Prévia do material em texto
PATOLOGIA ÓSSEA CLASSIFICAÇÃO 1. Processos inflamatórios = osteomielites; artrites 2. Artrose = processo degenerativo osteoarticular 3. Osteopatias metabólicas = osteoporose 4. Tumores ósseos = primitivos e secundários/metastáticos. TIPOS DE CÉLULAS ÓSSEAS Osteoblastos ⇒ - sintetizam a parte orgânica da matriz óssea (composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas) (Blasto - barriga da matriz óssea) - concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz Osteócitos ⇒ - originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos completamente por matriz óssea. Sua síntese protéica diminui e o seu citoplasma torna-se menos basófilo do que o osteoblasto Osteoclastos ⇒ - participam dos processos de absorção e remodelação do tecido ósseo. (“Clasto” - Come-come osso) - são células gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas, derivadas de monócitos que atravessam os capilares sanguíneos. - sem atividade importante em neoplasias TUMORES ÓSSEOS Localizam-se normalmente nos ossos longos, principalmente fêmur (46%), tíbia (28%) e úmero (16%), além da calota craniana (13%) e quadril (12%). ORIENTAÇÃO DIAGNÓSTICA É um tumor ósseo? Maligno ou benigno? Primitivo ou metastático? - Caso haja metástase, procurar o tumor primário em 5 órgãos = próstata, mama, pulmão, tireóide e rim DIAGNÓSTICO 1 - Clínica: - idade do paciente (importante – cada tumor normalmente é respectivo a uma faixa etária) - localização do tumor (cada tumor tem preferência por uma parte específica) - sinais de malignidade 2 - Anatomopatológico: biópsia por agulha grossa Forma mais frequente de realização do diagnóstico em tumores de partes moles; Clínica – Diagnóstico pela Idade: Pacientes com 0 a 5 anos: osteomielites, displasia osteofibrosa, neuroblastoma metastático, Rabdomiossarcoma metastático, leucemia Pacientes 5-20 anos: osteossarcoma, histiocitose de células Langerhans, granuloma eosinófilo, osteomielite, displasia fibrosa, tumor de Ewing, leucemia. Pacientes >40 anos: condrossarcoma, metástase para o osso, mieloma, linfoma, doença de Paget, infarto ósseo, sarcoma pleomórfico indiferenciado, histiocitoma fibroso maligno. OS MAIS COMUNS COM BASE NA LOCALIZAÇÃO Tumores benignos: - Epífise = mais comum condroblastomas e tumor de células gigantes - Metáfise = osteoblastoma, osteocondroma, fibroma não- ossificante, osteoma osteóide*, fibroma condromixoide, tumor de células gigantes - Diáfise = encondroma e displasia fibrosa. Tumores malignos: - Diáfise = sarcoma de Ewing, condrossarcoma* - Metáfise = osteossarcoma* e osteossarcoma justacortical. Tríade diagnóstica: 1. radiológico (primeiro lugar – uma simples radiografia ou exame imagiológico localizar e diagnosticar o tumor ósseo) 2. clínico (idade do paciente) 3. patológico – se faz biópsia por agulha grossa, pré-cirúrgico. TUMORES MAIS FREQUENTES Osteossarcoma, condrossarcoma e Sarcoma de Ewing FATORES DE RISCO Osteossarcoma: Grande parte dos pacientes que apresentam neoplasias ósseas apresentam também alteração de fatores genéticos, história de radioterapia de anos (10 a 20), história de trauma, cirurgia ortopédica com implante de próteses metálicas, doença de peixe. - Porque tem preferência pela área? – área de crescimento ósseo é epífise e metáfise, em que se cresce a partir das extremidades. Por isso, CAPITU - TXXII osteossarcoma coincide com o crescimento de jovens. Fatores genéticos = - Síndrome de Li-Fraumeni (causada pela alteração no gene TP53, cuja função é suprimir tumores, e tem caráter hereditário) - Retinoblastoma - Síndrome de Rothmund-Thomson (autossômica recessiva) - Doença óssea de Paget (distúrbio crônico do esqueleto adulto em que a renovação óssea é acelerada em áreas localizadas. A matriz normal é substituída por osso mole e aumentado) Condrossarcoma: lesão prévia de cartilagem benigna (neoplasia benigna condroide prévia), tendo essa grande chance de se transformar em maligna e originar um condrossarcoma. Sarcoma de Ewing = translocação dos cromossomos 11 e 22 (95% dos casos) e translocação dos cromossomos 21 e 22 (5-10% dos casos) OSTEOSSARCOMA Neoplasia maligna formadora de osso (tumor mesenquimal maligno no qual as células cancerosas produzem matriz óssea) - estroma fracamente sarcomatoso - caracteriza-se pela formação de osteóide neoplásico e osso pelos osteoblastos malignos. - altamente metastático (pulmão 90%) – via hematogênica - sarcomas metastizam primeiramente para o pulmão - 75% próximo ao joelho. Atinge, mais comumente, crianças e adultos jovens (antes de 20 anos – antes do fechamento das epífises), durante o período de maior crescimento. Os homens são afetados com maior frequência do que as mulheres em proporção de 1.6 para 1. Pode ter história de influência genética, irradiação, vírus, trauma da região. Eles se disseminam extensivamente no canal medular, se infiltrando e substituindo a medula óssea, mas apenas de modo pouco frequente penetrando na placa epifisária ou entrando no espaço articular PRINCIPAIS FATORES DE DIAGNÓSTICO Infância, adolescência (paciente jovem com queixar de dor/moléstia óssea), sexo masculino – inicia com dor mantida, crônica, que o agravamento da dor é ao longo de semanas a meses. Pode ter presença de massa/ edema da região. Podendo queixar-se de claudicação. História de trauma (menos frequente). No exame físico, a amplitude de movimento está limitada. Obs: tem 2o pico de incidência no idoso que tem condições associadas ao desenvolvimento do tumor; Atingem a região metafisária dos ossos normalmente; CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A LOCALIZAÇÃO - Típico – ossos da articulação do joelho (fêmur distal e tíbia/fíbula proximal). - Atípico – úmero, área da mandíbula, quadril e metáfise proximal do fêmur. CLASSIFICAÇÃO - OSTEOSSARCOMAS PRIMÁRIOS Osteossarcoma convencional (clássico, medular, central) - desenvolve-se no interior do osso: rompe o periósteo e se estende a estruturas vizinhas. - são tumores de alto grau (crescimento rápido, por causa do índice mitótico elevado) - frequência de 85%. Osteossarcoma justacortical: - desenvolve-se junto ao periósteo, relacionado ao tecido conectivo periosteal (periosteal, parosteal) - surge fora da região central do osso. - quase sempre envolve partes moles, músculos. - tem baixo-intermediário grau de mitoses. - frequência de 4-7%. - ao crescer, esse tumor muitas vezes rompe o córtex e ele eleva o periósteo adjacente, resultando em uma formação de osso periosteal reativo: Triângulo de Codman (periosteal – originado na camada interna do periósteo). Osteossarcoma telangiectásico (3-10%): - extensas áreas de necrose, degeneração cística, hemorragia, que fragilizam o osso, levando a fraturas patológicas (se ocorrer sempre suspeitar), infiltração e invasão com extensas áreas de hemorragia e necrose - apresenta crescimento rápido. QUADRO CLÍNICO 1. Dor = de longa data, claudicação, dor da marcha, localizada na área anatômica, associada a massa CAPITU - TXXII tumoral (na área acometida – edema) e limitação funcional 2. Aumento da temperatura (área extremamente vascularizada); presença de veias dilatadas do subcutâneo devido ao crescimento do tumor 3. Raramente causa comprometimento do estado geral – se tem, já está metastizado. 4. Fratura súbita do osso pode ser sintoma primário Osteossarcomas tipicamente se manifestam como massas crescentes dolorosas, embora uma fratura patológica possa ser o primeiro sinal. A imagem radiográfica usualmente mostra grande massa destrutiva blástica e lítica mista, com margens infiltrantes pouco distintas Cúmulo-nimbo – destruição do osso, que rompe as estruturas, com o crescimento do tumor em partes moles: MACROSCOPIA ● Parte terminal da metáfise de ossos longos dos membros: ○ extremidade distal fêmur; ○ extremidade proximal da tíbia, úmero, fêmur. ● São massas volumosas secas, duras, branco acinzentadas; ○ lembra carne de peixe ● Áreas císticas, amolecimento tecidual; ● Hemorragias; ● Invasão da cavidade medular, cortical e tecidos moles.*Osteossarcoma pode ter componente condroide, ficando esbranquiçado, lilás, brilhante – difícil distinguir apenas com patologia. Assim, é importante a idade do paciente e a localização anatômica. MICROSCOPIA -Bastante semelhança entre os tumores. -Formação de osteóide pelas células neoplasias. -Componente condróide, vacular, anaplásico -Com celular tumorais gigantes e anaplásicas. CLASSIFICAÇÃO - OSTEOSSARCOMAS SECUNDÁRIOS - Pacientes idosos. - Com antecedentes de patologia óssea pré-existentes: - fraturas, doença de Paget, osteomielite crônica, infartos ósseos. - Exposição prévia a influência carcinogênica: irradiação. CLASSIFICAÇÃO OSTEOSSARCOMA EXTRA-ESQUELÉTICO Retroperitônio, mediastino, mama, útero, pulmões. - Diferenciação das células totipotenciais; COMO CONDUZIR - Anamnese e Exame físico - RMN ou TC com contraste do local da lesão - Procurar por metástases de pulmão – radiográfica ou tomografia de tórax - Desconfiar de metástases em outros locais - PET Scan (cabeça ao pé) RMN ou TC com contraste para pesquisa de metástases nos ossos - LDH e ALP – todo tumor ósseo expressa ALP, e em tumores com alto índice mitótico, a LDH estará aumentada - Considerar histórico pessoal e familiar – consulta e testes genéticos - Todo tumor ósseo deve ser estudado, baseado em alterações genética-molecular, o que possibilita fazer um tratamento mais preciso. CONDROSSARCOMA Tumores produtores de tecido cartilaginoso Lesão cartilaginosa maligna que ocorre primariamente no adulto; raramente é encontrada na adolescência e quase nunca na criança (40+) É um tumor maligno, no qual as células neoplásicas formam cartilagem (condróide) e não formam osteóide. Diferencia-se do condroma por sua celularidade mais alta e grande pleomorfismo, possuindo um grande número de células vacuolizadas com núcleos grandes ou duplos e com mitoses presentes em pequeno número. Muito importante se atentar a idade e a localização anatômica. Sempre cresce dentro do osso. CLASSIFICAÇÃO 1. Primário (origina-se em osso normal), 2. Secundário (origina-se de uma lesão óssea pré-existente) 3. Mesenquimal (ilhas de cartilagem hialina bem diferenciada, envoltas por folhetos de pequenas células arredondadas) 4. Desdiferenciado (morfologia de sarcoma mal diferenciado); CAPITU - TXXII Também pode ser classificado de acordo com sua localização: intramedular, justacortical. CONDROSSARCOMA PRIMÁRIO ● Mais comum na terceira década da vida (40-75 anos); ● Predomínio no sexo masculino (2:1); ● Pelve (50%), fêmur, úmero, corpos vertebrais, tíbia, fíbula, esterno; ● Crescimento lento, metástases em órgãos distantes, geralmente nos pulmões; CONDROSSARCOMA SECUNDÁRIO ● Transformação maligna de condroblastomas, osteocondromas, condromas; ● Geralmente aparecem na vida adulta; ● Principal queixa: modificação das características da lesão pré-existente; ○ Aumento de volume local; ○ Dor; ○ Respostas rebeldes ao tratamento conservador; CARACTERÍSTICAS DOS CONDROSSARCOMAS - Localização central (dentro do osso);– lesão surge nas regiões centrais do osso, mais frequentemente na diáfise e metáfise. - Superfície óssea; - Extensão a tecidos moles; MACROSCOPIA Sempre central Massas volumosas; Crescimento lobular; Branca acinzentadas, lilás, arroxeadas, translúcidas; Consistência gelatinosa (osteossarcoma