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NUTRIÇÃO 
APLICADA 
À ESTÉTICA 
Lina Sant Anna 
Nutrientes, obesidade e 
proeminência abdominal
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer os alimentos funcionais utilizados no controle da 
obesidade. 
 � Explicar o papel das fibras e dos alimentos termogênicos no excesso 
de peso.
 � Especificar os fatores nutricionais e sua correlação com a proeminência 
abdominal.
Introdução
O aumento da prevalência da obesidade tornou-se um grande problema 
de saúde em todo o mundo, tanto em adultos quanto em crianças e 
adolescentes. Além disso, as adiposidades total e abdominal durante 
a adolescência estão associadas a doenças na idade adulta, como a 
aterosclerose. O acúmulo de gordura abdominal também está associado 
à maior resistência à insulina, ao passo que a obesidade está associada 
a uma grande diminuição na expectativa de vida (ENGIN, 2017; QASIM 
et al., 2017).
Fatores como genética, condições ambientais, sociais e fatores bioló-
gicos também podem ter relação com o aumento da obesidade. Outros 
fatores que influenciam na obesidade são o sedentarismo e a alimentação 
não saudável com padrões que determinam preferências alimentares por 
carboidratos simples e açúcares, frituras, alta ingestão de ácidos graxos 
saturados e, consequentemente, baixo consumo de alimentos ricos em 
fibras, vitaminas e minerais. 
Neste capítulo, você estudará as propriedades dos alimentos fun-
cionais capazes de influenciar alvos fisiológicos específicos que podem 
ser úteis para a prevenção e o controle do excesso de peso. Além disso, 
estudará sobre as fibras alimentares solúveis e insolúveis e os alimentos 
termogênicos, bem como conhecerá suas fontes alimentares e funções 
no controle do peso. Por fim, verá exemplos de dietas hipercalóricas, 
flatulência, gordura dos alimentos e alimentos com alto índice glicêmico 
no desenvolvimento de proeminência abdominal.
1 Alimentos funcionais utilizados 
no controle da obesidade
A obesidade é definida pela massa corporal desproporcional à altura com 
acúmulo excessivo de tecido adiposo, sendo geralmente acompanhada por 
inflamação sistêmica crônica de baixo grau. Nos últimos anos, ela vem sendo 
reconhecida como uma doença crônica que está associada ao desenvolvimento 
de outras condições clínicas, como diabetes melito tipo 2, doenças cardio-
vasculares, alguns tipos de câncer, distúrbios osteomusculares, entre outras 
(TAYLOR, 2019).
A obesidade é resultante do desequilíbrio entre a ingestão de energia e 
o gasto calórico, ou seja, um consumo de calorias acima da necessidade do 
indivíduo. Por ser uma doença metabólica complexa e multifatorial, com vários 
fatores que contribuem para o seu aumento, a obesidade é um fator de risco 
para morbidade e mortalidade prematura. 
O aumento do peso corporal desencadeia uma inflamação sistêmica em que, 
devido a uma resposta imune celular alterada, os adipócitos acabam alterando 
a expressão de leptina, angiotensina e adipocitocinas, causando fatores como 
fator de necrose tumoral α (TNF-α), fator nuclear kappa B (NF-κB), proteína 
C-reativa de alta sensibilidade (PCR-as) e resistina em expressão reduzida 
de adiponectina. Esses fatores inflamatórios desencadeiam uma gama de 
distúrbios metabólicos, como hipertensão, hiperlipidemia, resistência à insulina 
(hiperglicemia), hipercoagulação, bem como várias síndromes metabólicas, 
como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e câncer. 
A leptina é um hormônio secretado pelos adipócitos (células de gordura), e 
sua concentração varia conforme a quantidade de tecido adiposo. Em indivíduos 
obesos, ocorre uma diminuição da sensibilidade à leptina, o que resulta na 
incapacidade de detectar a sensação de saciedade, mesmo com altos níveis 
de leptina (FARR; GAVRIELI; MANTZOROS, 2015). 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal2
O sistema renina-angiotensina é um sistema hormonal endógeno envol-
vido no controle da pressão sanguínea e do volume de líquidos corporais. 
A desregulação desse sistema causa doenças cardiovasculares por meio do de-
senvolvimento da hipertensão. Entre os vários componentes-chave do sistema, 
os peptídeos da angiotensina, que variam em comprimento de aminoácidos 
e função biológica, têm papéis importantes na prevenção ou promoção de 
hipertensão, doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral (AVC) e 
remodelação vascular. 
Os peptídeos são gerados pelo metabolismo do angiotensinogênio inativo 
ou de seus derivados — angiotensina II, angiotensina (1-12), angiotensina A 
e angiotensina III — e se ligam principalmente ao receptor da angiotensina 
II tipo 1, causando vasoconstrição e acúmulo de marcadores inflamatórios na 
região subendotelial dos vasos sanguíneos e ativando a proliferação celular de 
músculo liso. No entanto, quando ligados ao receptor da angiotensina II tipo 2, 
a angiotensina II funciona como peptídeo cardioprotetor e interrompe os sinais 
celulares patológicos, auxiliando na proteção contra doenças cardiovasculares 
(HUSSAIN; AWAN, 2017).
