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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA. Por: Michelle da Silva Fernandes Azevedo Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA. Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por: Michelle da Silva Fernandes Azevedo AGRADECIMENTOS ...ao meu marido João por toda paciência e carinho, a Ana por me auxiliar na pesquisa e todos os meus amigos que de alguma maneira auxiliaram neste trabalho... DEDICATÓRIA ...dedico este trabalho a toda minha família e ao meu marido em especial... 5 RESUMO O presente trabalho mostra a importância da inclusão da disciplina de consciência corporal na graduação do curso de fisioterapia, através de um estudo sócio-filosófico acerca da conscientização do corpo. A disciplina de consciência corporal busca proporcionar uma nova experiência e um maior conhecimento do corpo e de todos os aspectos ou elementos envolvidos na construção e remodelação desse corpo: fruto de influências biológicas, psicológicas e sócio-culturais, e é através do estudo de métodos que objetivam uma consciência maior que essa disciplina se fundamenta sua vivência prático-teórico. O fisioterapeuta é o profissional que avalia as alterações cinético-funcionais dos diferentes sistemas do corpo humano, ou seja, ele analisa os desequilíbrios motores e orgânicos que geram dor e inconforto físico e psíquico. Baseado nessa análise faz-se importante o estudo da consciência corporal para o graduando em fisioterapia. 6 METODOLOGIA A pesquisa desenvolvida sobre a disciplina de consciência corporal na graduação de fisioterapia é bibliográfica, através da busca de levantamentos históricos e discussão de conceitos. No decorrer da pesquisa, houve a necessidade de um estudo complementar sobre o papel do fisioterapeuta no mercado de trabalho e a importância da inclusão da disciplina de consciência corporal na formação profissional. Analisamos também o ensino superior, com a formação do professor do curso de fisioterapia, juntamente com a proposta de ementa, objetivos e programa de disciplina. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Evolução Histórica da Consciência Corporal 09 CAPÍTULO II - Consciência corporal e sua prática fisioterapêutica 16 CAPÍTULO III – A Inclusão da Disciplina Consciência Corporal na Graduação de Fisioterapia 21 CONCLUSÃO 33 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 38 FOLHA DE AVALIAÇÃO 40 8 INTRODUÇÃO A abordagem corporal tem sido cada vez mais pesquisada nas últimas décadas, contribuindo para uma melhor compreensão da percepção corporal. Na década de 70, pesquisadores norte americanos uniram-se ao modelo holístico e desenvolveram a abordagem somática que, detém tanto na discussão filosófica quanto na fundamentação de práticas corporais (VIEIRA, 1998). Todo nosso aprendizado e experiência de vida se dão através da via corporal. Sendo assim, todo movimento humano é carregado de expressividade, e muitas vezes nos faz entender a forma de sentir e agir de uma pessoa (NEGRINE, 1998) . Nesse sentido, devemos considerar a importância de ter um conhecimento do nosso próprio corpo envolvendo tanto o sentido físico quanto emocional. Sendo assim, se faz necessário na formação profissional a construção de uma visão globalizada do ser humano, não o vendo como partes corporais, mas, sim, como um todo em que corpo, sentimento, hábitos culturais e meio ambiente fizessem parte da reabilitação física do paciente (CORREA, 1999). Para Bomfim (2000), existe a necessidade que o ensino acadêmico introduza em seu currículo uma discussão sobre corporeidade, propondo uma visão total do ser humano, respeitando as motivações e sentimentos como parte do processo ensino-aprendizagem sendo considerado como dinâmica de sala de aula diversificando as experiências. Alexander (1991) afirma que a formação profissional não deve ser obtida através de um ensino individual. As atividades em grupos permitem um contato próximo com os companheiros e aprofundam a compreensão de 9 diferentes personalidades. Isso possibilita que se desenvolva uma das qualidades fundamentais para os futuros profissionais, que é a capacidade de observar a expressão do corpo e seu comportamento. Complementando essa idéia, Denys-Struyf (1995) destaca a importância de ver, ouvir e compreender as mensagens corporais e gestuais do indivíduo, pois assim será possível auxiliar na reconstrução harmoniosa da unidade psicocorporal de cada um. Através desta pesquisa, buscou-se ampliar a percepção corporal em acadêmicos de Fisioterapia, pois acredita-se que o futuro profissional deve se conhecer primeiro para assim desenvolver a sensibilidade de ter uma postura de compreensão e escuta para com o seu paciente (NEGRINE, 1998). Dessa maneira, a relação entre o terapeuta e o paciente será facilitada, pois o profissional já terá vivenciado as suas dificuldades e potencialidades, podendo transmitir maior segurança e confiança ao outro. Deve-se ressaltar que o conhecimento técnico tradicional não deve ser descartado, sendo ele a base de nossa abordagem. Contudo, as vivências corporais surgem no sentido de complementar e mostrar uma nova visão do ser humano e da abordagem terapêutica (FALKENBACH, 1998). Esta pesquisa tem como objetivo analisar a influência das vivências corporais na ampliação da percepção corporal dos acadêmicos de fisioterapia. 