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Funções do Líquido Amniótico Facilita movimentação fetal Determina o aumento de pressão luminar na árvore traqueobrônquica durante os movimentos respiratórios fetais, favorecendo o desenvolvimento pulmonar Facilita a livre flutuação do cordão umbilical Favorece o desenvolvimento muscular e o crescimento fetal Favorece o desenvolvimento dos sistemas urinários e digestório Protege o feto de traumas externos e de compressões funiculares durante a movimentação e as contrações uterinas Protege contra potenciais contaminações e infecções fetais. O sistema amniótico ou amnico é formado por: Membranas fetais Líquido amniótico Formação do Líquido Amniótico Nas primeiras semanas de gravidez Passagem passiva de líquidos por meio da membrana amniótica, de acordo com o gradiente osmótico (ultrafiltrado do plasma materno) Na segunda parte da gestação Diversos fatores controlam e regulam as vias de entrada e saída de fluidos na cavidade amniótica. Volume aumenta gradativamente, chegando a valores máximos por volta de 34 semanas e diminuindo gradativamente até o termo. Desenvolvimento Placentário 6 dias após a fecundação, com a implantação do blastocisto, as células trofoblásticas invadem o endométrio e iniciam a produção de gonadotrofina coriônica humana (hCG). 8 dias após a fecundação, o blastocisto encontra-se praticamente incluído no estroma da decídua com sinciciotrofoblasto denso e compacto. Ao Ultrassom Em torno da sétima à oitava semana depois da data da última menstruação (DUM) vê-se a membrana amniótica cobrindo o embrião. Por volta da 12ª semana, a expansão da cavidade amniótica, de modo que o âmnio se funde com o cório, obliterando a cavidade coriônica (celoma extraembrionário) A partir de feto de 25mm ou entre 5,5 a 7 semanas, necessário auscultar BCF Composição do Líquido Amniótico Entre a décima e a vigésima semana, é semelhante à do plasma do sangue fetal e a sua quantidade relaciona-se diretamente ao peso do feto. Em média, o volume de líquido amniótico aumenta 10 mL/dia, chegando a 500 mL na 20ª semana de gestação. A diurese fetal, a deglutição fetal, assim como face fetal da placenta, o sistema respiratório e o cordão umbilical; desempenham, a partir da 20ª semana, participações mais significativas na dinâmica do líquido amniótico. A diurese fetal nesse período está por volta de 2 mL/h (urina hipotônica). Os pulmões do feto contribuem com a secreção de um fluido alveolar, deglutido antes de atingir a cavidade amniótica. Produção chega a atingir 200 a 400 mL/dia. No terceiro trimestre Diurese fetal em torno de 620 a 1.200 mL, em 24 horas, Deglutição chega a 200 a 1.000 mL/24h. Faz parte também da formação e da reabsorção do líquido amniótico a passagem intramembranosa de fluido, entre o líquido amniótico na cavidade amniótica e o sangue fetal que perfunde a superfície fetal da placenta, a pele do feto e o cordão umbilical. 95% do total do líquido é renovado por dia pH 7,0 Isabelle Maia (Liquido amniotico) Claro e transparente nos primeiros meses de gestação, tornando-se turvo e opalescente no final da gestação (partículas de origem fetal e amniótica) Cor vermelho-escura ou castanha na presença de feto morto e macerado Amarelada nos casos de sofrimento fetal crônico ou aloimunização fetomaterna Esverdeada quando tinto de mecônio, cuja gravidade pode ser avaliada pela intensidade da tonalidade 98 a 99% do seu conteúdo é água 1 a 2%, componentes sólidos representados por substâncias orgânicas e inorgânicas Proteínas, glicose, fosfolípides, ureia, bilirrubinas, vitaminas, ácido úrico, imunoglobulinas, hormônios (prolactina, cortisol, insulina, hCG, hormônio somatotrófico coriônico, progesterona, estrógenos), muitas enzimas e compomnentes inorgânicos como: potássio, cálcio, magnésio, cloro, bicarbonato e fósforo Oligoâmnio e Polidrâmnio Critério diagnósticos Subjetivos: Oligoâmnio: pequena quantidade de líquido amniótico entre as interfaces fetais e a parede uterina, constatação das pequenas partes fetais muito “aglomeradas” e dificuldade para o estudo da morfologia fetal em decorrência da diminuição evidente do líquido amniótico. Polidrâmnio: identificação de grandes bolsões resultado do aumento evidente do volume de líquido amniótico, a divergência entre a quantidade de líquido amniótico e o tamanho do feto, espaços entre este e a parede uterina anterior. Critérios diagnósticos semiquantitativos Maior bolsão: técnica ultrassonográfica para verificar a medida do diâmetro vertical do maior bolsão de líquido amniótico, livre de partes fetais e alças de cordão umbilical Índice do líquido amniótico (ILA): a soma das medidas do maior bolsão vertical identificado em cada um dos quadrantes traduz o resultado final, melhor aplicada a gestantes com mais de 28 semanas e quando o fundo do útero ultrapasse a cicatriz umbilical. Anidrâmnio Ausência de bolsão de líquido amniótico, tanto pela técnica do ILA ou do Maior bolsão vertival (MBV). Oligoâmnio O volume de líquido amniótico é classicamente reconhecido como normal quando está entre 300 e 400 mL. 0,5 a 5,5% das gestações Oligoâmnio quando o índice de líquido