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Obesidade Doença crônica caracterizada pelo excesso de tecido adiposo, que se acumula de maneira ectópica, trazendo prejuízo ao funcionamento de diversos órgãos e sistemas - As células adiposas, residindo em depósitos de tecido adiposo, armazenam o excesso de energia em triglicerídeos e, quando necessário, liberam a energia armazenada em ácidos graxos livres para uso em outros locais. Quando as células adiposas ultrapassam o índice de armazenamento de maneira saudável, ficam com muito estoque de gordura, gerando o prejuízo deste tecido. Quando o tecido não consegue armazenar mais, essa gordura absorvida da alimentação começa a se acumular em tecidos que não deveriam ter, gerando complicações importantes, como resistência à insulina, diabetes, hipertensão, hiperlipidemia e, em mulheres, hiperandrogenismo. Vigitel: Ministério da Saúde faz um levantamento, através de ligação telefônica, para fazer o levantamento das doenças presente na população Atualmente, a obesidade está em ascensão Classificação da OMS para diagnosticar a obesidade: Através do IMC • Apetite: desejo por um tipo particular de comida • Fome: desejo intrínseco por comida • Saciedade: Oposto da fome - sensação de plenitude após a ingestão de alimento Ciclo fome-saciedade - Hipotálamo: Recebe sinais neurais ∟ Do estiramento de receptores do trato gastrointestinal que ativam as vias aferentes sensoriais do n. vago e fornecem informações sobre o enchimento gástrico ao centro de alimentação - inibem a ingestão de alimentos; ∟ Sinais químicos dos nutrientes no sangue (glicose, aminoácidos, ácidos graxos): quando os estoques estão adequados, os centros de saciedade se tornam ativos e a pessoa perde o desejo por comida; quando abaixo, os centros de alimentação se tornam ativos ∟ Sinais dos hormônios gastrointestinais → Peptídeo YY; Colecistocinina (CCK): liberado em resposta aos lipídios que estão entrando no duodeno, mandam sinais através do N. Vago; Insulina são liberados pela ingestão de alimentos ativam os neurônios POMC/CART e inibem os neurônios NPY - inibe a ingestão de alimentos ∟ A grelina é liberada pelo estômago, especialmente durante o jejum por não haver sinais de estiramento, estimula a produção de NPY e AGRP, produzindo a fome ∟ Sinais de hormônios liberados pelo tecido adiposo → leptina: ativa os neurônios POMC/CART e inibe os neurônios NPY - inibe a ingestão de alimentos ∟ Sinais do córtex cerebral (visão, cheiro, sabor), que influenciam o comportamento alimentar → Núcleo arqueado do hipotálamo: - Há os neurônios pró-opiomelanocortina (POMC), que produzem o hormônio α-MSH junto com o transcrito relacionado à cocaína e à anfetamina (CART) → diminui a ingestão alimentar e aumenta o gasto energético. OBS: A sinalização defeituosa é associada à obesidade extrema - Há os neurônios que produzem o neuropeptídeo Y (NPY) e as proteínas relacionadas ao agouti (AGRP) → aumenta a ingestão alimentar e reduz o gasto energético Indivíduo obeso: mecanismo de regulação é quebrado, gerando o desbalanço energético negativo ETIOLOGIA DA OBESIDADE: - Genéticas: influência de 40 a 60% no IMC. ∟ Hipotálamo mais sensível ou mais resistente aos hormônios → pessoas predispostas ao ganho de peso. O ambiente influencia a predisposição, porém a influência genética é maior. Tipos: • Mutação monogênica (mais rara) → pacientes nascem sem o receptor da melanocortina tipo 4 (MC4R), impedindo gerar o sinal de saciedade; • Mutação poligênica (mais comum) → pacientes nascem com uma série de mutações distintas distribuídas por todo o genoma, que se somam gerando a obesidade; - Doenças endócrinas: ∟ Hipotireoidismo; ∟ Hipercortisolismo (doença de Cushing) ∟ Deficiência de GH; ∟ Hipogonadismo - Medicamentos: ∟ Anticonvulsivantes (gabapentina); ∟ Antidepressivos; ∟ Antipsicóticos; ∟ Betabloqueadores; ∟ Insulina; ∟ Anti-retrovirais - Redução do metabolismo basal: ∟ Diminuição