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CÂNCER DE PÊNIS EPIDEMIOLOGIA · No Brasil, a incidência do câncer de pênis é muito elevada, possuindo ainda maiores taxas em estados do nordeste, tendo seu pico de incidência em homens de 50-70 anos · Uma das justificativas para possuir uma incidência maior no Brasil é pelo câncer de pênis estar relacionado com baixas condições socioeconômicas e de instrução · Além disso, o câncer de pênis pode surgir decorrente de má higiene íntima e homens sem circuncisão, existe associação com o HPV, sendo um dos principais fatores de risco FATORE DE RISCO Existem alguns fatores de risco que são associados a maiores chances de se desenvolver um câncer de pênis, como os abaixo: · Fimose: Isso pois a fimose atrapalha a higiene da região, além de gerar um processo inflamatório pelo ácumulo de esmegma na região · Infecção por HPV: Principalmente pelos subtipos 16, 18, 31 e 33 · Tabagismo · Obesidade · Processos inflamatórios penianos LESÕES PRÉ-MALIGNAS · No caso do câncer de pênis, existem lesões pré-malignas, ou seja, lesões as quais PODEM evoluir para um câncer de pênis, sendo divididas em relacionadas e não relacionadas ao HPV: RELACIONADAS AO HPV São principalmente as lesões abaixo: · Carcinoma in situ: Eritroplasia de Queyrat e Doença de Bowen · Papulose bowenóide · Condiloma acuminado gigante: Também chamado de condiloma de Bushke-Lowenstein · Warty(verrugoso) · PeIN: Neoplasia intraepitelial peniana NÃO RELACIONADAS AO HPV São as lesões abaixo: · Líquen escleroso · Corno cutâneo · Leucoplasia · Balanite pseudoepiteliomatosa, micácea e ceratótica OBS: As sublinhadas e em negrito são as principais lesões pré-malignas associada ao desenvolvimento de câncer de pênis LÍQUEN ESCLEROSO · É uma lesão que possui uma área esbranquiçada intercalada por áreas de eritema(imagem ao lado), atingindo prepúcio, glande e fossa navicular. · É associado ao carcinoma espinocelular entre 2 a 8% dos casos · NÃO está associada ao HPV ERITROPLASIA DE QUEYRAT E DOENÇA DE BOWEN · É uma lesão pré-maligna associada a infecção pelo HPV · Evolui para CEC em 5 a 33% dos casos · Enquanto a eritroplasia lesão eritematosa, a Doença de Bowen são pápulas esbranquiçadas localizadas no pênis · Abaixo se vê imagens de uma eritroplasia de Queyrat(esquerda) e de uma Doença de Bowen(Direita) PATOLOGIA Quando se trata dos aspectos patológicos, existem os tipos histológicos de câncer de pênis abaixo: · Carcinoma epidermóide(ou escamoso): representa 95% dos casos · Carcinoma verrucoso: Representa apenas 5% do total · Basocelular e melanoma: São raros · CEC Variáveis: São subtipos do carcinoma epidermóide que apresentam comportamento mais agressivo, como o subtipo basalóide e o sarcomatoso, possuindo prognóstico reservado QUADRO CLÍNICO O paciente com o câncer de pênis possui na maioria das vezes uma lesão no órgão genital, de forma variada, como as abaixo: · Nódulo: Visto em 47% dos pacientes com câncer de pênis · Úlcera: Visto em 35% dos cânceres de pênis · Lesão eritematosa: Visto em 17% dos cânceres de pênis · Achado incidental durante circuncisão(prostatectomia): Representa apenas 0,7% dos tumores de pênis Quando se trata da localização das lesões, a maioria(48%) está localizada apenas na glande, enquanto 25% se localizam apenas no prepúcio, lesões maiores podem ocupar a glande e prepúcio(9% do total) Já os tumores localizados no sulco coronal representam apenas 6% e da haste peniana apenas 2% DISSEMINAÇÃO O primeiro sítio de drenagem dos tumores de pênis são para os linfonodos inguinais, com isso, linfonodos inguinais palpáveis ocorrem em 50% dos casos no momento do diagnóstico. O achado de um linfonodo palpável, que seja relacionado ao tumor de pênis, afeta o prognóstico do paciente a cerca desta doença. · A ordem de disseminação linfonodal no câncer de pênis é a seguinte: Lnn inguinais -> Pélvicos -> Para-aórticos · Metástases a distância: Ocorrem para os pulmões, fígado e ossos. Entretanto, as metástases são incomuns, ocorrendo em apenas 1-10% dos casos. DIAGNÓSTICO · O diagnóstico é feito com base na clínica + confirmação com biópsia da lesão · Não existem exames de imagem que sejam capazes de diagnosticar o câncer de pênis, apenas avaliar possíveis metástase e