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Metodologias de Ensino na História

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A concepção tradicional do formalismo metodológico evidencia o intelectualismo unilateral e abstrato e sobrepõe uma civilização a outra (eurocentrismo). Este modelo de ensino-aprendizagem é defasado e não abrange as novas emergências sociais, os vestígios culturais, visuais, artísticos e documentais deixados pela humanidade ao logo do tempo. Nesta visão os contextos que ocorrem a prática educativa e os sujeitos da aprendizagem não são levados em consideração. 
A partir dessa perspectiva surgiu novas concepções de se pensar o processo de ensino-aprendizagem, suas metodologias e procedimentos destinados para a transmissão do saber. Neste movimento de mudanças a história que antes se apoiava em fatos dos grandes homens (dos heróis), antes denominada como uma ciência do passado passou a ser tratada como uma história problema, na qual os “temas do presente condicionam e delimitam o retorno, possível, ao passado” (BLOCH, 2001 p.7). A renovação pelo qual passou as metodologias de ensino possibilitaram o alargamento da noção de documento ocasionando no surgimento de novas fontes históricas utilizadas para o ensino dos processos históricos a nível nacional e mundial. 
A adoção das fontes como recurso didático durante as aulas contribui para que o docente reflita sobre sua função social enquanto historiador e produtor de histórias. E também da importância de contar os fatos pelo viés de outros personagens e civilizações subalternizadas pelo eurocentrismo. Ao mesmo tempo acende a necessidade de valorizar a memória local, a história do bairro e da cidade que habitam seus estudantes, rememorando que essas histórias estão inseridas na dimensão macro, pois a história regional e local não são uma parte de um acontecimento, e sim fazem parte de um todo, do cenário nacional. 
As fontes são elementos centrais para o ensino da história, estão situadas no centro da metodologia da História. Sua utilização para a escrita de narrativas acadêmicas e também na sala de aula possibilitam o desenvolvimento de uma reflexão historiográfica concisa, intuitiva e autêntica sobre os atuais problemas no contexto brasileiro. Ela é: 
 [...] para o historiador fonte inesgotável de informação histórica. Para o professor polivalente, especificamente no componente curricular história, saber lidar com este vasto material- quer seja em forma de pintura, fotografia, gravuras, cinema, televisão- em sala de aula, amplia horizontes de percepção do sentido da História e do seu significado para seus alunos, tarefa esta que exige habilidades e competências específicas que este componente curricular se propõe a desenvolver e explorar[footnoteRef:1]. [1: Disponível em: https://student.ulife.com.br.] 
A utilização das fontes para o ensino, e a adoção da disciplina história como um problema inserem no rol da discussão os personagens anônimos da história. Grupos subalternizados que emergiram/emergem nas inúmeras histórias produzidas pelo historiador na atualidade. Entretanto, é necessário que o docente explore a bagagem que o aluno já carrega, suas vivencias e experiências culturais, que darão ao ensino um sentido significativo, sensibilizando os alunos para a valorização dos diferentes documentos, estes escritos, fotográficos ou registros orais de memória. 
Contudo, é importante que o professor conheça essas fontes e busquem informações sobre como utilizá-las. Como abordam no livro O historiador e suas fontes as autoras Carla Bassanezi Pinsk e Tania Regina Luca, no qual encontra-se uma reunião de artigos que discutem a utilização e manuseio de diversas fontes históricas para a escrita historiográfica e o ensino de história, isso porque o documento (fotográfico, oral, escrito etc.) é o registro da ação humana imbuída de discursos, posicionamentos ideológicos, ideias econômicos e geográficos. O que necessita de um procedimento para tratar as fontes como recurso pedagógico. 
As técnicas de ensino são neste contexto importantes para atingir um ensino de qualidade. Não basta por exemplo, só levar uma fonte para a sala de aula, é necessário explorar seu contexto de produção, finalidade, quem produziu e para quem produziu. Estes questionamentos permitem que o professor insira a vivência da criança na discussão, bem como dará espaço para que o aluno mobilize conhecimentos acerca do conteúdo. Essas estratégias precisam ser objetivas e fazer parte de um planejamento com metas alcançáveis 
Para que o aprendizado ocorra é preciso primeiro realizar avaliações diagnósticas, com a finalidade de analisar os conhecimentos prévios dos alunos, essa ação contribui para um diagnóstico sobre o nível de conhecimento dos estudantes antes de iniciar qualquer atividade, pois não devemos cobrar aquilo que o estudante não domina. Nos anos iniciais do ensino fundamental o professor precisa adotar estratégias de ensino-aprendizagem através da visualização: aulas lúdicas com brincadeiras, jogos e contação de histórias para que os estudantes aprendam o assunto abordado e entendam que os acontecimentos do passado fazem parte do presente que elas vivenciam. 
Uma outra estratégia de ensino é: realizar feiras sobre as tradições e acontecimentos importantes do nosso país como: festas, comidas típicas, artefatos, os primeiros habitantes dentre outros contribuem significativamente para ensinar a história e a geografia de nosso país, assim como exibir filmes, documentários e fazer uso jogos online. Todos estes recursos causam curiosidade nas crianças e motivam a aprendizagem de maneira intuitiva e colaborativa sem causar desinteresse e cansaço fazendo com que eles entendam e aprendam sobre a história do nosso país.
No Brasil a Educação Básica foi construída através de interesses políticos e econômicos dos grupos que estavam e estão no poder em cada período específico. O que se percebe, sobretudo atualmente é a tentativa de manutenção das práticas do ontem e do hoje, nas constâncias das decisões políticas para manobras dos de cima com a finalidade intervenções e exclusão das massas populares por meio do autoritarismo.
Ensinar história na sociedade atual apesar de possível nunca foi tão difícil, o cenário atual e exige do profissional da educação, sobretudo do historiador escolher metodologias e estratégias que permitam imprimir um sentido significativo aos conteúdos abordados para se desprender das amarras cronológicas, eurocêntricas e sulbaternizadores das classes populares. 
Neste sentido, a estratégia central para ensinar no cenário atual é adotar uma prática pedagógica que permita que o aluno no processo de ensino-aprendizagem produza um significado entre o conteúdo e o seu cotidiano, aplicando o que foi aprendido em uma situação real.
Referências
 BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982
PINSK, Carla Bassanezi & LUCA, Tania Regina de. (org.) O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto 2009.

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