10 CAPITULO I EVOLUÇÃO HISTÓRICA: CONSCIÊNCIA CORPORAL “No homem perfeito, o corpo dança ao som da música da voz. Esta é a correlação entre a postura e respiração. (José Ângelo Gaiarsa) 1.1 - Evolução Histórica A idéia da percepção do corpo surgiu no séc. XVI, na França, e foi o primeiro a descrever o “membro-fantasma”, ou seja, uma alucinação em que um membro amputado é percebido como ainda presente. Freud = corpo (ego e id). O ego é a instância psíquica que se diferencia do id que é o centro dos impulsos. Bonnier em 1905, foi o primeiro a utilizar esquema do corpo, concebendo a soma de todas as sensações do corpo, vindas de fora ou de dentro. Em 1908, Arnold Pick referiu-se a uma imagem mental do corpo, a qual seria formada através de estímulos visuais, de sensações táteis e de movimento. Assim toda imagem torna-se o resultado dinâmico da percepção associada à concepção e essa interação percepto-conceito está presente na imagem corporal. O conceito de consciência foi abordado sob diferentes prismas ao longo da História da Filosofia. Na Antigüidade, o que existia era uma "consciência metafísica", desligada do mundo material, que buscava apreender 11 a essência das coisas por meio da razão. Para os filósofos desse período, a consciência como intelecto é o que verdadeiramente define o homem. Este encontra-se dividido em corpo e mente, sendo o corpo a parte irracional e enganosa do ser humano. Com o advento do cristianismo na Idade Média, a consciência adquire um caráter religioso e, ainda sob a perspectiva metafísica, ela pretende chegar à realidade íntima das coisas. Contudo, aqui, o que ela realmente quer alcançar é a natureza divinaenquanto princípio da verdade e a quem a razão deve submeter-se. Permanece, portanto, a distinção e oposição entre consciência e corpo, sendo atribuído a primeira um papel primordial no processo de conhecimento. É importante ressaltar que até a Idade Moderna, os filósofos compartilhavam o mesmo modo de pensar: o modo metafísico. Este consiste na crença de uma realidade autônoma e objetiva, independente do sujeito. As coisas existiam como realização de uma determinada essência, ou seja, "cada ser, cada indivíduo é do jeito que é porque, ao existir, ele está realizando uma essência, uma natureza que lhe define suas características específicas, ou seja, características pelas quais ele pertence a uma determina espécie de seres" (Severino, 1992, p. 77). 1.2 – Discussão de conceitos Etimologicamente, consciência deriva de com que significa “com” ou “junto”, e scire, que significa “saber” ou “ver”, ou seja, consciência é “saber com” ou “ver com”. Em contraste, a palavra ciência, que também deriva de scire, significa simplesmente saber. A ciência caminha em direção ao descobrimento e comprovação de fatos e, apesar da boa intenção, vem ainda contribuindo muito para a cisão do indivíduo. 12 A totalidade do indivíduo se refere ao uno, ou seja, seu princípio, sua base inicial, ao tornar-se um todo completo na complexidade de sua espécie, através da coordenação e integração das suas partes psique, corpo e espírito. Nossa cultura vem contribuindo muito para a fragmentação do ser; é imposto ao ser humano que ele se enquadre em padrões físicos, comportamentais e espirituais. Para fundamentar este trabalho fazem-se necessárias elucidações acerca do conceito de consciência corporal. Ao delimitar-se tal idéia, sana-se quaisquer dúvidas que por ventura possam surgir no desenvolvimento deste. Alguns autores falaram com propriedade a respeito de consciência, de imagem e esquema corporais. Wallon (1975) acredita que a consciência corporal baseia-se na noção do próprio corpo e esta depende de uma sensibilização própria a que denomina cinestesia. Para Knobel (1977), existem dois esquemas corporais: do corpo (externo) e do eu (interno) o qual é conhecido como imagem corporal. A percepção do próprio corpo só pode se formar ao exteriorizar-se, ou seja, ao vivenciar e expor fisicamente suas emoções e sentimentos. Segundo Schilder (1980), a imagem corporal é toda percepção do corpo, formada na mente de cada um nós, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para o indivíduo. A partir destas concepções, pode-se perceber que uma melhor comunicação do indivíduo com o outro, e com o mundo faz-se através de uma relação harmoniosa entre a imagem corporal com o esquema corporal. Enquanto a imagem é a base, o alicerce interno que se forma, paulatinamente na gestação no parto e na infância; o esquema é mais suscetível, no sentido de aperfeiçoamento, eis que nele está impressos, através da respiração, da tonalidade muscular, da postura, do gestual e dos movimentos, a grande maioria dos desequilíbrios e patologias do indivíduo. A consciência corporal forma-se na complementação de imagem e esquema corporais, que juntos são apenas um, o ser humano, e que separados, na verdade, não se sustentam. Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao seu próprio corpo. Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento. Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais e do todo. 1.3 - A corporeidade A corporeidade é um conceito e um fenômeno. Conceito porque traduz epistemologicamente o evento do sujeito histórico. Fenômeno porque caracteriza a ação humana no contexto social. Como fenômeno e evento social que o sujeito constrói na relação com o meio em que vive, envolve as dimensões humanas. Os aspectos humanos desenvolvidos durante o processo de maturação (biológico) e socialização (cultura) constituem as dimensões humanas nomeadas como social, política, emocional, biológica e cultural. A relação estabelecida entre a corporeidade e as expressões do sujeito implica em vivências no meio sociocultural que resultam no desenvolvimento dos domínios do comportamento referentes aos aspectos cognitivos e sócio- afetivos. A análise do fenômeno da corporeidade perpassa pela compreensão de conceitos subjacentes, entre eles: corpo, consciência corporal e unilateralidade. Há representações de corpo nas diferentes culturas e momentos históricos. Da ação motora autônoma e da consciente, do corpo como instrumento de trabalho. Na antiguidade, os gregos buscavam a harmonia entre corpo e mente com atividades artísticas e atléticas. Com a Modernidade há um privilégio do reflexivo, e o ativo é tido como menos importante. Portanto, há uma segmentação