Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Neoplasias 1 🩸 Neoplasias ⚠ O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA que (em sua maior parte) são adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente. → Além disso, os cânceres geralmente mostram alterações epigenéticas, como o aumento focal da metilação de DNA e alterações nas modificações da histona, as quais por sua vez se originam de mutações adquiridas em genes que regulam essas modificações. Essas alterações alteram a expressão ou função de genes-chave que regulam os processos celulares fundamentais, como crescimento, sobrevida e senescência. → Essas alterações genéticas são hereditárias e passadas para as células-filhas na divisão celular. Como resultado, as células que ancoram essas alterações estão sujeitas à seleção darwiniana (sobrevivência da mais ajustada, discutivelmente o conceito científico mais importante já concebido), em que as células que sofrem mutações proporcionam as vantagens de crescimento ou sobrevivência, passando para trás suas vizi- nhanças e chegando desse modo a dominar a população. Como as vantagens seletivas são conferidas a uma única célula que acaba dando origem ao tumor, todos os tumores são clonais (isto é, é a progênie de uma célula). Características do câncer: 1. Autossuficiência nos sinais de crescimento: pelos quais o crescimento dos cânceres se torna autônomo e não é regulado por indícios fisiológicos; 2. Ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento: os quais controlam as proliferações celulares não neoplásicas, como a hiperplasia; Neoplasias 2 3. Evasão da morte celular: permitindo que as células cancerosas sobrevivam sob condições que induzam apoptose em células normais; 4. Potencial replicativo ilimitado: tornando, portanto, as células cancerosas imortais; 5. Desenvolvimento da angiogênese: para sustentar o crescimento das células cancerosas; 6. Capacidade de invadir tecidos: locais e disseminar-se para locais distantes; 7. Reprogramação das vias metabólicas — especificamente, uma alteração para a glicólise aeróbica, mesmo quando há abundante oxigênio; 8. Capacidade de escapar do sistema imune: As alterações genéticas que dão origem a essas características dos cânceres são sustentadas e permitidas pelo desenvolvimento de instabilidade genômica, acrescentando mais combustível à fogueira. As confirmações moleculares dessas características são discutidas em detalhes em seção posterior. Nomenclatura: Neoplasias 3 Neoplasia: Massa com crescimento que excede os tecidos normais, persistindo após o termino do estimulo que induziu a alteração. Tumor: Intumescimento Câncer: Tumor maligno Oncologia: Estudo dos tumores Sarcoma: Mesenquimal Carcinoma: Epitelial Parênquima: Células neoplásicas proliferantes. Comportamento biológico Estroma: Tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias derivadas do hospedeiro. Crescimento A divisão de neoplasias em categorias benigna e maligna baseia-se no julgamento do comportamento clínico potencial de um tumor. Tumor Benigno Quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, indicando que permanecerá localizado, e é tratável com a remoção cirúrgica; geralmente o paciente sobrevive. Nota-se, porém, que os tumores benignos podem produzir mais do que massas localizadas e, as vezes, são responsáveis por doença grave. A designação dos tumores benignos é feita acrescentando-se o sufixo -oma ao tipo celular do qual eles surgem. tecido fibroso é um fibroma; tecido cartilaginoso é um condroma; tecido osseo é um osteoma; tecido epitelial é um adenoma (geralmente); Papilomas são neoplasias epiteliais benignas, que crescem em qualquer superfície, produzem frondes micro ou macroscópicas semelhantes a dedos. Um pólipo é uma massa que se projeta acima de uma superfície mucosa, como no intestino, para formar uma estrutura macroscopicamente visível. Neoplasias 4 Cistadenomas são massas císticas ocas que surgem tipicamente no ovário. 🚩 Tumor Maligno O termo maligno aplica-se a uma neoplasia indicando que a lesão pode invadir e destruir estruturas adjacentes e disseminar-se para locais distantes (metástases) para causar morte. Nem todos os cânceres prosseguem em um curso tão mortal. Os mais agressivos também são alguns dos mais curáveis, mas a designação maligno constitui uma bandeira vermelha. A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente a dos tumores benignos, com certos acréscimos e exceções. tecidos mesenquimais (“sólidos”) ou seus derivados são chamadas de sarcomas; Os sarcomas são designados pelo tipo celular de que são compostos, sua célula de origem. Assim, um câncer com origem no tecido fibroso é um fibrossarcoma, enquanto uma neoplasia maligna composta por condrócitos é um condrossarcoma. células mesenquimais sanguíneas são chamadas de leucemias ou linfomas. as neoplasias malignas das células epiteliais são chamadas de carcinomas, independentemente do tecido de origem. Assim, uma neoplasia maligna que surge no epitélio tubular renal (mesoderma) é um carcinoma, como o são os cânceres que surgem na pele (ectoderma) e no epitélio do revestimento intestinal (endoderma). Além disso, o mesoderma pode dar origem a carcinomas (epiteliais), sarcomas (mesenquimais) e tumores hematolinfoides (leucemias e linfomas). Os carcinomas são ainda mais subdivididos: Os carcinomas que crescem em padrão glandular são chamados de