na formação 
profissional 
 
 
 
A abordagem corporal tem sido cada vez mais pesquisada nas últimas 
décadas, contribuindopara uma melhor compreensão da percepção 
corporal. 
Na década de 70, pesquisadores norte americanos uniram-se ao modelo 
holístico e desenvolveram a abordagem somática que, detém tanto na 
discussão filosófica quanto na fundamentação de práticas corporais 
(VIEIRA, 1998). 
Todo nosso aprendizado e experiência de vida se dão através da via 
corporal. Sendo assim, todo movimento humano é carregado de 
expressividade, e muitas vezes nos faz entender a forma de sentir e agir 
de uma pessoa (NEGRINE, 1998) . 
Nesse sentido, devemos considerar a importância de ter um 
conhecimento do nosso próprio corpo envolvendo tanto o sentido físico 
quanto emocional. Sendo assim, se faz necessário na formação 
profissional a construção de uma visão globalizada do ser humano, não o 
vendo como partes corporais, mas, sim, como um todo em que corpo, 
sentimento, hábitos culturais e meio ambiente fizessem parte da 
reabilitação física do paciente (CORREA, 1999). 
Para Bomfim (2000), existe a necessidade que o ensino acadêmico 
introduza em seu currículo uma discussão sobre corporeidade, propondo 
uma visão total do ser humano, respeitando as motivações e sentimentos 
como parte do processo ensino-aprendizagem sendo considerado como 
dinâmica de sala de aula diversificando as experiências. 
Alexander (1991) afirma que a formação profissional não deve ser obtida 
através de um ensino individual. As atividades em grupos permitem um 
contato próximo com os companheiros e aprofundam a compreensão de 
diferentes personalidades. Isso possibilita que se desenvolva uma das 
 
 
qualidades fundamentais para os futuros profissionais, que é a 
capacidade de observar a expressão do corpo e seu comportamento. 
Complementando essa idéia, Denys-Struyf (1995) destaca a importância 
de ver, ouvir e compreender as mensagens corporais e gestuais do 
indivíduo, pois assim será possível auxiliar na reconstrução harmoniosa 
da unidade psicocorporal de cada um. 
Através de pesquisas, buscou-se ampliar a percepção corporal em 
acadêmicos de Fisioterapia, pois acredita-se que o futuro profissional 
deve se conhecer primeiro para assim desenvolver a sensibilidade de ter 
uma postura de compreensão e escuta para com o seu paciente 
(NEGRINE, 1998). Dessa maneira, a relação entre o terapeuta e o 
paciente será facilitada, pois o profissional já terá vivenciado as suas 
dificuldades e potencialidades, podendo transmitir maior segurança e 
confiança ao outro. 
Deve-se ressaltar que o conhecimento técnico tradicional não deve ser 
descartado, sendo ele a base de nossa abordagem. Contudo, as 
vivências corporais surgem no sentido de complementar e mostrar uma 
nova visão do ser humano e da abordagem terapêutica (FALKENBACH, 
1998). 
Através do corpo vivenciado, é possível reconhecer as áreas tensas do 
corpo. Se desenvolvermos a consciência corporal, será mais fácil agir e 
relaxar com mais eficácia essas regiões corporais e ter maior controle do 
corpo. Assim, o indivíduo terá uma visão do seu corpo por inteiro, 
permitindo uma sensação corporal completa (BRIEGHEL e MÜLLER, 
1987). 
No decorrer das vivências corporais observar-se que os acadêmicos 
melhoram a sua percepção corporal. Segundo Feijò (1987) a auto-
percepção e o movimento humano estão diretamente correlacionados. 
Isto significa que o movimento humano só é realizado quando ocorre uma 
 
 
motivação interior, a qual é adquirida através da auto-percepção que 
relaciona o ser humano com o mundo. 
Foi possível verificar que houve ampliação da percepção corporal de 
todas as participantes após o programa de vivências corporais. Isso nos 
leva a pensar que a vivência corporal é um meio que propicia o 
conhecimento e a consciência corporal. 
A Fisioterapia é uma profissão que atua diretamente com o corpo do 
outro. É fundamental que o acadêmico tenha um espaço em sua 
formação para se autoconhecer, tornando-o mais capacitado para 
trabalhar com as outras pessoas. O profissional deve ter a sensibilidade 
de escutar o seu paciente, dando a ele a oportunidade de interagir no 
tratamento. 
O corpo não é somente um segmento corporal, mas um conjunto em que 
hábitos culturais, sentimentos e o meio ambiente influenciam em seu 
desenvolvimento como ser único e completo. 
Desta maneira, acreditamos que se faz necessário um enfoque 
diferenciado na visão do ser humano, enfatizando a abordagem somática. 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA 
CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA 
 