entre corpo e alma, o corpo é cindido. Descartes radicalizou a separação corpo e alma para livrar a ciência das amarras da igreja (ESPÍRITO SANTO: 1998, p. 104). O dualismo cartesiano vem com uma intenção: se por um lado o que é materializado pode ser comprovado, toda a realidade é explicável e tem um funcionamento linear, mecânico, por outro lado o que abstrato, subjetivo e relativo à alma cabe a igreja. Como conseqüência desse processo de modernização o homem é materializado em sua imagem, trato e existência. A maquinização dos corpos é superdimensionada pelo contexto social, pela indústria cultural e pela mercadorização dos corpos, que industrializados se tornam corpo-objeto. A Motricidade Humana concebe o homem em todas as suas dimensões e na sua singularidade, e tem como princípio o transcender. O que está embutido na nomenclatura é o movimento humano histórico, cultural, que através da consciência corporal e do movimento intencional e não alienado, constrói a análise, a crítica, a cidadania. As situações vivenciais, quando aprendizagem, constroem a corporeidade do sujeito. Corporeidade é a história de vida, a experiência do corpo vivido expressa pela motricidade, conjunto de ações intencionais ou motríceas e que se faz no ser sendo, isto é, na medida em que se constrói história e cultura e dessa forma, o sujeito se apropria da realidade, distanciando-se da objetificação de si, por meio da consciência corporal. A consciência corporal se traduz como o conjunto de manifestações corporais estabelecidas entre os homens e o meio. O homem é seu corpo e, quando age no mundo, age como uma unidade. Esse corpo expressivo não é uma simples coleção de órgãos, não é uma representação na consciência, ele é uma permanência que eu vivencio. O corpo humano, como corporeidade, que se constrói no emaranhado das relações sócio-históricas e que traz em si a marca da individualidade, não termina nos limites que anatomia e a fisiologia lhe impõem. Portanto, a corporeidade é a inserção de um corpo humano em um mundo significativo, a relação dialética do corpo consigo mesmo, com os outros corpos e com objetos do seu mundo. CAPÍTULO II CONSCIÊNCIA CORPORAL E SUA PRÁTICA FISIOTERAPÊUTICA “Aprender é transformar escuridão – ou ausência de luz – em luz. Aprender é criar. É fazer surgir algo do nada. O aprendizado vai crescendo até elucidar as coisas, dentro da gente. ” (Moshe Feldenkrais) 2.1 – O papel do fisioterapeuta A Fisioterapia pode ser definida em sentido amplo, a ciência que estuda o movimento humano e que utiliza recursos físicos no tratamento e cura. Com o sentido restrito à área de saúde está voltada para o entendimento da estrutura e mecânica do corpo humano. Ela estuda, previne e trata os distúrbios, entre outros, da biomecânica e funcionalidade humana decorrentesde alterações de órgãos e sistemas humanos. Além disso, a Fisioterapia estuda os efeitos benéficos dos recursos físicos e naturais sobre o organismo humano. É a área de atuação do profissional formado em um curso superior de fisioterapia. O fisioterapeuta é capacitado a avaliar, reavaliar, prescrever (tratamento físico, órteses, próteses), dar diagnóstico cinesiológio-funcional, prognóstico, intervenção e alta, dentro de sua tipicidade assistencial. A Fisioterapia é uma arte milenar, profissão que já vem sendo praticada desde os nossos antepassados, desde a idade da pedra, época em que o homem pré-histórico buscava o sol, a água e o regato com águas cristalinas e frias para amenizar o seu sofrimento e a sua dor. Tem-se visto que, a utilização dos recursos fisioterápicos, vêm contribuindo para a promoção, preservação e recuperação das condições de saúde da população. É notória a contribuição que a Fisioterapia vem dando ao campo da saúde em nosso país, devido à sua versatilidade, dinamicidade e principalmente necessidade. É uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por traumas e por doenças adquiridas. Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da Biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais. A fisioterapia, enquanto profissão, cada vez mais tem adquirido importância significativa na área das Ciências da Saúde nas sociedades modernas. Enquanto ciência tem avolumado conhecimentos e experiências diversas, resultantes de investigações e pesquisas teóricas e práticas nas suas diferentes áreas de atuação. Isto vem ao encontro à sua consolidação como Ciência da Saúde, mostrando o seu real valor e necessidade como interventora no processo de promoção, manutenção e recuperação das condições de saúde da população. Outro fato a destacar é a sua natureza de ciência biopsicossocial. 2.2 – A importância do movimento corporal e da boa postura Movimento é um termo genérico que abrange indistintamente os reflexos os atos motores conscientes ou não, normais ou patológicos, significantes ou desprovidos de significado. Os movimentos corporais como gestos, podem ser definidos como um movimento determinado por uma intenção. O gesto tem finalidades conscientes ou inconscientes, chegando às vezes a ser uma redundância da comunicação. Assim como o movimento corporal pode estar diretamente ligado a comunicação em algumas situações, o deslocamento do corpo no espaço assumirá significados internos e externos, sem apoio de nenhum outro recurso que não seja o próprio corpo em estado de comunicação. Podem-se classificar os movimentos em três grandes grupos: voluntário, reflexo e automático. Os movimentos reflexos, por sua vez, podem ser subdivididos em inatos e adquiridos. Os movimentos estão sempre impregnados de um saber corporal e cultural, e são portadores de significados, portanto, devem ser entendidos como uma forma de linguagem corporal permeada de voluntariedade ou de subjetividades. É importante destacar que o conceito de movimento implica muito mais do que o deslocamento do corpo e da