Prévia do material em texto
Alcance e manipulação · O MS funciona para colocar a mão na posição e orientação no espaço apropriadas para interagir com o ambiente – os movimentos de alcance são as principais ações dos braços e a interação com o ambiente, da mão. · A função da mão é tão sensorial como motora – sensores táteis e de pressão fornecem informações que identificam objetos, favorecendo a manipulação e força de diferentes objetos; · A visão tem um papel importante na informação do alcance e manipulação. Descrição da atividade · Alcance para preensão de um objeto – 2 componentes: · Componente de transporte – mão se move rápido para o alvo; · Componente de manipulação – mais lento, quando sob controle visual, os ajustes finais ocorrem imediatamente antes de segurar o objeto. · Após experimentação prévia, ações bimanuais relatam a maneira cooperativa em que as duas mãos interagem com o objeto para conquistar o objetivo. · Ex: abertura de lata, de garrafa, etc... · Agem em diferentes direções para interagir com o objeto. · A mão é o principal meio de interação como pessoas e objetos no ambiente externo; · A estrutura da mão e as conexões neurais corticomotoras para os músculos da mão permitem um grande nº de combinações articulares e possibilidades de movimento; · Durante as tarefas de manipulação, vários músculos diferentes são ativados; · O nº de músculos envolvidos na tarefa é diretamente proporcional ao grau de força e precisão – em alguns momentos apenas polegar e indicador e outros a mão inteira. Recuperação da função do MS · Relatos de estudos referem recuperação mínima de MMSS após lesão cerebral quando o membro se apresenta gravemente comprometido no início do quadro; · Registros de recuperação variam de 5 a 20% e ainda relatam aqueles 20% que não se recuperam; · Maior potencial de recuperação dentro de 3 meses após AVE; · Após 1 ano, estudos demonstram recuperação com treinamento e uso “forçado” do MS parético (única evidência). · A natureza complexa da mão, requerendo coordenação de vários músculos e segmentos, sua representação cortical e a natureza da lesão podem ser fatores significativos para a pouca recuperação. · Melhores resultados quando a reabilitação foi ativa e baseada em atividades relacionadas à tarefa; · Pouca recuperação associada às intervenções terapêuticas inapropriadas e insuficientes para MS, além da facilidade de se adaptar ao uso de uma única mão – efeitos da imobilidade e adaptabilidade aos tecidos moles. · A função ativa do MS é negligenciada na reabilitação – intervenções passivas, inibição da espasticidade, uso de talas e tipoias e principalmente a ativação voluntária da musculatura distal não é tratada nas estratégias fisioterapêuticas tradicionais. · Pontos de vista que ainda são expressos na literatura podem dificultas a recuperação: · Recuperação ocorre de proximal para distal; · A estabilidade e o controle do ombro são necessários antes do uso da mão; · A espasticidade precisa ser inibida antes do uso ativo do membro; · Tais crenças resultam em esforços terapêuticos precoces no ombro e negligenciam a mão; · Muitos terapeutas ainda acreditam que a espasticidade é o principal comprometimento, que os músculos não estão fracos e que exercícios repetitivos são contraindicados. · Ao contrário do que se pensava anteriormente, há grande evidência que o treinamento específico, intensivo e relacionado à tarefa, com prática repetitiva de movimentos relevantes, tem um resultado mais significativo na função dos MMSS; · Outro fator que interfere na recuperação são as modificações adaptativas associadas ao comprimento do músculo quando o membro fica imóvel. Disfunção motora – Fraqueza Muscular · O maior comprometimento subjacente à incapacidade funcional do MS pós lesão do NMS é a fraqueza muscular decorrente da diminuição do recrutamento das unidades motoras; · A literatura relata que os músculos proximais são afetados de forma menos grave do que os distais; · A atividade de adutores de ombro está presente após