Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTUDOS SOCIAIS AULA 1 Prof. Guilherme Carvalho e Profª Máira Nunes 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo(a) à nossa disciplina. Em nossas aulas vamos analisar as relações entre informações e sociedade, compreender as características da sociedade contemporânea e produzir uma crítica aos limites de inserção dos indivíduos na sociedade da informação. Vamos ver como atingiremos esses objetivos? Acompanhe a seguir! CONTEXTUALIZANDO Vivemos, atualmente, um momento de grandes transformações, marcado pela interconexão. A globalização e a internet possibilitaram que pessoas do mundo inteiro pudessem compartilhar informações e tivessem acesso a músicas, notícias, filmes, histórias de celebridades. Acompanhamos em tempo real os principais acontecimentos do mundo e do nosso país. As possibilidades de acesso às informações produzidas nos diferentes meios de comunicação influenciam a economia, a política e as relações sociais e fazem com que nós estabeleçamos uma nova cultura, a cultura das mídias. Podemos, então, nos perguntar: de que maneira a circulação e as informações estão influenciando a nossa realidade? Oferecemos, aqui, algumas respostas para essas perguntas e pretendemos refletir sobre essa nova conjuntura, pois consideramos fundamental para os profissionais do jornalismo conhecer as relações entre a comunicação, a informação e a sociedade. Nesta aula, trabalharemos com os seguintes temas: 1. A sociedade da informação; 2. Sociedade civil e movimentos sociais; 3. Atores sociais e participação; 4. Cibercultura; 5. Comunicação. TEMA 1 – A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Sociedades são formadas por pessoas que compartilham características culturais e que vivem em uma determinada forma de organização política, social e econômica. Mesmo tendo passado por diversas transformações ao longo da Giovanna Realce 3 história, sabemos que sua principal característica é ser um conjunto de instituições organizadas com base em uma mesma tradição. Assim, não podemos pensar em sociedade sem pensarmos na família, no Estado, nas classes sociais e nos meios de comunicação. Podemos definir, então, sociedade como “um sistema de inter-relações que conecta os indivíduos uns com os outros” (Giddens, 2005, p. 38). As relações sociais são organizadas com base em uma única cultura, que é comum a todos os seus membros. Isso significa dizer que os traços culturais das pessoas que vivem em uma determinada sociedade, ou seja, os indivíduos, moldam a forma de organização coletiva. A relação que se estabelece entre o indivíduo e o coletivo torna-se autônoma, consistindo em fenômeno social, e constitui formas de organização que passam a definir as formas de ser de um grupo, constituindo o que chamamos de sociedade. A sociedade tem por substrato o conjunto de indivíduos associados. O sistema que eles formam, unificando-se, varia segundo sua própria disposição entre superfície do território, a natureza e o número de vias de comunicação, tudo o que constitui a base sobre a qual se edifica a vida social. As representações que são sua trama, tanto entre indivíduos, de tal forma combinados, quanto entre os grupos secundários se interpõem entre o indivíduo e a sociedade total. (Durkheim, 2002, p. 41) Um dos elementos que ligam esses indivíduos são as possibilidades de trocas de conhecimento, ou seja, de informação. É a informação, independente da maneira como é transmitida, que permite o estabelecimento de relações entre pessoas. Exemplo Imagine que você viaja sozinho(a) para um país distante e que não fala o idioma local, mas acaba conhecendo alguém que fala o seu idioma. Com quem você vai estabelecer relações mais próximas? Continuando, você precisa de uma série de habilidades e competências para selecionar e assimilar o “bombardeio” de informações diárias que lhe são transmitidas. Mas, a informação não opera apenas individualmente; a estrutura social também é influenciada por ela. Cada vez mais as tecnologias de informação ganham um lugar de destaque em todos os segmentos sociais e geram uma nova economia, na qual a produção e a transmissão de informações se tornam fonte de poder, de modo a redefinir a sociedade com base em determinados interesses ou visões de mundo. Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 4 Valorizamos, cada vez mais, a informação, porque sabemos que ela se transforma em conhecimento e, então, percebemos que saber é poder. O que nos leva a questões importantes, sobretudo quando sabemos que boa parte das pessoas não têm acesso a toda essa informação. Para ilustrar isso, vejamos os dados do relatório Digital in 2018, divulgado pelos serviços on-line Hootsuite e We Are Social (citados por Ciriaco, 2018), que demonstra que uma quantia ainda grande de pessoas não têm acesso à internet – cerca de 42% da população, em todo o mundo (ver: <https://www.tecmundo.com.br/internet/126654-4-bilhoes-pessoas-usam- internet-no-mundo.htm>). Esse é um dos principais desafios da sociedade da informação: integrar todos os grupos e indivíduos excluídos desses processos (pequenos e médios produtores e comerciantes, moradores de áreas rurais, classes populares, pessoas em situação de rua). Esse é não apenas um desafio econômico ou tecnológico, mas também ético, que deve ser superado pela ação social conjunta. Para fecharmos este tema, confira o que Castells (2000) indica como características da sociedade da informação: 1. A informação é sua matéria-prima: existe uma relação simbiótica entre tecnologia e informação, em que uma complementa a outra. As tecnologias permitem que atuemos sobre a informação, ao contrário das revoluções informacionais anteriores, quando o objetivo era utilizar a informação para agir sobre as tecnologias. 2. Capacidade de penetração das novas tecnologias: a informação é parte integrante de toda atividade humana, portanto os meios tecnológicos afetam a vida social, econômica e política da sociedade. 3. Lógica de redes: facilita a interação entre as pessoas, podendo ser implementada em todos os tipos de processos e organizações, graças às recentes tecnologias da informação. 4. Flexibilidade: a tecnologia favorece processos reversíveis, permite reconfigurar, alterar e reorganizar as informações. 5. Convergência de tecnologias: o processo de convergência entre os diferentes campos tecnológicos resulta da sua lógica comum de produção da informação, em que todos os utilizadores podem contribuir, exercendo um papel ativo na produção desse conhecimento. Trajetórias de Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 5 desenvolvimento tecnológico em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam as categorias segundo as quais pensamos todos os processos. Saiba mais O vídeo indicado a seguir, produzido pela BBC, conta um pouco sobre a história da informação e como, ao longo do tempo, produzimos conhecimentos sobre nossa própria realidade: <https://www.youtube.com/watch?v=ppNCQ5cC 5uA> (A história, 2013). TEMA 2 – SOCIEDADE CIVIL E MOVIMENTOS SOCIAIS O conceito de sociedade civil foi elaborado pelo filósofo italiano Antonio Gramsci (1988), no início do século XX, para pensar o espaço de atuação de pessoas e grupos organizados perante o Estado. Primeiramente, Estado ou governo e sociedade civil não são a mesma coisa. Mas, o Estado não é o conjunto de todas as pessoas? Não, o Estado é a estrutura administrativa de uma nação, que governa todas as pessoas que moram no mesmo território. Já a sociedade civil é o conjunto de pessoasque atuam na defesa de seus interesses. Ela pode agir de forma individual ou coletiva, organizada em associações, sindicatos, partidos, organizações não governamentais (ONG), coletivos, instituições e mídias (de rádio, televisão, internet etc.). No Brasil, a sociedade civil adquiriu características muito peculiares, devido, principalmente, a uma tradição autoritária e marcada por diferenças sociais. No final dos anos 1970, temos no país um processo de retomada dos movimentos sociais e do movimento sindical, que passam a exigir do governo a ampliação dos direitos políticos, sociais e trabalhistas. Por isso, quando falamos do surgimento dos debates sobre sociedade civil em nosso país, precisamos sempre nos lembrar de que eles começaram colocando em oposição a sociedade civil e os governos/elites. Curiosidade Um momento importante de consolidação da sociedade civil brasileira ocorreu entre 1986-1988, durante a Assembleia Constituinte, sendo essa um espaço de discussão e busca de uma nova reorientação da relação entre o Estado e a sociedade civil. Outro aspecto importante a que precisamos estar https://www.youtube.com/watch?v=ppNCQ5cC5uA https://www.youtube.com/watch?v=ppNCQ5cC5uA Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 6 atentos é ao fato de que os movimentos sociais dos anos de 1960 e 1970 eram movimentos locais (mesmo que muitas vezes acontecessem em todo o mundo) – foi apenas com o surgimento da internet que passamos a ter movimentos de caráter internacional, como a luta antiglobalização do início dos anos 2000. Os movimentos sociais podem ser entendidos como um conjunto de atores, coletivos e de diferentes classes sociais, que se unem numa conjuntura específica de relações de força na sociedade civil. Nesse sentido, os movimentos sociais constituem-se em ações de grupos que buscam mudanças nas condições