As adipocinas medeiam a interferência entre o tecido adiposo e outros 
órgãos metabólicos importantes, principalmente fígado, músculo e pâncreas, 
bem como o sistema nervoso central. A ocorrência de disfunções nas vias 
metabólicas das adipocinas leva ao comprometimento de funções em vários 
tecidos, gerando doenças. O TNF-α, uma citocina pró-inflamatória geral-
mente produzida por células imunes, também é secretado no tecido adiposo 
em obesos. O TNF-α derivado de adipócitos desempenha um papel direto 
na resistência à insulina induzida pela obesidade. É importante ressaltar que 
algumas adipocinas também exibem características de citocinas ou regulam 
as respostas inflamatórias, e, portanto, esses dois grupos de fatores derivados 
do tecido adiposo são frequentemente referidos coletivamente como “adipo-
citocinas” (CAO, 2014).
O NF-κB é um regulador-chave de desenvolvimento imune, respostas 
imunes, inflamação e câncer, o qual está envolvido em respostas celulares 
geradas por estímulos como estresse, radicais livres, oxidação de LDL, entre 
outros. Quando ocorre uma regulação incorreta, o NF-κB é relacionado a 
doenças inflamatórias e autoimunes, uma vez que os nutrientes podem induzir 
respostas inflamatórias, levando à inflamação crônica ou mesmo ao equilí-
brio desses processos tóxicos, dependendo do tipo e do grau de inflamação. 
A inflamação é um fator etiopatogênico essencial no desenvolvimento de 
obesidade, diabetes tipo 2, aterosclerose, entre outras doenças. Em conjunto, 
3Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
essas condições metabólicas e doenças associadas são resultantes de super-
nutrição (TORNATORE et al., 2012).
A proteína C-reativa (PCR) é um marcador crítico de inflamação e um 
preditor de mortalidade geral. A inflamação de baixo grau é uma caracterís-
tica essencial da obesidade. Tem sido relatada uma forte associação entre a 
elevação da PCR e a obesidade abdominal (PARK et al., 2018). A obesidade é 
considerada como um processo inflamatório crônico de baixo grau que, além 
de causar danos em diversos órgãos, principalmente o fígado, e tecidos, como 
o adiposo e o muscular, causa danos também no sistema nervoso central. 
Diversos compostos têm sido indicados para a melhora dos processos 
inflamatórios em obesos, pois vários nutrientes desempenham um importante 
papel na mediação da inflamação e das alterações relacionadas. Os alimentos 
possuem fundamental importância nesse processo tanto para o aumento de 
peso como para a redução e o controle do peso. 
Nos últimos anos, os alimentos funcionais vêm conquistando o mercado, 
pois são considerados importantes para o controle de peso e da obesidade, 
além de terem propriedades benéficas. Eles possuem a capacidade de regular 
o consumo alimentar, atuando no eixo intestino-cérebro, no gasto de energia, 
por meio da homeostasia energética-termogênese, no metabolismo de lipídios, 
por meio inibição da lipase, e no ciclo de vidados adipócitos, por meio de um 
mecanismo epigenético ou genético. 
No Brasil, para que um alimento ou nutriente seja considerado como funcio-
nal, deve ter suas propriedades aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa). Segundo a Anvisa, a “Alegação de propriedade funcional 
é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não 
nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções 
normais do organismo humano […]” (BRASIL, 2013, documento on-line). Um 
alimento ou nutriente funcional é, portanto, aquele que tem a capacidade de 
promover saúde e bem-estar, reduzindo o risco do desenvolvimento de doenças. 
Os alimentos funcionais podem atuar no controle da ingestão alimentar, 
proporcionando a sensação de fome/saciedade, regulando os mediadores 
inflamatórios e o aumento do gasto energético, entre outras atribuições. 
É importante destacar que um alimento/nutriente funcional deve ser seguro 
para consumo, ou seja, não pode causar danos à saúde. 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal4
Ácidos graxos poli-insaturados/ácidos graxos ômega 3
Os ácidos graxos ômega 3 são vitais para o funcionamento do corpo, por isso, 
também são conhecidos como ácidos graxos essenciais. Os principais ácidos 
graxos poli-insaturados (AGPI) são o ácido α-linolênico (ALA) ou araquidônico 
(18 carbonos, 3 ligações duplas), o ácido eicosapentaenoico EPA (20 carbonos, 
5 ligações duplas) e o ácido docosaexaenoico (DHA; 22 carbonos, 6 ligações 
duplas). Esses ácidos graxos essenciais desempenham um papel importante na 
estrutura das membranas celulares e nos processos metabólicos. No entanto, 
como o organismo não consegue sintetizar o ômega 3, eles precisam ser 
ingeridos pela alimentação. As principais fontes alimentares de ALA são os 
alimentos de origem vegetal, como linhaça, soja, chia, nozes, entre outros. Já 
as principais fontes de EPA e DHA são produtos de origem marinha, como 
sardinha, salmão, atum, arenque e cavala.
Os ácidos graxos ômega 3 estão presentes nas membranas celulares, parti-
cularmente na bicamada lipídica da membrana plasmática, e, dependendo da 
proporção em que se encontram nessas membranas, podem sofrer alterações 
na sua fluidez e, portanto, em suas funções. O DHA é um dos mais abun-
dantes componentes lipídicos da estrutura do cérebro, sendo considerado um 
componente-chave das membranas neuronais nos locais de transdução de 
sinal, o que indica que sua ação é vital para a função cerebral. 