contração muscular. É por meio do movimento que o ser humano se relaciona com o meio ambiente para alcançar seus objetivos. Comunicando-se, expressando seus sentimentos e sua criatividade, o ser humano interage com o meio físico e social, aprendendo sobre si mesmo e sobre o outro. Normalmente, o movimento corporal é prejudicado pela má postura. E para se ter uma postura normal é necessário um sistema muscular equilibrado onde a manutenção de uma postura inadequada, causada por algum desequilíbrio, gera mudanças estruturais no tecido estriado esquelético e no tecido conjuntivo como forma de adaptação funcional. Estas alterações causam uma diminuição no arco de movimento, proporcionando lesões, dor e diminuição na força de contração máxima. Segundo Calliet (apud GONÇALVES, 1998), a evolução da postura do homem é um estudo incompleto e a antropologia da postura uma ciência iniciante. O autor comenta que o corpo raramente fica parado, com freqüência ele realiza movimentos de grande variedade de extensão e direção. A posição estática é considerada correta quando uma pessoa apresenta uma postura não comparável com este axioma, todos os sistemas vertebrais e tecidos correlatados estarão descompensados, iniciando assim a inclusão de uma dor e limitação de movimentos. De acordo com Smith, Weiss e Lehmkuhl (1997, p. 372), “a postura é definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo relativo das partes corporais para uma atividade específica, ou uma maneira característica de uma pessoa sustentar o seu corpo.” Os autores afirmam que o corpo pode assumir uma infinidade de posturas podendo ser mantidas por um longo período. Já Tribastone (2001, p. 20), define: postura como a posição otimizada, mantida com característica automática e espontânea, de um organismo em perfeita harmonia com a força gravitacional e predisposto a passar do estado de repouso ao estado de movimento. Finalizando, as posturas são usadas para realizar atividades com o menor gasto energético, postura e movimento estão intimamente relacionados, pois o movimento começa em uma postura e pode terminar em outra postura. As relações posturais dos segmentos corporais podem ser alterados e controlados voluntariamente (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997). Segundo Béziers (1992), o equilíbrio do corpo humano é um equilíbrio de vários componentes que interfere entre si, o corpo forma um volume dinâmico que encontra seu equilíbrio em sua própria organização. O caráter desse equilíbrio é ser estável, os músculos estão em contínuo estado de tensão, para estarem prontos para um reequilíbrio. Bienfait (1993) diz que o equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrio controlados pela musculatura tônica, deve-se evitar os 5 desequilíbrios quando possível, mas deve-se, sobretudo, controlar os desequilíbrios necessários e inevitáveis. Conforme Bricot (2001, p. 34), o “desequilíbrio tônico postural”, ocorre pelas forças anormais provocadas pela assimetria das cadeias musculares geradoras de diferentes patologias tanto articulares quanto ligamentares ou musculares. Rasch e Burke (1987, p. 432) afirmam que: não basta uma só postura para todos os indivíduos. Cada pessoa deve pegar o corpo que possui e tirar o melhor possível dele. Para cada pessoa, a melhor postura é aquela em que os segmentos corporais estão equilibrados na posição de menor esforço e máxima sustentação. Diante da afirmação de que não somos estáticos e da corrente que prioriza o indivíduo como um todo, podemos considerar as individualidades e assim identificar através da avaliação postural as intervenções necessárias. Denys-Struyf (1995), fala que o corpo oferece meios de comunicação e caminhos terapêuticos excepcionais, em especial quando a palavra está ausente, é inadequada, desadaptada ou viciada. Importante é estar em condições de ver, compreender e responder as mensagens gestuais e posturais. São palavras que, sendo ouvidas e compreendidas, contribuem para aliviar o desconforto humano. O objetivo da Fisioterapia é intervir no movimento corporal humano e, por meio do próprio movimento e restaurar as disfunções e desconfortos ocorrentes, ou impedir o aparecimento destes. 2.3 - Consciência corporal como aliado na formação profissional A abordagem corporal tem sido cada vez mais pesquisada nas últimas décadas, contribuindopara uma melhor compreensão da percepção corporal. Na década de 70, pesquisadores norte americanos uniram-se ao modelo holístico e desenvolveram a abordagem somática que, detém tanto na discussão filosófica quanto na fundamentação de práticas corporais (VIEIRA, 1998). Todo nosso aprendizado e experiência de vida se dão através da via corporal. Sendo assim, todo movimento humano é carregado de expressividade, e muitas vezes nos faz entender a forma de sentir e agir de uma pessoa (NEGRINE, 1998) . Nesse sentido, devemos considerar a importância de ter um conhecimento do nosso próprio corpo envolvendo tanto o sentido físico quanto emocional. Sendo assim, se faz necessário na formação profissional a construção de uma visão globalizada do ser humano, não o vendo como partes corporais, mas, sim, como um todo em que corpo, sentimento, hábitos culturais e meio ambiente fizessem parte da reabilitação física do paciente (CORREA, 1999). Para Bomfim (2000), existe a necessidade que o ensino acadêmico introduza em seu currículo uma discussão sobre corporeidade, propondo uma visão total do ser humano, respeitando as motivações e sentimentos como parte do processo ensino-aprendizagem sendo considerado como dinâmica de sala de aula diversificando as experiências. Alexander (1991) afirma que a formação profissional não deve ser obtida através de um ensino individual. As atividades em grupos permitem um contato próximo com os companheiros e aprofundam a compreensão de diferentes personalidades. Isso possibilita