sociais, relacionadas a questões trabalhistas, ambientais, de direitos humanos, de direitos de animais, entre outras. No Brasil, um movimento recente que alterou significativamente o cenário político foram as chamadas Jornadas de Junho de 2013. As manifestações que ocorreram naquele momento foram marcadas por massivas mobilizações que congregavam pessoas que reivindicavam pautas bastante heterogêneas (diferentes). Um dos aspectos determinantes nesse movimento foi a comunicação. Leitura complementar Leia o texto cujo link disponibilizamos a seguir, que faz uma análise sobre a sociedade civil e as Jornadas de Junho de 2013, no Brasil: <https://uninter.com/revistacomunicacao/index.php/revistacomunicacao/ article/view/541/304> (Nunes, 2014). TEMA 3 – ATORES SOCIAIS E PARTICIPAÇÃO Todo ator é um agente que visa à transformação social. O ator é alguém que participa de um grupo de maneira ativa, que assume nele um papel. Esse ator se torna social quando assimila as normas de funcionamento da sociedade. Na contemporaneidade, o ator se torna um agente de informação que, por meio da cultura, dá sentido aos fenômenos sociais. Podemos afirmar, então, que os atores sociais manifestam interesses comuns, sejam políticos, econômicos, sociais ou culturais, e compartilham valores éticos e culturais, ou seja, aspectos identitários que envolvem visões de mundo, estilos de vida, interesses, religiões, gêneros, nacionalidades etc. https://uninter.com/revistacomunicacao/index.php/revistacomunicacao/article/view/541/304 Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 7 Os atores sociais podem ser estatais, não estatais, locais e não locais, de acordo com seu pertencimento ou não a esferas do governo e Poder Público, assim como com sua forma de organização em rede e sua pauta política. Da mesma forma, dizemos que a mídia se constitui como um importante ator social nas mudanças políticas por ela sintetizar demandas sociais e culturais que se projetam sobre as representações da vida social. Os atores participam de todas as esferas nas quais pessoas e grupos podem construir experiências culturais pessoais e coletivas. A ideia de sujeito, presente na concepção de ator social, permite a reconstrução de novas formas de vida que são, ao mesmo tempo, coletivas e pessoais. Para Alain Touraine (2006, p. 123), devemos lembrar que “só nos tornamos plenamente sujeitos quando aceitamos como nosso ideal reconhecer- nos – e fazer-nos reconhecer enquanto indivíduos – como seres individuados, que defendem e constroem sua singularidade, e dando, através de nossos atos de resistência, um sentido a nossa existência”. Da mesma forma que o sujeito infere na constituição do ator social, os movimentos sociais tornaram-se, cada vez mais, aspectos fundamentais da sua esfera de atuação. Saiba mais Ação coletiva representa uma disputa ou conflito entre diferentes atores (estatais e não estatais) pelo controle das pautas políticas, dos meios culturais e pela defesa de interesses individuais. O foco e a forma de atuação tanto dos atores quanto dos movimentos sociais têm mudado constantemente ao longo do último século, acompanhando as transformações históricas pelas quais temos passado. São diferentes aspectos dessas mudanças que interferem nas nossas relações e na forma como atuamos no mundo, sendo esses aspectos: A estrutura política; As relações de trabalho; As questões de identidade e a globalização; O multiculturalismo. Um dos aspectos fundamentais em que devemos pensar ao falarmos dessa atuação é a questão da participação política. Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 8 Uma pergunta que podemos fazer, com base nisso, é se é possível participarmos ativamente e atuarmos nas esferas políticas sem ser pela eleição de representantes. É, sim. Existem fóruns, conselhos e comitês na sua cidade ou no seu estado. Desde o fim do regime militar no Brasil, em 1985, o governo e a sociedade brasileira têm buscado formas de possibilitar a participação política e estabelecer canais de comunicação para a expressão política de atores e segmentos da sociedade civil. Aos poucos, teve início uma abertura de iniciativas de descentralização e a criação de espaços institucionais que permitem a participação e a representação política. No âmbito institucional, verifica-se a existência de mecanismos que possibilitam a participação mais direta da comunidade na criação e implementação de políticas públicas. Essa participação pode ser feita por: Consultas aos grupos diretamente interessados na elaboração de projetos e programas específicos; Estabelecimento de orçamentos participativos, elaborados a partir da deliberação sobre a alocação de recursos públicos destinados a