Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2020 DRENAGEM PLEURAL A drenagem pleural consiste na colocação de um dreno tubular no espaço pleural, conectado a um reservatório com “selo d’água” que funciona como mecanismo valvar para impedir o retorno do ar ou conteúdo líquido drenado. Indicações • Drenagem de hemotórax ou derrame pleural de grande volume de qualquer etiologia; • Drenagem torácica profilática em paciente com suspeita de trauma torácico antes do transporte (principalmente aéreo) para um centro médico especializado; • Drenagem de pneumotórax traumático ou espontâneo; • Tórax instável que requer ventilação mecânica; contusão severa pulmonar com derrame; • Derrame pleural de repetição, em que há a possibilidade de pleurodese; • Pós-operatório de cirurgias torácicas e cardíacas com abertura da cavidade pleural. Contraindicações As contraindicações são relativas, como: infecção sobre o local de inserção do tubo torácico e discrasia sanguínea severa e de difícil controle. Em situações de risco iminente de morte, como pneumotórax hipertensivo, o paciente deve ser submetido à toracocentese descompressiva e, posteriormente, drenado independentemente da presença das contraindicações citadas. Procedimento: O paciente pode permanecer em decúbito dorsal ou lateral, dependendo da preferência do cirurgião. O braço ipsilateral ao procedimento deve ser colocado sob a cabeça, para expor de forma adequada a parede torácica anterolateral. A drenagem pleural é feita sem intercorrências quando os limites do triângulo da segurança são respeitados. Ele consiste na região delimitada pela borda anterior do latíssimo do dorso, borda inferior do peitoral maior e o centro da axila. O sítio de punção deve se localizar no 5º ou 6º espaço intercostal, entre linha axilar média e anterior. 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2020 Após marcar o sítio da drenagem, proceda a escovação do local e em seguida a degermação das mãos. Depois de paramentado, fazer a antissepsia do local e colocar os campos cirúrgicos. O procedimento é iniciado com a anestesia do local. Existem 3 pontos principais que causam dor: Pele, Periósteo da costela e Pleura parietal. Com uma seringa de 10-20 ml, uma agulha de 25 gauge e anestésico local, faça um botão superficial para anestesia da pele. Em seguida, troque a agulha para uma com calibre maior (18-22 gauge), anestesie generosamente os tecidos subcutâneos e prossiga com a agulha até sentir "bater" a costela. Mantenha sempre em mente que a aspiração da seringa deve ser realizada antes da infusão do anestésico local para evitar a infusão intravascular inadvertida. O espaço pleural é atingido quando na aspiração com a seringa for coletado ar (pneumotórax) ou líquido (derrames). Neste momento, recue um pouco a agulha e intensifique a infusão de anestésico para atingir de forma adequada a pleura parietal. A incisão da pele é feita com um bisturi a 1,5 cm abaixo do espaço intercostal selecionado para a passagem do dreno. Com uma pinça Kelly, inicie uma dissecção romba em direção transversa, progredindo através do subcutâneo. Ao atingir a costela, direcione a dissecção para sua margem superior e continue o processo através do músculo intercostal até atingir a pleura parietal; Para certificar-se de que o pertuito é calibroso e suficiente para passagem do tubo, você pode realizar parte da dissecção romba com seu próprio dedo indicador. 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2020 A pleura parietal deve ser vencida através de uma penetração controlada com a pinça Kelly, em um sentido paralelo às costelas. A sensação é de uma queda súbita na resistência acompanhada de um "plop". Ao atingir o espaço pleural a pinça deve ser aberta permitindo a saída de ar ou líquido. Após, use o próprio indicador para testar a perviedade do canal e alargar o orifício na pleura, além de verificar a presença de aderências antes da colocação do dreno; Não se esqueça de um conceito: devemos sempre buscar a borda superior da costela para evitar a lesão do feixe vasculonervoso que corre abaixo dela; O tubo deverá ter as suas duas extremidades ocluídas por pinças Kelly! O tubo será orientado para dentro da incisão com cautela. Uma vez no lugar deve-se desclamplear a 1ª Kelly e auxiliar a progressão do tubo com a mão, orientando-o com o indicador até a passagem do último orifício de drenagem, o qual deve estar a uma distância segura do ponto de fixação na pele (muita atenção aqui! Todas as fenestras do dreno tubular deverão estar dentro do espaço pleural, garantindo assim, a criação de um sistema fechado). No caso dos derrames pleurais, o tubo deve ser orientado para baixo, em direção à base pulmonar. Já na drenagem de pneumotórax o tubo será voltado para cima, em direção ao ápice. Conecte a extremidade distal do tubo no selo d'água (verifique antes se o selo contém mesmo água, qual o volume de água tem no recipiente e se ele realmente funciona!) e somente após solte a 2ª Kelly que ocluía a parte distal do tubo! A partir desse momento, você observará nitidamente a drenagem do derrame para o selo, e, no caso de pneumotórax, a formação de bolhas de ar. Se isso aconteceu, quer dizer que o sistema está funcionando. Por fim, você deve fixar o tubo. Com o auxílio do porta-agulhas e o fio de sutura 1.0 ou 0 não absorvível (Nylon® ou Prolene®), você deve aproximar as bordas da incisão com um ponto de pele em "U" ou Donatti, além de fixar o tubo com nós do tipo bailarina. Após isso, envolva o sitio com gaze e oclua com curativo compressivo. Lembre-se que o dreno de tórax precisa ter sua localização confirmada por uma radiografia AP de tórax. Retirada do dreno Pede-se ao paciente para inspirar profundamente e prender a respiração. Puxa-se o dreno com um movimento firme e único e tampa-se a ferida aberta com gaze, cobrindo-a com esparadrapo imediatamente. É prudente manter o curativo oclusivo por, pelo menos, 48 horas.
Compartilhar