do gasto energético - Estilo de vida moderno: ∟ Aumento da entrada de energia associada ao sedentarismo - redução do gasto energético - Redução do sono: ∟ Rompe o mecanismo de controle endócrino Fisiopatologia: Aumento do tecido adiposo e aumento da circulação de lipídio gera: ∟ Aumento da síntese de adipocinas (citocinas) com efeito pró-inflamatório • Exercem ação sobre a sensibilidade à insulina → alteram a sinalização mediante a inibição dos receptores de insulina - inibem a fosforilação da tirosina, gerando resistência à insulina e a diabetes melito tipo 2 ∟ Placas de aterosclerose • Gerando doença arterial coronariana ∟ Aumento do estresse mecânico • Sobrecarga das articulações → Osteoartrite ∟ Ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona • Maior secreção de angiotensinogênio, resultando em angiotensina II → possui diversas funções fisiológicas relacionadas ao aumento da pressão arterial, principalmente por meio da vasoconstrição arteriolar e por estimular a secreção de aldosterona ∟ Gordura se deposita no fígado → esteatose hepática → Evolui para esteatite → a inflamação contínua gera a cirrose hepática ∟ Apneia obstrutiva do sono: Gordura acumulada gera obstrução das vias aéreas altas; ∟ Aumento da pressão intra abdominal: Refluxo e problemas esofágicos DIAGNÓSTICO: Anamnese ∟ História evolutiva do peso e velocidade: para identificar fatores que contribuíram para o ganho - Quando começou; velocidade; ∟ Antecedentes Pessoais → Medicamentos; comorbidades; doenças associadas a obesidade; cirurgias; sintomas psicológicos ∟ Antecedentes Familiares → Doenças genéticas; história família de obesidade; ∟ História alimentar e social → perfil nutricional; prática de exercícios físicos; Sintomas associados a etiologias e complicações Exame Físico ∟ Antropometria → IMC; PA; Circunferência abdominal ∟ Checar complicações existentes; Exames laboratoriais: ∟ Avaliar se o paciente já desenvolveu doenças atreladas a obesidade • Glicemia de jejum; • Perfil lipídico; • TGO, TGP; • Creatinina; • TSH; TRATAMENTO: ∟ Meta de perda de peso de 5 a 10%: Objetivo realista → não é alcançar o peso ideal, mas sim alcançar um peso que controle o arranjo metabólico - 1 a cada 1.500 pacientes voltam a ter o IMC normal ∟ Promover um estilo de vida saudável: • Redução da ingestão calórica → balanço energético negativo • Planejamento alimentar ∟ Evitar drogas de abuso: Formulações ilegais para perda de peso geram prejuízos para os pacientes ∟ Manter o peso perdido a longo prazo: Controle metabólico mantido a longo prazo, se não, há ganho de massa novamente ∟ Tratar as comorbidades: Pacientes obesos geralmente possuem comorbidades em conjunto ∟ Atividade física • Aeróbica ou resistida; • 300 minutos de exercício físico aeróbico por semana; • 3 sessões de atividade resistida por semana envolvendo os principais grupos musculares Dietas Recomendadas: • Dietas balanceadas: • Dietas de muito baixa calorias → perda de peso rápida - Cerca de 500 kcal por dia, feita em ambiente hospitalar • Dieta DASH → criada para o tratamento da hipertensão • Dieta do mediterrâneo → pobre em gorduras saturadas e rico em ômega 3, peixes de profundidade Dietas não Recomendadas: • Atkins; Protein Power; South Beach; Ducan → Ricas em gordura e pobres em carboidratos • Ornish; Pritikin → Pobres em gordura ou muito pobres em gordura • Dieta do índice glicêmico • Dietas com restrição específica de nutrientes: restrição de lactose, restrição de glúten • Jejum intermitente Tratamento Medicamentoso: • Indicado para pacientes com IMC > 30 • Pacientes com IMC > 25 e presença de comorbidades • Indicado após falha em perder peso com tratamento não farmacológico Orlistate: Análogo da lipstatina inibidor de lipases gastrintestinais (GI) que se liga no sítio ativo da enzima, fazendo com que cerca de ⅓ dos triglicérides ingeridos permanecem não digeridos e não sejam absorvidos pelo intestino → Inibidor das lipases