acometimento de estruturas vizinhas FATORES PROGNÓSTICOS São os abaixo: · Linfonodos comprometidos: É o fator prognóstico mais importante, a curva de sobrevida de uma pessoa com linfonodos acometidos e outra são muito diferentes, na qual se observa uma queda nos que já possuem acometimento linfonodal · Estadiamento · Tipo histológico · Outros: Grau de diferenciação celular, nível de invasão, expressão p53, padrão de infiltração BIOLOGIA MOLECULAR · A perda da expressão da e-caderina e superexpressão de metaloproteínas estão associadas a pior prognóstico, maior ocorrência de metástases e recorrência do tumor ESTADIAMENTO TNM T – Invasão · T1: Invade o tecido conjuntivo subepitelial · T2: Invade o corpo esponjoso · T3: Invade o corpo cavernoso · T4: Invade estruturas vizinhas N – LINFONODOS ACOMETIDOS · N0: Sem acometimento linfonodal · N1: Acometimento de um único linfonodo inguinal superficial · N2: Mais de um lnn. Inguinal superficial · N3: Metástases para Lnn. Inguinais profundas e/ou pévicos OBS:A partir de N1 já se preconiza linfadenectomia M · M0: Sem metástases · M1: Metástases a distância TRATAMENTO · O tratamento nos tumores de pênis tem como principal objetivo eliminar o tumor, entretanto, ao mesmo tempo que o tratamento promova um resultado funcional e estético ao paciente O tratamento pode consistir em: · Amputação parcial: Mantém um coto de pelo menos 3cm do pênis, permitindo que o paciente mantenha a micção uretral e ter relações sexuais. · Amputação total: Todo pênis é retirado e é feito uma uretrostomia perineal · Emasculação: É quando acomete estruturas vizinhas ao tumor, como bolsa escrotal, púbis, sendo necessário uma ressecção mais ampla que envolvem as estruturas acometidas. AMPUTAÇÃO PARCIAL · Para uma amputação ser parcial, precisa pelo menos ter a preservação de um coto peniano de 3-4 cm · Deve-se retirar com margens livres de 1-2cm · A uretra e o corpo esponjoso são deixadas com 1cm a mais que o coto peniano, que são para fazer a anastomose destas estruturas com a pele · A cirurgia é realizada com a colocação de um torniquete em base do pênis, evitando um sangramento em demasia ao longo da secção do pênis AMPUTAÇÃO TOTAL(PENECTOMIA TOTAL) · É indicada em tumores extensos que invadem todo o pênis · A uretrostomia é realizada na região perineal EMASCULAÇÃO · É indicada em tumores com invasão de escroto(incluindo os testículos) e períneo COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS São as abaixo: · Hematomas · Infecção · Estenose de meato: É uma complicação que ocorre em 3-5% dos casos TRATAMENTO CONSERVADORES Não necessariamente em todos os casos é necessário se realizar a penectomia, podendo adotar tratamentos mais conservadores, buscando manter o pênis e melhorar a qualidade de vida do paciente nos âmbitos funcional e estético Os tratamentos conservadores nos tumores de pênis são os abaixo: · Cirurgia micrográfica de Mohls: Se “fatia” a lesão tumoral até chegar num tecido saudável. · Fotorradiação com laser(NdYAG) · Radioterapia externa/Braquiterapia · Crioterapia LINFADENECTOMIA INGUINAL · Como dito, a principal via de drenagem dos tumores penianos é através das cadeias linfonodais inguinais, isso é uma preocupação grande em tumores de pênis que levam a um acometimento destes linfonodos · Em casos necessários, é realizada a linfadenectomia inguinal, na qual TODOS OS PACIENTES COM LESÃO INGUINAL são submetidos a linfadenectomia, já os que não tem linfonodos inguinais podem ou não ser submetidos dependendo dos fatores de risco que estão associados ao tumor primário TRATAMENTO LINFONODAL O tratamento linfonodal possui diversos aspectos controversos: · Necessidade de realização sistemática · Qual a extensão que deve ser feita e em qual momento operatório(evitando deixar as cirurgias longas) · Complicações cirúrgicas: A linfadenectomia está associada a complicaçõesinfecciosas e não-infecciosas LINFONODOS E METÁSTASE A escolha ou não da linfadenectomia é um desafio, isso pois: · 20% dos pacientes SEM linfonodos palpáveis tem metástases linfonodais mesmo assim · 50% dos pacientes COM linfonodos palpáveis não apresentam metástases · Ocorrem complicações em até 50% das linfadenectomias, como necrose da pele, infecção, deiscência de