é duro) Necrose central, calcificações, ossificação focal; Destruição cortical, extensão a partes moles; MICROSCOPIA Vários graus de diferenciação celular; Células anaplásicas dentro de lacuna cartilaginosa; Abundantes mitoses; Áreas de calcificação e ossificação; O DIAGNÓSTICO É DIFÍCIL Radiografia; TC, RNM – avaliação da extensão intra-óssea e da invasão de partes moles; Não se pode afirmar um condrossarcoma apenas pela lâmina e macroscopia, a idade do paciente deve ser considerada pois pode se tratar de um sarcoma com diferenciação condróide; um osteossarcoma etc - (falou mil vezes sobre a idade (do paciente (+ localização do tumor); Diagnóstico por imagem: rompimento da cortical, envolvendo a superfície do osso e partes moles. Além da clínica, idade do paciente; radiografias; TAC, RNM (extensão intra-óssea e de partes moles). Clínica: tipicamente se manifestam como massas dolorosas em crescimento progressivo, fratura patológica pode ser o sinal inicial. O tamanho é outro aspecto prognóstico, com tumores maiores que 10 cm sendo significativamente mais agressivos do que tumores menores METÁSTASES Pulmões*, fígado*, rins, cérebro; ⇒ via hematogênica LEMBRAR: SArcoma metastiza pelo SAngue; PATOLOGIA DE PARTES MOLES NEOPLASIA DE PARTES MOLES São umas das mais agressivas; pouco frequentes – 0,7-0,8% de todas as neoplasias malignas. Compromete todos os grupos de idade, sexo e etnia. Etiologia desconhecida. Resistentes ao tratamento de quimio e radio, normalmente. Fatores de risco: associado a alterações/anomalias genéticas. Tem que ter diagnóstico genético-molecular. Geralmente, se localizam em grandes áreas do corpo, com tecido adiposo e músculo em abundância - coxa, nádegas e virilha. Depois, torso/tórax, retroperitônio, extremidades superiores e cabeça. Por conceito, se localiza mais frequentemente na região glútea e região da coxa, região retroperitoneal e tórax – são as áreas que mais apresentam esse tipo de tumor. SARCOMAS DE PARTES MOLES 0,7-0,8% de todas as neoplasias malignas; Todos os grupos de idade; Etiologia desconhecida; NEOPLASIAS Benignas = Lipoma; Malignas = Lipossarcoma; Rabdomiossarcoma; REVISAR CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS (anatomopatológico não interessa); BIÓPSIA, FAZER IMEDIATAMENTE QUANDO: 1) Massas suspeitas > 5cm; 2) Massas que apresentam recente mudança de tamanho ou se tornam sintomáticas; 3) Lesão que persiste por 4-6 semanas; CAPITU - TXXII PRINCÍPIOS GERAIS (MALIGNIDADE) Lesões profundas (abaixo da fáscia muscular), volumosas; hipervasculares; crescimento rápido – área com necrose central (tumor cresce comprimindo as estruturas);** **Possível saber que há um crescimento rápido pois provoca necrose da região, que pode até se tornar uma úlcera MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Crescimento Lento: sarcomas bem diferenciados; Crescimento Rápido: sarcomas pobremente diferenciados e indiferenciados; - Abaulamento sob a pele; - Pele distendida, adelgaçada, brilhante; - Tonalidade escura (necrose); - Ulceração (invasão direta, fenômenos compressivos); - Dor localizada, provocada a palpação - Massa palpável, endurecida e localizada nas extremidades ou tronco; - Sintomas compressivos, deslocamento de órgãos: cavidades - provoca compressão, podendo sentir dores internas, - Emagrecimento, estado caquético - Duração dos sintomas varia de semanas a décadas (média 3 meses); Tumores do tipo fungóide: péssimo prognóstico para o paciente, alto índice de metástase e recidiva local; FATORES PROGNÓSTICOS DOS SARCOMAS Macroscópicos Localização (profundos?) Tamanho (> 5 cm indica malignidade); Grau de profundidade; Extensão locorregional, metástases; Histológicos Tipo, subtipo histológico, padrão de crescimento (exofítico, infiltrante, invasivo), anaplasia celular, mitoses (índice de proliferação), envolvimento vascular, necrose. - Laudo histopatológico deve ter essas características. Expressão genética molecular. Estadiamento Exame locorregional No exame locorregional podemos ter 2 tipos de sarcomas: - Superficial (acima da fáscia); – podem envolver hipoderme, derme (quase sempre são benignos) - Profundo (abaixo da fáscia); envolve o músculo propriamente dito, não consegue identificar com precisão da onde que ela surge) Exame locorregional O critério de agressividade é determinado pelo exame locorregional, através do: - Tamanho do tumor; - Localização; - Relação com a pele; - Relação com plano ósteo-músculo-aponeurótico; - Relação com o feixe vásculo-nervoso principal; - Caracterizam um péssimo prognóstico (qualquer neoplasia que envolve feixe vásculo-nervoso é sinal de agressividade, pois o perineuro é um tecido resistente). METÁSTASES Hematogênica: pulmões – SEMPRE; Linfática: tumores de alto grau de malignidade→ PERGUNTA DE PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA - Sarcoma epitelióide; - Angiossarcoma; - Rabdomiossarcoma embrionário; DIAGNÓSTICO Citologia aspirativa com agulha fina; Tomografia e ressonância: estruturas e anatomia; Ultrassom e tomografia: guia para biópsias por agulha grossa e pequenas incisões; PET scan: diagnóstico, estadiamento, monitoramento da respostas à quimioterapia; Cintilografia óssea: invasão do tecido ósseo regional, metástases ósseas; Diagnóstico Imediato 1o CAAF; 2o: Biópsia por agulha grossa; 3o: Biópsia Incisional; Biópsia Evitar a porção central do tumor: - Necrose; - Hemorragia; ESTUDAR 1. Osteoma 2. Osteoma osteóide 3. Sarcoma de Ewing e Tumor neuroectodérmico primitivo (Pnet) 4. Lipoma 5. Lipossarcoma 6. Rabdomiossarcoma CAPITU - TXXII OSTEOMA ● Tumores sésseis bocelados, arredondados ou ovais; ● Projetam-se a partir das superfícies