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CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO AULA 2 Profª Elaine Cristina Hobmeir CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a) à nossa segunda aula da disciplina de Criatividade e Inovação. Nesta aula, abordaremos diversos tópicos relacionados à criatividade, os quais fazem referência à atividade criativa, ao processo criativo e seus componentes. Vamos tratar das barreiras da criatividade e também dos estímulos à criatividade e à medição da criatividade. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO O que Leonardo da Vinci, Michelangelo, Isaac Newton e Albert Einstein têm em comum? Foram grandes gênios da nossa história, personagens que transbordaram criatividade. Cada ser humano pensa de maneira diferente, tem crenças e gostos distintos e durante a vida vivencia várias ideias originais, porém muitas delas não são colocadas em prática. A criatividade, assim como a inteligência, é algo que todos temos, em maior ou menor medida, ou seja, somos dotados dela. Quantas vezes não tivemos aquela ideia “louca” que não contamos a ninguém por medo de rejeição ou de nos acharem insanos? No entanto, são essas ideias que muitas vezes são nosso diferencial competitivo. Para exercitar a criatividade, pense em diferentes usos para objetos do cotidiano, por exemplo, um clipe. Além de prender papel o que mais ele pode fazer? Você deve ter respondido prender papéis, certo? Mas vamos pensar em outras utilidades desse objeto: unir cabos soltos, marcar páginas de um livro, fixar recados, proteger lâmina de barbear, organizar cabos, fechar pacotes de salgadinhos, prender dinheiro, organizar itens faltantes de uma geladeira, ordenar chaves. O clipe pode ainda ser suporte para fotografias, lista de 3 compras e celulares. Quantas utilidades para um simples clipe de papel, não é mesmo? Muitas delas surgem devido à necessidade. Todos nós temos redes neurais criativas. Essas redes são divididas em três tipos: a padrão, quando o cérebro está gerando ideias ou apenas imaginando, a de controle executivo, que é acionada na tomada de decisões, e de saliência em que o cérebro discerne se a ideia é relevante ou não. A ciência estuda o mecanismo de geração de ideias há anos e identificou que essas redes não funcionam simultaneamente; quando se ativa uma delas, as outras duas são desativadas. O cérebro criativo se conecta de um modo diferente, pois é capaz de ativar sistemas que normalmente não funcionam juntos. Nem todo pensamento será genial, mas alguma coisa boa poderá sair de uma imaginação criativa. Pode notar que quando você precisa criar algo, há metas, prazos e encomendas para cumprir a ideia não aparece. Porém, quando você não pensa em nada a ideia surge acidentalmente. É aquele instante de inspiração divina, um momento “eureka”. Mas isso não ocorre sempre. Portanto, não se engane achando que ao ficar ocioso as ideias de projetos ou produtos surgirão em sua cabeça. Para que a criatividade ocorra, é importante que a pessoa tenha uma vasta bagagem de referências e, por isso, é importante o conhecimento, ficar atento ao que está sendo utilizado, ler artigos, livros, assistir a filmes, ouvir músicas. Observar como as pessoas se comportam e reagem aos estímulos é fundamental para esse processo. Expandir horizontes é essencial para um processo criativo. Vamos tentar? 4 TEMA 1 – A ATIVIDADE CRIATIVA Um dos principais aspectos relativos aos processos de renovação das estruturas administrativas nas empresas, independentemente de seu porte, busca um estado de criatividade e inovação constantes. É esperado que ele seja inserido na cultura organizacional e absorvido pelos colaboradores, sem que qualquer distinção de hierarquia se faça presente. Neste contexto, entra em foco a necessidade de mudanças na aprendizagem organizacional, que pode facilitar maior integração e engajamento dos colaboradores voltando-se especificamente para a teoria da atividade criativa. A principal característica desta proposta e que lhe dá um diferencial em relação às “melhores práticas administrativas” é que ela é situada na análise das atividades humanas. Seu estudo teve início