suturas, linfocele, dentre outras MÉTODOS NÃO-INVASIVOS Algumas ferramentas foram criadas para predizer o possível acometimento linfonodal, como: · Linfonodo de Cabañas: É um método antigo, pouco eficaz, que deixa passar metástases ocultas em 67% dos cass · Linfocintilografia com injeção peritumoral de Técnecio: Possui falso-negativo em 17% dos casos · USG pré-operatória e PAAF: Possui sensibilidade baixa, detectando em apenas 39% dos casos · RNM com contraste paramagnético: É realizado com nanopartículas de ferro Atualmente no Brasil as ferramentas mais avançadas acima não são encontradas, com isso, se indica linfadenectomia para todos os pacientes com linfonodos palpáveis e para aqueles que não possuem linfonodos palpáveis, porém possuem fatores de risco importantes associados em seu quadro TÉCNICA · LINFADENECTOMIA PRECOCE X TARDIA: Pacientes que passam por linfadenectomia IMEDIATA possuem melhor sobrevida em 5 anos quando comparados aqueles que fizeram linfadenectomia tardia · A sobrevida em 5 anos de um paciente com linfadenectomia precoce SEM metástases é de 87%, enquanto os pacientes COM metástases e linfadenectomia precoce foi de apenas 27% Com isso, conclui-se que observar pacientes com indicação de linfanedectomia não é uma boa opção A linfadenectomia pode ser feita via: · Linfadenectomia limitada: É realizada uma dissecção limitada, promovia redução da morbidade, e baixa taxa de falso negativo. Entretanto, era limitada em uma área específica · Linfadenectomia vídeo-endoscópica(VEIO): Foi descrevida por um médico brasileiro em 2006. Promove menor morbidade, bons resultados oncológicos, entretanto, faltam estudos de maior seguimento e maior número de pacientes LINFADENECTOMIA RADICAL BIFEMORAL · A linfadenectomia radical apresenta complicações menores e maiores: COMPLICAÇÕES MAIORES · Linfocele · Linfedema · Infecção de ferida · Necrose de ferida: É a principal complicação, ocorrendo em 50% dos casos · Deiscência de ferida COMPLICAÇÕES MENORES · Febre · Edema · Linforréia OBS: Também existe o seroma, uma complicação pelo acúmulo de líquido, que ocorre em 35% dos casos PRINCIPAIS ASPECTOS DO TRATAMENTO LINFONODAL · O tratamento linfonodal é uma tentativa de identificar linfonodos comprometidos · O exame clínico dos linfonodos promove 50% de resultados falso-positivos e 20% de falsos-negativo · Os exames de imagens para diagnostico de linfonodos acometidos apresentam falhas importantes · Linfocintigrafia com Tc 99 e corante: Apresenta mairo acurácia, falso negativo em apenas 16% dos casos, entretanto, não é completamente segura e não é disponível no Brasil LINFADENECTOMIA PÉLVICA · O acometimento ilíaco é raro quando os linfonodos são N0 ou N1, ocorrendo em apenas 4% nestes casos · Já em 30% dos casos que os linfonodos inguinais estão comprometidos, os linfonodos inguinais também estão · O acometimento dos linfonodos pélvicos é um mau prognóstico QUIMIOTERAPIA · Pode ser empregado em casos avançados ou em lesões muito invasivas para torná-las ressecáveis · A QT nos casos de tumores de pênis apresenta elevados índices de toxicidade · A base da QT é a cisplatina(nefrotóxico), metrotexato e bleomicina(tem efetio cardiotóxico e pneumotóxico) · Geralmente a resposta a QT é parcial, sendo realizada em curta duração com o objetivo de reduzir a massa e torna-la operável(Neoadjuvância), ou, em raros casos, para paliação RADIOTERAPIA · Raramente indicada nos tumores de pênis, apresenta resultados ruins e altas complicações RECOMENDAÇÕES SBU A SBU possui recomendações a respeito da linfadenectomia em pacientes com tumores de pênis, que são as abaixo: PACIENTES COM LINFONODOS INGUINAIS PALPÁVEIS · TODOS devem ser submetidos a linfadenectomia PACIENTES COM LINFONODOS IMPALPÁVEIS Deve-se realizar linfadenectomia apenas nos casos abaixo: · Pacientes com alto risco de acometimento linfonodal: T1 de alto grau(G2 ou G3), T2, T3, T4 · Tumor primário com embolização venosa ou linfática · De forma geral é realizada de forma radical, caso seja realizada de forma parcial deve ser feito um exame histopatológico com uma amostra congelada do linfonodo retirado e, caso este venha acometido, deve-se ampliar a linfadenectomia parcial para uma total
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