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Nutrição-UFGD – O termo estigma vem da palavra grega que significa marca ou mancha, e se refere a crenças e/ou atitudes. O estigma pode ser descrito como um processo dinâmico de desvalorização que deprecia significativamente um indivíduo na opinião de outros. Por exemplo, dentro de determinadas culturas ou contextos, certos atributos são definidos por outrem como sendo vergonhosos ou impróprios. Quando o estigma é colocado em prática, o resultado é a discriminação. A discriminação é qualquer tipo de distinção, exclusão ou restrição arbitrária que afeta uma pessoa, geralmente (mas não exclusivamente) em virtude de uma característica pessoal. Não utilizar: • Contaminado(a)/pessoa contaminada com HIV. Contextualização: • Contaminação e infecção têm significados diferentes: contaminação é a transmissão de impurezas ou de elementos nocivos capazes de prejudicar a ação normal de um objeto. Infecção é a invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de organismos capazes de provocar doenças. • Quando descrevemos o processo de transmissão do vírus de uma pessoa para outra, devemos dizer que a pessoa foi “infectada” com HIV e não “contaminada”. Contaminação deve ser utilizado somete ao se referir a objetos e equipamentos. Uma seringa, por exemplo, pode estar contaminada com sangue com HIV; • O termo recomendado para se referir a pessoas que têm HIV é pessoa vivendo com HIV. Termo recomendado: • Pessoa vivendo com HIV. Não utilizar: • Grupos de risco; • Grupos de maior risco; • Grupo de alto risco. Contextualização: • O fato de pertencer a grupos não é um fator de risco; mas os comportamentos podem ser. A utilização do termo “grupo de alto risco” pode criar um falso senso de segurança entre pessoas que têm comportamentos de risco, mas não se identificam com tais grupos, além de poder aumentar o estigma e a discriminação contra determinados grupos. Termo recomendado: • Populações-chaves; • Este termo é preferível porque destaca que estas populações são chave para a dinâmica da epidemia ou chave para a resposta ao HIV; • As populações-chave são diferentes de populações vulneráveis. Estas últimas estão sujeitas a pressões da sociedade ou a circunstâncias sociais que podem torna-las mais vulneráveis à exposição ao HIV e a outras infecções. O UNAIDS considera gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, pessoas trans e pessoas que usam drogas injetáveis como as quatro principais populações-chave, mas reconhece que detentos e outras pessoas privadas da liberdade também são particularmente vulneráveis ao HIV e frequentemente não têm acesso adequado a serviços. Os países devem definir as populações específicas que são chave para sua epidemia e a resposta a esta, com base no contexto epidemiológico e social. Nutrição-UFGD Não utilizar - Portador de AIDS. • Contextualização: não se utiliza mais este termo porque é incorreto, estigmatizante e ofensivo para muitas pessoas vivendo om HIV; • Termo recomendado: pessoa vivendo com HIV. Não utilizar – Risco de AIDS: • Recomenda-se não utilizar este termo, salvo para se referir a comportamento ou condições que aumentem o risco da evolução da síndrome em pessoas HIV positivas; • Termo recomendado: risco de contrair HIV; risco de exposição ao HIV. Não utilizar – Teste de AIDS: • Contextualização: não existe o teste de AIDS. O teste é de HIV; o teste sorológico anti-HIV baseia- se na detecção de anticorpos para HIV presentes ou não na amostra do paciente; • Termo recomendado: teste de HIV; teste sorológico anti-HIV. Não utilizar – Vírus da AIDS; Vírus do HIV: • Contextualização: a AIDS é uma síndrome clínica, portanto é incorreto se referir ao HIV como vírus da AIDS; A utilização do termo “vírus do HIV” é redundante, pois a sigla HIV significa Vírus da Imunodeficiência Humana. • Termo recomendado: HIV; não há necessidade de definir ou de acrescentar a palavra “vírus”. HIV Citopático e não oncogênico: • Precisa da Transcriptase Reversa para fazer a transcrição do RNA para DNA e integrar-se ao genoma do hospedeiro. Retrovírus: • Genoma RNA; • Família Retroviridae HIV-1 e HIV-2. Sistema imunológico: • O vírus invade principalmente as células T helper CD4+. TRANSMISSÃO Sangue. Esperma ou secreção vaginal. Leite materno. Vias de transmissão: • Relação sexual em preservativos; • Compartilhamento de seringas; • Acidentes com objetos infectados; • Transfusão se sangue contaminado; • Transmissão vertical: gestação, trabalho de parto ou amamentação. ENTRADA DO HIV NAS CÉLULAS Nutrição-UFGD LINFÓCITOS T CD4+ Principais agentes envolvidos na proteção contra infecções. Funções reguladoras e efetoras. Infecção por HIV: depleção progressiva das células T CD4+. INFECÇÃO AGUDA Ocorre nas primeiras semanas da infecção. Alta replicação viral. Indivíduo altamente infectante. Síndrome Retroviral Aguda (SRA): febre, cefaleia, astenia, adenopatia, faringite, mialgia, sudorese, esplenomegalia, anorexia, náuseas, perda de peso e depressão. • Sinais desaparecem em 3 a 4 semanas. LATÊNCIA CLÍNICA Exame físico normal. Podem persistir: linfadenopatia, plaquetopenia, anemia e linfopenia. A latência pode durar até 10 anos. FASE SINTOMÁTICA T CD4+ < 500 células/mm³ (em redução). Sintomas: febre persistente, diarreia crônica, perda de peso inexplicável. • Infecções oportunistas recorrentes. IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA - AIDS Síndrome de infecções e doenças oportunistas que podem se desenvolver à medida que a imunossupressão aumenta durante a evolução do HIV, da infecção aguda até a morte. T CD4+ < 200 células/mm³ (em redução). Infecções oportuniatas: penumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica, entre outros. Neoplasias: sarcoma, linfoma, câncer de colo de útero. Sem tratamento pode à morte em 2 a 3 anos. TERAPIA ANTIRRETROVIRAL - TARV Três drogas: • Dois inibidores da Transcriptase Reversa Análogo de Nucleotídeos (ITRN). • Um inibidor de Transcriptase Reversa Não Nucleosídeos (ITRNN) OU a um Inibidor da Protease. Efeitos adversos comuns de alguns fármacos: • Anemia, perda de apetite, náuseas, vômito, diarreia, carências de vitamina B12, cobre e zinco, Lipodistrofia. SÍNDROME CONSUMPTIVA - AIDS A desnutrição é uma das complicações mais frequentes. ↑ morbidade. Nutrição-UFGD ↑ moléculas inflamatórias e hormônios: perda de massa magra. Síndrome consumptiva: • Pera de peso não intencional de 10%; • Perda de peso não intencional de 7,5%; • 5% de perda de massa celular corporal; • IMC < 20 kg/m². Caquexia: • Desordem caracterizada pela perda involuntária de peso corporal, além da perda de controle homeostático do balanço energético e proteico. Etiologia: • ↓ do consumo alimentar: o Anorexia, náuseas, vômito, lesões orais. • Comprometimento da digestão e absorção: o Alterações estruturais nas mucosas. • Hipermetabolismo: o TMB aumentada entre 9% e 34%. • Efeitos adversos dos medicamentos. • Doenças oportunistas: o Diarreia crônica em até 50% dos casos patógenos entéricos em até 90% dos casos. • Catabolismo proteico acelerado: o ↓ do turnover proteico. Deficiência de micronutrientes: vitaminas A, C, E e selênio. • Agravam o comprometimento do sistema imunológico. • Controle: suplementação nutricional, redução das citocinas inflamatórias, terapia hormonal, treinamento resistido. ANOREXIA – RECOMENDAÇÕES DE CONDUTA E ORIENTAÇÕES Consumir alimentos que são preferências do indivíduo. Aumentar o fracionamento. Ofertar alimentos de alta densidade calórica. Evitar líquidos durante as refeições. Mastigar bem os alimentos. Suplementação por via oral. Considerar suportenutricional (enteral e parenteral). ALTERAÇÕES DA CAVIDADE ORAL E ESOFÁGICA - AIDS Dor + obstrução + disfagia. Xerostomia (↓ lipase e amilases = ↓ barreira bacteriana). Candidíase. Disgeusia (deficiência nutricional, drogas, produção excessiva de