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OS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL NA PRÁTICA (1)


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OS REQUISITOS NA PRÁTICA (ART. 319, DO CPC)
1. Endereçamento (compreende a competência jurisdicional para o recebimento e o processamento da ação) = juiz ou tribunal a que é dirigida.
	O autor deve indicar o órgão jurisdicional competente para a demanda, observando as regras de competência funcional (previstas na Constituição da República, Constituição dos Estados e leis de organização judiciária) e as de competência territorial (arts. 42 ss, do CPC).
	Sem o conhecimento das regras de competência é impossível a elaboração de qualquer petição inicial.
A) Competência funcional em razão da matéria, da hierarquia e da pessoa da parte.
Deve-se responder as perguntas: A ação será proposta em qual órgão jurisdicional? É competência de matéria especializada ou comum?
B) Competência territorial. Deve-se responder a pergunta: Em qual local (foro) a ação será proposta?
C) Valor da causa = esse critério foi o dominante para a fixação da competência dos juizados especiais.
Foro = refere-se à competência territorial (Foro da Comarca da Capital etc)
Vara ou juízo = competência funcional (vara de família, vara cível etc)
Fórum = prédio no qual está instalado o órgão jurisdicional
Regra prática para localização da competência:
a. A ação será proposta no Brasil ou em outro Estado soberano?
b. Concluído que a ação será no Brasil, passa-se para a seguinte pergunta: É competência da Justiça comum ou da Justiça especializada?
c. Sendo competência da Justiça comum: É competência da Justiça Federal ou da Justiça dos Estados ou do Distrito Federal (art. 109, da Constituição Federal)?
d. Encontrada a Justiça, pergunta-se? Qual o foro (local de propositura da ação)? A ação será proposta no domicílio do réu? No domicílio do autor? No local da sede? 
e. Definido o local (comarca ou sede judiciária), perguntas-se: Qual a vara? (exemplo: vara de família, de registro público, da fazenda pública etc).
 
	O endereçamento sempre está indicado na parte superior da petição, de preferência com letras maiúsculas e sem abreviaturas:
AO DOUTO JUÍZO...
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE CAMPINAS (competência territorial), ESTADO DE SÃO PAULO (competência funcional)
	
