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Disciplina: Prevenção, Mediação e Resolução de Conflitos INSTITUTO INTEGRADO DE ENSINO DE SEGURANÇA PÚBLICA Slides elaborados pelo Maj PM Sette Instrutor: Cap PM Barbalho SOBRE OS CONFLITOS As pessoas representam o somatório de suas experiências de vida então é natural que tenham divergências de percepções e ideias, que no relacionamento são antagônicas, transformando-se, muitas vezes, numa situação conflitiva, podendo ser leve ou profunda, fato comum, inevitável e necessário na existência de um grupo. SOBRE OS CONFLITOS Dependendo de como o conflito é tratado, a intensidade, o cenário e sua evolução, ele pode trazer consequências positivas, tais como a busca de novas soluções para um problema, o estímulo e a curiosidade para vencer desafios, assim como pode, como consequência negativa provocar destruição em vários sentidos, enfim pode provocar mudanças nas pessoas, nos grupos e na sociedade. ➢ Desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema de interesse comum. ➢Conflitos representam a dificuldade de lidar com as diferenças nas relações e diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses, necessidades e pontos de vista. ✓ Briga já é uma resposta ou consequência do conflito. ✓ Um conflito pode ser definido como a diferença entre duas metas sustentadas por agentes de um sistema social. ✓ Ignorar os conflitos da vida; ✓Responder de forma violenta aos conflitos; e ✓Lidar com os conflitos de forma não violenta, por meio do diálogo. ✓ É a resposta que se dá aos conflitos que os torna negativos ou positivos, construtivos ou destrutivos. ✓ A questão central é como se resolvem os conflitos: se por meios violentos ou através do diálogo. É importante e conveniente procurar compreender a dinâmica do conflito e suas variáveis, para ter um diagnóstico razoável da situação. A natureza das diferenças - pontos de vista e interesses divergentes; Os fatores subjacentes – informações, percepções e papel que ocupam na sociedade; O estágio de evolução do conflito – momento em que o conflito se encontra. Estimular o pensamento crítico e criativo; Melhorar a capacidade de tomar decisões; Reforçar a consciência da possibilidade de opção; Incentivar diferentes formas de encarar problemas e situações; Melhorar relacionamentos e a apreciação das diferenças; e Promover a autocompreensão. ✓ É preciso mudar atitudes, crenças e comportamentos. ✓ A educação para a paz reconhece o conflito como um meio para o desenvolvimento: que não busque a eliminação do conflito, mas sim, modos criativos e não violentos de resolvê- los. Prevenção do conflito Resolução Transformação XI. Caminhos para resolução do conflito A prevenção do conflito – desenvolvendo a sensibilidade à presença ou potencial de violência e injustiça e a capacidade de análise do conflito; XI. Caminhos para resolução do conflito A resolução – o enfrentamento do problema e a busca de mecanismos institucionais; A transformação – em vista de estratégias para mudança, reconciliação e construção de relações positivas. XI. Caminhos para resolução do conflito Característica fundamental – participação das partes envolvidas, mediante o uso do diálogo, na busca de um consenso ou de uma solução ganha-ganha. TEORIA GERAL DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS O Estado Democrático de Direito, no Brasil, foi instituído a partir da Constituição Federal, promulgada em 1988, que elegeu como fundamentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político. Assim, ao adotar esses fundamentos e buscando assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, orientou e abalizou instrumentos para uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica dos conflitos. I. INTRODUÇÃO • O método alternativo de solução de controvérsias denominado de Mediação de Conflitos seria, pois, um destes instrumentos por possibilitar a transformação na visão que as pessoas têm sobre os conflitos, assim como fomentar a comunicação pacífica.(COSTA, 2010) I. INTRODUÇÃO I. INTRODUÇÃO A mediação possui potencial especial para os conflitos oriundos de relações continuadas ou cuja familiares ou continuação seja importante, como as relações de vizinhança, porque permitirá o restabelecimento ou aprimoramento dessas interações. Nesses casos, a mediação possibilita a compreensão do conflito pelas partes, para que possam melhor administrá-lo e evitar novos desentendimentos no futuro. Para Moore (1998), a mediação é o aperfeiçoamento do processo de negociação envolvendo a interferência aceita de uma terceira parte que tem poder limitado e não autoritário, auxiliando as demais partes a chegarem a um acordo aceitável e voluntário. II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO Segundo Riskin (2001), a mediação é uma negociação facilitada onde um terceiro imparcial auxilia as partes a resolver o conflito ou a planejar uma transação. A processo autocompositivo quemediação é um possui três características fundamentais: voluntariedade, intervenção de um terceiro e sujeitabilidade aos resultados, onde o mediador deve ter neutralidade e imparcialidade. II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO • Neutralidade: diz respeito ao relacionamento e comportamento entre mediador e participantes; • Imparcialidade: diz respeito à ausência de tendência ou preferência do mediador a favor de um participante em desfavor do outro. II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO De acordo com Six (2001, pág. 287), a mediação de conflitos é um procedimento facultativo expresso que requer o acordo das pessoas envolvidas, livre e de se engajarem em uma ação (a “mediação”) com a ajuda de um terceiro independente e neutro (o “mediador”), especialmente formado na matéria. II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO Para Vezzula (1995, pág. 15), a mediação é uma técnica de resolução de conflitos não adversarial que, sem imposições de sentenças ou laudos e através de um profissional, mediador, devidamente formado, ajuda as partes em disputa a encontrarem seus verdadeiros interesses e preservá-los num acordo criativo onde as duas partes saem vitoriosas. A mediação de conflitos é um instrumento, que favorece a apropriação de direitos, de acesso a bens e serviços, de inclusão, de fortalecimento e valorização de comunidades que se utilizam desta metodologia. II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS (Braga Neto 2009) • Informalidade: O procedimento da mediação é flexível, extrajudicial, atende as peculiaridades de cada caso, respeitando a manifestação da vontade dos mediandos. De acordo com Sales (2003), se for a vontade dos mediandos, os acordos podem adquirir validade jurídica, podendo ser homologados, transformados em títulos públicos executivos extrajudiciais, ou objetos contratuais; • Imparcialidade: (“Multiparcial”), o mediador é passivo- ativo, na medida em que é imparcial, mas catalisa e torna possível ocorrer o processo da mediação; II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO II. CONCEITOS DE MEDIAÇÃO PRINCÍPIOS DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: •Autonomia das partes (empoderamento): Os mediandos têm o poder de decisão sobre a questão conflituosa, o acordo não precisa ser a melhor saída jurídica e sim a opção mais adequada eleita pelos envolvidos; •Mediador capacitado: O mediador deve ter a capacidade de entender a dinâmica do conflito, de competências, é imprescindível que ser hábil na comunicação, dentre outras tenha formação técnica. Segundo Sampaio e Neto (2007, pág. 21 e 22), a natureza do conflito e a capacitação do mediador definem os diferentes estilos de prática da mediação. Assim, tem-se: • o modelo tradicional, que tem como foco o acordo e a satisfação individual das partes; • o modelo transformativo, fundamentado na teoria sistêmica, que busca antes a transformação das pessoas, a revalorização pessoal e o reconhecimento da legitimidade do outro - o acordo é apenas consequência;• o modelo circular-narrativo, que se fundamenta na comunicação e causalidade circular, cuidando-se dos vínculos e fomentando a reflexão a fim de resultar em uma história colaborativa. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard Segundo Fisher, Ury e Patton (2005, pág. 33-113) e referendado por Vasconcellos, (2008, pág. 73), a prática da mediação, em sua versão moderna, seguiu, inicialmente, os preceitos da negociação cooperativa baseada em princípios, desenvolvida pela Escola de Harvard. Ali foram elaborados conceitos e procedimentos, por exemplo, sobre: 1) “posição” (atitude polarizada e explícita dos disputantes) e “interesses” (subjacentes e comuns, embora contraditórios ou antagônicos, a serem identificados); 2) técnicas de criação de opções para a satisfação dos interesses identificados; 3) a necessidade de observação dos dados de realidade ou padrões técnicos, éticos, jurídicos ou econômicos; 4) a importância de separar o conflito subjetivo (relação interpessoal) do conflito objetivo (questões concretas). III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard Esses conceitos eram aplicados enquanto técnicas de negociação, priorizando-se o conflito objetivo ou o problema concreto, com vistas ao acordo negociado. De acordo com Vasconcellos (2008, pág. 74), esses procedimentos e técnicas, desenvolvidos a partir dos anos cinquenta do século passado, destinaram-se, inicialmente, a contribuir para a superação dos impasses nas negociações da Guerra Fria entre Estados Unidos e antiga União Soviética. Foram utilizados conceitos de psicanálise e linguística sobre comunicação e construção do discurso, para uma melhor compreensão do conflito manifesto e do subjacente. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard Ainda de acordo com Vasconcellos (2008, pág.74), a negociação, em seu sentido técnico, deve estar baseada no princípio da cooperação, pois não tem por objetivo eliminar, excluir ou derrotar a outra parte. Nesse sentido, ela adota, conforme a natureza da relação interpessoal, um modelo integrativo ou um modelo distributivo. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard • O modelo integrativo é aquele, adotado nas parcerias, alianças, relações de interdependência, em que manter ou conseguir um relacionamento de longa duração é importante (busca-se ampliar, expandir, o campo reconhecido como de interesses comuns). Prioriza-se a análise de problemas e oportunidades para a tomada de decisão. É uma negociação que tem a característica de um planejamento compartilhado • O modelo distributivo é o adotado nas negociações episódicas, sem perspectiva de geração de rede ou parcerias, alianças, relações de interdependência, etc. (busca-se dividir ou trocar entre as partes o campo de interesses em disputa). Os interesses comuns estão subjacentes. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard A mediação seria um terceiro modelo de negociação cooperativa, denominado negociação com apoio em terceiros, onde se busca um terceiro, o mediador de confiança, que possa facilitar uma solução. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard As técnicas de negociação adotada na mediação satisfativa, segundo Vasconcellos (2008, pág. 75-78) são: • Separar as pessoas do problema; • Concentrar-se nos interesses e não nas posições; • Identificar opções de ganhos mútuos; • Insistir em critérios objetivos; • Conhecer as suas chances de retirada. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação Satisfativa, Tradicional ou de Harvard A mediação satisfativa adotou todas essas técnicas desenvolvidas pela Escola de Harvard. Esse modelo focado no acordo e baseado em princípios inspira o andamento processual de outros modelos, inclusive modelos focados na relação. Assim, a mediação satisfativa, em seu andamento processual, é paradigma para os demais modelos de mediação. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação circular-narrativa O modelo foi desenvolvido por Sara Cobb e trata-se de todo um processo criativo decorrente da agregação ao modelo satisfativo ou tradicional, de Harvard, da contribuição da teoria geral dos sistemas, muito especialmente da terapia familiar sistêmica, da cibernética, da teoria do observador, da teoria da comunicação, da teoria da narrativa, etc. Nesse modelo, a obtenção do acordo deixa de ser o objetivo prioritário para se tornar uma possível consequência do processo circular-narrativo. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação circular-narrativa Parte-se do reconhecimento da importância da arte da conversa, o que nos possibilita adquirir outros aprendizados e a desenvolver nossa própria arte de conversar com outros seres humanos. A mediação é concebida como um processo dialógico que se dá na comunicação. O único material com que se conta neste tipo de mediação é com o processo conversacional. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação circular-narrativa Assim, conforme refere-se Marinés Soares (2005, pág. 241-242) e Vasconcellos (2008, pág. 81), a tarefa do mediador é: 1) desestabilizar as histórias; 2) possibilitar que se construam novas histórias. É nesse sentido que devem ser aplicadas as técnicas, sempre com a perspectiva de que é mais importante a sua assimilação pelos mediandos do que a sua mera aplicação. De que adianta uma reformulação, uma conotação positiva, etc., se estas forem rechaçadas pelos mediandos? III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A Mediação circular-narrativa Ainda de acordo com Soares (pág. 244-304), o conjunto de técnicas utilizadas no modelo circular-narrativo, engloba: • as microtécnicas (aplicadas sobre o aspecto inicial das narrativas), • as minitécnicas (aplicadas sobre desdobramentos mais amplos das narrativas, mas ainda não sobre a sua totalidade), • as técnicas propriamente ditas (que permitem a construção da história alternativa desestabilizadora das histórias prévias) e • as macrotécnicas (confluência de todas as técnicas no encontro de mediação). III. MODELOS DE MEDIAÇÃO III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A MediaçãoTransformativa A Mediação Transformativa foi buscar nas experiências anteriores alguns dos seus procedimentos. Na transição para a