a lesão, mas dos abdutores (deltoides) estão inativos. · Inervação bilateral mais marcante para os adutores; · Informações monossimpáticas corticoespinhais mais forte para os abdutores (em especial o deltóide). Disfunção motora – Alterações no comprimento do músculo · Adaptações secundárias podem acontecer e influenciar o comprimento do músculo e tecidos moles – músculos se mantém encurtados se permanecem longos períodos imobilizados. · Os músculos que tipicamente encurtam são os adutores e rotadores internos de ombros, flexores de dedos e pinhos, flexores de cotovelo, pronadores e adutores de polegar; · A prevenção a essa desordem pode ser feita com exercícios ativos intensivos. Disfunção motora – treinamento · Necessidade precoce de se modificar o que é para ser praticado; · Ausência de equilíbrios sentado não deve ser um impedimento do treino precoce da função do MS; · Uma das principais funções do terapeuta deve ser possibilitar a pessoa com deficiência a praticar a ativação muscular e recuperar a habilidade de gerar a necessária, nem que o ambiente e a posição sejam modificados (anular a gravidade, por exemplo). Disfunção motora – componentes necessários · Alcance: · À frente – flexão do ombro; · Ao lado – abdução do ombro; · Para trás – extensão de ombro com elevação da cintura escapular, extensão de cotovelo e rotação externa de ombro. · Abertura da mão e espaços entre polegar e dedos; · Extensão de punho; · Pronação-supinação apropriada à orientação do objeto. · Preensão: · Extensão do punho e dedos com abdução e rotação concomitante das articulações metacarpianas do polegar e do 5° dedo. Fechamento dos dedos ao redor do objeto: · Ex: segurar um copo com extensão de punho. · Manutenção: · Flexão e extensão do punho segurando o objeto; · Levantamento, posicionamento e rotação dos objetos de diferentes tamanhos e pesos. · Manipulação e destreza dos dedos: · Flexão e extensão dos dedos; · Flexão e rotação concomitante nas articulações metacarpianas do 5° dedo e polegar (manutenção da mão em forma de taça – sem objeto); · Flexão e extensão independentes dos dedos – “batucar”. Disfunção motora – prática relacionada à tarefa · Apenas há pouco tempo reconheceu-se que o desempenho motor é governado pelos objetos e seus recursos (fatores ambientais) – objetos fornecem a possibilidade de interação; · Os objetos devem ser escolhidos não apenas pelo seu interesse e utilidade, mas também pelas opções que eles oferecem para orientação da mão; · Os objetos precisam ser escolhidos para possibilitar que a prática ocorra sem esforço demasiado. As tarefas devem ser desafiadoras, mas não impossíveis. Exercícios de fortalecimento · Há interesse crescente na pesquisa clínica na prática repetitiva de exercícios de fortalecimento relacionados à tarefa para atividades mais funcionais; · Ex: preensão da mão – levantar uma jarra, uma panela, etc. · Esses exercícios promovem melhora funcional e os sujeitos não desenvolveram aumento do tônus nem reações associadas. Prática bilateral · É necessário treinar ações bimanuais, pois os membros atuam cooperativamente na maioria das funções cotidianas; · Em pacientes com disfunção unilateral é importante a ativação muscular e a prática de tarefas no lado comprometido – o uso do treino “forçado” pode maximizar a recuperação da função; · O uso bimanual sugere que, se as 2 mãos desempenham a mesma ação, poderia criar processos de reorganização cerebral. Uso forçado · É a maior evidência para recuperação do MS no AVE, mesmo após anos de lesão; · O movimento do membro precisa ser forçado para recuperar o movimento; · Quando os terapeutas colocam o membro afetado numa tipoia, infelizmente uma prática muito comum, o efeito pode ser o “desuso aprendido”, que é o contrário à maioria dos objetivos da intervenção. Intensidade · A quantidade de tempo gasto em fisioterapia pós AVE é relatada como inferior a 4h por semana – menor tempo ainda destinado ao MS (estudos mostram que cerca de 10min por dia); · Necessidade de intensificar