adenocarcinomas, enquanto aqueles que produzem células escamosas são chamados de carcinomas de células escamosas. Algumas vezes, pode-se identificar o tecido ou órgão de origem, como na designação adenocarcinoma de células renais. Outras vezes, o tumor mostra pouca ou nenhuma diferenciação e deve ser chamado de carcinoma mal diferenciado ou indiferenciado. Neoplasias 5 Nomenclatura dos Tumores Pode-se notar algumas inconsistências flagrantes. Por exemplo, são usados os termos linfoma, mesotelioma, melanoma e seminoma para neoplasias malignas. Infelizmente para os estudantes, essas exceções estão firmemente arraigadas na terminologia médica. Origem celular As células transformadas em uma neoplasia, seja benigna ou maligna, quase sempre são assemelhadas, como se todas tivessem derivado de uma única progenitora, compatível com a origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos incomuns, porém, as células tumorais sofrem diferenciação divergente, criando os chamados tumores mistos. Neoplasias 6 Diferenciação e Anaplasia A diferenciação e a anaplasia são características observadas apenas em células parenquimatosas que constituem os elementos transformados das neoplasias. A diferenciação das células tumorais parenquimatosas refere-se à extensão em que se assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente. Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estreitamente a suas contrapartes normais. Um lipoma é constituído por células adiposas maduras carregadas com vacúolos lipídicos, e um condroma é constituído por células de cartilagem maduras que sintetizam sua matriz cartilaginosa — evidência de diferenciação funcional e morfológica. Em tumores benignos bem diferenciados, normalmente as mitoses são raras e sua configuração é normal. Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as completamente indiferenciadas. Por exemplo, adenocarcinomas bem diferenciados da tireoide podem conter folículos com aparência normal. Algumas vezes pode ser difícil distinguir esses tumores das proliferações benignas. Entre os dois extremos situam-se os tumores livremente referidos como moderadamente bem diferenciados. O estroma que contém o suprimento sanguíneo é crucial para o crescimento de tumores, mas não ajuda na separação dos tumores benignos dos malignos. A quantidade de tecido conjuntivo estromal determina, porém, a consistência daneoplasia. Certos cânceres induzem um estroma fibroso abundante (desmoplasia), tornando- os duros, os chamados tumores cirrosos. A falta de diferenciação, ou anaplasia, é considerada uma característica de malignidade. O termo anaplasia significa literalmente “formação retrógrada” — sugerindo desdiferenciação ou perda de diferenciação estrutural e funcional das células normais. Displasia Neoplasias 7 referindo-se à proliferação desordenada, mas não neoplásica. É encontrada principalmente em lesões epiteliais. É a perda de uniformidade de células individuais e em sua orientação arquitetural. As células displásicas exibem considerável pleomorfismo e, com frequência, possuem núcleos hipercromáticos que são anormalmente grandes para o tamanho da célula. O número de mitoses é mais abundante que o normal e frequentemente aparecem em localizações anormais dentro do epitélio; as mitoses não estão confinadas às camadas basais, onde normalmente ocorrem, mas podem ser vistas em todos os níveis e até nas células de superfície. Metaplasia É uma alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado (epitelial ou mesenquimal), é substituído por outro tipo celular de mesma linhagem. É um processo adaptativo. Carcinogênese É um processo de múltiplas etapas resultante do acúmulo de múltiplas alterações genéticas que coletivamente dão origem ao fenótipo transformado. Muitos cânceres surgem de lesões precursoras não neoplásicas, que as análises moleculares demonstraram que já possuem algumas das mutações necessárias para estabelecer um câncer plenamente. Presumivelmente, essas mutações proporcionam vantagens seletivas às células da lesão precursora. Depois de iniciados, os cânceres continuam a sofrer seleção darwiniana. Neoplasias malignas têm vários atributos fenotípicos, como crescimento excessivo, invasividade local e capacidade de formar metástases distantes. Além disso, é bem estabelecido que, durante algum tempo, muitos tumores se tornam mais agressivos e adquirem maior potencial maligno. Esse fenômeno é referido como progressão tumoral e não é representado simplesmente pelo aumento de tamanho do tumor. Cuidadosos estudos clínicos e experimentais revelam que a malignidade em crescimento muitas vezes é adquirida de modo incremental. Em nível molecular, a progressão tumoral e a heterogeneidade associada resultam, mais provavelmente, de múltiplas mutações que se acumulam independentemente em diferentes gerações de células, gerando subclones com diferentes características, como Neoplasias 8 capacidade de invadir, taxa de crescimento, capacidade metastática, cariótipo, responsividade hormonal e suscetibilidade a drogas antineoplásicas. Algumas das mutações podem ser letais; outras podem estimular o crescimento celular, afetando os proto-oncogenes ou os genes supressores de tumor. Assim, até mesmo o mais maligno dos tumores tem origem monoclonal, no momento em que se torna clinicamente evidente que as células que o constituem podem ser extremamente heterogêneas.
Compartilhar