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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia “Não devemos deixá-los de lado, com pensamentos infundados ou palavras vãs, como “curiosidades” ou “acaso”. Nenhum deles ocorre sem significado; cada um deles poderia ser o início de um conhecimento excelente, se apenas pudéssemos responder à questão – por que é raro ou, sendo raro, por que aconteceu agora?” James Paget, 1882 1. Gerado simultaneamente; 2. O que se liga ao indivíduo depois de formado o ovo; 3. Característico do indivíduo desde o nascimento; nascido com o indivíduo; 4. Que se acomoda bem; adequado, apropriado; 5. Que surge espontaneamente; inato, natural; 6. Que foi adquirido antes do nascimento, durante a vida fetal. 1750 a.C – Presságios (híbridos); 200 a.C – Infanticídio; 1600 d.C – Punição de Deus ou influência demoníaca; 1800 d.C – Relação com animais; 1900 d.C – Rubéola (1941) e Talidomida (1961), estudos da teratologia. Distúrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento (mas não necessariamente diagnosticado ao nascimento). Principais causas de mortalidade infantil (fetal). Cerca de 2% dos recém-nascidos possuem defeitos congênitos e os defeitos ou más formações correspondem a 20 - 25% morte dos lactentes. Estruturais; Funcionais; Metabólicos; Hereditários; Comportamentais. As más formações podem trazer comprometimentos para a vida do indivíduo, como: Simples e leve: sem restrições a vida normal e é facilmente corrigida; Graves: sérias limitações a vida normal; Incompatíveis com a vida. A idade dos pais, o local de residência, o período do ano, a ancestralidade, e o histórico familiar podem estar envolvidos com as más formações congênitas. Idade dos pais: trissomia do 21 (mãe) e acondroplasia (pai); Ambiente: relacionada ao local de residência ou período do ano (suplementação de ácido fólico), bandas anmióticas, oligodrâmnio, etc; Ancestralidade: más formações relacionada a fatores genético (fenda palatina); Fatores ambientais: drogas, vírus, compostos químicos (teratógenos). Fatores genéticos: anormalidades cromossômicas ou gênicas. A sobreposição desses fatores é chamada de herança multifatorial. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia Cerca de 50-60% dos abortos espontâneos que ocorrem em estágio iniciais apresentam aberrações cromossômicas. Nos EUA, 1:120 recém-nascidos apresenta uma anormalidade cromossômica. 1:8.000 nascidos vivos do sexo feminino; 1% sobrevivência; 75% à não disjunção no gameta paterno; Fenótipo feminino; Disgenesia gonadal; 90% ausência de características sexuais secundárias (reposição hormonal); Baixa estatura; Pescoço alado; Mamilos separados. 1:1000 nascidos vivos; Testículos pequenos (infertilidade e baixos níveis de testosterona); Ginecomastia (40%); Comprometimento intelectual. Face alargada; Ponte nasal achatada; Pregas palmares características; Déficit intelectual; Malformações cardíacas e intestinais; Ramo da embriologia e patologia envolvido com a produção, anatomia do desenvolvimento e classificação de embriões e fetos malformados. Ambrose Paré (Séc. XVI): Fatores hereditários e influências mecânicas no aparecimento de defeitos ao nascimento. Até 1940, acreditava-se que embriões e fetos eram protegidos de qualquer agente ambiental como fármaco, vírus e compostos químicos através do amnio, córion, parede uterina e abdominal materna; Vírus da rubéola (1941); Talidomida (1950-1960). A talidomida é utilizada atualmente para úlceras do TGI causadas por HIV/AIDS, lúpus e hanseníase. No entanto, existe um acompanhamento integral pelo médico. Antes de iniciar o tratamento: exames laboratoriais para descartar a gravidez; Após a constatação da não gravidez: prescrição de uso de dois métodos contraceptivos que devem ser utilizados simultaneamente; Após um mês do uso dos contraceptivos e a realização de novos testes para descartar a gravidez: início do tratamento com a Talidomida. Teratógenos: qualquer agente que produz um defeito congênito (anomalia congênita) ou aumenta a incidência de um defeito na população. OBS: órgãos diferentes possuem diferentes períodos de susceptibilidade. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia Além disso, alguns estágios do desenvolvimento embrionário são mais vulneráveis a perturbações quando comparados a outros. Dose do medicamento ou composto químico; Genótipo do embrião. No período embrionário inicial, ocorre o período do tudo ou nada, quando ocorre um aborto espontâneo ou surge um mecanismo compensatório que dribla o teratógeno. Já no período da organogênese (3 a 8 semanas) é o período em que tem-se a sensibilidade máxima ao desenvolvimento anormal, devido a formação de tecidos e órgãos; No período fetal, o uso de teratógenos causam defeitos fisiológicos (pequenos defeitos morfológicos, perturbações funcionais). Uso de medicamentos vendidos sem prescrição durante a gravidez à 40- 90%; Evitar uso de medicamentos durante o primeiro trimestre (custo x benefício); Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia Relatos de casos, estudos experimentais em laboratório e estudos epidemiológicos. Estudos controlados não demonstraram risco para o feto. Estudos em animais não demonstraram risco para o feto (ausência de estudo adequado e bem controlado em gestantes). Estudos em animais demonstraram efeito adverso no feto (ausência de estudos adequados e bem controlados nos seres humanos) Os benefícios potenciais podem justificar o uso do fármaco em gestantes, apesar do risco potencial. Há evidências positivas de risco para o feto humano, porém os benefícios potenciais podem justificar o uso do fármaco em gestantes, apesar dos riscos. Estudos realizados em animais ou em seres humanos demostraram a ocorrência de anormalidades fetais – contraindicados. Estudos apontam que hormônios esteroides sexuais podem causar uma síndrome VACTERL: Anomalias Vertebrais, Anais, Cardíacas, Traqueais, Esofágicas, Renais e de membros. O Dietilestilbestrol podem causar câncer de vagina e colo de útero em mulheres expostas in útero e deformações do trato genital no sexo masculino em bebes quando crescem. Alguns antibióticos como tetraciclina, atravessam a membrana placentária e se depositam nos ossos e dentes. Além disso, estreptomicina e Di-hidroestreptomicina, usados para tratar tuberculose, podem causar surdez. Ademais, anticonvulsivantes como fenitoína e hidantoína podem causar a síndrome da hidantoína fetal, causando restrição de crescimento intrauterino, microcefalia, retardo mental, pregas epicânticas internas, ponte do nariz larga, hipoplasia das unhas e das falanges e hérnias. Por fim, inibidores da ECA (enzima conversora de angiotensina), Ácido Retinóico (Roacutan) e Odansterona, também podem causar malformações. O tabagismo pode causar restrição de crescimento intrauterino (prognóstico de morte infantil) e parto prematuro. Dentre seus problemas, destacam-se: Anormalidades cardíacas e urinárias; Fendas orofaciais; Problemas comportamentais. Isso ocorre devido a vasoconstrição uterina promovida pela nicotina, assim como a hipóxia fetal em decorrência do CO, estando envolvidos então com perturbações no desenvolvimento mental. Cerca de 1 a 2% de mulheres em idade fértil tem problemas com o alcoolismo. Anteriormente, o seu uso durante a gestação estava relacionado com a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que tem entre suas características: 1 a 2 lactentes : 1.000 nascidos vivos; Microcefalia; Fissuras palpebrais curtas; Pregas epicantais; Hipoplasia do maxilar; Leonardo ViníciusRibeiro Moreira BBPM II - Embriologia Nariz curto; Lábio fino; Doenças cardíacas; Sulcos palmares anormais; No entanto, atualmente, discutem-se que o uso do álcool durante a gestação está relacionado com o Distúrbio do Espectro Alcoólico Fetal (DEAF), termo utilizado para abranger todos os efeitos causados pelo álcool (neurodesenvolvimentais e características externas). No que diz respeito a drogas ilícitas, a maconha pode causar baixo peso ao nascimento e alterações do sono (2 primeiros meses de gestação). Já a cocaína/crack, está relacionada com aborto espontâneo, prematuridade, restrição de crescimento intrauterino, microcefalia, infarto cerebral, anomalias urogenitais, distúrbios neurocomportamentais e anormalidades neurológicas. Além disso, a cocaína é a droga ilícita mais amplamente usada em mulheres em idade fértil. A heroína/metadona por sua vez, causam disfunções do SNC, restrição de crescimento intrauterino, microcefalia, convulsões no momento do parto (morte) e dependência química ao nascimento. Mercúrio orgânico: Doença de minamata fetal, Atrofia cerebral, convulsões, deficit intelectual, cegueira; Praguicidas: Restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro, malformações cardíacas e neurais; Chumbo: Restrição de crescimento intrauterine, abortos, distúrbios neurocomportamentais e psicomotores. Catarata; Surdez; Defeitos