com as colocações de uma série de pesquisadores e recebeu o nome de teoria da atividade. Ela tem um viés teórico de sustentação extenso e dividido em escolas. Não é nosso propósito destrinchar as ideias complexas da teoria da atividade. Interessa-nos, nesse momento, saber como ela pode agir no que diz respeito ao incentivo ao desenvolvimento de um clima organizacional altamente favorável ao desenvolvimento da criatividade. Tal interesse nos leva a adjetivar a teoria da aprendizagem e dar a ela a designação de teoria da atividade criativa, sem que nada seja alterado nos estudos desenvolvidos sobre a teoria da atividade por si própria. Isso aconteceu quando os processos criativos organizacionais voltaram os olhos para a teoria da atividade e uma imbricação parece ter sido projetada, devido ao seu encaixe com as necessidades de aprendizagem organizacional. Esse encaixe se deve à forma de chamar a criatividade dos colaboradores com a utilização de uma situação multifacetada de interações interconectadas. O ovo de Colombo, por exemplo, surgiu quando a teoria da atividade passou a ser utilizada e permitiu explorar as interações de todos os colaboradores (algo similar a uma caixinha de melhorias em algum aspecto particular). A disrupção que se pode obter deriva da aplicação de um processo dialético desenvolvido sobre o que os colaboradores faziam que foi 5 desconstruído para, na sequência, haver um processo de criação inovador, aplicado aos mesmos temas tratados durante o processo de desconstrução. O processo de criatividade ganha grande impulso e tem um melhor aproveitamento quando sua aplicação altera os modelos de negócios criados e gera condições de inovação diferenciadas em relação ao que a concorrência desenvolve. Esta é a teoria do oceano azul (Kim; Mauborgne, 2015) que orienta as empresas a adotar a criatividade como a bússola que direciona suas ações para o ponto certo, um norte seguro. Esse processo de desconstrução e reconstrução mostra as contradições cometidas pelas pessoas ao aplicarem diretamente a teoria da atividade, permitindo que as tempestades cerebrais (brainstorming) aproximem os colaboradores de um conjunto de ideias centrais, focadas no processo de criatividade que a empresa deseja estabelecer. Uma das principais vantagens da aplicação da teoria da atividade em ambientes de trabalho é que ela considera o todo como um sistema holístico que inclui as equipes e a própria organização. Nesse caso, ela leva em consideração a cultura, os valores e as histórias pessoais, além do ambiente no qual o sujeito está inserido. Também considera a mediação que há entre os objetivos e os artefatos e compreende a consciência da atividade. O ponto central transita por momentos de estudos e análises teóricas e se volta para a prática durante a qual o colaborador se torna um protagonista e não apenas mais um “palpiteiro” sobre assuntos que nunca vivenciou. Aqui se revela o inelutável relacionamento entre a teoria e a prática. Os colaboradores trazem experiências de vida e o que aprenderam na fase acadêmica, sendo burilados em atividades de coaching. O resultado é uma empresa leve, transformada em uma organização aprendente que busca orientar seus colaboradores a tomar nas próprias mãos o destino da empresa. Cada um se comporta como se fosse o dono do negócio e apresenta um desempenho que pode superar o relacionamento tradicional entre patrão e empregado. Saiba mais Leia o artigo disponível no link < https://www.bbc.com/portuguese/geral- 43148020>. O texto encontra-se na página do Portal BBC e trata de como funciona o cérebro das pessoas criativas. 6 TEMA 2 – O PROCESSO CRIATIVO E SEUS COMPONENTESUm dos temas apresentados na primeira aula foi o modelo do processo criativo de Wallas, que é composto por quatro etapas: preparação, incubação, iluminação e verificação. Esse modelo é utilizado até os dias atuais e apresenta uma visão simplificada do processo criativo. Os professores Penteado, Mirshawka e Mirshawca Júnior afirmam que o modelo apresentado por Wallas apresenta o momento de criação de ideias em uma “caixa-preta”, criticando o passo fundamental para o processo criativo. Em oposição ao modelo de Wallas, Hiam, um norte-americano especialista em marketing e criatividade, desenvolveu um novo modelo de processo criativo, flexível e não linear, que não engessa a criatividade. Esse processo compõe-se de etapas. Vamos conhecer cada uma delas? • 1.