subperiosteal ou endosteal do córtex. ● Osteomas subperiosteais por vezes surgem sobre ou dentro do crânio ou ossos da face. São solitários e detectados em adultos de meia-idade. ● Osteomas múltiplos são encontrados na presença da síndrome de Gardner. ○ Compostos por osso trançado e lamelar com frequência se deposita num padrão cortical com sistemas tipo haversianos. ● Algumas variantes contêm um componente de osso trabecular no qual os espaços intertrabeculares são preenchidos por medula óssea hematopoiética. Geralmente de crescimento lento e pouco significado clínico, exceto quando causam a obstrução da cavidade de um seio, comprimem o cérebro ou olho, interferem na função da cavidade oral ou produzem problemas estéticos. OSTEOMA OSTEÓIDE ● Tumor benigno, < 2cm na sua maior dimensão, geralmente na juventude e na 2a década de vida; ● Homens mais acometidos (2:1) ● Podem surgir em qualquer osso, mas tem predileção pelo esqueleto apendicular e elementos posteriores da coluna; Fêmur, tíbia; ● Manifestações Clínicas ○ Grave dor noturna que é aliviada com aspirina – provavelmente é causada pelo excesso de produção de PGE2 pelos osteoblastos proliferantes; ● Morfologia ○ Massas arredondadas ou ovais em tecido arenoso hemorrágico; ○ Bem circunscritos e compostos por um emaranhado de trabéculas de osso trançado circundadas por osteoblastos; ● O estroma que circunda o osso neoplásico consiste em tecido conjuntivo frouxo que contém muitos capilares dilatados e congestos; ● O tamanho relativamente pequeno e as margens bem definidas desses tumores em combinação com características citológicas benignas de osteoblastos neoplásicos ajuda a distingui-los dos osteossarcomas; ● Aqueles que surgem abaixo do periósteo, geralmente desencadeiam uma enorme quantidade de osso reativo que circunda a lesão; ● O tumor real conhecido como nidus, manifesta-se radiograficamente como uma radiolucência pequena e arredondada que pode ter o centro mineralizado; ● TTO: frequentemente radioablação; SARCOMA DE EWING E TUMOR NEUROECTODÉRMICO PRIMITIVO (PNET) ● Tumor primário maligno de células redondas pequenas do osso e do tecido mole; ● Possui fenótipo neural similar pois possuem uma translocação cromossômica idêntica = variações do mesmo tumor que diferem apenas do seu grau de diferenciação neural: ○ Tumores que apresentam diferenciação neural: PNET; ○ Indiferenciados: sarcoma de Ewing; ● Correspondem a 6-10% dos tumores ósseos malignos primários; ● 2o grupo de sarcomas ósseos mais comum em crianças; ● Média de idade mais jovem em sua apresentação; ● Predomínio em meninos brancos; ● Morfologia ○ Ao se originar da cavidade medular, o sarcoma de Ewing e o PNET por vezes invadem o córtex, o periósteo e o tecido mole; ○ O tumor é mole, acinzentado e frequentemente contém áreas de hemorragia e necrose; ○ É composto por folhetos de pequenas células arredondadas e uniformes, as quais são um pouco maiores que os linfócitos; ○ Elas possuem um citoplasma escasso, que pode parecer claro por ser rico em glicogênio; ○ A presença de rosetas de Homer-Wright (células tumorais arranjadas em círculos em torno de um espaço fibrilar central) é indicativa de diferenciação neural; ○ Embora o tumor contenha septo fibroso, é normal existir pouco estroma; ○ A necrose pode estar proeminente, e há relativamente poucas figuras mitóticas em relação à densa celularidade desse tumor; CAPITU - TXXII Obs: lembrando que a pseudoroseta de Homer-Wright é característica do retinoblastoma; ● Características Clínicas ○ Geralmente se originam da diáfise de ossos tubulares longos, em especial o fêmur e os ossos planos da pelve; ○ Eles apresentam-se como massas dolorosas crescentes e a região afetada é muitas vezes sensível, quente e edemaciada; ○ Alguns pacientes afetados têm achados sistêmicos, incluindo febre, elevação da velocidade de hemossedimentação, anemia e leucocitose, que mimetizam uma infecção; ○ As radiografias mostram um tumor lítico destrutivo, que tem margens permeáveis e extensão para dentro do tecido mole circundante. ○ A reação periosteal característica produz camadas de osso reativo depositado num modelo tipo casca de cebola. O tratamento inclui quimioterapia e excisão cirúrgica com ou sem irradiação. LIPOMA ● Tumores benignos de tecido adiposo, que são os tumores de tecido mole mais comuns da vida adulta; ● São subclassificados em: lipoma convencional, fibrolipoma, angiolipoma, lipoma de células fusiformes, mielolipoma e lipoma pleomórfico; ● Morfologia ○ O lipoma convencional, subtipo mais comum, é uma massa bem encapsulada de adipócitos maduros de tamanho variável; ○ Surge no subcutâneo das extremidades e tronco, com mais frequência durante o meio da vida adulta; ○ Raramente os lipomas são grandes, intramusculares e mal circunscritos; ○ São moles, móveis e indolores (exceto o angiolipoma) e em geral são curados com uma excisão simples; LIPOSSARCOMA ● Um dos sarcomas mais comuns da vida adulta e aparecem em indivíduos entre 40 e 70 anos de idade, sendo raro em crianças; ● Usualmente surgem em tecidos moles profundos das extremidades proximais e retroperitôneo, sendo notórios por desenvolverem grandes tumores. RABDOMIOSSARCOMA ● Sarcoma de tecido mole mais comum da infância e adolescência, no mais das vezes aparece antes dos 20 anos; ● Pode surgir em qualquer local, contudo a maioria ocorre na cabeça e pescoço ou no trato geniturinário, onde existe pouca quantidade de musculatura esquelética; ● Os rabdomiossarcomas são neoplasias agressivas que em geral são tratadas com cirurgia ou quimioterapia com ou sem radioterapia; ● O tipo histológico e a localização do tumor influenciam a sobrevida; ○ O