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1 Khilver Doanne Sousa Soares Alergia Alimentar Hipersensibilidade Imediata Apesar de muitas proteínas de alimentos poderem ocasionalmente dar início a respostas IgE, apenas um pequeno número destas é causa comum de alergias alimentares. Estas incluem ovo, leite, trigo, soja, nozes, amendoim, peixe e marisco. Em contraste aos alérgenos inalados, essas proteínas geralmente são ingeridas em quantidades muito grandes. Em geral, apenas uma pequena fração dessas proteínas de alimentos é absorvida. Entretanto, pequenos peptídeos podem ser livremente absorvidos e ser reconhecidos por linfócitos T e mesmo por anticorpos IgE em uma minoria de indivíduos. Mesmo assim, acredita-se que a maior parte das respostas alérgicas e anafiláticas a alimentos esteja relacionada a proteínas alimentares que não foram digeridas, tanto disparando a ativação dos mastócitos no intestino, como entrando na circulação. A sequência de eventos no desenvolvimento das reações de hipersensibilidade imediata começa com a ativação de células TH2 e produção de anticorpos IgE em resposta a um antígeno, com a ligação da IgE a receptores de Fc dos mastócitos e, então, com a subsequente exposição ao antígeno, ligação cruzada da IgE ligada pelo antígeno reintroduzido e liberação de mediadores dos mastócitos. Fonte: ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Básica. Sequência de eventos na hipersensibilidade imediata. As reações de hipersensibilidade imediata são iniciadas pela introdução de um alérgeno, que estimula reações de TH2 e produção de imunoglobulina E (IgE). A IgE liga-se a receptores de Fc (Fc RI) nos mastócitos, e a exposição subsequente ao alérgeno ativa os mastócitos para secretarem os mediadores responsáveis pelas reações patológicas de hipersensibilidade imediata. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. A hipersensibilidade imediata desenvolve-se em consequência da ativação das células TH2 em resposta a antígenos de proteínas ou substâncias químicas que se ligam às proteínas. Os antígenos que produzem as reações de hipersensibilidade imediata (alérgicas) geralmente são chamados de alérgenos. Qualquer indivíduo atópico pode ser alérgico a um ou mais desses antígenos. Não se sabe por que apenas um pequeno subconjunto de antígenos ambientais comuns faz com que eles provoquem reações de TH2 e produção de IgE, ou quais características desses antígenos são responsáveis por seu comportamento como alérgenos. As interleucinas 4 (IL-4) e 13 (IL-13) (citocinas secretadas pelas céls Th2), estimulam linfócitos B específicos para os antígenos estranhos a mudarem para plasmócitos produtores de IgE. Obs.: a propensão ao desenvolvimento de TH2, produção de IgE e hipersensibilidade imediata tem uma forte base genética Anticorpos IgE produzidos em resposta a um alérgeno ligam-se a receptores de Fc de alta 2 Khilver Doanne Sousa Soares afinidade específicos da cadeia pesada e são expressos nos mastócitos. Assim, em um indivíduo atópico, os mastócitos são revestidos com anticorpo IgE específico do(s) antígeno(s) ao(s) qual(is) o indivíduo é alérgico. Esse processo de revestimento dos mastócitos com IgE é denominado sensibilização, porque o revestimento com IgE específico de um antígeno torna os mastócitos sensíveis à ativação pela exposição subsequente àquele antígeno. Em indivíduos normais os mastócitos podem carregar moléculas de IgE de muitas especificidades diferentes, porque muitos antígenos podem produzir pequenas respostas da IgE e a quantidade de IgE específica para qualquer antígeno é insuficiente para causar reações de hipersensibilidade imediata mediante exposição àquele antígeno. Fonte: Facebook. Acessado em 01/04/2021. https://www.facebook.com/LAI-Liga-Acad%C3%AAmica- de-Imunologia- 1476080582648701/photos/pcb.1542267799363312/15422 67739363318/ Os mastócitos do corpo que são ativados pela ligação cruzada de IgE específica do alérgeno em geral dependem da via de entrada do alérgeno. Por exemplo: a. Alérgenos inalados ativam mastócitos nos tecidos submucosos dos brônquios; b. No entanto, alérgenos ingeridos ativam mastócitos na parede do intestino. Quando mastócitos sensibilizados por IgE são expostos ao alérgeno, as células são ativadas para secretar os seus mediadores. A ativação do mastócito resulta da ligação do alérgeno a dois ou mais anticorpos IgE na célula. Os sinais levam a três tipos de respostas no mastócito: 1. Liberação rápida de