ª etapa – Reconhecimento de insights: essa etapa está relacionada às características da pessoa criativa, tais como: habilidade de análise, abertura a novas ideias e sensibilidade para resolver problemas. É nessa fase que o indivíduo reconhece as oportunidades de inovar. • 2.ª etapa – Geração de alternativas: nessa fase é importante a criação de alternativas para a escolha efetiva da ideia, por meio da fluência e da flexibilidade. • 3.ª etapa – Seleção de alternativas: como o próprio nome diz é nesta fase que há a seleção e os pontos positivos e negativos devem ser avaliados. É importante que haja bom senso e as críticas sejam construtivas. Nessa etapa, caso você trabalhe sozinho, é interessante se afastar um pouco do projeto e voltar a revê-lo sob outros ângulos. • 4.ª etapa – Repetição das etapas 2 e 3: devemos lembrar que o processo criativo é lento e trabalhoso. Por isso, algumas vezes, não encontramos a resposta imediatamente. • 5.ª etapa – Transferência das ideias para o mundo real: é nessa etapa que nasce realmente o produto ou serviço ou ainda a criação de uma nova estratégia ou criação artística. • 6.ª etapa – Aprendizado obtido do processo criativo: todo projeto é cíclico, nunca há o fim do processo, pois ele está sempre sofrendo mudanças. Se o produto acabar, é porque não é mais interessante. Nesse caso, chega-se na sétima etapa: o fim. 7 Além das sete etapas apresentadas por Hiam, temos os três princípios do processo criativo, que são parcialmente inspirados no trabalho de Plsek: atenção, fuga e movimento. Vamos falar um pouquinho sobre a atenção? Quando precisamos ser criativos devemos ter um objetivo e estar focados em busca de um problema ou oportunidade. É necessário nos concentrar no que deve ser resolvido e nos abrir para as percepções e possibilidades que, normalmente, estão ao nosso lado e mesmo assim não as identificamos. O que podemos fazer para tornar as coisas mais fáceis? Como podemos agilizar os processos? O que podemos fazer para tornar o produto mais leve, portátil e mais confiável? Quais são as possibilidades possíveis para a utilização daquele produto ou serviço? Se estivermos diante de um problema precisamos compreender a situação da melhor maneira possível, muitas vezes utilizando situações já ocorridas, verificando sempre os paradigmas para a solução desse problema. O segundo princípio é a fuga. Temos o hábito de concentrar nossa atenção no que está sendo desenvolvido ou no que já foi feito, mas, às vezes, precisamos escapar de nossos modelos mentais. Nessa hora é necessário identificar os bloqueios mentais que podem ocorrer e, principalmente, “sair da caixinha”. Se toda vez que você for a algum lugar fizer sempre o mesmo caminho, nunca saberá o que pode encontrar nas outras possibilidades, e às vezes pode ser a oportunidade de sua vida. O terceiro e último princípio é o movimento. Já falamos da atenção e da fuga e esse é o princípio que deve ser levado em consideração de maneira efetiva. O ser humano é condicionado a evitar mudanças e, por isso, escapar do seu modelo mental não é fácil. Esse é o princípio em que você deve dar asas à sua imaginação, gerar novas opções, fazer reflexões, criar as relações plausíveis sobre as ideias e os objetos propriamente ditos. 8 Figura 1 – Os princípios criativos Atenção Fuga Movimento A que? De que? Em que sentido? • Elementos da situação atual. • Características, atributos e categorias. • Diferenças e similaridades. • Suposições, padrões e paradigmas. • O que funciona e o que não funciona. • Coisas em que normalmente não prestamos atenção. • Ideias dominantes. • Pensamento convencional. • Restrições mentais atuais. • Julgamentos prematuros. • Barreiras e regras. • Suposições. • Experiências passadas. • Tempo e lugar. • No tempo e no espaço. • A outro ponto de vista. • Do geral para o particular e vice-versa. • Livre associação de ideias. • Explorar conexões entre conceitos, tecnologias