subtipo botrióide tem o melhor prognóstico, ao passo que as variantes embrionária, pleomórfica e alveolar geralmente são fatais. ARTRITE REUMATÓIDE Doença inflamatória, crônica, auto-imune; Curso: recidivas e remissões; Etiologia desconhecida; > incidência mulheres (3 a 5x mais) (c toda doença auto-imune), 40-50 anos; Acomete articulações, gerando anquilose, osteoesclerose; Caráter sistêmico e interno (envolve órgãos) ➔ Pode afetar diversos tecidos e órgãos: pele, vasos sanguíneos, coração, pulmões e músculos, mas CAPITU - TXXII ataca principalmente as articulações, produzindo uma sinovite proliferativa e inflamatória não supurativa que em geral progride para a destruição da cartilagem articular e anquilose. PATOGENIA – ele nem falou Atualmente acredita-se que a AR é desencadeada pela exposição de um hospedeiro geneticamente suscetível a um antígeno artritogênico, resultando na eliminação da autotolerância imunológica e reação inflamatória crônica; Desse modo, uma artrite aguda se inicia, mas ela é a continuidade da reação autoimune, com a ativação de células T Helper CD4+ e a liberação local de mediadores inflamatórios e citocinas que por fim destroem a articulação; CLASSIFICAÇÃO ● Soropositiva para fator reumatoide ● Soronegativo – quando o paciente não apresenta o fator reumatoide. *É possível ter artrite reumatoide apresentando o fator reumatoide positivo (0+) ou fator reumatoide negativo (o-), ou seja, esse marcador não descartaa doença, a clínica é soberana QUADRO CLÍNICO Caracterizada por: 1. Poliartrite periférica, simétrica, principalmente mãos, punhos; (articulações pequenas) 2. Rigidez matinal; 3. Deformidade, destruição articular por erosão óssea e da cartilagem; Obs: o curso clínico é extremamente variável e em mais da metade dos pacientes afetados tem início lento e insidioso, começando com mal-estar, fadiga e dor músculo-esquelética generalizada; DIAGNÓSTICO Associação de manifestações clínicas***; achados laboratoriais e achados radiológicos; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A orientação para o diagnóstico segue os CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DO COLÉGIO AMERICANO DE REUMATOLOGIA; ● Rigidez matinal: durando pelo menos 1 hora;não podendo movimentar a região ● Artrite de 3 ou mais áreas: edema de partes moles moles (antes da deformidade – 1o momento da doença), derrame articular, observado pelo médico; ● Artrite de articulações das mãos; As recidivas trarão como consequência a lesão articular (persistência da inflamação causa a lesão). Com isso, é causado a deformidade local e limitação funcional Mão em Botoeira – Deformação, anquilose Dedos em pescoço de cisne Mãos em vendaval CAPITU - TXXII Obs: alterações radiológicas podem estar ausentes no início e apresentarem-se ao longo do desenvolvimento da doença; EVOLUÇÃO Inicialmente, o processo inflamatório causa edema e eritema periarticulares, principalmente nas articulações das mãos e punhos. Conforme a cronicidade da inflamação avança, começa a ocorrer a erosão das articulações e, com o tempo, deforma-se. O tecido ósseo subarticular também pode ser atacado e erodido. Finalmente, o pannus preenche o espaço articular, e subsequentes fibrose e ossificação podem causar uma anquilose permanente. Típica mão do paciente com Artrite Reumatoide na fase tardia: - Articulação em pescoço de cisne e mão em Botoeira. - Sempre será acometimento simétrico. - Ossos ficam com rarefações – osteopenia. *Desvio Ulnar, articulação em pescoço de cisne, Mão em Botoeira – típico de artrite reumatoide, fase final. A produção de citocinas pela inflamação recruta leucócitos e macrófagos, cujos produtos causam injúria tecidual, além de ativar células sinoviais residentes para produzir enzimas proteolíticas, como colagenases, que medeiam a destruição da cartilagem, de ligamentos e dos tendões das articulações. A atividade aumentada dos osteoclastos nas articulações contribui para a destruição óssea. COMPROMETIMENTO SISTÊMICO Desfavorável para o paciente. Não necessariamente aparecem depois do comprometimento articular. ● Nódulos subcutâneos ○ Faces de extensão do corpo – cotovelos, dorso da mão, pernas. 35% ○ Entre 3 a 4 cm de diâmetro, a pele que reveste normalmente não está revestida de processo inflamatório, são geralmente móveis e o paciente não apresenta dor à palpação; ● Sinais de olhos secos e boca seca (xeroftalmia, xerostomia) – 40-45% dos pacientes. – pode provocar conjuntivite, úlceras orais, outras complicações. Pode ser a 1a manifestação! ● Inflamação ocular ● Esplenomegalia – Síndrome de Felty ● Vasculite (rara) – pode ocasionar em Púrpura palpável e Dor abdominal ● Neuropatia compressiva – 25% dos pacientes. ● Comprometimento do pulmão – pneumonite intersticial. 15% dos pacientes. ● Nódulos Reumatóides: ○ Firmes ○ Superfícies extensoras no subcutâneo ■ Surgem em regiões da pele sujeita à pressão: face ulnar do antebraço, cotovelos, região occipital e área lombossacral; ■ Pulmões, miocárdio, SNC, couro cabeludo, laringe; ○ Indolores – resposta inflamatória do TCSC. ○ Podem aparecer em pulmões, miocárdio, SNC, couro cabeludo, laringe – quando o paciente apresentar o nódulo, pesquisar em órgãos internos. ○ Associados a fator reumatoide positivo – Grau de atividade importante da doença. Histopatologia dos nódulos reumatoides: PERGUNTA DE PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA, DE PATOLOGIA etc. - Células gigantes, área central amorfa com necrose fibrinóide – fibroblastos orientados radialmente à zona central de colágeno necrótico, com linfócitos e plasmócitos. - Não precisa de biópsia para diagnóstico. CRITÉRIOS ATUAIS DA AR (pelo menos 4 