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Relatório de Dosagem de Glicose

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOFÍSICA 
DOSAGEM DE GLICOSE
Salvador 
2022
1. Introdução 
O pâncreas é um órgão que desempenha funções exócrinas e endócrinas de grande importância para manter a homeostase no organismo, através dele ocorre processos digestivos com a contribuição de secreção de enzimas no duodeno. Todavia, o mais importante é manter a concentração normal de glicose no sangue com a participação dos hormônios insulina e glucagon. 
A insulina é produzida nas ilhotas de Langerhans e coordena a utilização dessa energia nos tecidos, aumentando a captação de glicose pelas células do tecido adiposo e muscular, através da transformação da glicose em glicogênio, funcionando como uma espécie de estoque para quando o corpo necessitar. O glucagon, por sua vez, é produzido nas células alfa do pâncreas e tem efeito antagônico da insulina, que é elevar os níveis de glicose no sangue através da quebra de glicogênio em glicose, a fim de promover energia para o organismo.
Porém, podem ocorrer distúrbios, como lesões em células beta pancreáticas, resultando em defeitos na secreção de insulina e posteriormente sua deficiência, caracterizando o diabetes mellitus tipo 1; ou quando ocorre defeito nos receptores das células, levando à uma resistência à insulina, caracterizando então o diabetes mellitus tipo 2. É sempre importante realizar exames de rotina para controle glicêmico e também para identificar o quanto antes uma possível alteração e, assim, evitar prejuízos maiores causados pela diabetes, que encaminha a diversas complicações no organismo, podendo até chegar a óbito.
2. Discussão 
2.1 Dosagem Enzimática de Glicose Sérica
A enzima glicose oxidase (GOD) no reagente em presença de oxigênio, catalisa a oxidação da glicose presente na amostra do paciente, o que leva a formação de peróxido de hidrogênio. A enzima peroxidase (PEO) também presente no reagente, catalisa a reação de oxidação do fenol pelo peróxido de hidrogênio em presença de 4-aminoantipirina, formando um composto violáceo com absorção máxima em 505nm. A concentração desse composto (quinonimina) e consequentemente a intensidade da cor são diretamente proporcionais à concentração de colesterol na amostra.
A glicose oxidase é uma enzima que se liga à beta-D-glicose, que é um isômero de seis carbonos da glicose, e auxilia na promoção da lise deste açúcar nos seus metabólitos. A glicose oxidase é uma proteína dimérica que catalisa a oxidação da beta-D-glicose em D-glucono-delta-1,5-lactona, que depois é hidrolisada em ácido glucônico e peróxido de hidrogênio. Por meio de uma reação oxidativa de acoplamento catalisada pela peroxidase, o peróxido de hidrogênio formado reage com 4-aminoantipirina e fenol formando um complexo de cor vermelha (antipirilquinonimina), cuja absorbância (intensidade da cor) é diretamente proporcional à concentração de glicose na amostra do paciente.
2.2 Tiras de Glicose
O teste é baseado em uma reação enzimática sequencial. A enzima glicose oxidase catalisa a oxidação da glicose com a formação do ácido glucônico e peróxido de hidrogênio. Uma segunda enzima, a peroxidase, vai catalisar a reação de peróxido de hidrogênio com o cromógeno iodeto de potássio para oxidar o cromógeno, variando as cores de azul/verde a marrom.
2.3 Glicosímetro
O glicosímetro é um pequeno aparelho utilizado para determinar os níveis de glicose no sangue, a partir de uma gota de sangue colocada sobre uma fita descartável reagente; principalmente utilizado por pessoas que possuem diabetes do tipo 1 ou 2; que permite saber quais os níveis de açúcar ao longo do dia (Thobias et al., 2022). Ele pode ser facilmente encontrado em farmácias e o seu uso deve ser orientado pelo clínico geral ou endocrinologista, que irá indicar a frequência das medições da glicemia.
Existem diversos tipos de glicosímetro, sendo que cada um apresenta suas particularidades conforme o fabricante, o modelo, método de aferição da glicose, condições de utilização e de armazenamento. Para um resultado fidedigno da medição da glicose, é indicado o uso de tiras de teste adequadas para o aparelho e lancetas descartáveis. 
A determinação de glicose no sangue utilizando glicosímetro apresenta algumas vantagens em relação ao teste padrão, como praticidade, rapidez na obtenção dos resultados, uso de pequena quantidade de sangue e custo relativamente baixo. No entanto, esse teste pode apresentar incurácia por uma série de fatores que envolvem questões como pacientes instáveis hemodinamicamente, via de coleta de sangue, tiras com mau funcionamento ou perda enzimática, armazenamento das tiras, erro ou esquecimento de calibrar o glicosímetro ou das tiras antes da realização do exame; bem como a ausência da higienização das mãos ao realizar o processo e a administração de alguns medicamentos que podem causar alteração nos valores da glicemia.
O teste laboratorial de referência ainda é considerado o teste padrão ouro na dosagem de glicose. Isso pode ser explicado pelo fato de existir pouca literatura científica que evidencia os resultados confiáveis do glicosímetro e também, pela falta de informação na educação do paciente diabético. 
2.3.1 Bioquímica do Glicosímetro
Os glicosímetros são compostos por uma fita reagente que entra em contato com um reflectômetro. Onde, na maioria dos sistemas, a glicose do sangue capilar é oxidada para ácido glucônico e peróxido de hidrogênio após o contato do sangue nas fitas reagentes, que contêm glicose oxidase e peroxidase . Esta reação altera a cor da fita, e pode ser interpretada de duas formas: pelo método fotométrico ou pelo método amperométrico.
Nos sistemas fotométricos, o resultado da glicemia é obtido por meio da intensidade da alteração de coloração. Por vezes, esses glicosímetros possuem a capacidade de interpretar um único comprimento de onda, embora alguns glicosímetros utilizam o método fotometria de absorbância possam interpretar mais de um comprimento de onda. Existem também sistemas fotométricos de monitorização de glicose baseados na avaliação de reação de glicose com a hexoquinase. Quando o sangue é aplicado à tira reagente, a glicose é fosforilada em glicose-6-fosfato. Este é depois oxidado com redução concomitante do NAD. O NADH formado é diretamente proporcional à quantidade de glicose presente na amostra. Em seguida, o NADH, na presença de outra enzima, reduz o corante e um produto colorido é gerado. A tira com o sangue capilar é inserida no fotômetro, que mede a reflectância da reação, sendo então utilizado um algoritmo para calcular e quantificar a glicose daquela amostra.
Nos sistemas amperométricos, se utiliza a medida eletrônica da luz que é refletida da fita reagente. A quantificação é feita pela medida da corrente que é produzida quando a glicose oxidase catalisa a oxidação da glicose a ácido glucônico ou quando a glicose desidrogenase catalisa a oxidação de glicose para a gluconolactona. Os elétrons gerados durante esta reação são transferidos a partir do sangue para os eletrodos. A magnitude da corrente resultante é proporcional à concentração de glicose na amostra e é convertida para uma leitura no monitor.

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