A incorporação de EPA e DHA na dieta de um indivíduo pode influenciar 
não somente na composição lipídica e as estruturas celulares, mas também 
nas respostas fisiológicas relacionadas às membranas celulares, como os 
mecanismos de sinalização celular. Além disso, são considerados neuroprote-
tores, visto que melhoram distúrbios neurológicos, como declínios cognitivos, 
demência, depressão, entre outros. 
Desse modo, o EPA e o DHA atuam como importantes agentes anti-
-inflamatórios, pois exercem efeitos importantes nas vias inflamatórias, su-
primindo a produção de citocinas e diminuindo a produção de eicosanoides 
pró-inflamatórios. Uma dieta enriquecida com ômega 3 é capaz de inibir a 
neuroinflamação, além de retardar o estresse oxidativo (DE MELLO et al., 
2018).
No tratamento da obesidade, o ômega 3 atenua o ganho de peso e reduz 
a gordura corporal, principalmente a gordura da região abdominal, por me-
lhorar o quadro inflamatório e reduzir o estresse oxidativo. Além disso, tem 
a capacidade de inibir a atividade do NF-kB.
5Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
Quercetina
A quercetina é um flavonoide encontrado em frutas e vegetais, como cebola, 
uvas, maçã, entre outros. Ela possui ação antioxidante, anti-inflamatória, 
anti-hiperlipidêmica, anti-hipertensiva, anticâncer, antidiabética, bem como 
propriedades cardioprotetoras, neuroprotetoras e hepatoprotetoras. 
Na obesidade, a quercetina atua reduzindo o estresse oxidativo e a inflama-
ção via NFkB, bem como melhora o nível de adiponectina, inibe a adipogênese 
e induz o metabolismo dos carboidratos. 
Resveratrol
É um composto polifenólico que pertence à superfamília da fitoalexina. 
As principais fontes alimentares de resveratrol são uvas vermelhas (vinho 
tinto), frutas vermelhas e romãs. Ele possui ação antioxidante, anti-inflamatória 
e hipolipidêmica, atuando de maneira positiva em doenças cardiovasculares 
e câncer. Além de retardar o esvaziamento gástrico, o resveratrol inibe a 
adipogênese e a expressão de várias moléculas de sinalização, como a leptina 
e a resistina. 
Cúrcuma
A cúrcuma longa ou açafrão é um tempero tropical popularmente utilizado 
como corante amarelo, além de aromatizar preparações, principalmente na 
culinária indiana. Ela possui propriedades antiestresse, antioxidantes, anti-
-inflamatórias, antiapoptóticas, anti-hiperlipidêmicas, antiobesidade, antia-
teroscleróticas, anticâncer e atividades antidiabéticas, além de estimular a 
lipólise e suprimir a lipogênese. 
Probióticos e prebióticos
Os probióticos são bactérias vivas que residem no intestino humano e de-
sempenham um papel vital no sistema de saúde. São considerados bactérias 
benéficas, principalmente Bifidobacterium e Lactobacillus spp. Já os prebióticos 
são os componentes não digestivos que ajudam no crescimento de probióticos, 
resultando em uma flora intestinal mais saudável. São exemplos de prebióticos: 
inulina, frutanos, frutose, galacto-oligossacarídeos e ingredientes alimentares. 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal6
O uso combinado de pré e probióticos é chamado de simbiótico e, portanto, 
auxilia na melhoria da saúde do hospedeiro. Os probióticos possuem diversas 
propriedades, agindo como anti-inflamatórios, antioxidantes, imunomodula-
dores, anticâncer, anti-hiperlipidêmicos e antiobesidade.
Na obesidade, os probióticos auxiliam na absorção do colesterol, pois pos-
suem bile-hidrolase ácida. Além disso, auxiliam na interrupção da lipogênese 
e melhoram a sensibilidade à insulina, auxiliando na redução de peso. 
2 Fibras e alimentos termogênicos 
no excesso de peso 
O termo “fibra alimentar” foi descrito pela primeira vez em 1953, no entanto, 
seus benefícios para a saúde como um alimento rico em fibras são relatados 
há muito tempo. No ano de 430 a.C., Hipócrates descreveu os efeitos laxantes 
do trigo grosso em comparação com o trigo refinado, e, na década de 1920, 
Kellogg fez grandes publicações sobre as funções do farelo, alegando que ele 
aumentava o peso das fezes, promovia o laxamento e prevenia doenças. No 
entanto, na década de 1970, Denis Burkitt repopularizou a ideia do consumo 
de fibras como alimentos benéficos e protetores contra diversas doenças, como 
diabetes, doenças cardiovasculares, câncer de cólon e obesidade (SLAVIN, 
2013).
As fibras eram definidas como componentes químicos, como celulose, 
hemicelulose, pectina e lignina. No ano de 2001, o Institute of Medicine (IOM) 
desenvolveu o seguinte conjunto de definições para fibras no suprimento de 
alimentos: 
 � a fibra alimentar consiste em carboidratos não digeríveis e lignina, 
intrínsecos e intactos nas plantas;
 � a fibra funcional consiste em carboidratos isolados e não digeríveis que 
têm efeitos fisiológicos benéficos em seres humanos.
Essas definições incluem fontes vegetais, animais e de fibras manufaturadas 
que possuem efeitos fisiológicos benéficos em seres humanos.