 
 
3.1 - A formação do professor de fisioterapia 
 
A Educação tem sido foco de estudo para pesquisadores, governo e sociedade 
em geral. Pesquisas recentes têm se voltado à análise das práticas 
pedagógicas e docentes, buscando maior compreensão do processo ensino-
aprendizagem e trazendo contribuições para o trabalho do professor, enquanto 
mediador nos processos constitutivos da cidadania nos alunos. 
Não se tem reforma educacional ou proposta pedagógica sem professores, 
pois eles são os profissionais mais envolvidos com os processos e resultados 
da aprendizagem escolar. Em decorrência, muito se discute a respeito da 
formação dos professores – a inicial e a continuada, dos saberes necessários à 
docência e da prática educativa. 
A formação inicial se dá em Instituições de Ensino Superior. Esse professor se 
torna especialista por meio de um processo de transmissão de informações, 
produção e transformação de conhecimentos científicos e culturais, sendo o 
domínio desses conteúdos um dos principais objetivos da formação inicial dos 
professores. Entende-se por formação continuada todas as atividades de 
formação do professor que atua nas instituições de ensino, como os cursos de 
pós-graduação e extensão oferecidos pelos diferentes sistemas de ensino 
(MERCADO, 1999). 
Muitos autores (GARCIA, 1994; PIMENTA, 1996; LIBÂNEO, 2001) têm 
demonstrado que, durante a formação inicial, a rigidez curricular e a realização 
dos estágios desvinculados da realidade escolar e somente após ter passado 
pela formação teórica pouco têm contribuído para gerar uma nova identidade 
do professor. Desde o início do curso, o futuro docente poderia integrar os 
conteúdos das disciplinas em situações do cotidiano, a fim de contrastar teoria 
e prática e formar conhecimentos e convicções próprias. Isso faz da prática 
 
 
uma contribuição permanente e sistemática na aprendizagem do futuro 
professor e permite uma articulação entre a formação inicial e a continuada. 
No que se refere à formação continuada, a realização de cursos em forma de 
treinamentos e/ou atualização de conteúdos disciplinares pouco contribui para 
a reflexão sobre a prática docente. A atividade reflexiva, conceito que perpassa 
a formação dos professores, o currículo, o ensino e a metodologia de docência, 
poderia ser enfatizada considerando a opinião, a experiência e a realidade do 
professor. Ao docente caberia o papel de sujeito ativo, crítico e pensante da 
formação continuada (MERCADO,1999). Esse contexto demonstra uma 
formação inicial e continuada com base no treinamento de professores, cursos 
práticos e programas de teorias e metodologias bem distantes das novas 
concepções do processo de ensino e aprendizagem. A preparação inicial falha, 
em conjunto com a precariedade da formação contínua ou até mesmo a 
inexistência dessa formação, corrobora para uma baixa expectativa dos 
professores em relação ao seu crescimento pessoal e profissional. 
As mudanças culturais, advindas de uma sociedade tecnologicamente 
desenvolvida, requerem um novo perfil de professor. O docente deixa de ser 
aquele que apenas ensina e passa a ser aquele que aprende 
permanentemente, que se dispõe a refletir, analisar e mudar os próprios 
conceitos e conhecimentos. Sendo assim, novas características precisam ser 
incorporadas ao processo de formação dos professores, para a construção de 
um novo perfil profissional.Mercado (2004) aponta para uma formação na qual o professor seja capaz de 
utilizar os novos meios tecnológicos de forma autônoma e independente, a fim 
de promover melhorias na qualidade da educação e modernização da gestão 
escolar. 
Para o autor, o uso da tecnologia pelo docente é um instrumento importante 
para o pensar crítico e reflexivo, a partir de uma participação ativa com a 
máquina e com os outros indivíduos, interação esta mediada também pela 
máquina. 
 