investimentos, por representantes de organizações da sociedade civil. Ao pensarmos no papel que todos esses conceitos (atores, sujeitos, redes e participação) exercem na atividade política e social, podemos ter em vista a necessidade de repensarmos as formas como estabelecemos relações institucionais entre Estado e sociedade e percebemos as reais possibilidades de produção de resultados concretos em termos de políticas públicas e transformação social. Os movimentos que tornam as sociedades tão dinâmicas e provocam várias mudanças conjunturais nos diferentes países estão relacionadas a disputas de interesses. Em alguns momentos, certos grupos ganham maior representatividade do que outros. As relações sociais se tornaram mais complexas no contexto da contemporaneidade à medida que também se complicaram as representações sociais, que envolvem diversas misturas de elementos do passado, provenientes da sociedade antiga e da sociedade moderna, todas reinscritas e reconfiguradas sob as múltiplas molduras. (Plümer et al., p. 80) 9 Leitura obrigatóriaPara compreender melhor esse debate, leia trecho do livro de Plümer et al. (2018, p. 79-82), disponível na nossa biblioteca virtual. TEMA 4 – CIBERCULTURA Todos os dias, presenciamos novas transformações sociais provocadas pela tecnologia. Mais pessoas participam do espaço público, criando e alterando conteúdos de informação multimídia. Os dispositivos móveis, por exemplo, permitem que estejamos conectados e que possamos nos organizar em rede, pela internet. Esse processo começou nos anos 1950, com o desenvolvimento da informática e da cibernética, e resultou no surgimento da rede mundial de computadores. O conjunto de técnicas, tecnologias e práticas culturais desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX deu origem ao que chamamos hoje de cibercultura, definida por André Lemos (2005, p. 1) como “as relações entre as tecnologias informacionais de comunicação e informação e a cultura, emergentes a partir da convergência informática/telecomunicações na década de 1970. Trata-se de uma nova relação entre as tecnologias e a sociabilidade, configurando a cultura contemporânea”. Essa cultura contemporânea, mundial, virtual e desenvolvida no ciberespaço potencializa a produção, o compartilhamento, e distribuição e a apropriação de bens simbólicos. Nesse sentido, podemos afirmar que o ciberespaço representa um ambiente midiático, sendo a infraestrutura em que se dá a comunicação digital e também o conjunto de informações que ela abriga. Suas principais características são: interconexão dialógica, estabelecimento de comunidades virtuais como espaços de cooperação e encontro e inteligência coletiva, resultante da colaboração e compartilhamento de informações. Saiba mais O termo ciberespaço foi usado pela primeira vez por William Gibson (1984), em seu livro Neuromancer, uma ficção sobre redes digitais que influenciou inclusive o filme Matrix (1999). De lá para cá, a vida no ciberespaço tornou-se parte da realidade das pessoas que vivem nos países ocidentais e Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 10 consolidou o lugar da cibercultura como parte integrante da sociedade contemporânea. Mesmo proporcionando uma mudança no processo comunicacional entre emissor-mensagem-receptor e no modelo de cultura de massa, a cibercultura não chega a ser uma completa superação desse modelo, mas apresenta-se, sim, como uma ampliação do ambiente midiático contemporâneo, uma forma mais complexa de reconfiguração ou remediação do campo midiático, econômico, político e cultural. Assim, temos no ciberespaço a possibilidade de circulação de falas e discursos que até então não tinham espaço de repercussão. Da mesma forma, a conectividade permite que todas as informações e os sujeitos estejam em rede e a remediação resulte na reconfiguração de práticas comunicacionais e na modificação de estruturas sociais. Uma dessas possibilidades são os sites de redes sociais, espaços que permitem, segundo Recuero (2009, p. 103): A construção de uma persona, por meio de um perfil ou página pessoal; A interação, via comentários; A exposição pública da rede social de cada ator. Essa transposição de barreiras do espaço físico possibilita também a emergência da sociedade em rede, na qual os modelos sociais e econômicos estabelecidos por meio das novas tecnologias de informação e comunicação permitem a integração, em um mesmo sistema, das formas escrita, oral e audiovisual da comunicação humana. Saiba mais Vamos praticar a cibercultura? Acesse a série de vídeos, cujos links indicamos a seguir, intitulada Sociedade em rede: o homem na era das novas mídias (2009a, 2009b, 2009c, 2009d), que discute a integração