Em geral, as fibras eram classificadas conforme a sua solubilidade — solú-
veis ou insolúveis—, sendo essa classificação ainda utilizada para rotulagens 
nutricionais, com recomendação de 25 g de fibras ao dia. 
7Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
O Quadro 1, a seguir, apresenta uma classificação das fibras conforme as 
suas características de solubilidade, viscosidade e fermentabilidade.
Fibra Classificação Fontes
Fibra 
alimentar
Lignina Partes mais endurecidas da 
cenoura, brócolis e sementes
Celulose Frutas com casca, grãos 
integrais, farelos e sementesβ-Glucano Aveia, farelos, quinoa, cevada, 
centeio, cogumelos
Pectina e 
hemicelulose
Frutas cítricas, como laranja e 
limão, maçã e legumes
Amido resistente Farinha de banana verde
Fibras 
solúveis
β-Glucano Aveia, farelos, quinoa, cevada, 
centeio, cogumelos
Dextrina de trigo Trigo, milho
Psyllium Semente da erva Plantago ovata
Pectina Frutas cítricas, como laranja e 
limão, maçã e legumes
Inulina Cebola, alho, chicória, trigo e bardana
Fibras 
fermentáveis
Dextrina de trigo Trigo, milho
Pectina Frutas cítricas, como laranja e 
limão, maçã e legumes
β-Glucano Aveia, farelos, quinoa, cevada, 
centeio, cogumelos
Goma guar Farelo de aveia, farinha de 
aveia, farelo de cevada
Inulina Cebola, alho, chicória, trigo e bardana
Quadro 1. Classificação das fibras conforme propriedades físicas e químicas, como solu-
bilidade, viscosidade, fermentabilidade e funcionalidade
(Continua)
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal8
Fonte: Adaptado de Slavin (2013).
Fibra Classificação Fontes
Fibras 
viscosas
Pectina Frutas cítricas como laranja, 
limão, maçã e legumes
β-Glucano Aveia, farelos, quinoa, cevada, 
centeio, cogumelos
Goma guar Farelo de aveia, farinha de 
aveia, farelo de cevada
Psyllium Semente da erva Plantago ovata
Fibras 
funcionais
Dextrinas 
resistentes
Obtida a partir da hidrólise 
ácida do amido
Psyllium Semente da erva Plantago ovata
Fruto-
oligossacarídeos
Cebola, banana, alcachofra, alho, 
chicória e batata yacon
Polidextrose Frutas e leguminosas
Amido resistente Farinha de banana verde
Fibras 
insolúveis
Celulose Frutas com casca, grãos 
integrais, farelos e sementes
Lignina Partes mais endurecidas da 
cenoura, brócolis e sementes
Algumas pectinas Frutas cítricas, como laranja e 
limão, maçã e legumes
Algumas 
hemiceluloses
Grãos de cereais, farelo de 
trigo, soja e centeio
Fibras não 
fermentáveis
Celulose Frutas com casca, grãos 
integrais, farelos e sementes
Lignina Partes mais endurecidas da 
cenoura, brócolis e sementes
Fibras não 
viscosas
Polidextrose Frutas e leguminosas
Inulina Cebola, alho, chicória, trigo e bardana
Quadro 1. Classificação das fibras conforme propriedades físicas e químicas, como solu-
bilidade, viscosidade, fermentabilidade e funcionalidade
(Continuação)
9Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
Fibras viscosas são aquelas que possuem propriedades para formar gel no 
trato intestinal, ao passo que as fibras fermentáveis são aquelas que podem 
ser metabolizadas por bactérias intestinais. De modo geral, as fibras solúveis 
também são fermentáveis e possuem alta viscosidade quando comparadas às 
fibras insolúveis. Todavia, nem todas as fibras solúveis são viscosas, assim 
como algumas fibras insolúveis são também fermentáveis. 
As fibras possuem diversas funções benéficas ao organismo, sendo as 
principais listadas a seguir.
 � Laxação: o consumo regular de fibras aumenta o peso das fezes e sua 
maciez, devido à capacidade das fibras de reter água e ao aumento da 
massa bacteriana de fermentação. Um volume maior de fezes mais 
macias facilita a defecação, auxiliando na melhora de quadros de consti-
pação intestinal. O farelo de trigo é considerado como “padrão-ouro” no 
aumento do volume fecal. Já a inulina não tem a capacidade de aumentar 
o volume fecal, mas é uma fibra altamente fermentável. 
 � Controle do apetite: alimentos ricos em fibras precisam ser mastigados 
por um tempo maior, o que promove maior saciedade. Algumas fibras 
solúveis ou viscosas que se ligam à água podem aumentar a distensão 
gástrica. Além disso, acredita-se que a distensão do estômago desenca-
deie sinais vagais aferentes de plenitude, o que provavelmente contribui 
para saciar a fome durante as refeições e proporciona maior sensação 
de saciedade no período pós-refeição.
 � Controle do peso corporal: a ingestão regular de fibras está associada 
a fatores como estilo de vida, maior ingestão de frutas e verduras e, 
consequentemente, menor consumo de alimentos com alto teor calórico, 
como as frituras. Assim, indivíduos com maior consumo de fibras 
tendem a ter menor peso corporal (THOMPSON et al., 2017).