mediação transformativa deve ser considerada a importante contribuição da mediação sistêmica, que teve seu maior desenvolvimento na área dos conflitos familiares, a partir da terapia sistêmica de família ou de casais, conforme se refere Vezzulla (2006, pág. 87) e Vasconcellos (2008, pág. 85). Ela acolhe, portanto, técnicas da mediação satisfativa, aspectos da terapia sistêmica de família e os elementos do paradigma da ciência contemporânea, tais como a complexidade, a instabilidade e a intersubjetividade. A MediaçãoTransformativa O modelo de mediação transformativa, desenvolvido por Bush e Folger (1996), busca o crescimento moral dos participantes do processo de mediação por duas vias: 1) na capacitação, ou seja, no auto-reforço que ocorre quando os participantes conscientizam-se de seus próprios objetivos, interesses, opções e recursos, na sua capacidade para organizar e apresentar argumentos, e na sua capacidade de tomada de decisão consciente; 2) no empowerment conjugado com o reconhecimento da situação e do outro ou empowerment livre reinterpretação da sua ação. O termo deve ser entendido aqui como um processo dinâmico onde o sujeito, a partir de suas ações, é parte de um processo em permanente construção. III. MODELOS DE MEDIAÇÃO III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A MediaçãoTransformativa Empoderar significa muito mais do que “transferir” ou “tomar posse” de elementos que permitam a estes transitar nos meandros decisórios de sua coletividade, mas sim, fornecer subsídios a estes para que possam tornar-se cidadãos críticos e conscientes de sua posição enquanto indivíduo histórico, liberto dos diversos tipos de desigualdade. (BAQUERO, 2005). III. MODELOS DE MEDIAÇÃO A MediaçãoTransformativa Dentrodeste modelo, complementar à visão de Bush e Folger, encontra-se a perspectiva desenvolvida por Lederach (2003), denominada de Teoria da Transformação do Conflito, que descreve essa transformação como uma lente e uma estratégia para abordar o conflito. De acordo com Lederach (1998, pág.118-9), a transformação de conflitos é uma proposta diferente de observação dos fatos a partir de diversas lentes para se compreender o conflito no âmbito individual e social, examinando-se, o presente, o passado e o futuro, sendo primeiro, a situação imediata; em seguida, a situação vivida; e, por último, encontrar um marco de convergência com o qual se possa criar uma base de atuação para que os indivíduos envolvidos possam discutir o conteúdo, o contexto e as estruturas das relações de forma cooperativa - aqui eles começam a buscar respostas ou soluções criativas. (COSTA, 2010, pág. 235). Christopher Moore (1998, pág. 130-131), ao definir critérios para a escolha de quem deve participar da mediação, indica a participação daqueles que: • “têm o poder ou a autoridade para tomar uma decisão; • têm capacidade, se não estiverem envolvidos, de não inverter ou prejudicar um acordo negociado; • conhecem e compreendem as questões em disputa; • têm habilidade para a negociação; • têm controle sobre suas emoções; • são aceitos pelas outras partes; • têm demonstrado compromisso ou estão dispostos a se comprometer na barganha de boa-fé; • têm o respaldo e o apoio de seus constituintes”. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO São etapas da mediação: • A pré-mediação • Abertura • Entrevistas individuais • Criação de opções ou brainstorming session • Avaliação e escolha das opções • Solução ou acordo IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO A pré-mediação As entrevistas de pré-mediação contribuem para que os participantes possam ser iniciados na capacitação dos seus futuros papéis de protagonistas, responsáveis com maior desenvoltura à resolução dos seus conflitos; para que os mediadores possam identificar possível irregularidade que comprometa a atuação de ambos ou de algum dos sujeitos envolvidos na disputa e para que possam recomendar ou proceder ao encaminhamento a outro método restaurativo, preventivo ou repressivo. Além disso, as entrevistas de pré-mediação são vantajosas porque as narrativas, as escutas ativas e as perguntas ajudam na eliminação de equívocos, aumentam a auto- estima e proporcionam a assimilação de novas atitudes e abordagens por parte dos sujeitos em disputa. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO A Pré-mediação Como ocorre a pré-mediação? Ao receber o demandante, o Mediador procurará criar um clima de confiança e serenidade, atendendo gentilmente e fazendo a entrevista de pré-mediação a fim de se verificar se o caso comporta o procedimento de mediação. A Pré-mediação Como ocorre a pré-mediação? Caso o demandado compareça, o Mediador o receberá com a mesma gentileza e imparcialidade, escutando ativamente e realizando a entrevista de pré-mediação, também para obter esclarecimento sobre o conflito e, do mesmo modo, oferecendo e explicando o que é mediação. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Abertura Nesta primeira etapa, o mediador recebe os mediandos em entrevistas individuais, acolhendo-os, se apresentando de modo sereno e agradecendo a presença dos participantes e destaca o acerto da opção. Em seguida o Mediador deve adotar as seguintes providências: IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Abertura a) Explicar o papel do mediador, qual seja o de não ter poder de decisão, não ser juiz, trabalhar como facilitador dos mediandos, ajudando-os a examinar e expressar suas posições e interesses, ser imparcial, ou seja, declarando não ser amigo íntimo ou parente e que não é ou foi chefe ou chefiado por quaisquer dos participantes, declarando-se independente e apto a atuar com diligência e isenção; IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Abertura b) Descrever o processo da mediação como um procedimento informal com preceitos de igualdade de tratamento e da linguagem na primeira pessoa (linguagem “eu”), com a revelação de informações aos outros participantes apenas com autorização de cada parte, com a possibilidade de entrevistas individuais (caucus) e com a oportunidade de participação de terceiros ou de advogados solicitados pelos participantes. Descrever, ainda, o processo a ser seguido, como o tempo das entrevistas e das sessões, o local, os participantes, as regras de fala e tempo de fala de cada participante. Informar que o mediador não poderá revelar os assuntos tratados na mediação, daí por que não poderá testemunhar em favor de ninguém a respeito dos assuntos tratados na mediação; IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Abertura c) Assegurar a existência e manutenção da confidencialidade e explicar as exceções que poderão advir, nas hipóteses em que os fatos narrados configurem infrações penais de maior potencial ofensivo, que se processem mediante ação penal pública incondicionada, e que em face da sua gravidade, e da aplicação do Princípio da Proporcionalidade, exijam a imediata comunicação à Autoridade Policial; IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Entrevistas Individuais Esta segunda etapa se inicia após a abertura e a assinatura do Termo de Esclarecimentos e Adesão ao Procedimento de Mediação de Conflitos. As entrevistas serão realizadas separadamente com cada um dos participantes, a partir daqui denominados demandante e demandado. O mediador solicita ao participante para narrar o problema trazido à mediação. Tais narrativas são necessárias, mesmo quando já tenham sido anteriormente efetuadas, por cada um dos participantes, separadamente, em entrevistas de pré-mediação. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Entrevistas Individuais • Não se recomenda interromper os mediandos em suas primeiras intervenções. • Quando o mediando tiver dificuldades na expressão oral, deverá o mediador estimulá-lo com perguntas. • A comunicação a ser adotada pelo mediador deve ser construtiva, numa abordagem transformativa, acolhendo e encorajando os mediandos a lidarem com os seus conflitos. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Entrevistas Individuais O mediador ainda deve ficar atento ao esgotamento das narrativas por parte dos mediandos. Mesmo que os mediandos se dêem por satisfeitos em suas falas, cabe ao mediador observar se eles realmente se apropriaram dos respectivos argumentos - na mediação transformativa busca- se a eliminação de ambiguidades e, portanto, a apropriação de atitudes conscientes e auto-afirmativas pelos participantes. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Criação de Opções ou brainstorming session • Refere-se a pactos momentâneos entre os mediandos, em que expressam suas idéias, sem julgamento de validade ou compromisso. • Não se trata de propostas conclusivas e sim, de busca de alternativas e propostas com criatividade. • O mediador competente é aquele que auxilia os mediandos a inventarem opções criativas. • Para isto ele precisa separar as invenções e criações das decisões, pois não se trata aqui de julgá-las, mas de ampliar o leque de opções lançadas à mesa, ao invés de restringi-las; de buscar benefícios mútuos com as opções; e de criar meios para facilitar as decisões dos participantes. IV - ETAPAS DA MEDIAÇÃO Sessão conjunta ou abertura do “ciclo de mediação”, com a presença de envolvidos, mediadores e demais pessoas interessadas. Todos serão informados preliminarmente, do objetivo do ciclo, ou seja, de favorecer a construção de um acordo moral, por intermédio de uma solução alternativa, aberta e pacífica para o