 
Sampaio e Leite (1999) abordam a necessidade de uma formação com base no 
desenvolvimento tecnológico do professor para que o docente se 
instrumentalize e desenvolva seu trabalho educativo mais próximo do cotidiano 
do aluno, onde as tecnologias da comunicação e informação se fazem 
presentes. O professor precisa ter o domínio inicial das técnicas e linguagens 
da tecnologia, assim como um contínuo aperfeiçoamento mediante o contato 
diário com as tecnologias da informação. 
Essa nova perspectiva/abordagem do desenvolvimento profissional do 
professor nos conduz a uma mudança no processo formativo de docentes. A 
formação deixa de ser subordinada a uma lógica de transmissão de 
informações sobre um conjunto de conhecimentos sistematizados e 
hierarquizados, passando a contribuir para a autonomia, criatividade e 
responsabilidade do professor, além de interligar teoria e prática. Segundo 
Pimenta (1996): espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos 
conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem 
permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das 
necessidades e dos desafios que o ensino como prática social lhes coloca no 
cotidiano (PIMENTA, 1996, p.75). 
Nessa abordagem, tem-se o reconhecimento de que o professor é antes de 
tudo um ser que sabe e tem a função de transmitir esse saber aos outros, 
sendo importante especificar a natureza das relações que os professores 
estabelecem com os saberes, assim como a natureza desses saberes. 
Contextualizar o professor de Fisioterapia nesse processo de desenvolvimento 
profissional não é uma tarefa fácil, principalmente considerando as exigências 
da sociedade contemporânea por uma formação dinâmica e continuada, onde 
as novas tecnologias também são meios de atualização, contextualização, 
ampliação e melhora de sua prática pedagógica. 
Em relação à formação do professor de Fisioterapia, dois fatos devem ser 
considerados. O primeiro é o fato de não existir licenciatura para Fisioterapia. 
Ou seja, a formação inicial para o professor se dá no próprio curso de 
 
 
Fisioterapia, onde se observa uma preocupação maior com a formação clínica 
fisioterápica do aluno. 
Não é comum a oferta de disciplinas ligadas à prática pedagógica, à iniciação 
científica e à educação tecnológica, como demonstrou o estudo de Rebelatto e 
Botomé (1999) já citado anteriormente. 
O segundo fato é que os cursos de pós-graduação e extensão de Fisioterapia 
geralmente são direcionados à área de atuação fisioterápica do profissional e 
não à prática docente do professor. Dessa forma, a formação continuada, 
tendo como base a adaptação à mudança dos conhecimentos e técnicas e o 
desenvolvimento profissional docente, se relaciona mais ao aprimoramento de 
técnicas específicas da prática clínica fisioterápica. 
O grande número de cursos de Fisioterapia demonstra que a docência é uma 
atividade profissional importante e nova no mercado. Neste trabalho 
procuramos conhecer um pouco desta atividade docente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 As tradicionais e as novas missões do ensino superior. 
 
O ensino superior é, em qualquer sociedade, um dos motores do 
desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, um dos pólos da educação 
ao longo de toda a vida. É, simultaneamente, depositário e criador de 
conhecimentos. Por outro lado, é o instrumento principal de transmissão da 
 
 
experiência cultural e científica acumulada pela humanidade. Num mundo em 
que os recursos çognitivos, enquanto fatores de desenvolvimento, tornam-se 
cada vez mais importantes do que os recursos materiais a importância do 
ensino superior e das suas instituições será cada vez maior. Além disso, devido 
à inovação e ao progresso tecnológico, as economias exigirão cada vez mais 
profissionais competentes, habilitados com estudos de nível superior 
(CANÁRIO, 2006) . 
 