 � Proteção contra doenças cardiovasculares: a ingestão adequada 
de fibras reduz o risco de doenças cardiovasculares e coronarianas, 
devido à redução nos níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL, 
do inglês low-density lipoprotein). As fibras solúveis em água (princi-
palmente β-glucano, psyllium, pectina e goma guar) são mais eficazes 
na redução das concentrações séricas de colesterol LDL, sem afetar 
as concentrações de lipoproteína de alta densidade (HDL, do inglês 
high-density lipoprotein). Para a redução de lipídios no sangue, são 
utilizadas a aveia, a cevada e a psyllium, além das fibras solúveis, como 
os glucanos e as pectinas. 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal10
 � Diabetes tipo II e controle glicêmico: o consumo regular de fibra 
diminui a absorção de glicose, impedindo o ganho de peso e prevenindo 
o diabetes. 
 � Efeitos prebióticos: os prebióticos são substâncias não digeríveis que 
fornecem um efeito fisiológico benéfico ao hospedeiro, estimulando 
seletivamente o crescimento ou a atividade favorável de um número 
limitado de bactérias intestinais. Os benefícios dos prebióticos in-
cluem melhoria na função da barreira intestinal, imunidade, redução 
de subpopulações de bactérias potencialmente patogênicas e aumento 
da produção de bactérias benéficas, como as bifidobactérias e os lac-
tobacilos. Os principais benefícios dos prebióticos à saúde são:
 ■ reduz a prevalência e a duração da diarreia infecciosa associada a 
antibióticos;
 ■ reduz a inflamação e os sintomas associados à doença inflamatória 
intestinal;
 ■ exerce efeitos protetores para prevenir o câncer de cólon;
 ■ melhora a biodisponibilidade e a absorção de minerais, incluindo 
cálcio, magnésio e, possivelmente, ferro;
 ■ diminui alguns fatores de risco para doenças cardiovasculares;
 ■ promove a saciedade e a perda de peso, além de prevenir a obesidade.
Alimentos termogênicos
A termogênese é um processo de conversão de calorias proveniente dos nu-
trientes em energia térmica essencial para a homeostasia corporal, sendo 
responsável pela termorregulação, a manutenção do metabolismo saudável e 
o controle do peso corporal. O gasto total de energia de um indivíduo inclui 
a energia necessária para desempenhar as funções celulares e orgânicas, o 
gasto de energia induzido pela dieta, ou, em algumas situações, a exposição 
ao frio, e o gasto de energia induzido pela atividade física. 
O gasto energético de 24 horas é a soma do gasto energético em repouso, 
que inclui o trabalho cardiorrespiratório e o trabalho de manter os gradientes 
de íons transmembranares em repouso, atividades que correspondem a aproxi-
madamente 60% do gasto energético total. Já o efeito térmico do alimento que 
envolve o trabalho de digestão equivale a aproximadamente 5 a 10% do gasto 
energético. Por fim, o gasto energético fora de repouso equivale à energia gasta 
em atividade física acima do repouso, o que corresponde a aproximadamente 
30 a 40% do gasto energético total.
11Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
Termogênese adaptativa é o termo usado quando ocorrem alterações no 
gasto energético devido à dieta ou à exposição ao frio. A obesidade indica 
defeitos nesse processo de termogênese adaptativa, bem como no mecanismo 
de manutenção da composição corporal e do peso saudáveis. A termogênese 
adaptativa pode ser modificada por alimentos e suplementos alimentares. 
Portanto, alimentos que estimulam a termogênese ou estimulam o sistema 
nervoso central são conhecidos como termogênicos. 
Catequinas
As catequinas são fitonutrientes da família dos polifenóis, as quais possuem 
forte ação antioxidante e anti-inflamatória, atuando diretamente no estresse 
oxidativo. As principais fontes de catequinas são: chá verde, cerejas, amoras, 
framboesas, mirtilo, uva roxa e vinho tinto.
Chá verde
Obtido de folhas secas da plantaCamellia sinensis, o chá verde é preparado 
por meio da infusão das folhas secas em água quente. Durante esse processo, 
a polifenol-oxidase é inativada, e os polifenóis são preservados. As catequinas 
presentes no chá verde possuem ação antiobesidade, devido à inibição da 
diferenciação de pré-adipócitos, na diminuição da proliferação de adipócitos, 
na indução de apoptose de adipócitos, na supressão da lipogênese e na pro-
moção da lipólise e da β-oxidação de ácidos graxos. As catequinas regulam 
positivamente a lipólise e a termogênese, diminuindo a gordura corporal, os 
lipídeos totais, o colesterol e os triacilgliceróis, bem como reduzem a peroxi-
dação lipídica e melhoram a homeostasia da glicose.