que se desenvolva uma das qualidades fundamentais para os futuros profissionais, que é a capacidade de observar a expressão do corpo e seu comportamento. Complementando essa idéia, Denys-Struyf (1995) destaca a importância de ver, ouvir e compreender as mensagens corporais e gestuais do indivíduo, pois assim será possível auxiliar na reconstrução harmoniosa da unidade psicocorporal de cada um. Através de pesquisas, buscou-se ampliar a percepção corporal em acadêmicos de Fisioterapia, pois acredita-se que o futuro profissional deve se conhecer primeiro para assim desenvolver a sensibilidade de ter uma postura de compreensão e escuta para com o seu paciente (NEGRINE, 1998). Dessa maneira, a relação entre o terapeuta e o paciente será facilitada, pois o profissional já terá vivenciado as suas dificuldades e potencialidades, podendo transmitir maior segurança e confiança ao outro. Deve-se ressaltar que o conhecimento técnico tradicional não deve ser descartado, sendo ele a base de nossa abordagem. Contudo, as vivências corporais surgem no sentido de complementar e mostrar uma nova visão do ser humano e da abordagem terapêutica (FALKENBACH, 1998). Através do corpo vivenciado, é possível reconhecer as áreas tensas do corpo. Se desenvolvermos a consciência corporal, será mais fácil agir e relaxar com mais eficácia essas regiões corporais e ter maior controle do corpo. Assim, o indivíduo terá uma visão do seu corpo por inteiro, permitindo uma sensação corporal completa (BRIEGHEL e MÜLLER, 1987). No decorrer das vivências corporais observar-se que os acadêmicos melhoram a sua percepção corporal. Segundo Feijò (1987) a auto- percepção e o movimento humano estão diretamente correlacionados. Isto significa que o movimento humano só é realizado quando ocorre uma motivação interior, a qual é adquirida através da auto-percepção que relaciona o ser humano com o mundo. Foi possível verificar que houve ampliação da percepção corporal de todas as participantes após o programa de vivências corporais. Isso nos leva a pensar que a vivência corporal é um meio que propicia o conhecimento e a consciência corporal. A Fisioterapia é uma profissão que atua diretamente com o corpo do outro. É fundamental que o acadêmico tenha um espaço em sua formação para se autoconhecer, tornando-o mais capacitado para trabalhar com as outras pessoas. O profissional deve ter a sensibilidade de escutar o seu paciente, dando a ele a oportunidade de interagir no tratamento. O corpo não é somente um segmento corporal, mas um conjunto em que hábitos culturais, sentimentos e o meio ambiente influenciam em seu desenvolvimento como ser único e completo. Desta maneira, acreditamos que se faz necessário um enfoque diferenciado na visão do ser humano, enfatizando a abordagem somática. CAPÍTULO III A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA 3.1 - A formação do professor de fisioterapia A Educação tem sido foco de estudo para pesquisadores, governo e sociedade em geral. Pesquisas recentes têm se voltado à análise das práticas pedagógicas e docentes, buscando maior compreensão do processo ensino- aprendizagem e trazendo contribuições para o trabalho do professor, enquanto mediador nos processos constitutivos da cidadania nos alunos. Não se tem reforma educacional ou proposta pedagógica sem professores, pois eles são os profissionais mais envolvidos com os processos e resultados da aprendizagem escolar. Em decorrência, muito se discute a respeito da formação dos professores – a inicial e a continuada, dos saberes necessários à docência e da prática educativa. A formação inicial se dá em Instituições de Ensino Superior. Esse professor se torna especialista por meio de um processo de transmissão de informações, produção e transformação de conhecimentos científicos e culturais, sendo o domínio desses conteúdos um dos principais objetivos da formação inicial dos professores. Entende-se por formação continuada todas as atividades de formação do professor que atua nas instituições de ensino, como os cursos de pós-graduação e extensão oferecidos pelos diferentes sistemas de ensino (MERCADO, 1999). Muitos autores (GARCIA, 1994; PIMENTA, 1996; LIBÂNEO, 2001) têm demonstrado que, durante a formação inicial, a rigidez curricular e a realização dos estágios desvinculados da realidade escolar e somente após ter passado pela formação teórica pouco têm contribuído para gerar uma nova identidade do professor. Desde o início do curso, o futuro docente poderia integrar os conteúdos das disciplinas em situações do cotidiano, a fim de contrastar teoria e prática e formar conhecimentos e convicções próprias. Isso faz da prática uma contribuição permanente e sistemática na aprendizagem do futuro professor e permite uma articulação entre a formação inicial e a continuada. No que se refere à formação continuada, a realização de cursos em forma de treinamentos e/ou atualização de conteúdos disciplinares pouco contribui para a reflexão sobre a prática docente. A atividade reflexiva, conceito que perpassa a formação dos professores, o currículo, o ensino e a metodologia de docência, poderia ser enfatizada considerando a opinião, a experiência e a realidade do professor. Ao docente caberia o papel de sujeito ativo, crítico e pensante da formação continuada (MERCADO,1999). Esse contexto demonstra uma formação inicial e continuada com base no treinamento de professores, cursos práticos e programas de teorias e metodologias bem distantes das novas concepções do processo de ensino e aprendizagem. A preparação inicial falha, em conjunto com a precariedade da formação contínua ou até mesmo a inexistência dessa formação, corrobora para uma baixa expectativa dos professores em relação ao seu crescimento pessoal e profissional. As mudanças culturais, advindas de uma sociedade tecnologicamente desenvolvida, requerem um novo perfil