conteúdos granulosos (degranulação); 2. Síntese e secreção de mediadores lipídicos; 3. Síntese e secreção de citocinas. Fonte: ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Básica. Produção e ações de mediadores de mastócitos. A ligação cruzada de imunoglobulina E (IgE) em um mastócito por um alérgeno estimula a fosforilação de motivos de ativação de imunorreceptor baseado em tirosina (ITAM, do inglês, immunoreceptor tyrosine-based activation motifs) nas cadeias sinalizadoras do receptor de Fc da IgE (Fc RI), que inicia várias vias de sinalização. Essas vias sinalizadoras estimulam a liberação de conteúdos granulosos do mastócito (aminas, proteases), a síntese de metabólitos do ácido araquidônico (prostaglandinas, leucotrienos) e a síntese de várias citocinas. TNF, fator de necrose tumoral. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. https://www.facebook.com/LAI-Liga-Acad%C3%AAmica-de-Imunologia-1476080582648701/photos/pcb.1542267799363312/1542267739363318/ https://www.facebook.com/LAI-Liga-Acad%C3%AAmica-de-Imunologia-1476080582648701/photos/pcb.1542267799363312/1542267739363318/ https://www.facebook.com/LAI-Liga-Acad%C3%AAmica-de-Imunologia-1476080582648701/photos/pcb.1542267799363312/1542267739363318/ https://www.facebook.com/LAI-Liga-Acad%C3%AAmica-de-Imunologia-1476080582648701/photos/pcb.1542267799363312/1542267739363318/ 3 Khilver Doanne Sousa Soares Os mediadores mais importantes produzidos pelos mastócitos são aminas vasoativas e proteases armazenadas nos grânulos e liberadas deles, produtos recém-gerados e secretados do metabolismo do ácido araquidônico e citocinas. Esses mediadores têm ações diferentes.: A HISTAMINA, causa a dilatação de pequenos vasos sanguíneos, aumenta a permeabilidade vascular e estimula a contração temporária do músculo liso; As PROTEASES podem lesar tecidos locais; As PROSTAGLANDINAS, metabólitos do ácido araquidônico, causam dilatação vascular; Os LEUCOTRIENOS estimulam a contração prolongada do músculo liso; As CITOCINAS induzem inflamação local (a reação de fase tardia). Obs.: citocinas produzidas pelos mastócitos estimulam o recrutamento de leucócitos, causando a reação de fase tardia. Os principais leucócitos envolvidos nessa reação são eosinófilos, neutrófilos e células TH2. O fator de necrose tumoral (TNF) e quimiocinas (produzidas pelos mastócitos e céls epiteliais nos tecidos), promovem inflamação rica em neutrófilos e eosinófilos - eosinófilos e os neutrófilos liberam proteases, que causam lesão tecidual, e as células TH2 podem exacerbar a reação ao produzir + citocinas. Alergia Alimentar A alergia alimentar pode envolver um mecanismo IgE mediado, não-IgE mediado ou mais que um mecanismo imunológico pode estar envolvido. Em pacientes geneticamente predispostos. Após a sensibilização com formação da IgE específica, este anticorpo circula pelo organismo e liga-se a receptores de alta afinidade em mastócitos e basófilos. Nos próximos contatos com o alérgeno, este une-se ao IgE que se ligou aos mastócitos e basófilos, promovendo a liberação de mediadores como histamina, prostaglandinas e leucotrienos, que são os responsáveis pelas manifestações clínicas. Essa reação ocorre em cerca de 1 min a 2 horas após a sensibilização Manifestações Clínicas Gastrintestinais. Segundo lugar em frequência nas manifestações de alergia alimentar. São comuns: náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia,e estes sintomas podem ocorrer isoladamente. Na síndrome de alergia oral, ocorre prurido com ou sem angioedema dos lábios, da língua e do palato. Esofagite e gastroenterite eosinofílica podem ter mecanismo IgE mediado, não-IgE mediado ou ambos, e são caracterizadas pela infiltração da parede do esôfago, estômago ou intestino por eosinófilos, e frequentemente, eosinofilia periférica. Os sintomas são semelhantes aos da doença do refluxo gastroesofágico, mas estes pacientes não respondem ao tratamento convencional da doença do refluxo gastroesofágico e apresentam pHmetria normal. Anafiláticas. Os pacientes podem apresentar manifestações cutâneas, respiratórias, gastrintestinais ou cardiovasculares, como hipotensão, síncope, arritmias e choque. Diagnóstico Pesquisa in vivo da IgE específica (testes cutâneos). Os testes cutâneos de leitura imediata representam um método rápido para avaliar a sensibilização a alimentos específicos. A técnica escolhida é a puntura (prick test), visto que os testes intradérmicos com alimentos são contra-indicados pelo risco de reações graves. Considera-se o teste positivo quando o alérgeno alimentar gera uma pápula pelo menos 3 mm maior que o controle negativo. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: Site Premiére Medicina. O teste é realizado a região volar do antebraço (a parte que não costuma ter pelo), onde é aplicado, por meio de puntura, o controle negativo, o controle positivo (histamina) e o extrato do alérgeno. Aguarda-se 15 minutos para a leitura do diâmetro da elevação da pápula. O surgimento de uma pápula representa uma reação em que há presença do anticorpo IgE específico contra o alérgeno testado. Consideram-se positivos resultados cujo diâmetro da pápula é maior ou igual a três milímetros em relação ao controle negativo. A histamina sempre formará uma pápula maior ou igual a três milímetros. O significado do teste positivo relaciona-se a uma sensibilização e NÃO necessariamente à alergia. Acessado em 01/04/2021. https://premieremedicina.com.br/o-que-e-o-teste- cutaneo-de-leitura-imediata-prick-test/ Outra alternativa é realizar o prick to prick com alimento fresco, indicado para frutas e vegetais em razão da maior sensibilidade. Fonte: Site Curae Vacinas e Alergias. Após a limpeza com álcool 70% do local (antebraço ou dorso), realiza-se puntura da pele com o extrato a ser testado, com lanceta de plástico ou metal. O número de extratos a serem testados vai depender da necessidade de cada caso. Este tipo de teste utiliza sempre um controle positivo e um controle negativo. Depois de transcorridos entre 15 a 20 minutos a leitura é realizada e o aparecimento de pápula maior de 3mm indica resultado positivo. Acessado em 01/04/2021. http://curaevacinasealergia.com.br/prick-test-teste- cutaneo-para-inalantes-e-alimentos/ Provas de Provocação Oral. Consistem na administração fracionada do alimento suspeito, em doses crescentes, sob supervisão médica. São considerados positivos quando reproduzem os sintomas relatados na anamnese. A escolha do alimento para realização da provocação oral é determinada pela história, pela pesquisa da IgE específica in vivo ou in vitro, ou pela dieta de restrição. A quantidade de alimento, o intervalo das doses e o tempo de observação são determinados pela história do paciente. Representam procedimentos de risco, em razão da possibilidade de manifestações clínicas graves. Portanto, devem ser sempre realizados por um médico treinado, dispondo de equipamentos e medicação para tratamento de emergência. Tratamento O alimento deve ser excluído totalmente da dieta, enfatizando a necessidade de estar alerta para o risco de exposição acidental. A exclusão do alimento envolve obrigatoriamente a restrição de qualquer fonte alimentar que contenha a proteína alergênica. O paciente deve ser orientado para realizar leitura de rótulos, evitar situações de alto risco (p. ex., buffets) e reconhecer precocemente os sintomas alérgicos. Anti-histamínicos podem melhorar sintomas cutâneos IgE mediados, mas não bloqueiam reações sistêmicas. O medicamento-chave no tratamento de uma reação alérgica alimentar do tipo anafilática é a adrenalina, na dose de 0,3 a 0,5 mL de solução 1:1.000 por via intramuscular. Deve ser prescrito e orientado o uso de adrenalina para auto injeção para os pacientes que tenham risco de anafilaxia induzida por alimento Novas Estratégias no Tratamento das Alergias Alimentares O uso de alérgenos modificados é uma das alternativas exploradas para tentar diminuir os efeitos adversos associados a imunoterapia. https://premieremedicina.com.br/o-que-e-o-teste-cutaneo-de-leitura-imediata-prick-test/ https://premieremedicina.com.br/o-que-e-o-teste-cutaneo-de-leitura-imediata-prick-test/ http://curaevacinasealergia.com.br/prick-test-teste-cutaneo-para-inalantes-e-alimentos/ http://curaevacinasealergia.com.br/prick-test-teste-cutaneo-para-inalantes-e-alimentos/ 5 Khilver Doanne Sousa Soares O anticorpo monoclonal anti-IgE (omalizumabe) constitui uma promessa para o futuro tratamento da alergia alimentar, pois poderia reduzir temporariamente as reações alérgicas para que a imunoterapia convencional possa ser realizada com menor risco de reações graves, ou mesmo aumentar o limiar de tolerância a possíveis exposições acidentais. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Básica. 4. ed. Rio de Janeiro:Elsevier, 2013. MARTINS, Milton de Arruda. et. al. Clínica Médica. 1. ed. São Paulo: Manole, 2009.
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