e objetos. Fonte: www.criatividadeaplicada.com O conhecimento e a utilização desses três princípios nos faz abrir caminho para a utilização de diversas técnicas ou métodos criativos que nos auxiliam de maneira direta. Saiba mais Leia o texto disponível no link <https://criatividadeaplicada.com/2007/02/10/o-processo-criativo/> que apresenta informações sobre o processo criativo. TEMA 3 – BARREIRAS/ BLOQUEIOS DA CRIATIVIDADE Ao longo dos anos ouvimos falar sobre criatividade e pessoas criativas, mas devemos lembrar que na maioria das vezes isso é influência do meio no qual estamos inseridos. Fomos ou não preparados para sermos criativos? Com o passar dos anos tivemos nosso poder criativo boicotado pela educação, pelos nossos pais ou pela sociedade. Esses bloqueadores devem ser conhecidos e vencidos para que o processo criativo volte. A maneira como percebemos o mundo e o nosso modelo mental pode influenciar positiva ou negativamente nosso processo criativo e até o florescimento de nossa criatividade. No decorrer dos anos, as crianças, ao se 9 tornarem adultas, perdem seu poder criativo, causado pelo processo de socialização. Ao crescerem e serem educadas aprendem que devem seguir padrões que muitas vezes as bloqueiam. Dê a uma criança objetos quaisquer e veja que em poucos segundos ela já criou um brinquedo e interage com ele. Dois copos descartáveis e um barbante viram telefone, as nuvens têm os formatos mais diversos, as bonecas e os bichos de pelúcia ganham nome e já são parte integrante de uma família criada pelas próprias crianças. A escola, em raras exceções, é um dos principais agentes desse bloqueio da criatividade infantil. A instituição que menos teve evolução é a escola. Continuamos em salas fechadas, com professores à frente dos alunos, sentados em carteiras e filas. E se as escolas mudassem? Se a informação e os conhecimentos fossem disseminados de uma maneira revolucionária? Essa é uma questão que é muito debatida, mas pouco aplicada. A padronização dos pensamentos inibe de maneira direta a criatividade infantil. Para que o processo criativo obtenha sucesso precisamos que haja um equilíbrio entre estabilidade e ruptura. Mas por que esse equilíbrio é necessário? Muitas vezes apenas uma evolução daquele produto ou serviço já funciona, porém, muitas vezes, deve-se haver uma ruptura em tudo que já foi feito, uma reengenharia para criar tudo do zero. Em 1964, Alvin L. Simberg fez uma relação dos bloqueios criativos e sua teoria até hoje é válida. No entanto, algumas amarras impedem as pessoas de criarem. A ideia principal de Simberg era que as pessoas utilizassem a criatividade no ambiente de trabalho, aspecto que segue sendo empregado até hoje. Dentro do contexto citado pelo autor, esses obstáculos podem ser apresentados em três formas: perceptivos, culturais e emocionais. Os perceptivos podem ser encontrados na dificuldade em perceber e dimensionar o problema em si; como não se consegue identificar o problema não se acha uma solução plausível. Outro bloqueio é quando se isolao problema: se você o isola não quer dizer que ele desapareceu, apenas que ele foi ignorado. Muitas vezes conhecemos o problema, mas não conseguimos transformá-lo em palavras. Em diversos momentos sabemos o que estamos tentando resolver, mas não conseguimos expressar aos demais. Ficamos muito 10 presos em imagens e, no caso da criatividade, precisamos exercitar os demais sentidos, pois eles nos fazem perceber as coisas ao nosso redor. Às vezes, a resolução de um problema pode resolver os demais, mas nem sempre isso funciona. Quando estamos no status quo acabamos ficando insensíveis à realidade, permanecendo em um status confortável, não queremos mudar nada, procuramos a comodidade. Outro fator importante é a distinção entre a causa e o efeito. Por vezes nos preocupamos muito com o efeito de um problema, todavia temos que nos preocupar com o que está fazendo com que ele apareça. Outro tipo de bloqueio que pode ocorrer é o cultural, no qual iniciamos nossa criatividade nos primeiros anos de vida, porém quanto mais o tempo passa mais somos podados e diminuímos nosso poder criativo. Quando iniciamos na vida