de professor. O docente deixa de ser aquele que apenas ensina e passa a ser aquele que aprende permanentemente, que se dispõe a refletir, analisar e mudar os próprios conceitos e conhecimentos. Sendo assim, novas características precisam ser incorporadas ao processo de formação dos professores, para a construção de um novo perfil profissional.Mercado (2004) aponta para uma formação na qual o professor seja capaz de utilizar os novos meios tecnológicos de forma autônoma e independente, a fim de promover melhorias na qualidade da educação e modernização da gestão escolar. Para o autor, o uso da tecnologia pelo docente é um instrumento importante para o pensar crítico e reflexivo, a partir de uma participação ativa com a máquina e com os outros indivíduos, interação esta mediada também pela máquina. Sampaio e Leite (1999) abordam a necessidade de uma formação com base no desenvolvimento tecnológico do professor para que o docente se instrumentalize e desenvolva seu trabalho educativo mais próximo do cotidiano do aluno, onde as tecnologias da comunicação e informação se fazem presentes. O professor precisa ter o domínio inicial das técnicas e linguagens da tecnologia, assim como um contínuo aperfeiçoamento mediante o contato diário com as tecnologias da informação. Essa nova perspectiva/abordagem do desenvolvimento profissional do professor nos conduz a uma mudança no processo formativo de docentes. A formação deixa de ser subordinada a uma lógica de transmissão de informações sobre um conjunto de conhecimentos sistematizados e hierarquizados, passando a contribuir para a autonomia, criatividade e responsabilidade do professor, além de interligar teoria e prática. Segundo Pimenta (1996): espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e dos desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano (PIMENTA, 1996, p.75). Nessa abordagem, tem-se o reconhecimento de que o professor é antes de tudo um ser que sabe e tem a função de transmitir esse saber aos outros, sendo importante especificar a natureza das relações que os professores estabelecem com os saberes, assim como a natureza desses saberes. Contextualizar o professor de Fisioterapia nesse processo de desenvolvimento profissional não é uma tarefa fácil, principalmente considerando as exigências da sociedade contemporânea por uma formação dinâmica e continuada, onde as novas tecnologias também são meios de atualização, contextualização, ampliação e melhora de sua prática pedagógica. Em relação à formação do professor de Fisioterapia, dois fatos devem ser considerados. O primeiro é o fato de não existir licenciatura para Fisioterapia. Ou seja, a formação inicial para o professor se dá no próprio curso de Fisioterapia, onde se observa uma preocupação maior com a formação clínica fisioterápica do aluno. Não é comum a oferta de disciplinas ligadas à prática pedagógica, à iniciação científica e à educação tecnológica, como demonstrou o estudo de Rebelatto e Botomé (1999) já citado anteriormente. O segundo fato é que os cursos de pós-graduação e extensão de Fisioterapia geralmente são direcionados à área de atuação fisioterápica do profissional e não à prática docente do professor. Dessa forma, a formação continuada, tendo como base a adaptação à mudança dos conhecimentos e técnicas e o desenvolvimento profissional docente, se relaciona mais ao aprimoramento de técnicas específicas da prática clínica fisioterápica. O grande número de cursos de Fisioterapia demonstra que a docência é uma atividade profissional importante e nova no mercado. Neste trabalho procuramos conhecer um pouco desta atividade docente. 3.2 As tradicionais e as novas missões do ensino superior. O ensino superior é, em qualquer sociedade, um dos motores do desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, um dos pólos da educação ao longo de toda a vida. É, simultaneamente, depositário e criador de conhecimentos. Por outro lado, é o instrumento principal de transmissão da experiência cultural e científica acumulada pela humanidade. Num mundo em que os recursos çognitivos, enquanto fatores de desenvolvimento, tornam-se cada vez mais importantes do que os recursos materiais a importância do ensino superior e das suas instituições será cada vez maior. Além disso, devido à inovação e ao progresso tecnológico, as economias exigirão cada vez mais profissionais competentes, habilitados com estudos de nível superior (CANÁRIO, 2006) . Por toda parte, os estabelecimentos de ensino superior são pressionados a abrir as suas portas a um maior número de candidatos. Em escala mundial, as inscrições mais do que duplicaram em vinte anos, passando de vinte e oito milhões de estudantes em 1970, para mais de sessenta milhões atualmente. E contudo continuam a subsistir desigualdades consideráveis, tanto no acesso como na qualidade do ensino e da pesquisa. Na Africa subsaariana, em particular, a proporção de matriculados no ensino superior é de um estudante para mil habitantes, enquanto na América do Norte essa proporção é de um para cinqüenta. A despesa real por estudante é dez vezes mais elevada nos países industrializados do que nos países menos desenvolvidos. Porém, mesmo representando uma despesa relativamente fraca, o ensino superior constitui um fardo muito pesado para certos países mais pobres, freqüentemente com dificuldades orçamentais. Numa grande parte do mundo em desenvolvimento o ensino superior está em crise há cerca de dez anos. As políticas de ajustamento estrutural e a instabilidade política oneraram o orçamento dos estabelecimentos de ensino, O desemprego de diplomados e o êxodo de cérebros arruinaram a confiança depositada no ensino superior. A atração excessiva pelas ciências sociais conduziu a desequilíbrios nas categorias de diplomados disponíveis no mercado de trabalho, provocando a desilusão destes e dos empregadores