a prática – uso forçado e jogos decomputador. Órteses · Tipoias ou órteses são frequentemente recomendadas para manter o membro numa posição neutra. · Ocorre que, se não forem bem indicadas, podem favorecer o “desuso aprendido” do membro e encurtamento muscular adaptativo; · Seu uso para prevenir alterações no comprimento muscular podem ser efetivas quando o indivíduo se encontra inconsciente ou o uso de talas progressivas com objetivo de alongar músculos encurtados. Considerações · Evidências sugerem que os fatores críticos para o treinamento do MS podem ser: · Exercícios / prática repetitiva para ativar músculos fracos / paralisados; · Treinamento relacionado à tarefa para melhorar a força e coordenação; · Oportunidade de práticas intensivamente; · Prevenção de adaptações dos tecidos moles – principalmente encurtamento muscular; · Uso forçado do membro afetado com restrição do não afetado; · Evitar a condução de cadeira de rodas com um braço só e uso de tipoias ou talas que causem imobilidade no membro. · A prática pode ser intensificada por: · Atividades que gerem motivação e incentivo; · Atividades que encorajem a flexibilidade; · Práticas de tarefas interessantes e concretas ao invés de ações abstratas. Avaliação da destreza / funcionalidade de MMSS · Box and Blocks Test (BBT): · Foi desenvolvido para ser durável e simples, com a intenção de que fosse utilizado para testar pessoas com graves déficits de destreza, porém já existem estudos com crianças com e sem déficits motores e adultos sem comprometimentos. · A caixa é feita de madeira compensada de 1cm de espessura. As dimensões de sua base são 53,7cm X 25,4cm e é dividida ao meio por uma madeira de 1cm de espessura. · O examinador explica / demonstra como é realizado o teste e o sujeito é convidado a praticar durante 15 segundos. Após esses 15 seg, dar-se-á início ao teste propriamente dito que tem duração de 60 seg. · O examinador diz “Quero ver o quão rápido você consegue pegar um bloco de cada vez com a sua mão direita (ou esquerda) e levá-lo para o outro lado da caixa, deixando-o cair. Certifique-se de que seus dedos ultrapassam a divisória.” · Ao final de cada etapa, os blocos são contados. · Avaliação da força de preensão manual (FPM): · A FPM do tipo palmar é frequentemente utilizada no âmbito fisioterápico e desportivo; · A busca por valores normativos têm sido o foco de alguns estudos, mas os diferentes instrumentos e protocolos dificultam a generalização dos resultados; · Além disso, existem diversos fatores que podem influenciar a FPM como o sexo, a idade, a dominância, o horário da avaliação, o posicionamento corporal, a sinceridade do esforço, as características antropométricas e o tamanho da empunhadura. · Teste de destreza manual Minnesota (CMDT): · É usado para medir a coordenação olho-mão e a destreza braço-mão do indivíduo. Avalia a destreza motora global do indivíduo; · É um teste utilizado para várias finalidades, como para documentar o grau de incapacidade e/ou evolução do paciente quanto à preensão; · Realizar treinamento específico para um determinado trabalho ou tarefa que necessite de destreza manual e para atividades manuais de vida diária e prática de interesse do paciente. · 60 discos plásticos pretos e vermelhos; · Uma prancha com papel para marcação dos pontos; · A mesa do teste deve ter entre 73 a 83 cm de altura; · Um cronômetro ou “timer” com intervalo 2min30 (150seg). · Orifícios vazados permitindo o encaixe perfeito de todas as peças; · As 60 peças se encaixam no tabuleiro de forma simétrica, em colunas de 4 fileiras de 15. · Avalia a velocidade motora através de cinco subtestes: teste de colocar, de girar, de deslocar, de girar com uma mão e colocar e de girar com ambas as mãos e colocar; · O paciente que não possui limitações realiza o teste em pé, porém, quando necessário, pode realiza-lo sentado; · A pontuação é a soma do tempo utilizado nas tentativas de cada subteste; quanto mais baixos os valores de tempo, melhor a performance do participante.