	Nas localidades em que houver mais de um juiz competente, antes da vara, é comum deixar o espaço em branco, com um traço, pois no momento da propositura o autor desconhece o número da vara. Já nos casos em que existe apenas um único juízo (vara única), poderá constar o número sem deixar o espaço em branco. Ou pode (mas não é recomendado em provas de concursos):
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE SANTOS – SP, A QUE ESTA FOR DISTRIBUÍDA ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO FORO DA COMARCA DE SANTOS – SP
2. Preâmbulo (o autor deverá indicar a qualificação completa das partes e a espécie de ação que está sendo proposta). 
Pessoas físicas: nome, prenome, nacionalidade, estado civil, profissão, número dos documentos de identidade e CPF e domicílio.
Pessoas jurídicas: nome da empresa, sede, número de inscrição no CNPJ, representante da pessoa jurídica.
OBS: Quando o autor for incapaz, deverá haver indicação da pessoa que o representa ou o assiste.
OBS: Entre o endereçamento e o preâmbulo sugere-se um espaço de aproximadamente 10 cm.
É exigido também que o autor informe a existência de união estável (por conta do § 3º, art. 73) e o endereço eletrônico tanto o seu como o do réu (por conta do art. 270, pois prevê que as intimações serão como regras realizadas por meio eletrônico).
NOME DO AUTOR, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do documento de identidade RG n. (número) e inscrito no CPF sob o n. (número), endereço eletrônico, domiciliado na cidade de Campinas, onde reside na rua (endereço completo), vem, por seu procurador (doc. n. 1), propor a presente AÇÃO (dizer o nome), em face de NOME DO RÉU, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do documento de identidade RG n. (número) e inscrito no CPF sob o n. (número), endereço eletrônico, domiciliado nesta Capital, onde reside na rua (endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
3. Fato e Fundamentos jurídicos do pedido (que evidencia um dos elementos da ação, a causa de pedir, desdobrando-se na causa de pedir remota – diz respeito ao fato propriamente dito. Exemplo: o exame das circunstâncias do acidente de trânsito). O autor deve apenas, de forma objetiva e clara, narrar os fatos que tenham relevância para a procedência de seu pedido. Deve ser conciso e objetivo.
A causa de pedir também se desdobra na causa de pedir próxima, que se refere à fundamentação jurídica (O autor deve indicar qual direito entende cabível àquele caso concreto levado ao juiz, representando o raciocínio lógico de aplicação do direito ao fato. Exemplo: a responsabilidade civil decorrente do acidente, o dever legal de cumprir o contrato etc). É aqui que o autor poderá apresentar jurisprudência, doutrina e, até mesmo, a indicação do texto da lei.
4. Pedido (representa a espécie e os efeitos práticos da tutela jurisdicional pretendidos pelo autor, o que equivale, no processo de conhecimento, ao pedido imediato e ao pedido mediato, respectivamente). Em regra, todo pedido deve ser expresso, certo e determinado. Mas existem algumas exceções com relação aos pedidos implícitos (presumem-se incluídos na petição inicial, a exemplo da condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios e ao reembolso das custas judiciais adiantadas pela parte vencedora – art. 20, do CPC e art. 290, 293, 461 e 461-A) e aos pedidos genéricos (art. 286, do CPC).
Pedido imediato = espécie de provimento jurisdicional esperado pelo autor (condenação, declaração, constituição ou desconstituição).
Pedido mediato = efeitos práticos (o valor, a obrigação de fazer ou não fazer, o conteúdo da declaração etc, ou seja, representa o bem da vida que o autor quer obter).
OBS: “O pedido limita a atuação do magistrado, em respeito ao princípio da adstrição, da correlação ou da congruência, não se admitindo que o confira à parte resultado não solicitado na petição inicial, permitindo a conclusão de que a resposta deve se adequar ao pedido”. Mas a lei confere ao magistrado a prerrogativa de deferir os pedidos implícitos (a exemplo da condenação do vencido ao pagamento dos juros, da correção monetária, dos honorários advocatícios, das custas, das despesas processuais e das parcelas vincendas, arts. 85 e 323). Misael Montenegro Filho.
EXEMPLO: Por toso o exposto, requer a Vossa Excelência a procedência do pedido de CONDENAÇÃO do réu ao PAGAMENTO DO VALOR DE R$ 10.000,00...
6. Valor da causa (Art. 291, CPC: Conteúdo econômico do processo. Serve como base de cálculo para a apuração das custas processuais, para a fixação dos honorários advocatícios e como critério para a fixação do rito sumaríssimo). O valor será certo quando a pretensão tiver conteúdo econômico direto (exemplo: em uma ação em que se pretende o recebimento de quantia determinada), ou estimado, quando o pedido não tem conteúdo econômico imediato (exemplo: em uma ação de investigação de paternidade, anulação de casamento, pedido genérico de dano moral etc). Exemplo: em uma ação de indenização por perdas e danos o autor solicita a condenação do réu ao pagamento de indenização no valor de R$1000,00, este será, pois, o valor atribuído à causa. 
OBS: “O autor pode fixar o valor da causa para efeitos meramente fiscais em determinadas ações, gerando o recolhimento mínimo das custas, como nas ações declaratórias e no mandado de segurança” (Misael Montenegro Filho).
7. Provas: O autor manifesta o desejo de produzir provas posteriormente, na fase de instrução.
8. Opção pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Encerramento da petição:
Termos em que,
Pede deferimento.
Local e data.
NOME E ASSINATURA DO ADVOGADO
Número de inscrição na OAB