Por toda parte, os estabelecimentos de ensino superior são pressionados a 
abrir as suas portas a um maior número de candidatos. Em escala mundial, as 
inscrições mais do que duplicaram em vinte anos, passando de vinte e oito 
milhões de estudantes em 1970, para mais de sessenta milhões atualmente. E 
contudo continuam a subsistir desigualdades consideráveis, tanto no acesso 
como na qualidade do ensino e da pesquisa. Na Africa subsaariana, em 
particular, a proporção de matriculados no ensino superior é de um estudante 
para mil habitantes, enquanto na América do Norte essa proporção é de um 
para cinqüenta. A despesa real por estudante é dez vezes mais elevada nos 
países industrializados do que nos países menos desenvolvidos. Porém, 
mesmo representando uma despesa relativamente fraca, o ensino superior 
constitui um fardo muito pesado para certos países mais pobres, 
freqüentemente com dificuldades orçamentais. 
Numa grande parte do mundo em desenvolvimento o ensino superior está em 
crise há cerca de dez anos. As políticas de ajustamento estrutural e a 
instabilidade política oneraram o orçamento dos estabelecimentos de ensino, O 
desemprego de diplomados e o êxodo de cérebros arruinaram a confiança 
depositada no ensino superior. A atração excessiva pelas ciências sociais 
conduziu a desequilíbrios nas categorias de diplomados disponíveis no 
mercado de trabalho, provocando a desilusão destes e dos empregadores 
quanto à qualidade do saber ministrado pelos estabelecimentos de ensino 
superior. 
 
 
 
As pressões sociais e as exigências específicas do mercado de trabalho 
traduziram-se numa extraordinária diversificação de tipos de estabelecimentos 
de ensino e de cursos. O ensino superior não escapou à “força e urgência com 
que, em nível político, se afirma a necessidade de uma reforma da educação, 
como resposta aos imperativos econômicos”. As universidades já não têm o 
monopólio do ensino superior. De fato, os sistemas nacionais de ensino 
superior são tão variados e complexos, no que se refere a estruturas, 
programas, público que os freqüenta e financiamento, que se torna difícil 
classificá-los em categorias distintas. 
O aumento dos efetivos e do número de estabelecimentos teve como resultado 
um aumento das despesas com o ensino superior que está, portanto, envolvido 
com os temíveis problemas trazidos pela massificação. Este desafio ainda não 
foi validamente vencido, o que nos leva a rever as missões do ensino superior. 
São as universidades, antes de mais nada, que reúnem um conjunto de 
funções tradicionais associadas ao progresso e a transmissão do saber: 
pesquisa inovação, ensino e formação, educação permanente. A estas 
podemos acrescentar uma outra que tem cada vez mais importância: a 
cooperação internacional. 
 
Todas estas funções podem contribuir para o desenvolvimento sustentável. Na 
qualidade de centros autônomos de pesquisa e criação do saber as 
universidades podem ajudar a resolver certos problemas de desenvolvimento 
que se põem à sociedade. São elas que formam os dirigentes intelectuais e 
políticos, os futuros diretores empresariais, assim como grande parte do corpo 
docente. No âmbito do seu papel social, as universidades podem pôr a sua 
autonomia a serviço do debate das grandes questões éticas e científicas com 
as quais se confrontará a sociedade de amanhã e fazer a ligação com o resto 
do sistema educativo, oferecendo aos adultos a possibilidade de retomar os 
estudos e desempenhando a função de centros de estudo, enriquecimento e 
preservação da cultura.Agora que o ensino superior é cada vez mais 
pressionado a preocupar-se com os aspectos sociais dá-se também cada vez 
mais valor a outros atributos preciosos e indispensáveis das universidades 
 
 
como sejam a liberdade acadêmica e a autonomia institucional. Embora não 
ofereçam uma garantia de excelência tais atributos são, sem dúvida, uma 
condição prévia para tal. 
 
Esta responsabilidade das universidades no desenvolvimento da sociedade no 
seu todo é mais evidente nos países em desenvolvimento, onde os trabalhos 
de pesquisa dos estabelecimentos de ensino superior fornecem a base 
essencial dos programas de desenvolvimento, da formulação de políticas e da 
formação dos recursos humanos de nível médio e superior. Nunca se insistirá 
bastante na importância do papel que as instituições de ensino superior locais 
e nacionais podem desempenhar na elevação do nível de desenvolvimento do 
seu próprio país. E a elas que compete, em grande parte, lançar pontes entre 
países industrializados desenvolvidos e países não-industrializados em 
desenvolvimento. Podem, além disso, ser instrumentos de reforma e de 
renovação da educação. 
 