critérios, por pelo menos 6 semanas) - Vamos aprender com o Malara 1. Rigidez matinal articular por pelo menos 1 hora 2. Artrite de 3 ou mais áreas articulares (mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés) 3. Artrite das articulações das mãos 4. Artrite Simétrica 5. Nódulos reumatóides 6. Presença de fator reumatoide 7. Alterações radiológicas (erosões e/ou porose justarticular) Embora o reconhecimento da AR seja clínico, diversos exames complementares podem ser utilizados para auxiliar na confirmação diagnóstica. CAPITU - TXXII AVALIAÇÃO LABORATORIAL - Hemograma completo: anemia crônica, moderada/ intensa; (doença auto-imune) - Trombocitose; (inflamação) - Velocidade de hemossedimentação (VHS): aumentada; - Fator reumatóide: 80% dos pacientes; - (PROTEÍNA GERADA DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA) - se vier negativo, não exclui AR – pode vir positivo, e ser infecções virais, hanseníase, tuberculose, sarcoidose, leishmaniose, endocardite bacteriana subaguda; doenças do fígado; outras doenças do tecido conjuntivo - Alfa-1-glicoproteína ácida: aumentada; - Proteína C reativa: aumentada (óbvio, processo inflamatório); - Anticorpos aumentados: - Antifilagrina; - Antiprofilagrina; - Antipeptídeo Citrulinado Cíclico (ACC) – fator de escolha para o diagnóstico; ⇒ (autoanticorpo que faz o diagnóstico da AR) - PERGUNTA DE PROVA DE RESIDÊNCIA MÉDICA; RADIOGRAFIA 1. Articulações mãos e pés – áreas típicas da doença, com ou sem deformidade. 2. Articulações comprometidas – mãos, pés, cotovelos, joelhos... Fase inicial/precoce: na fase da artrite, o osso, densidade óssea, espaço articular, articulações estão normais, mas há edema das partes moles. Na fase tardia/terminal: desvio ulnar, mão em botoeira, articulações em pescoço de cisne – perda do espaço articular, destruição articular, osteopenia óssea (rarefação óssea – perda da densidade óssea). - Perda da densidade óssea = OSTEOPENIA; HISTOPATOLOGIA DA AR O processo inflamatório articular compromete a cápsula e sinovial, provocando a Sinovite Difusa Proliferativa (PANNUS) – exclusivo da AR, caracteriza histologicamente a destruição articular. - PERGUNTA DE PROVA DE RESIDÊNCIA, TAC; Na cápsula e membrana sinovial, a inflamação pelos autoanticorpos é recidivante, mantida, crônica, provocando uma hiperplasia das células da membrana sinovial, um processo inflamatório crônico da região com linfócitos e plasmócitos e neovascularização (angiogênese). Com isso, toda a membrana sinovial é substituída por esse tecido inflamatório em toda cápsula articular – PANNUS (proliferação de células do revestimento sinovial + células inflamatórias, tecido de granulação e fibrose) Esse tecido (angiogênese, hiperplasia, tecido inflamatório) penetra em todos os tecidos vizinhos da articulação comprometida. A infiltração compromete toda a área – preenche o espaço articular, provoca erosão óssea. Cada vez que movimenta a região, a massa inflamatória se rompe, provocando sangramento, causando hemossiderose que leva a calcificação da região, piorando cada vez mais a situação, gerando anquilose(fusão das superfícies articulares – rigidez). Com isso, a cronicidade e recidiva provoca a consequência final, a deformidade permanente. Sinovite difusa proliferativa – membrana sinovial é substituída por um processo inflamatório; - Proliferação das células sinoviais, macrófagos, linfócitos e plasmócitos que infiltram áreas adjacentes relacionadas com osso e cartilagem, provocando erosão; - Após a cartilagem ter sido destruída, o pannus une os ossos para formar uma anquilose fibrosa, que eventualmente se ossifica e forma uma anquilose óssea; - Tecido na autópsia fica com aspecto mamelonado, rico em vasos sanguíneos de neoformação e processo inflamatório; EVOLUÇÃO Erosões: 67-76% (2 primeiros anos); Incapacidade para o trabalho: 50% (2-10 anos); Incapacidade funcional: 90% (10-20 anos); ⇒ DIAGNÓSTICOIDEAL ANTES DOS 6 MESES DE COMEÇO DA DOENÇA PARÂMETROS DE MAU PROGNÓSTICO Início da doença em idade mais precoce; Altos títulos de fator reumatóide; VHS e/ou proteína C reativa elevada persistentemente - confirma fase ativa da doença persistente; Artrite em mais de 20 articulações; Comprometimento extra-articular: - comprometimento orgânico interno - presença de nódulos reumatóides - síndrome de Sjögren - episclerite, - doença pulmonar intersticial CAPITU - TXXII - pericardite, vasculite sistêmica e síndrome de Felty; Presença de erosões nos dois primeiros anos da doença (raio X mãos e pés) estreitamento do espaço articular DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Espondiloartropatias Lúpus, esclerodermia, polimiosite, Vasculites Gota Osteoporose Síndrome de Sjogren Artrites infecciosas Fibromialgia RESUMO ROBBINS ARTICULAÇÕES Permitem movimento e proporcionam estabilidade mecânica. Classificadas em: 1) Sólidas (não sinoviais) - Também conhecidas como SINARTROSES - Fornecem integridade estrutural e permitem somente o movimento mínimo - Não têm cavidade articular - Agrupadas de acordo com o tipo de tecido conjuntivo (fibroso ou cartilagem) que une os ossos a) Sinartroses fibrosas = sutura craniana, pontes entre as raízes dos dentes e ossos maxilares b) Sinartroses cartilaginosas (sincondroses) = sínfises (manúbrioesternal e púbica) 2) Cavitadas (sinoviais) - Possuem cavidade articular que permite ampla variedade de movimentos - Situadas entre as extremidades dos ossos formados pela ossificação endocondral - Fortalecidas por uma densa cápsula fibrosa e reforçada por ligamentos e músculos - O limite do espaço articular é formado pela membrana sinovial Membrana sinovial = revestida por 2 tipos de células