profissional, a pressão começa e somos cobrados a todo o momento para criar, resolver problemas, inovar. No entanto, como se faz isso se devemos cumprir regras e normas? As instituições nos pedem para estimularmos a criatividade. Contudo, na prática, isso não se aplica, pois não podemos desenvolver nossos projetos porque eles não se enquadram nos requisitos organizacionais. Notaram como a criatividade é bloqueada por fatores externos ao longo dos anos? Podemos citar aqui os bloqueios emocionais. As emoções, por exemplo, são muito importantes para o processo criativo. A paixão e a inquietude podem fazer com que a pessoa fique cega diante dos problemas. Medo é uma das palavras-chave: medo de errar, de ser contestado, de algo fugir do controle. O medo é importante, mas deve ser controlado. Vencer o medo pode ajudar no processo criativo. Saiba mais Leia o texto disponível no link <https://procriatividade.com.br/tipos- bloqueios-a-criatividade/> que descreve os cinco bloqueios da criatividade que fazem suas ideias desaparecerem. TEMA 4 – ATIVADORES CRIATIVOS No tema anterior, tratamos dos bloqueadores e de como eles funcionam. Agora vamos apresentar os ativadores criativos. 11 Vários são os institutos que estudam esses ativadores. Normalmente, são aplicadas entrevistas para a complementação das pesquisas. Podemos dizer que “os ativadores da criatividade são pequenos jogos que têm como objetivo colocar os participantes de uma sessão criativa no modo de pensamento do hemisfério direito e devem ser usados antes e durante a fase de gerar ideias para manter a energia criativa em alta” (Briga, 2012, p. 154). Nota-se, então, que os ativadores criativos são táticas para estimular a criatividade. Temos vários exemplos, mas vamos citar os mais conhecidos e utilizados (Pearson, 2012). • Brainstorm ou turbilhão de ideias: é o mais conhecido dos ativadores criativos. Nesse caso, os participantes dizem tudo o que vem à cabeça sobre o tema proposto. Mas por que isso funciona? Porque surgem as mais variadas alternativas referentes ao objetivo proposto. • Busca interrogatória: diz respeito à busca interrogatória em que são apresentadas perguntas sobre o tema. Nessa tática, é interessante descobrir a que se refere o assunto e instigar a criatividade no processo. • Analogia inusual: nesse outro exemplo de ativador criativo há a comparação de dois elementos diferentes em que ocorre a busca de semelhanças e diferenças para chegar-se a um terceiro denominador. Nesse caso existe a busca por relações que podem ser distantes, mas que no fim se complementam. • Solução criativa de problemas: é feita em partes e faz com que os participantes sejam sensibilizados. Com isso, buscam-se possíveis erros. Na segunda fase, o problema é delineador, as causas e consequências são apresentadas e as soluções propostas, planilhadas e avaliadas. 12 • Metamorfose total do objeto ou projeto: procura-se imaginar como seria se tivesse outra forma, estrutura ou utilidade. Também se pergunta como ficaria se existissem em outros tamanhos ou cores. A grande jogada aqui é pensar fora da caixa. E se fosse diferente? • Jogo linguístico: nesse exemplo de ativador criativo os participantes “brincam” com as palavras, tentando quebrar paradigmas, criando novas palavras ou expressões. Busca-se flexibilizar o vocabulário ou criar um idioma novo (a língua do p). • Desmanche de frases: nessa tática há uma decomposição da estrutura lógica de uma frase. Procura-se buscar sinônimos e antônimos. Muitas vezes, por meio dessa mudança, podem surgir novos textos. • Análise recriadora de textos: o indivíduo deve recriar textos seguindo o estilo original, modificando-os. Para que isso ocorra de maneira efetiva, é preciso ler o texto, sublinhar as palavras-chave e mudar a estrutura ou a expressão do texto. Mas como o indivíduo aplica a sua criatividade nesse contexto? Por meio do processo de leitura, ele torna-se crítico, reflexivo e criador de texto. • Leitura recriadora de imagens: nessa tática devem-se observar as imagens e descrevê-las da maneira como estão aparecendo. Há a interpretação individual. Cada pessoa vê o objeto de uma maneira e transforma a imagem em uma visão