 
 
 
 
3.3 – Proposta de ementa, objetivo geral e específico e 
programa da disciplina de consciência corporal no curso de 
fisioterapia. 
 
 
Ementa: 
 
Respiração, sensoriedade, percepção corporal e aterramento (ground), a 
complexidade e a corporeidade; as linguagens e o corpo; consciência corporal 
e consciência de si. 
 
 
Objetivos gerais: 
Formar profissionais com maior e melhor conceito teórico-prático do estudo da 
consciência corporal. Explorar potencialidades expressivas/impressas motoras 
numa perspectiva plural das linguagens almejando ampliar a consciência 
corporal (corporeidade) e a consciência de si; 
Objetivos específicos: 
Oportunizar aos graduandos em fisioterapia, um estudo reflexivo sócio-
filosófico acerca da conscientização do corpo, com experiência que levem a 
compreensão do corpo dentro dos diversos fatores, como: sentidos, 
sentimentos, a história de cada indivíduo, sua imagem corporal, sua 
corporeidade consciência do próprio corpo. 
Aprofundar na percepção da unidade corporal; vivenciar um processo de 
des/construção de padrões comportamentais; são objetivos importantes a 
serem observados na realização de oficinas de consciência corporal. 
Programa: 
1- O corpo humano: o que e, como se constitui, como se movimenta e 
expressa segundo diferentes abordagens. 
2 - O corpo e os corpos: noções e sensibilização. 
3 - O espaço do corpo sob diferentes aspectos e culturas. 
4 - Psicossomática: a influência do corpo e de seus movimentos sobre a psique 
e vice-versa. 
5 - O movimento, suas variáveis, a postura e a expressão. 
6 - A linguagem corporal, sua leitura e domínio. 
7 - Educação pelo movimento e consciência corporal. 
8 - A relação corpo-mente-ambiente-pausa. 
 
 
9.- O corpo e sua expressão no cotidiano, na filosofia, nas artes e nos esportes. 
10 - Atividades para a tomada de consciência do corpo e sua vivencia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO
A disciplina “Conscientização Corporal” busca proporcionar uma nova 
experiência e um maior conhecimento do corpo ‘enquanto’ indivíduo consciente 
que reflete sobre suas ações e problematiza sua existência e, de todos os 
aspectos ou elementos envolvidos na construção e remodelação desse corpo: 
fruto de influências biológicas, psicológicas e sócio–culturais, e é através do 
estudo de métodos que objetivam uma consciência maior que essa disciplina 
se fundamenta e pauta sua vivência prático-teórica. 
É ressaltada a importância da discussão e análise de todas as questões que 
vão de encontro ou ao encontro do caráter cognitivo do corpo, aguçada a 
necessidade da observação do próprio corpo dentro do cotidiano, utilizado a 
 
 
leitura de vários textos e, a realizadas dinâmicas que trabalham a relação 
individuo corpo-físico, corpo-emocional, corpo-psicológico e social com registro 
das experiências realizadas. Nas dinâmicas, são utilizadas técnicas de 
relaxamento, alongamentos, descontração, observação, introspecção, podendo 
ser ao som de músicas ou não, sendo que o silêncio é utilizado muitas vezes 
como meio de permitir o corpo falar. 
Os sentidos são trabalhados para se tornarem mais aguçados, sensíveis a tudo 
que age no corpo, o toque nas dinâmicas é aproveitado como instrumento que 
permite perceber, reconhecer e sentir a si e ao outro, bem como as histórias e 
identidades de cada um, respeitando as diferenças pessoais desse corpo que. 
Disso resulta que o aprendizado flui com a entrega do corpo, não se delimita 
aprendizado teórico e prático, por que não se almeja separar registro cognitivo 
e somático-físico. Tudo que é vivido e aprendido que se relacione ou não (caso 
o aluno sinta necessidade) ao conteúdo seja dentro ou fora da sala de aula 
deve ser registrado no portfólio como forma de permitir que o conteúdo não se 
perca e seja pensado e problematizado mesmo fora da sala de aula. 
No que diz respeito ao currículo, a importância dessa disciplina, também está 
no fato de ser literalmente aberta a todas as pessoas. Uma vez que, não possui 
avaliação de performance ou de melhora na realização de possíveis 
fundamentos de práticas esportivas, ela democratiza as diversas formas de o 
corpo se expressar e não busca avaliá-lo como mais capaz ou menos capaz, 
causando uma tranqüilidade no que diz respeito à eficiência na execução do 
que é pedido em sala, na interação entre os alunos, na relação professor- 
aluno, na redação e discussão sobre as aulas. 
À medida que vai sendo realizada, a meu ver, a disciplina ‘Conscientização 
Corporal’ incita o aluno a fazer vários questionamentos que tangem sua vida 
interpessoal, intrapessoal, cultural, profissional enfim, completa, com toda 
interdependência em que somos mergulhados. Pode proporcionar, portanto, 
uma busca e descoberta constante por um corpo possuidor de uma linguagem 
própria, que foge a fala; uma linguagem cheia de sensações, dores, prazer, 
despudor e pudor, gozo e couraças que nos revela quem realmente “somos”, 
 