dispostas em 4 camadas 1. Sinoviócitos tipo A = macrofagos especializados em atividade fagocitária 2. Sinoviócitos tipo B = semelhantes a fibroblastos; sintetizam ácido hialurônico e proteínas Líquido sinovial = filtrado de plasma contendo ácido hialurônico. Atua como um lubrificante viscoso e proporciona nutrição para a cartilagem hialina articular. Cartilagem hialina = - tecido conjuntivo único - idealmente adaptado para atuar como um absorvente elástico de choques e como superfície de resistência contra desgaste - não possui suprimento sanguíneo nem drenagem linfática ou inervação. - composta de água (70%), colágeno tipo II (10%), proteoglicanas (8%), e condrócitos. - fibras colágenas permitem que a cartilagem resista aos estresses de tensão e transmita cargas verticais. - água e as proteoglicanas dão à cartilagem hialina a sua resistência à compressão e têm um papel importante na redução do atrito. - condrócitos sintetizam a matriz e a digerem enzimaticamente. Secretam enzimas de degradação em formas inativas e enriquecem a matriz com inibidores de enzimas. As doenças que destroem a cartilagem articular o fazem ativando as enzimas catabólicas e reduzindo a produção de inibidores, o que acelera a taxa de destruição da matriz. Citocinas, tais como a IL-1 e TNF, desencadeiam o processo degenerativo; suas fontes incluem condrócitos, sinoviócitos, fibroblastos e células inflamatórias. A destruição da cartilagem articular por células nativas é um mecanismo importante em muitas doenças articulares. ARTRITE REUMATÓIDE Distúrbio inflamatório crônico de origem autoimune, que pode afetar muitos tecidos e órgãos, mas principalmente ataca as articulações, produzindo sinovite inflamatória proliferativa e não supurativa. Frequentemente progride para destruição da cartilagem articular e anquilose das articulações. Lesões extra-articulares podem envolver a pele, o coração, os vasos sanguíneos e os pulmões, e, portanto, as manifestações clínicas podem se assemelhar a outras doenças autoimunes sistêmicas, como o lúpus eritematoso sistêmico ou esclerodermia. Os picos da doença vão da 2ª à 4ª décadas de vida, e ela é três vezes mais comum em mulheres do que homens. PATOGENIA Predisposição genética e fatores ambientais contribuem para o desenvolvimento, progressão e cronicidade da doença. Alterações patológicas são mediadas por CAPITU - TXXII anticorpos contra autoantígenos e inflamação mediada por citocinas, predominantemente secretadas por células T CD4 + Os linfócitos T CD4 + auxiliares (TH) podem iniciar a resposta autoimune na AR por reação com um agente artritogênico, talvez microbiano ou um autoantígeno. As células T produzem citocinas que estimulam outras células inflamatórias para efetuar a lesão do tecido. Muitas citocinas foram encontradas a partir de articulações inflamadas, mas as mais importantes incluem: - IFN-γ - ativa os macrófagos e células sinoviais residentes - IL-17 - recruta neutrófilos e monócitos - TNF e IL-1 - estimulam as células sinoviais a segregar proteases que destroem a cartilagem hialina - RANKL - estimula a reabsorção óssea. Desses, o TNF é o mais comum na patogenia da AR, e antagonistas de TNF têm sido comprovadamente eficazes nas terapias para a doença A sinóvia da AR contém centros germinativos com folículos secundários e muitos plasmócitos que produzem anticorpos, alguns contra autoantígenos. Muitos autoanticorpos produzidos em órgãos linfoides e na membrana sinovial são específicos para peptídeos citrulinados (PCC). Na AR, os complexos antígeno-anticorpo que contém fibrinogênio citrulinado se depositam nas articulações. Os anticorpos contra esses peptídeos são marcadores diagnósticos da doença e podem mediar lesão articular. As evidências sugerem que os níveis elevados de anticorpos anti-PCC, em combinação com uma resposta de células T para as proteínas citrulinadas, contribuem para que a doença se torne crônica Além disso, 80% dos pacientes têm autoanticorpos IgM e IgA no soro que se ligam às porções Fc de suas próprias imunoglobulinas. Esses autoanticorpos são denominados fator reumatoide e podem também ser depositados em articulações como complexos imunes, embora não estejam uniformemente presentes em todos os pacientes com AR e possam ser encontrados em indivíduos sem a doença, de modo que a sua relação com a patogenia é questionável MORFOLOGIA AR manifesta-se como artrite simétrica que afeta principalmente articulações pequenas (maos e pes). A sinóvia torna-se edematosa, espessada e hiperplásica, , fazendo com que seu contorno liso fique coberto de vilosidades delicadas e bulbosas. Histologia (1) proliferação e hiperplasia de células sinoviais; (2) denso infiltrado inflamatório (frequentemente formando folículos linfóides) de células T auxiliares CD4+, células B, plasmócitos, células dendríticas e macrófagos (3) aumento da vascularização devido a angiogênese; (4) exsudato fibrinopurulento na superfície sinovial articular; (5) atividade osteoclástica no osso subjacente, permitindo que a sinóvia penetre no osso e cause erosões periarticulares e cistos subcondrais Em conjunto, as alterações acima produzem o pannus: uma massa de sinóvia edematosa, células inflamatórias, tecido de granulação e fibroblastos, que cresce ao longo da cartilagem articular e causa sua erosão. Com o tempo, após a cartilagem ter sido destruída, o pannus liga os ossos opostos para formar uma anquilose fibrosa, que finalmente ossifica e resulta na fusão dos ossos, chamada de anquilose óssea PELE Nódulos reumatóides subcutâneos são as lesões cutâneas mais comuns (25%). Surge em regiões da pele sujeitas à pressão: Face ulnar do antebraço, cotovelos, região