O chá verde possui cerca de 35% de sua massa total constituída de polifenóis. Uma 
preparação com 1 grama de chá verde em 100 mL de água sob fervura por 3 minutos 
contém cerca de 35 a 45 mg de catequinas, sendo a mais abundante a epigalocatecina-3-
-galato, correspondendo a cerca de 68% das catequinas presentes no chá verde. O 
chá verde pode ser tomado até 3 vezes ao dia, porém o consumo de dois copos por 
dia é suficiente para obter todos os benefícios das catequinas. 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal12
Cafeína
A cafeína, um alcaloide que ocorre naturalmente, é encontrada em quantidades 
variadas nas folhas e nos frutos de mais de 60 plantas. Algumas fontes comuns 
de cafeína são o cacau, a erva-mate e o guaraná, mas as principais fontes são o 
café e o chá verde (Camellia sinensis). A cafeína é um composto lipossolúvel, 
portanto consegue atravessar a barreira hematoencefálica, afetando a função 
neural e aumentando a excitabilidade do sistema nervoso simpático, o que 
suprime a fome e aumenta a saciedade. É também conhecida por seus efeitos 
no balanço energético. No entanto, é importante ressaltar que, em indivíduos 
obesos, ocorrem modificações no fluxo sanguíneo, portanto o resultado no 
consumo de alimentos termogênicos não é igual em indivíduos com diferentes 
massas corporais (HARPAZ et al., 2017).
Pimenta-caiena ou Capsicum (capsaicina/capsinoide)
Capsicum ou pimenta-caiena é um tempero utilizado na culinária de diversos 
países, conferindo sabor picante à comida, além de várias propriedades funcio-
nais. Destaca-se como analgésico, anti-inflamatório, antioxidante, anticâncer, 
antiobesidade, além de ser um importante composto para o tratamento de 
rinite, artrite reumatoide e doença neurodegenerativa. A Capsicum atua como 
termogênico, melhorando o gasto energético, e inibe a adipogênese, regulando 
a diferenciação dos adipócitos. 
Gengibre ou Zingiber officinale
O rizoma ou raiz chamado de gengibre é uma planta pertencente à família 
Zingiberaceae. O gengibre é um tempero popular, tanto fresco como seco, 
utilizado comumente para dar sabor aos alimentos. Ele possui propriedades 
antioxidantes, anti-inflamatórias, antieméticas, anti-hiperlipidêmicas, antio-
besidade, anticâncer e hipoglicêmicas; portanto, é considerado um alimento 
funcional. O gengibre atua suprimindo a lipogênese e a adipogênese, além de 
aumentar a termogênese, a captação de serotonina e dopamina e a saciedade. 
Além disso, ele inibe a absorção de gordura e colesterol intestinal e altera o 
metabolismo de carboidratos. 
13Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
Carotenoides
São pigmentos com atividade antioxidante e com potencial de conversão em 
vitamina A. Os carotenos incluem o β-caroteno, α-caroteno, β-criptoxantina e 
γ-caroteno, que, além de serem compostos antioxidantes, também podem ser 
convertidos em vitamina A no corpo. As xantofilas incluem luteína, astaxantina, 
zeaxantina e fucoxantina, as quais desempenham importantes funções como 
antioxidantes. Elas possuem a capacidade de aumentar o gasto energético 
em repouso e, devido ao seu potencial antioxidante, atuam diretamente nas 
células do tecido adiposo, auxiliando na redução de peso. 
Flavonoides
Os flavonoides são pigmentos polifenólicos de plantas que possuem um papel 
biológico versátil como mensageiros químicos, reguladores fisiológicos e 
inibidores do ciclo celular. São classificados em flavonoides ou bioflavonoi-
des, isoflavonoides e neoflavonoides. Os flavonoides são promissores agentes 
terapêuticos no tratamento da desregulação metabólica, visto que diminuem 
a resposta inflamatória no fígado e no tecido adiposo, prevenindo, assim, a 
obesidade (STOHS; BADMAEV, 2016).
Canela
A canela contém um óleo essencial, conhecido como cinamaldeído, que pode 
reduzir o ganho de peso e melhorar a homeostasia da glicose. A ingestão diária 
de cinamaldeído leva à proteção metabólica, aumentando o gasto energético 
e a oxidação pós-prandial da gordura (JIANG et al., 2017).
Diversos estudos vêm sendo realizados para identificar compostos nu-
tricionais com importância metabólica para a ativação e a estimulação da 
termogênese corporal, com o objetivo de reduzir a obesidade e melhorar a 
qualidade de vida das pessoas. 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal14
3 Fatores nutricionais e sua correlação 
com a proeminência abdominal
A obesidade, especificamente a adiposidade visceral, vem aumentando devido 
a mudanças na adiposidade total em indivíduos de todas as classes socioe-
conômicas e políticas. Esse aumento implica um maior fator de risco para o 
desenvolvimento de diversas doenças, entre elas o aumento dos ácidos graxos 
livres na circulação, levando a lipotoxicidade para outros órgãos, como o 
fígado e os músculos, além de causar dislipidemias, como o aumento de LDL, 
a redução de HDL, o desenvolvimento de aterosclerose e, consequentemente, 
doenças cardiovasculares.
A obesidade abdominal é o fator mais robusto no diagnóstico da síndrome 
metabólica, daí a importância de se medir a circunferência da cintura para 
classificar o paciente e determinar seu risco cardiovascular. O tecido adiposo 
abdominal pode levar ao aumento da resistência à insulina, dos níveis séricos 
de lipídeos e dos índices de inflamação (PCR, interleucina e selectinas), 
o que diminui a concentração de proteínas que agem positivamente no sistema 
circulatório, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de doenças cardio-
vasculares, diabetes melito 2, doenças hormonais e tumores.