 
“estamos” e nos diz o porquê de nos escondermos, encolhermos, enfim, 
mascararmos nosso Eu. 
Em suma, o trabalho corporal na disciplina busca, portanto, resgatar o corpo 
com história, sentimentos, razões e alma, na íntegra, como sujeito que não 
pode ser fragmentado porque deixa de ser pleno a auto-realizado, deixa de ser 
corpo por inteiro. 
 
 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
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antiginática e consciência de si. 6 ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1982. 
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Ícone,1995 
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Santos. São Paulo: Summus, 1991. 
BRICOT, BERNARD. Posturologia.; Trad. Angela Bushatsky. São Paulo: Ícone, 
2001. 
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Janeiro: MedBook, 2006. 
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Paulo: Martins Fontes, 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Disponível em: 
http://www.pr1.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=131&Itemid=214 
Acesso em: 12/07/2010 – 15h:50min. 
 
Universidade Gama Filho UGF/ Grade Curricular 
Disponível em: http://www.ugf.br/index.php?q=graduacao/4/view 
Acesso em: 12/07/2010 – 14:30min. 
 
UNB / Programa Disciplina 
Disponível em: http://www.serverweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/disciplina 
http://www.pr1.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=131&Itemid=214
http://www.ugf.br/index.php?q=graduacao/4/view
 
 
Acesso em: 13/0/72010 – 11:00h. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
FOLHA DE ROSTO 02 
AGRADECIMENTO 03 
DEDICATÓRIA 04 
RESUMO 05 
METODOLOGIA 06 
SUMÁRIO 07 
INTRODUÇÃO 08 
CAPÍTULO I 
ORIGENS E A EVOLUÇÃO DO MÉTODO PILATES 09 
1.1- Evolução Histórica 09 
1.2- Discussão de conceitos 11 
1.3- Corporeidade 13 
 
 
CAPÍTULO II 
CONSCIÊNCIA CORPORAL E SUA PRÁTICA FISIOTERAPÊUTICA 16 
2.1- O papel do fisioterapeuta 16 
2.2- A importância do movimento corporal e da boa postura 18 
2.3 – Consciência corporal como aliado na formação profissional 21 
CAPÍTULO III 
A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA CORPORAL NA GRADUAÇÃO 
DE FISIOTERAPIA 24 
3.1- A formação do professor de fisioterapia 24 
3.2- AS tradicionais e as novas missões do ensino superior 28 
3.3- Proposta da ememnta, objetivos geral e específico e programa da 
disciplina de consciência corporal no curso de fisioterapia 31 
CONCLUSÃO 33 
BIBLIOGRAFIA 35 
ÍNDICE 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO 
 
Nome da Instituição: 
 
Título da Monografia: 
 
Autor: 
 
Data da entrega: 
 
 
 
Avaliado por: Conceito: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	AGRADECIMENTOS
	
	
	SUMÁRIO
	CAPÍTULO I	- Evolução Histórica da Consciência Corporal		09
	CAPÍTULO II	 - Consciência corporal e sua prática fisioterapêutica	16
	CAPÍTULO III – A Inclusão da Disciplina Consciência Corporal na
	Graduação de Fisioterapia							21
	CONCLUSÃO								33
	BIBLIOGRAFIA 								35
	ÍNDICE									38
	FOLHA DE AVALIAÇÃO							40