verbal. • Projeto vital: busca simular o planejamento de um projeto. Cada participante deve imaginar como é cada uma das etapas a cumprir. Nessa atividade a pessoa deve sonhar, imaginar como funciona o planejamento e a execução de um projeto. Simulações funcionam efetivamente aqui. Se você for procurar na internet e em livros há uma imensa gama de técnicas para se ativar a criatividade. Aqui vimos as mais aplicadas e nas quais a criatividade pode ser estimulada. Essas táticas funcionam como detonadores do pensamento criativo em que há a busca interrogatória, a analogia e, é claro, a solução. Saiba mais Leia o artigo que se encontra no link <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/brainstorming-tempestade- 13 de-ideias,0f08000e96127410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Esse material trata do brainstorming: tempestade de ideias. TEMA 5 – MEDIÇÃO DA CRIATIVIDADE Podemos afirmar que a criatividade é uma das atividades mais marcantes do ser humano e que vem evoluindo ao longo dos anos. Sabemos que a criatividade não é completa e que também não é um dom divino, mas sim uma habilidade que pode ser aprimorada. Os mesmos fatores que podem maximizar os exercícios mentais também podem colaborar no desenvolvimento de capacidades criativas. A maioria dos métodos utilizados para medir a criatividade falhou, porém temos uma técnica de medição da criatividade chamada de teste de pensamento criativo de Torrance. É um teste subjetivo, pois depende do julgamento do avaliador. Alguns estudiosos em criatividade sugeriram certas características que as pessoas criativas podem ter. Conheça alguma delas. • Fluência: é medido o número de associações ou de ideias referentes a uma palavra, um conceito ou problema. • Variedade e flexibilidade: diversidade encontrada nas diferentes soluções que um indivíduo pode encontrar após explorar variadas soluções ou usos de algum objeto. • Habilidade de desenvolver soluções: o que outras pessoas não conseguem resolver pode se chamar de originalidade. • Elaboração: habilidade de ordenar uma ideia, expandi-la ou transformá- la em uma solução concreta. • Sensibilidade aos problemas: habilidade em reconhecer desafios centrais em uma tarefa como também todos os problemas que elas podem causar. • Redefinição: capacidade de enxergar o problema com uma perspectiva totalmente diferente. • Tolerância à ambiguidade: habilidade em aceitar um desafio singular ou trabalhar ao mesmo tempo com váriosprojetos. 14 O Teste de Torrance apresenta às pessoas entrevistadas algumas formas básicas e solicita a elas que as usem de forma combinada para completar uma figura inacabada. Lembre-se: esse teste é subjetivo, não há uma medição fiel da criatividade. Figura 2 – Teste de Torrance Fonte: <https://criatividadeaplicada.com/2007/12/18/como-saber-se-somos-muito-criativos/>. No teste apresentado o entrevistado deve, com base em uma forma original, usar, combinar e completar uma figura inacabada. O teste mede o grau de criatividade do desenho, ou seja, não se espera algo muito básico. Por curiosidade, baseado nos desenhos apresentados, tente criar figuras diferentes. Depois de finalizar o desenho, veja as quatro primeiras características (fluência, variedade e flexibilidade, originalidade e elaboração) e em quais delas você se destacou. Quais características você deve aprimorar para ativar sua criatividade? Como está sua criatividade? Outra técnica que podemos aplicar é em relação à quantidade de ideias criativas que temos ao longo de um dia. Podem também ser medidas a densidade de ideias criativas, a quantidade, a intensidade e onde ocorrem. No entanto, não adianta a pessoa ter várias ideias e elas não terem um propósito, uma utilidade. 