gastrointestinais - esteatorréia. Efeito colateral: Gastrointestinais e deficiência de vitaminas lipossolúveis Contra-indicação: Portadores de síndromes de má absorção Sibutramina: Inibidor da recaptação de serotoninae noradrenalina → neurônios voltam a responder o ciclo de saciedade, levando a redução da ingestão alimentar Uso controlado (receituário B2) Efeito colateral: aumento leve da PA e FC → geralmente assintomática Contra-indicações: pacientes portadores de doenças cardiovasculares ou com mais de 2 fatores de risco (diabetes, HAS, tabagismo, dislipidemia, história familiar) Liraglutida: É um agonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1) - hormônio que atua no hipotálamo, se ligando aos receptores da saciedade. É um medicamento injetável Efeitos colaterais: são gastrointestinais → vômitos, diarreia. Raro: pancreatite Questionável possível associação com neoplasia Tratamento Cirúrgico: • Indicação: 2 anos de tratamento clínico • Acompanhamento psicológico e nutricional • IMC > 40 ou IMC > 35 com comorbidades Não pode haver contraindicações (ex: paciente com risco cardiovascular) Síndrom� Metabólic� DEFINIÇÃO: Não é uma doença em si, mas sim consiste em um grupo de anormalidades metabólicas que conferem aumento de risco de doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes melito. As principais características da síndrome metabólica incluem obesidade central, hipertrigliceridemia, níveis baixos de colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL), hiperglicemia e hipertensão. Critérios definidos pela International Diabetes Federation Critério Obrigatório: • Obesidade central: circunferência abdominal > 102 cm (homens), > 88 cm (mulheres) ou definição de harmonização Homens Mulheres Etnia ≥ 94 ≥ 80 Povos da Europa, da África Subsaariana, do Oriente e do Oriente Médio ≥ 90 ≥ 80 Sul da Ásia, chineses e povos das Américas do Sul e Central ≥ 85 ≥ 90 Japoneses Mais 2 de 4 Critérios: • Hipertrigliceridemia: nível de triglicerídeos ≥ 150 mg/dL ou medicação específica • HDLc-colesterol baixo: < 40 mg/dL e < 50 mg/dL para os homens e as mulheres, respectivamente, ou medicação específica • Hipertensão: pressão arterial ≥ 130 mmHg sistólica ou ≥ 85 mmHg diastólica ou medicação específica • Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL ou medicação específica ou diabetes tipo 2 previamente diagnosticado Fatores de Risco: • Sobrepeso / obesidade: É a principal causa Forte relação entre a circunferência abdominal e o aumento de adiposidade central - característica essencial da síndrome. Apesar da importância da obesidade, pacientes que têm peso normal também podem ser insulinorresistentes e ter a síndrome metabólica • Estilo de vida sedentário: A falta de atividade física e o menor condicionamento cardiorrespiratório são preditores de eventos cardiovasculares e do risco relacionado à morte. Muitos componentes da síndrome metabólica estão associados a um estilo de vida sedentário, incluindo aumento de tecido adiposo (predominantemente central), colesterol, HDL reduzido e aumento dos triglicerídeos, da pressão arterial e da glicose nas pessoas geneticamente suscetíveis • Genética: Nenhum gene isolado explica o complexo fenótipo da SM, mas diversas variantes genéticas estão associadas - relacionados com o peso e a composição corporais, a resistência à insulina e o metabolismo dos lipídeos e das lipoproteínas • Envelhecimento: A síndrome afeta quase 50% da população com mais de 60 anos nos EUA, e as mulheres de mais de 60 anos são mais frequentemente acometidas • Diabetes Melito: Cerca de 75% dos pacientes com diabetes tipo 2 ou com tolerância diminuída à glicose tem síndrome metabólica • Doença Cardiovascular: Indivíduos com síndrome metabólica são duas vezes mais propensos a morrer de doença cardiovascular em comparação com aqueles que não a têm, e seu risco de IAM ou VC é três vezes maior
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