cardíacos; Ocasionalmente microftalmia e defeitos dentários; Se ocorrer durante o período fetal tardio: deficit mental fetal. É a infecção viral mais comum no feto humano. No primeiro trimestre de gestação fetal, causa aborto espontâneo. Já após o primeiro trimestre, causa baixo peso corporal, microftalmia, cegueira, microcefalia, calcificação cerebral, déficit mental e psicomotor e surdez. Alguns casos podem manifestar as alterações somente na infância, levando a perturbações auditivas, neurológicas e neurocomportamentais. A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que é adquirido ao entrar em contato com carne mal cozida, solo ou animais infectados. Pode causar: déficit mental, calcificação cerebral, hidrocefalia, microftalmia, e alterações oculares. O Tratamento antiparasitário ao recém-nascido previne o agravamento das alterações mentais. É uma doença causada pelo Treponema pallidum. Até a 20ª semana: presença do citotrofoblasto nas vilosidades coriônicas. O tratamento materno previne comprometimento fetal. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia Após a 20ª semana: microrganismo atinge o feto em desenvolvimento, causando surdez congênita, hidrocefalia e deficit mental. Se a criança não for tratada, podem ocasionar lesões no palato, dentes malformados, faces anormais. O vírus da Zika é capaz de ocasionar malformações congênitas, especialmente no SNC, alterações urinárias. Radiações ionizantes: podem provocar microcefalia, defeitos no crânio, espinha bífida, cegueira, defeitos nas extremidades e fenda palatina, deficit intelectual. As bombas atômicas de Fukushima e Nagasaki causaram: 28% - abortos espontâneos; 25% - morte no 1º ano de vida; 25% - Defeitos congênitos graves (SNC). Diabetes Mellitus: causa 4x maior o risco de malformações congênitas (mortes neonatais e recém-nascidos macrossômicos) e defeitos no tubo neural e cardíacos. Deficiências nutricionais: provoca baixo peso ao nascimento e maior risco de esquizofrenia em casos de restrição alimentar grave. Obesidade: está presente em 1/3 mulheres em idade fértil e está relacionada a defeitos no tubo neural (2x mais chances) e defeitos cardíacos, onfalocele e anomalias múltiplas. Diagnósticos pré-natais são importantes, uma vez que utilizam técnicas que visam a detecção de malformações, anormalidades genéticas, crescimento fetal gerale as complicações da gravidez, como anormalidades placentárias e uterinas. Consiste em ondas sonoras de alta frequência refletidas pelos tecidos para criar imagens, podendo ser transabdominal ou transvaginal. Idade e crescimento fetal; Quantidade de líquido amniótico; Posição da placenta; Fluxo sanguíneo; Gestação múltipla; Presença de anormalidades congênitas: Defeitos do tubo neural (anencefalia, espinha bífida); Defeitos da parede abdominal (onfalocele, gastrosquise); Defeitos cardíacos e faciais (fenda palatina / labial); Síndrome de Down. A alfa-feto proteína (AFP) é produzida no fígado do feto por volta da 14ª semana, é identificado no sangue materno e serve para diagnosticar: Defeitos no tubo neural; Onfalocele, gastroquise; Extrofia da bexiga; Síndrome da faixa amniótica; Teratoma sacrococcígeo; Atresia intestinal; Tetralogia de Fallot; Atresia Duodenal; Morte intrauterina. Além disso, os testes sorológicos identificam a trissomia do 21 e do 18, anormalidades nos cromossomos sexuais e tripoidia. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM II - Embriologia A amniocentese é um exame realizado após a 14ª semana de gestação, no qual é recolhido de 20 a 30ml de líquido amniótico. A partir dessa amostra, mede-se as concentrações de AFP e analisa-se as células fetais, procurando alterações cromossômicas. Essa técnica, no entanto, traz risco de morte para o feto (1:300 a 1:500). Neste exame, aspira-se as vilosidades coriônicas, de forma transabdominal ou transcervical (cerca de 5 a 30mg de tecido viloso). É mais rápido, no entanto, assim como a amniocentese, também traz risco de perda fetal (2x mais, se comparado). Por conta disso, esse exame só é feito quando há fatores de risco envolvido, como: Idade materna (>35 anos); Histórico familiar; Diabetes melito; Teste sorológico ou US anormal. Anemia fetal (anticorpos maternos, por exemplo); Transfusão sanguínea via cordão umbilical (Guia por US). Centros especializados; Reparos de defeitos. Membrana placentária; Injeções via veia umbilical.
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