occipital e área lombossacral. É menos comum se formarem nos pulmões, baço, pericárdio, miocárdio, valvas cardíacas, aorta e outras vísceras. Os nódulos reumatoides são firmes, indolores, arredondados a ovais, e surgem no tecido subcutâneo. Microscopicamente lembram granulomas necrosantes com uma zona central de necrose fibrinóide rodeada por uma rima proeminente de macrófagos ativados e numerosos linfócitos e plasmócitos CAPITU - TXXII VASOS SANGUÍNEOS Os indivíduos afetados com doença grave erosiva, nódulos reumatoides, e altos títulos de fator reumatoide estão em risco de desenvolver vasculite. A vasculite necrosanteaguda envolve pequenas e grandes artérias. Pode envolver a pleura, pericárdio ou pulmão, evoluindo para processos fibrosantes crônicos. Frequentemente, os segmentos de pequenas artérias, como os vasa nervorum e as artérias digitais, são obstruídos por uma endarterite obliterante, resultando em neuropatia periférica, úlceras e gangrena. Vasculite leucocitoclástica produz púrpura, úlceras cutâneas e infarto do leito ungueal. Alterações oculares, tais como uveíte e ceratoconjuntivite podem ser proeminentes CLÍNICA Metade dos pacientes, AR pode começar lenta e insidiosamente com mal-estar, fadiga e dor musculoesquelética generalizada, provavelmente mediada por IL-1 e TNF. Depois de várias semanas a meses, as articulações são envolvidas. O padrão do envolvimento das articulações varia, mas em geral é simétrico, e as pequenas articulações são afetadas antes das maiores. Os sintomas com frequência se desenvolvem nas mãos (articulações interfalangianas proximais e metacarpofalangianas) e nos pés, seguidos pelo punho, cotovelo, tornozelo e joelho. Raramente, a coluna cervical superior está envolvida, mas a região lombossacral e os quadris geralmente são poupados. As articulações envolvidas ficam edemaciadas, quentes e doloridas, e particularmente rígidas após horas seguidas de sono ou após inatividade. O paciente típico tem aumento progressivo das articulações e diminuição da amplitude de movimento, evoluindo para a anquilose completa, com os maiores danos ocorrendo nos primeiros 4 ou 5 anos. Cerca de 20% dos indivíduos afetados experimentam períodos de remissão parcial ou completa, mas os sintomas inevitavelmente voltam e envolvem articulações anteriormente não afetadas. Uma minoria dos indivíduos (10%) tem um início agudo ao longo de vários dias com sintomas graves e envolvimento poliarticular. Inflamação nos tendões, ligamentos e, ocasionalmente, no músculo esquelético adjacente frequentemente acompanha a artrite e produz o desvio radial característico do punho, desvio ulnar dos dedos e flexão hiperextensão dos dedos (deformidade em pescoço de cisne, deformidade boutonnière). O resultado final é um conjunto sem estabilidade, além de mínima ou nenhuma amplitude de movimento. Grandes cistos sinoviais, como o cisto de Baker na parte posterior do joelho, podem se desenvolver como aumento da pressão intraarticular, causando hérnia da membrana sinovial. Aspectos radiográficos característicos são os derrames articulares e a osteopenia justa-articular, com erosões e estreitamento da cavidade articular e perda da cartilagem O tratamento da artrite reumatoide tem o objetivo de aliviar a dor e inflamação e retardar ou conter a destruição articular. As terapias incluem corticosteroides e os medicamentos modificadores da doença biológicos ou sintéticos, tais como o metotrexate, e, mais notavelmente, os antagonistas de TNF. RESUMO REUMATOLOGISTA A Artrite Reumatoide (AR) acomete principalmente as articulações sinoviais, que são as articulações nas quais um osso se movimenta sobre outro osso, protegido por uma cápsula articular. CAPITU - TXXII A articulação é constituída por dois ossos, que se movimentam um sobre o outro a partir do deslizamento das cartilagens que recobrem suas extremidades. Unindo os dois ossos, existe uma cápsula articular, revestida internamente por uma membrana, chamada de “membrana sinovial”. O papel dessa membrana é proteger a articulação. Entre outras coisas, ela fabrica o líquido sinovial espesso e viscoso que embebe a articulação, que a nutre e protege a cartilagem. Para ajudar a estabilizar a articulações, existem diversos ligamentos, formados por tecido fibroso. Quando um paciente tem AR, ocorre uma inflamação da membrana sinovial. Como é uma doença auto-imune, na qual a imunidade se volta contra os próprios tecidos do organismo, a presença de anticorpos leva ao desencadeamento de uma série de fenômenos, como aumento da vascularização na membrana, que passa a secretar substâncias inflamatórias e enzimas que degradam a cartilagem articular. Esse processo leva a um aumento da produção de líquido sinovial. Em outras condições, esse líquido seria positivo, sadio, mas nesse caso é um líquido inflamatório. A vascularização aumentada da membrana e a produção exagerada de líquido levam a um inchaço na articulação, causando dor, rubor, calor e dificuldade de movimentação Com a progressão da doença, se não for tratada adequadamente, a membrana sinovial que reveste a articulação, mantém a inflamação e prolifera, gerando o que se chama de “sinovite”, ou “pannus”. Mesmo sem dor, essa sinovite pode continuar a destruir a articulação e atingir camadas mais profundas, o que gera alterações e deformidades ósseas. Na radiografia de punho, observa-se a redução de espaço articular e as erosões ósseas Sem tratamento adequado, o alinhamento normal dos ossos se perde, o contorno normal dos ossos é destruído, os ligamentos podem romper, com deformidades evidentes e grande perda da função da articulação. CAPITU - TXXII CAPITU - TXXII