muco e falta de salivação). Ulceras herpéticas. Sarcoma de Kaposi (faringe e esôfago). Recomendações de conduta e orientações: • Encorajar ingestão oral por meio de modificações dietéticas; • Oferecer pequenas quantidades e alimentos frios; • Manter higiene oral e dentária adequada; • Disfagia: evitar alimentos de alta viscosidade; • Evitar alimentos muito temperados (ácidos, picantes e salgados); • Considerar suporte nutricional (enteral e parenteral). NÁUSEAS E VÔMITOS - AIDS Sintomas temporários e intermitentes. Efeitos adversos da TARV e outros medicamentos. Infecções oportunistas no TGI. Recomendações de conduta e orientações: • Identificar intolerâncias; • Preferir alimentos de fácil digestão; • Evitar gorduras e condimentos em excesso; • Evitar líquidos durante as refeições; • Medicações antieméticas; • Considerar suporte nutricional (ingestão reduzida por mais de 7 dias e vômitos incoercíveis). MÁ ABSORÇÃO E DIARREIA - ADIS Nutrição-UFGD Resultado de radioterapia, TARV ou patógenos gastrointestinais. ↑ supressão imunológica e ↑ perda de peso. Recomendações de conduta e orientações: • Evitar alimentos ricos em gorduras e fibras insolúveis; • Aumentar a ingestão de fibra solúvel; • Evitar alimentos com lactose; • Aumentar o fracionamento; • Manter a hidratação; • Evitar cafeína e álcool; • Evitar sacarose; • Evitar alimentos flatulentos; • Avaliar via de oferta da dieta. DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS - AIDS Variam de prejuízo à demência. Demência: 60% dos pacientes não tratados. Percepção sensorial diminuída. Risco de aspiração. Afetam a capacidade de alimentação. LIPODISTROFIA – EFEITO ADVERSO DA TARV Redistribuição anormal da gordura corporal + hiperlipidemia + resistência à insulina. Lipoatrofia: ↓ gordura nas regiões periféricas (≠ desnutrição). Lipo-hipertrofia: ↑ gordura na região central e aumento de mamas em mulheres. Mista: associação das duas. Modificações nos hábitos alimentares: • Resistência à insulina; • DM; • Dislipidemias; • Obesidade/Sobrepeso. Prática de atividade física. AIDS Objetivos: • Detectar, corrigir e prevenir problemas nutricionais; • Recuperar o estado nutricional; • Fornecer aporte adequado de micronutrientes evitando carência nutricionais; • Auxiliar no alívio de sintomas e complicações relacionadas ao HIV. ENERGIA Hipermetabolismo. Dietas hipercalóricas. Harris e Benedict: FI (fator injúria) = 1 a 1,75. PROTEÍNAS Substrato para o sistema imunológico e restaurar a massa magra. Dieta normo e hiperproteica. LIPÍDEOS Dieta normolipídica: 20 a 35% do VET. Gordura saturada, gordura trans e colesterol: população em geral. Reavaliar na presença de dislipidemias. Hipertrigliceridemia: suplementação de ácidos graxos ômega-3 podem ser úteis (2 a 4 g/dia). Nutrição-UFGD CARBOIDRATOS 45 a 65% do VET. Avaliar quanto à presença de resistência insulínica ou diabetes. • Restrição de CHO refinados. FIBRAS 25 a 30g/dia. Ajustar (diarreia e constipação). MICRONUTRIENTES Imunonutrientes. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Boletim Epidemiológico HIV/Aids, 2018. BRASIL. Manual de Atenção Integral a Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, 2013 BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, 2018 CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. Barueri, SP: Manole, 5ª ed. 2014. MAHAN, L. K.; et al. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 13ª ed. 2012. DOUGLAS, C. R. Fisiologia Aplicada à Nutrição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2ª ed. 2006 OLIVEIRA, J. E. Dutra de; MARCHINI, Julio Sergio. Ciencias nutricionais: aprendendo a aprender. 2. ed. Sao Paulo, SP: Sarvier, 2008. 760p. RUBIN, E; FARBEN, J. L. Patologia. 3ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2002. WAITZBERG, D. L. Nutricao oral, enteral e parenteral na pratica clinica. 4. ed. Sao Paulo, SP: Atheneu, 2009. v.2.
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