quanto à qualidade do saber ministrado pelos estabelecimentos de ensino superior. As pressões sociais e as exigências específicas do mercado de trabalho traduziram-se numa extraordinária diversificação de tipos de estabelecimentos de ensino e de cursos. O ensino superior não escapou à “força e urgência com que, em nível político, se afirma a necessidade de uma reforma da educação, como resposta aos imperativos econômicos”. As universidades já não têm o monopólio do ensino superior. De fato, os sistemas nacionais de ensino superior são tão variados e complexos, no que se refere a estruturas, programas, público que os freqüenta e financiamento, que se torna difícil classificá-los em categorias distintas. O aumento dos efetivos e do número de estabelecimentos teve como resultado um aumento das despesas com o ensino superior que está, portanto, envolvido com os temíveis problemas trazidos pela massificação. Este desafio ainda não foi validamente vencido, o que nos leva a rever as missões do ensino superior. São as universidades, antes de mais nada, que reúnem um conjunto de funções tradicionais associadas ao progresso e a transmissão do saber: pesquisa inovação, ensino e formação, educação permanente. A estas podemos acrescentar uma outra que tem cada vez mais importância: a cooperação internacional. Todas estas funções podem contribuir para o desenvolvimento sustentável. Na qualidade de centros autônomos de pesquisa e criação do saber as universidades podem ajudar a resolver certos problemas de desenvolvimento que se põem à sociedade. São elas que formam os dirigentes intelectuais e políticos, os futuros diretores empresariais, assim como grande parte do corpo docente. No âmbito do seu papel social, as universidades podem pôr a sua autonomia a serviço do debate das grandes questões éticas e científicas com as quais se confrontará a sociedade de amanhã e fazer a ligação com o resto do sistema educativo, oferecendo aos adultos a possibilidade de retomar os estudos e desempenhando a função de centros de estudo, enriquecimento e preservação da cultura.Agora que o ensino superior é cada vez mais pressionado a preocupar-se com os aspectos sociais dá-se também cada vez mais valor a outros atributos preciosos e indispensáveis das universidades como sejam a liberdade acadêmica e a autonomia institucional. Embora não ofereçam uma garantia de excelência tais atributos são, sem dúvida, uma condição prévia para tal. Esta responsabilidade das universidades no desenvolvimento da sociedade no seu todo é mais evidente nos países em desenvolvimento, onde os trabalhos de pesquisa dos estabelecimentos de ensino superior fornecem a base essencial dos programas de desenvolvimento, da formulação de políticas e da formação dos recursos humanos de nível médio e superior. Nunca se insistirá bastante na importância do papel que as instituições de ensino superior locais e nacionais podem desempenhar na elevação do nível de desenvolvimento do seu próprio país. E a elas que compete, em grande parte, lançar pontes entre países industrializados desenvolvidos e países não-industrializados em desenvolvimento. Podem, além disso, ser instrumentos de reforma e de renovação da educação. 3.3 – Proposta de ementa, objetivo geral e específico e programa da disciplina de consciência corporal no curso de fisioterapia. Ementa: Respiração, sensoriedade, percepção corporal e aterramento (ground), a complexidade e a corporeidade; as linguagens e o corpo; consciência corporal e consciência de si. Objetivos gerais: Formar profissionais com maior e melhor conceito teórico-prático do estudo da consciência corporal. Explorar potencialidades expressivas/impressas motoras numa perspectiva plural das linguagens almejando ampliar a consciência corporal (corporeidade) e a consciência de si; Objetivos específicos: Oportunizar aos graduandos em fisioterapia, um estudo reflexivo sócio- filosófico acerca da conscientização do corpo, com experiência que levem a compreensão do corpo dentro dos diversos fatores, como: sentidos, sentimentos, a história de cada indivíduo, sua imagem corporal, sua corporeidade consciência do próprio corpo. Aprofundar na percepção da unidade corporal; vivenciar um processo de des/construção de padrões comportamentais; são objetivos importantes a serem observados na realização de oficinas de consciência corporal. Programa: 1- O corpo humano: o que e, como se constitui, como se movimenta e expressa segundo diferentes abordagens. 2 - O corpo e os corpos: noções e sensibilização. 3 - O espaço do corpo sob diferentes aspectos e culturas. 4 - Psicossomática: a influência do corpo e de seus movimentos sobre a psique e vice-versa. 5 - O movimento, suas variáveis, a postura e a expressão. 6 - A linguagem corporal, sua leitura e domínio. 7 - Educação pelo movimento e consciência corporal. 8 - A relação corpo-mente-ambiente-pausa. 9.- O corpo e sua expressão no cotidiano, na filosofia, nas artes e nos esportes. 10 - Atividades para a tomada de consciência do corpo e sua vivencia. CONCLUSÃO A disciplina “Conscientização Corporal” busca proporcionar uma nova experiência e um maior conhecimento do corpo ‘enquanto’ indivíduo consciente que reflete sobre suas ações e problematiza sua existência e, de todos os aspectos ou elementos envolvidos na construção e remodelação desse corpo: fruto de influências biológicas, psicológicas e sócio–culturais, e é através do estudo de métodos que objetivam uma consciência maior que essa disciplina se fundamenta e pauta sua vivência prático-teórica. É ressaltada a importância da discussão e análise de todas as questões que vão de encontro ou ao encontro do caráter cognitivo do corpo, aguçada a necessidade da observação do próprio corpo dentro do cotidiano, utilizado a leitura de vários textos e, a realizadas dinâmicas que trabalham a relação individuo