conflito. Enfim, demonstrando que mesmo diante das controvérsias, há sempre a possibilidade para que todos saiam vencedores. Os mediadores deverão se certificar que os participantes tenham orientação sobre o que estão a decidir, pois, do contrário, ainda não se encontrarão aptos a firmarem um acordo. Caso seja necessário, pausas técnicas devem ser proporcionadas aos participantes, para que busquem essas orientações ou mesmo para que os mediadorespossam oferecê- las. • As pausas técnicas consistem em interrupções nas entrevistas individuais ou nos ciclos de mediação, a fim de promover aos mediandos orientações, ou mesmo para que os mediadores possam trocar ideias, analisar a situação apresentada pelos participantes ou programar a continuidade do atendimento ou procedimento. • As orientações qualificadas consistem em esclarecimentos acerca de fatos, acesso a direitos e deveres e encaminhamentos à rede parceira. Sua finalidade é promover a responsabilização, autonomia, empoderamento, emancipação na busca pelos direitos e ao exercício da cidadania. Qualquer orientação pode ser buscada pelos mediandos a terceiros ou mesmo dada pelos medidores durante qualquer etapa da mediação. Entretanto, a orientação qualificada será dada pelo mediador aos participantes, quando não for possível ou não houver interesse pela mediação. SOLUÇÃO OU ACORDO • verificar viabilidade de execução • verificar igualdade dos termos do acordo • verificar o entendimento das partes ENCERRANDO A MEDIAÇÃO • agradecer e dar conotações positivas ao comportamento e pela escolha da resolução pacífica para a controvérsia • se mostrar disponível, caso precisem retornar DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO PERGUNTAS Tipo de perguntas: • Abertas • Restritas • Fechadas • Tendenciosas DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Objetivo das perguntas: • Esclarecer • Sugerir • Estimular • Encorajar a participação • Focalizar • Explorar alternativas • Conduzir a conclusão do processo • Avaliar DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Abertas Ajudam a dar início ao processo • “O que traz você aqui?” • “Fale-me mais sobre isso”. • “Não estou certo se entendi. Você poderia ser mais especifico?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Informativas Para obter fatos e/ou opiniões. • “Quanto custa seu aluguel?” • “Você poderia descrever seu apartamento?” • “Qual a idade de seus filhos?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Esclarecedoras Para tornarem ideias gerais e abstratas mais especificas. • “O que você quer dizer com ‘ela nunca retorna minhas ligações’?” • “Como você gostaria de ver isso resolvido?” • “O que você propõe para alcançarmos isso?” • “Quando você diz que deseja ser tratado com respeito, o que você quer dizer?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Justificativas Saber porque uma parte defende uma posição. • “O que você pensa...?” • “Como isso resolverá o problema?” • “Como você pensa que a outra parte responderá?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO – PERGUNTAS Hipotéticas Introduzem ideias na discussão • “O que você acha que aconteceria se você escolhesse essa opção?” • “E se o Sr. X consertasse seu sofá?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Incentivadoras Estimular: encorajar novas ideias/soluções • “Há outros modos de se resolver este problema?” Participação: encorajar a apresentação de idéias/necessidades. • “O que você pensa sobre isso, Maria?” • “Como essa ideia soa a você, Pedro?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Focais Reforçar as questões centrais. • “Como devemos prosseguir?” • “Como isso se relaciona com a questão do(a)...?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Alternativas Comparar duas ou mais alternativas. • “Qual dessas duas opções você considera ser melhor?” • “Ambas opções atendem suas necessidades?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Conclusivas Encorajar a tomada de uma decisão. • “Debruçamo-nos o suficiente questão?” nesta • “Vocês querem pensar um pouco mais sobre ela e decidir mais tarde?” • “Concordamos com o seguinte...?” DESENVOLVENDO A DISCUSSÃO - PERGUNTAS Avaliativas Facilitar as partes a avaliar seu progresso e as possibilidades futuras. • “Por que estamos travados em relação a esta questão?” • “O que acontecerá se fizermos isso?” • “E se...?” Obstáculos frequentes à mediação Ao mediador: •Pressupor conhecimento da mediação •Defender incondicional a mediação •Ter uma visão unívoca e não questionadora do seu papel de mediador •Auto se defender diante de mediações realizadas ou de atitudes tomadas durante a mediação. Aos mediandos: •Viver dos benefícios do conflito: o não preparo para viver sem o problema.