amniótico (ILA) é menor ou igual a 5 cm ou medida do maior bolsão vertical menor que 2 cm. Favorece fenômenos compressivos do cordão umbilical, sofrimento fetal e, em graus extremos, óbito fetal. Oligoâmnio - Causas Ruptura prematura de membranas ovulares, Alterações na regulação entre a produção e absorção do líquido na cavidade amniótica. Agenesia renal bilateral, doença renal cística e obstruções urinárias baixas ou bilaterais (mais evidente a partir do 2° trimestre de gestação) Insuficiência placentária (hipofluxo sanguíneo – centralização hemodinâmica). As principais causas de oligoâmnio podem ser assim enumeradas (Manual Gestação Alto Risco/MS): Maternas ✓ Patologias maternas ou obstétricas associadasà insuficiência placentária (como pré-eclâmpsia, hipertensão arterial crônica, colagenoses, nefropatias e trombofilias); ✓ Medicações: como inibidores da enzima de conversão da angiotensina, inibidores da prostaglandina sintetase, trastuzumabe. Fetais ✓ Cromossomopatias; ✓ Anomalias congênitas, especialmente relacionadas ao trato urinário; ✓ Restrição de crescimento fetal; ✓ Óbito fetal; ✓ Gestação prolongada; ✓ Rotura prematura de membranas; ✓ Infecções; ✓ Síndrome da transfusão feto-fetal; ✓ Trombose e infarto placentário Oligoâmnio - Consequências Hipoplasia pulmonar e o aumento do risco de óbito perinatal Preditor isolado para broncodisplasia Mau posicionamento das extremidades, a ocorrência de deformidades do polo cefálico e da face. Oligoâmnio - Conduta Condição clínica (diarreia aguda, vômitos e infecções virais), a queda de líquido amniótico pode ser reversível após o tratamento da gestante e sua hidratação). Caso não haja reversão, considerar conduta ativa. Oligoâmnio diagnosticado no termo da gravidez (37 a 42 semanas) e nos casos entre 34 e 37 semanas com oligoâmnio grave (ILA inferior a 3 cm) ou associação de oligoâmnio com restrição de crescimento fetal – conduta ativa 25 e 34 semanas é importante considerar corticoterapia materna para maturação pulmonar fetal. O oligoâmnio grave é relevante para determinar a conduta resolutiva Motivos para interromper conduta expectante - RPMO Sinais de infecção materna e/ou fetal*. Comprometimento da vitalidade fetal. Maturidade fetal confirmada. Desencadeamento espontâneo do trabalho de parto. Atingidas as 34 semanas de gestação (a depender de cada serviço). Condutas conservadoras Hidratação materna: o volume intravascular e a osmolaridade estão relacionados ao estado de hidratação materna. Há a possibilidadede reverter com reposição volêmica casos de oligoâmnio isolado, provavelmente decorrentes de desidratação materna grave. Hidratação por via oral é mais efetiva. A hidratação da mãe com 2 L de água por via oral em 2 horas, em casos de oligoâmnio, demonstrou o aumento médio de 30% no ILA Amnioinfusão: instrumento para complementação diagnóstica de casos de oligoâmnio grave Polidrâmnio Volume de líquido amniótico excede 2.000 mL Ocorre em aproximadamente 0,2 a 2% das gestações Relacionado a trabalho de parto prematuro e altas taxas de mortalidade perinatal - Agudo: surge em poucos dias. Frequentes no 2° trimestre, principalmente antes das 24 semanas. Maior gravidade. - Crônico: leva semanas para aparecer, frequente no 3° trimestre. Menor gravidade Causas - polidrâmnio Quadro clínico associado (Manual/MS) Falta de ar, Irritabilidade Contrações uterinas, Desconforto e distensão abdominal, Edema nas porções inferiores do ventre, Pele do abdome lisa e brilhante, Presença de estrias Polidrâmnio - Consequências Desconforto respiratório materno Trabalho de parto prematuro RPMO Descolamento prematuro de placenta (DPP) Apresentação fetal anômala Parto moroso Distocia funcional, Prolapso de membros ou cordão Atonia uterina Hemorragia pós-parto Exames solicitados para investigação das causas: Teste de tolerância oral à glicose de 75 g, para investigação de diabetes gestacional. Ultrassonografia morfológica fetal de segundo trimestre para avaliação de malformações fetais e da placenta. Ecocardiografia fetal. Sorologias para toxoplasmose, citomegalovírus, parvovírus e sífilis. Pesquisa de anticorpos irregulares para investigação de aloimunização. Doppler da artéria cerebral média com avaliação do pico de velocidade sistólica máxima (>1,5 MoM) para detecção de anemia fetal. Pesquisa de anemias hereditárias. Amniocentese para estudo de cariótipo fetal ou PCR para infecções no líquido amniótico na dependência de achados sugestivos de aneuploidias ou infecções. Aconselhamento genético diante da confirmação de malformação fetal ou síndrome genética. Polidrâmnio - Conduta Correção das causas maternas e fetais (causas primária), quando possível Amniodrenagem: nos casos com dispneia e/ou dor abdominal materna acentuadas. O uso de prostaglandinas e ocitocina para preparo do colo uterino e indução do parto não é contraindicado, no entanto deve ser feito de forma cautelosa, em função do risco de embolia amniótica e hemorragia pós-parto. Polidrâmnio grave, o parto deve ocorrer em centro terciário e a indução, se não houver contraindicações, está indicada com 37 semanas.
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