corpo-físico, corpo-emocional, corpo-psicológico e social com registro das experiências realizadas. Nas dinâmicas, são utilizadas técnicas de relaxamento, alongamentos, descontração, observação, introspecção, podendo ser ao som de músicas ou não, sendo que o silêncio é utilizado muitas vezes como meio de permitir o corpo falar. Os sentidos são trabalhados para se tornarem mais aguçados, sensíveis a tudo que age no corpo, o toque nas dinâmicas é aproveitado como instrumento que permite perceber, reconhecer e sentir a si e ao outro, bem como as histórias e identidades de cada um, respeitando as diferenças pessoais desse corpo que. Disso resulta que o aprendizado flui com a entrega do corpo, não se delimita aprendizado teórico e prático, por que não se almeja separar registro cognitivo e somático-físico. Tudo que é vivido e aprendido que se relacione ou não (caso o aluno sinta necessidade) ao conteúdo seja dentro ou fora da sala de aula deve ser registrado no portfólio como forma de permitir que o conteúdo não se perca e seja pensado e problematizado mesmo fora da sala de aula. No que diz respeito ao currículo, a importância dessa disciplina, também está no fato de ser literalmente aberta a todas as pessoas. Uma vez que, não possui avaliação de performance ou de melhora na realização de possíveis fundamentos de práticas esportivas, ela democratiza as diversas formas de o corpo se expressar e não busca avaliá-lo como mais capaz ou menos capaz, causando uma tranqüilidade no que diz respeito à eficiência na execução do que é pedido em sala, na interação entre os alunos, na relação professor- aluno, na redação e discussão sobre as aulas. À medida que vai sendo realizada, a meu ver, a disciplina ‘Conscientização Corporal’ incita o aluno a fazer vários questionamentos que tangem sua vida interpessoal, intrapessoal, cultural, profissional enfim, completa, com toda interdependência em que somos mergulhados. Pode proporcionar, portanto, uma busca e descoberta constante por um corpo possuidor de uma linguagem própria, que foge a fala; uma linguagem cheia de sensações, dores, prazer, despudor e pudor, gozo e couraças que nos revela quem realmente “somos”, “estamos” e nos diz o porquê de nos escondermos, encolhermos, enfim, mascararmos nosso Eu. Em suma, o trabalho corporal na disciplina busca, portanto, resgatar o corpo com história, sentimentos, razões e alma, na íntegra, como sujeito que não pode ser fragmentado porque deixa de ser pleno a auto-realizado, deixa de ser corpo por inteiro. BIBLIOGRAFIA BERTHERAT, Thérèse; BERNSTEIN, Carol. O corpo tem suas razões: antiginática e consciência de si. 6 ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1982. FELDENKRAIS,Moshe. Consciência pelo movimento. 1ed. São Paulo,SP: Summus1972. FREIITAS, Giovana.O esquema corporal, a imagem corporal, a consciência corporal e a corporeidade. 1ed. Ijuí, RS:Unijuí 1999. GAIARSA, José Angelo. A estátua e a bailarina. 3ed. São Paulo, SP: Ícone,1995 KELEMAN,Stanley.Anatomia emocional. 1ed. São Paulo, SP: Summus, 1985. MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na educação e na política. 1ed. Belo Horizonte, MG: UFMG, 1998. SANTOS, Angela. Diagnóstico Clínico Postural: um guia prático. São Paulo: Summus, 2001. JACQUES, Delors. Educação:um tesouro a descobrir – 5ª Ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:MEC: UNESCO, 2001. Schon, Donald A. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem; trad. Roberto Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. ZABALA, A. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artimed, 2002. EHRENFRIED, L. Da educação do corpo ao equilíbrio do espírito; trad. Angela Santos. São Paulo: Summus, 1991. BRICOT, BERNARD. Posturologia.; Trad. Angela Bushatsky. São Paulo: Ícone, 2001. ALMEIDA, LAÍS CRISTINA. Reeducação postural e sensoperceptiva. Rio de Janeiro: MedBook, 2006. ROLF, IDA PAULINE.Rolfing: A integração das estruturas humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1999. WEBGRAFIA Universidade federal do Rio de Janeiro UFRJ/ Grade Curricular Disponível em: http://www.pr1.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=131&Itemid=214 Acesso em: 12/07/2010 – 15h:50min. Universidade Gama Filho UGF/ Grade Curricular Disponível em: http://www.ugf.br/index.php?q=graduacao/4/view Acesso em: 12/07/2010 – 14:30min. UNB / Programa Disciplina Disponível em: http://www.serverweb.unb.br/matriculaweb/graduacao/disciplina http://www.pr1.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=131&Itemid=214 http://www.ugf.br/index.php?q=graduacao/4/view Acesso em: 13/0/72010 – 11:00h. ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I ORIGENS E A EVOLUÇÃO DO MÉTODO PILATES 09 1.1- Evolução Histórica 09 1.2- Discussão de conceitos 11 1.3- Corporeidade 13 CAPÍTULO II CONSCIÊNCIA CORPORAL E SUA PRÁTICA FISIOTERAPÊUTICA 16 2.1- O papel do fisioterapeuta 16 2.2- A importância do movimento corporal e da boa postura 18 2.3 – Consciência corporal como aliado na formação profissional 21 CAPÍTULO III A INCLUSÃO DA DISCIPLINA CONSCIÊNCIA CORPORAL NA GRADUAÇÃO DE FISIOTERAPIA 24 3.1- A formação do professor de fisioterapia 24 3.2- AS tradicionais e as novas missões do ensino superior 28 3.3- Proposta da ememnta, objetivos geral e específico e programa da disciplina de consciência corporal no curso de fisioterapia 31 CONCLUSÃO 33 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 38 AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Título da Monografia: Autor: Data da entrega: Avaliado por: Conceito: AGRADECIMENTOS SUMÁRIO CAPÍTULO I - Evolução Histórica da Consciência Corporal 09 CAPÍTULO II - Consciência corporal e sua prática fisioterapêutica 16 CAPÍTULO III – A Inclusão da Disciplina Consciência Corporal na Graduação de Fisioterapia 21 CONCLUSÃO 33 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 38 FOLHA DE AVALIAÇÃO 40