A circunferência da cintura é uma medida fácil e que representa o conte-
údo de gordura visceral. A gordura visceral é um órgão endócrino que libera 
citocinas e adipocinas, favorece a resistência à insulina, aumenta os níveis de 
angiotensina II e, portanto, favorece a hipertensão arterial. Ela está relacionada 
ao aumento de processos trombóticos e inflamatórios, além de ao aumento 
do colesterol e, portanto, do risco cardiovascular (BUENDIA et al., 2019).
A nutrição é essencial à vida, pois exerce a função de produção de 
energia, crescimento, desenvolvimento, reprodução e manutenção da vida. 
Os nutrientes incluem os macro e os micronutrientes, sendo os macronutrientes 
os carboidratos, proteínas e lipídios, e os micronutrientes, as vitaminas e 
minerais, além dos compostos antioxidantes. 
A mudança nos parâmetros nutricionais da população levou a um aumento 
expressivo no consumo de alimentos ultraprocessados em detrimento dos 
alimentos in natura ou minimamente processados. Aliado a isso, o crescimento 
do sedentarismo facilitou o aumento do índice de obesidade. Essa mudança 
acarretou uma modificação metabólica, levando à obesidade e ao aumento 
da adiposidade abdominal. 
15Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
Desse modo, mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares são fatores 
importantes para reduzir a obesidade abdominal. Nesse processo, é importante 
levar em consideração os compostos metabolicamente ativos que tenham me-
canismos de ação para atuar no desequilíbrio energético para o controle da 
obesidade, seja por meio do aumento da termogênese ou modulação da lipólise. 
Atualmente, muitos compostos alimentares estão sendo relatados para o 
controle da obesidade. Em geral, esses compostos atuam metabolicamenteno 
aumento do gasto de energia, aumento da oxidação da gordura, diminuição da 
absorção de gordura e aumento da saciedade, por meio da regulação de vias de 
sinalização relacionadas e alvos moleculares específicos, principalmente no 
tecido adiposo e no fígado. É importante ressaltar que a obesidade abdominal 
está associada a baixos níveis de magnésio, zinco e vitaminas C e E.
A seguir, são apresentadas as funções dos principais nutrientes necessários 
no processo de redução da obesidade abdominal.
Magnésio
O magnésio é um mineral essencial ao organismo, e, como macroelemento, é 
um dos quatro mais importantes cátions (sódio, potássio, cálcio e magnésio) 
e o segundo mais importante depois do potássio. É um elemento intracelular 
necessário para a vida. O magnésio é encontrado em várias fontes alimentares, 
incluindo grãos integrais, vegetais de folhas verdes, legumes e nozes. 
O magnésio é um cofator para centenas de reações corporais, incluindo o 
efeito estabilizador no DNA. Ele participa do transporte e da oxidação da gli-
cose e de reações envolvendo fosforilação e troca de energia, além possuir uma 
importante ação no metabolismo da insulina. A deficiência de magnésio causa 
distúrbios cardiovasculares, resistência à insulina, distúrbios da menstruação, 
incluindo abortos espontâneos, partos prematuros e eclampsia puerperal. Está 
associado com maior suscetibilidade a infecções e reações alérgicas, incluindo 
urticária e bronquite. A deficiência de magnésio também está associada ao 
desenvolvimento da síndrome metabólica, e baixos níveis de magnésio estão 
associados fortemente ao aumento do estresse inflamatório e oxidativo. 
Pacientes com obesidade apresentam normalmente baixos níveis de mag-
nésio, o que pode ser atribuído ao aumento do estresse, que leva à ativação 
das vias inflamatórias. A adiposidade visceral é conhecida por predispor as 
pessoas à redução da sensibilidade à insulina, o que, por sua vez, pode piorar 
o status do magnésio. A maior resistência à ação da insulina pode explicar 
a forte associação entre a circunferência abdominal e a hipomagnesemia 
(KOKOT et al., 2019). 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal16
Fibras
As fibras exercem um papel fundamental no processo de redução do tecido 
adiposo abdominal, uma vez que aumentam a capacidade do intestino delgado 
de absorver os ácidos biliares, o que aumenta a quantidade de ácidos biliares 
que são eliminados pelas fezes. Para compensar a perda de ácidos biliares, 
o fígado aumenta sua atividade na conversão do colesterol armazenado em 
ácidos biliares, diminuindo, assim, os níveis de colesterol. Dessa forma, a 
fibra se liga a vários nutrientes e enzimas essenciais no sistema digestório e, 
portanto, retarda os efeitos digestivos nos intestinos. 
O consumo regular de fibras está associado à redução de doenças, como as 
gastrintestinais, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, câncer 
e redução do peso, além de reduzir o tecido adiposo abdominal. Verifica-se 
uma relação positiva entre o aumento no consumo de fibras e a redução do 
tecido adiposo abdominal, sendo que fibras provenientes de fontes de cereais 
possuem melhor efeito sobre a redução da adiposidade abdominal. O consumo 
regular de fibras auxilia na redução da gordura, porém deve estar associado 
ao consumo de água (KIM, 2019). 
Azeite
O azeite de oliva tem sido indicado como um excelente componente alimen-
tar para a redução de processos inflamatórios e danos oxidativos no tecido 
adiposo e no transporte de lipoproteínas corporais. A lipotoxicidade é uma 
síndrome comum em que os ácidos graxos de cadeia longa não oxidados (p. 
ex., triacilglicerol) são armazenados no tecido adiposo do corpo. 