das pessoas à era digital: <https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>; <https://www.y outube.com/watch?v=Xl0tcGZEm9Y>; <https://www.youtube.com/watch? v=5RAAXNE6M_Y; <https://www.youtube.com/watch?v=Zhjp8POgrho>. https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo https://www.youtube.com/watch?v=Xl0tcGZEm9Y https://www.youtube.com/watch?v=Xl0tcGZEm9Y Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 11 TEMA 5 – COMUNICAÇÃO Os meios de comunicação são uma parte fundamental da sociedade civil, pois não fornecem apenas formas de entretenimento e diversão, mas, principalmente, ajudam a moldar nossa visão de mundo e a opinião pública. Muitos teóricos estudaram a chamada sociedade de massa, no século XIX, como uma consequência da industrialização, do avanço no comércio, do progresso nos transportes e na comunicação. A informação produzida por essas novas tecnologias foi, ao longo de todo o século XX, sendo absorvida pelos meios de comunicação de massa, transformando-se num conjunto de conhecimentos acerca do mundo. Atualmente, todos os meios de comunicação (imprensa, rádio, cinema, televisão) estão interligados na rede de computadores, resultado do processo de convergência na produção, na distribuição e no consumo de informações. A sociedade civil tem amplo acesso à informação e ao debate político; no entanto, a produção da mídia global ainda tem grande ênfase no entretenimento, o que pode dificultar a circulação de conteúdo de interesse coletivo, além de estar sob o domínio de grandes corporações. A comunicação é um dos aspectos mais fundamentais da vida em sociedade. A capacidade que temos de transferir informações, seja individualmente, seja pelos meios de comunicação, tem sido objeto de estudos de importantes teóricos e se constitui também num importante campo de pesquisa científica. O surgimento dos meios de comunicação de massa, a partir do século XIX, tornou necessário o seu estudo científico e teórico. Entendemos teoria, aqui, como “um saber que se sabe a si próprio e que, por saber-se a si próprio, acaba por transformar aquele que o sabe” (Serra, 2007, p. 3). Dessa forma, compreendemos de que maneira construímos e transformamos os saberes sobre a comunicação. Podemos classificar, inicialmente, as formas de comunicação em três tipos: 1. Comunicação interpessoal: quando pessoas trocam informações entre si, de maneira direta (frente a frente) ou indireta (mediada por diferentes meios como o telefone ou o computador). Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 12 2. Comunicação institucional: mediada e ocorre entre a instituição e o público, envolvendo pessoas que representam cargos e funções. 3. Comunicação de massa: mediada e envolve os meios de comunicação, que veiculam informações para toda a sociedade. Temos desenvolvido, com o passar do tempo, diferentes formas de interagir no mundo, de nos locomover e de nos comunicar. Usamos diferentes ferramentas e equipamentos que nos permitiram encurtar distâncias e conhecer melhor o mundo em que vivemos. A linguagem, a palavra escrita e os meios de comunicação influenciaram toda a nossa estrutura social. A televisão, por exemplo, fornece para nós imagens de todo o mundo e permitiu que transportássemos conhecimentos. Esse fenômeno foi chamado de aldeia global pelo teórico da Escola de Toronto, Marshall McLuhan (1972). Para esse autor, os meios de comunicação tornaram-se muito mais do que instrumentos que usamos para nos comunicarmos; passaram a ser extensões dos seres humanos, uma espécie de prolongamento do que nos rodeia. Isso quer dizer que acabamos construindo nossa própria realidade e traduzimos o conhecimento em novas formas. No entanto, essa mesma característica pode ser vista como um processo de massificação e controle, pois as empresas de comunicação (jornalísticas, televisivas etc.) agem de acordo com interesses econômicos. Já para os teóricos da Escola de Frankfurt, temos então a chamada indústria cultural, a indústria de entretenimento que produz filmes, televisão,música, rádio, jornais e revistas. O consumo desses produtos padronizados e pouco exigentes eliminaria a possibilidade de estabelecimento de um pensamento crítico. A presença dos meios de comunicação nas nossas vidas faz com que possamos processar as informações e, com base em nossas experiências e interações pessoais, gerar o debate e ampliar nosso conhecimento e nossas experiências. TROCANDO IDEIAS Como vimos ao longo desta aula, cada vez mais estamos imersos no ciberespaço, nele realizando nossas atividades diárias, interagindo e ampliando Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce Giovanna Realce 13 nossos conhecimentos sobre o mundo e a