15 A produção do conhecimento não é algo simples, é uma busca constante pelo conhecimento em diversos ramos, a fim de chegar a um denominador comum. Não é necessário conhecer tudo, mas saber um pouco de cada informação é importante. Ter sensibilidade para fazer correlações lógicas é um grande diferencial no processo criativo. O fato de conhecer as disciplinas básicas não quer dizer que você é uma pessoa criativa. É preciso saber como utilizar as informações de maneira efetiva. A pessoa altamente criativa tem um conhecimento geral, com uma amplitude de criação maior que a dos demais. E você, considera-se altamente criativo? Tente descobrir! Saiba mais Leia o artigo que se encontra disponível no link <http://psicologiaeeducacao.ubi.pt/Files/Other/Arquivo/VOL6/PE%20VOL6%20 N1/PE%20VOL6%20N1_index_5_.pdf>. O texto trata de como avaliar a criatividade: contributos para a validade de alguns subtestes do TPCT. Assista ao vídeo disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=6aWhZAal4LA> que mostra se você é ou não criativo. TROCANDO IDEIAS Para a obtenção ou aplicação das ideias em um processo criativo temos algumas ferramentas que se destacam, entre elas podemos citar: 1. Funil de ideias 2. Scamper 3. Mapa mental 4. Análise 360º 5. Mapa da empatia 6. Job to be done 7. Business model canvas 8. Plano de negócios em pirâmide 9. Design de produtos 10. Nomes para um novo negócio ou produto Saiba mais 16 Se você quiser conhecer mais sobre essas ferramentas acesse o link <https://endeavor.org.br/endeavor-recomenda/ferramentas-validar-executar- novas-ideias/>. Esse texto da Endeavor trata das dez ferramentas para validar e executar novas ideias. Boa leitura! NA PRÁTICA O Teste de Torrance é um teste de criatividade, envolvendo testes simples de pensamento e outras habilidades de resolução de problemas. Dadas algumas formas simples, o entrevistado é desafiado a usar, combinar e completar uma figura inacabada. Figura 3 – Teste de Torrance Fonte: <http://hugocriativo.com/2016/12/o-teste-de-torrance.html#.XMCXdehKjIU>. Na primeira etapa do teste (Use) o entrevistado pode usar quantos círculos quiser para formar um desenho. Pode-se alterar o tamanho das formas: círculos pequenos, médios e grandes. Na segunda etapa (Combine) o entrevistado também pode alterar o tamanho das formas e repetir quantas vezes achar necessário, desde que o desenho tenha todas as figuras. Na terceira etapa (Complete) é necessário repetir o desenho e completar a cena. Agora coloque sua criatividade em prática! http://hugocriativo.com/2016/12/o-teste-de-torrance.html 17 FINALIZANDO Nesta segunda aula tratamos do processo de criatividade. Afirmamos que ele ganha grande impulso e tem melhor aproveitamento quando sua aplicação altera os modelos de negócios criados e elabora condições de inovação diferenciadas em relação ao que é desenvolvido pela concorrência. Quando precisamos ser criativos devemos ter um objetivo e estar focados em busca de um problema ou oportunidade. É necessário nos concentrar no que deve ser resolvido e nos abrir para as percepções e possibilidades que, normalmente, estão ao nosso lado e mesmo assim não as identificamos. Ao longo dos anos ouvimos falar de criatividade e pessoas criativas, mas devemos lembrar que muitas vezes isso é influência do meio no qual estamos inseridos. Fomos ou não preparados para sermos criativos? Com o passar dos anos tivemos nosso poder criativo boicotado pela educação, pelos pais ou pela sociedade. Esses bloqueadores devem ser conhecidos e vencidos para que esse processo volte. Vários são os institutos que estudam esses ativadores. Normalmente, são aplicadas entrevistas para a complementação das pesquisas. Podemos dizer que “os ativadores da criatividade são pequenos jogos que têm como objetivo colocar os participantes de uma sessão criativa no modo de pensamento do hemisfério direito e devem ser usados antes e durante a fase de gerar ideias para manter a energia criativa em alta” (Briga, 2012, p. 154). Podemos afirmar que a criatividade é uma das atividades mais marcantes do ser humano e que vem evoluindo ao longo dos anos. Sabemos que a criatividade não é completa e que também não é um dom divino, mas sim uma habilidade que pode ser aprimorada. 18 REFERÊNCIAS ANTUNES, A.; ALMEIDA, L. Avaliar a criatividade: contributos para a validade de alguns subtestes do TPCT. Psicologia e Educação, v. VI, n. 1, jun. 2007. BARRÍA, C. Como funciona o cérebro das pessoas criativas. BBC, News Brasil, 21 fev. 2018. BRIGA, V. De Clone a Clown. Porto: Vida Económica, 2012. CRIATIVIDADEAPLICADA. 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