A redução da lipotoxicidade, como resultado de uma maior ingestão 
de azeite, diminui as células B no interior do tecido adiposo, o que, por 
sua vez, leva a uma diminuição dos ácidos graxos de cadeia longa. Isso 
desencadeia uma redução do armazenamento global de células lipídicas, 
reduzindo, consequentemente, o índice de massa corporal (IMC) de um 
indivíduo obeso. 
17Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal
A dieta mediterrânea inclui um nível moderado a alto de consumo de azeite de oliva 
(entre outros alimentos saudáveis), o que tem sido correlacionado com o aumento da 
longevidade e a diminuição da incidência de doenças crônicas importantes, como 
a obesidade. 
O azeite tem demonstrado possuir ações antioxidantes e componentes anti-
-inflamatórios que, quando consumidos regularmente, demonstram benefícios 
significativos para a saúde. Os compostos anti-inflamatórios presentes no 
azeite beneficiam positivamente o corpo por meio da mediação da quantidade 
de células lipídicas. Assim, uma dieta rica em azeite pode melhorar o estresse 
oxidativo e a inflamação no corpo. Esse tipo de dieta também permite a dimi-
nuição da inflamação crônica, que contribui para o metabolismo e distúrbios 
endócrinos, como a obesidade.
 O azeite possui compostos fenólicos que diminuem os processos de lipoto-
xicidade, tornando as células lipídicas anti-inflamatórias e, metabolicamente, 
menos complicadas. Isso tem um efeito significativo no peso corporal e no 
tamanho das células adiposas, que, mais tarde, se transformam em gordura 
visceral (BELL, 2019).
Antocianinas
São flavonoides encontrados em grandes concentrações em chás, vinhos, 
frutas, vegetais, nozes, azeite, cacau e cereais, os quais apresentam uma cor 
vívida, de vermelho a azul. Atualmente, as antocianinas são reconhecidas 
como um importante fator alimentar, com função fisiológica significativa para 
a saúde, incluindo as ações anti-inflamatórias, antioxidantes, antiobesidade 
e antidiabéticas. 
As antocianinas têm a capacidade de melhorar a secreção de adipocitocinas, 
como a leptina e a adiponectina, regulando a expressão gênica específica dos 
adipócitos. Alimentos como mirtilo, uva, framboesa e amora são excelentes 
fontes de antocianinas, pois têm demonstrado ação de diminuição da pro-
liferação e viabilidade de células pré-adipócitas, regulando a expressão da 
adipogênese e reduzindo a expressão de adipocitocinas pró-inflamatórias. 
Outra função das antocianinas é a de redução dos triacilgliceróis. Além disso, 
Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal18
uma das principais funções da ação das antocianinas na redução da adiposidade 
abdominal é a conversão do tecido adiposo branco pelo tecido adiposo marrom 
em uma ação chamada de efeito de escurecimento (KANG; LEE; LEE, 2019).
Carotenoides
Os carotenoides pertencem à família dos tetraterpenos, sendo encontrados 
principalmente em plantas, algas, bactérias fotossintéticas e animais. São os 
pigmentos mais importantes na determinação de várias cores de plantas e 
animais. Carotenoides como o β-caroteno e a β-criptoxantina são bem conhe-
cidos como carotenoides pró-vitamina A. Também existem os carotenoides não 
pró-vitamina A, os quais desempenham um papel na prevenção de doenças 
crônicas, como doenças cardiovasculares, degeneração macular relacionada à 
idade e câncer. Além disso, estudos epidemiológicos estabeleceram uma cor-
relação positiva entre o consumo de carotenoides e a redução do risco câncer, 
uma vez que eles diminuem o risco de doenças e distúrbios, devido ao poder 
de reduzir o estresse oxidativo nos tecidos. Por exemplo, a astaxantina tem 
efeitos protetores no LDL e nas células endoteliais contra lesões oxidativas. 
O carotenoide fucoxantina, por sua vez, tem efeito antiobesidade, agindo 
na redução da gordura abdominal, por meio da diminuição da expressão de 
adipocitocinas pró-inflamatórias e indutoras de resistência à insulina. Ele 
age também na diferenciação e na adipogênese do tecido adiposo, evitando o 
acúmulo lipídico intercelular (MIYASHITA; HOSOKAWA, 2019). 
Outros compostos alimentares também são muito estudados em virtude de 
seu efeito no aumento do metabolismo energético (função termogênica), com 
efeitos benéficos na redução do peso e da gordura abdominal. Algunsexem-
plos são: ácidos graxos, ácido all-trans-retinoico, isotiocianato da mostarda, 
capsaicina e capsiar de pimentas, paradol de gengibre, cafeína, oleuropeína 
de azeitona e antocianinas.
Atualmente, a indústria de alimentos oferece à população uma alimenta-
ção rica em calorias, gorduras, açúcares, entre outros componentes tóxicos 
ao corpo, o que leva a acúmulos de toxinas e gorduras. Essa mudança na 
qualidade dos alimentos e o excesso de alguns nutrientes estão diretamente 
relacionados com depósitos de gordura visceral mais elevados e aumento do 
risco de desenvolvimento de obesidade e outras doenças metabólicas. Portanto, 
a qualidade e a quantidade do consumo diário de nutrientes é responsável pela 
manutenção da homeostasia celular e tecidual.
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21Nutrientes, obesidade e proeminência abdominal