sociedade. No entanto, há muitas críticas sobre a forma como esse desenvolvimento tecnológico ocupa nossas vidas. Alguns estudiosos acreditam que estamos gerando formas de isolamento social, pois as formas tradicionais de contato e entretenimento estão sendo substituídas pela vida virtual. Reflita sobre essa experiência e responda ao seguinte questionamento: pensando na forma como interagimos no mundo virtual, será que estamos perdendo nossa capacidade de nos comunicar? NA PRÁTICA O sociólogo Zygmunt Bauman é um importante estudioso da sociedade contemporânea e, no vídeo cujo link indicamos a seguir, ele apresenta uma análise interessante sobre os principais aspectos da nossa vida atual: <https://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A> (Zygmunt, 2011). Já na entrevista da revista Cult, o autor afirma que é preciso acreditar no potencial humano: <https://revistacult.uol.com.br/home/entrevis-zygmunt-bauman/> (Oliveira, S.d.). Assista ao vídeo e leia a entrevista. Depois, compare as críticas do autor com os temas que abordamos na nossa aula e elabore um esquema de síntese com os principais assuntos abordados. FINALIZANDO Chegamos ao final desta aula. Nela, vimos como a sociedade se organiza na contemporaneidade e como os meios de comunicação influenciam nossa forma de ver o mundo e de pensar a realidade. Falamos sobre as formas de produção e circulação de informações e sobre como as mídias estão presentes nas diferentes formas como construímos nossas visões de mundo. 14 REFERÊNCIAS A HISTÓRIA da informação: documentário. Documentarios Ciencia, 27 ago. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ppNCQ5cC5uA>. Acesso em: 25 fev. 2019. CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura. In: _____. A sociedade em rede. v. 1. São Paulo: Paz e Terra, 2000. CIRIACO, D. Mais de 4 bilhões de pessoas usam a internet ao redor do mundo. Tecmundo, 30 jan. 2018. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/internet/126654-4-bilhoes-pessoas-usam- internet-no-mundo.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019. DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2002. GIBSON, W. Neuromancer. Nova York: Ace Books, 1984. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. GRAMSCI, A. Maquiavel, a política e o Estado moderno. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988. LEMOS, A. Ciber-cultura-remix. In: SEMINÁRIO SENTIDOS E PROCESSOS, 2005, São Paulo. Redes: criação e reconfiguração. São Paulo: Itaú Cultural, 2005. (Comunicação oral na mesa intitulada). Disponível em: <https://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/andrelemos/remix.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2019. MATRIX. Direção de Lana Wachowski e Lilly Wachowski. Austrália: Roadshow Entertainment; EUA: Warner Bros., 1999. MCLUHAN, M. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. São Paulo: Nacional; Ed. da USP, 1972. NUNES, M. Comunicação e sociedade civil: as manifestações brasileiras em junho de 2013. Revista Uninter de Comunicação, Curitiba, v. 2, n. 2, 2014. Disponível em: <http://uninter.com/revistacomunicacao/index.php/revistacomuni cacao/arti cle/view/541/304>. Acesso em: 25 fev. 2019. 15 OLIVEIRA, D. Entrevista: Zygmunt Bauman. Cult, São Paulo, [S.d.]. Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/entrevis-zygmunt-bauman/>. Acesso em: 25 fev. 2019. PLÜMER, E. et al. Sociedade e contemporaneidade. Curitiba: InterSaberes, 2018. RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. SERRA, J. Paulo. Manual de teoria da comunicação. Covilhã: Livros Labcom, 2007. Disponível em: <http://www.livroslabcom.ubi.pt/pdfs/20110824- serra_paulo_manual_teoria_comunicacao.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2015. SOCIEDADE em rede: o homem na era das novas mídias: parte I. Jbnaflip, 4 jul. 2009a. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>. Acesso em: 25 fev. 2009. SOCIEDADE em rede: o homem na era das novas mídias: parte II. Jbnaflip, 4 jul. 2009b. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Xl0tcGZEm9Y>. Acesso em: 25 fev. 2009. SOCIEDADE em rede: o homem na era das novas mídias: parte III. Jbnaflip, 4 jul. 2009c. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5RAAXNE6M_Y>. Acesso em: 25 fev. 2009. SOCIEDADE em rede: o homem na era das novas mídias: parte IV. Jbnaflip, 4 jul. 2009d. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Zhjp8POgrho>. Acesso em: 25 fev. 2009. TOURAINE, A. Um novo paradigma para compreender o mundo de hoje. Petrópolis: Vozes, 2006. ZYGMUNT Bauman: fronteiras do pensamento. Fronteiras do Pensamento, 10 ago. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo- D4A>. Acesso em: 25 fev. 2019.
Compartilhar