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Governo e Transformação Digital, Inovação. Cultura Organizacional Ágil Aplicada no Contexto Público Enap, 2022 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Gino Terentim (conteudista, 2022). Módulo 1: Compreendendo a Cultura Organizacional ........................................ 6 Unidade 1: Aspectos Conceituais sobre Cultura Organizacional ................................ 6 Referências ...................................................................................................................... 12 Unidade 2: Os Elementos da Cultura Organizacional ................................................ 12 2.1 Memes e Memeplexes ............................................................................................. 13 2.2 Alinhando Restrições em Relação a Comportamentos Desejáveis e Indesejáveis ........................................................................................................................................... 13 Referências ...................................................................................................................... 18 Unidade 3: Sobre Organizações, Times e Indivíduos ................................................. 19 3.1 Comportamento Organizacional ............................................................................ 19 3.2 Motivadores Humanos ............................................................................................ 21 3.3 Organizações, Times e Indivíduos .......................................................................... 24 Referências ...................................................................................................................... 27 Módulo 2: A Cultura Ágil e sua Aplicação ao Setor Público ...............................28 Unidade 1: Agilidade de Negócios ................................................................................ 28 1.1 O Manifesto Ágil e sua Aplicação ao Setor Público .............................................. 28 1.2 Desenvolvendo a Cultura Ágil ................................................................................. 32 1.3 Como os Princípios do Ágil podem ser adotados no Setor Público ................... 34 Referências ...................................................................................................................... 38 Unidade 2: Gerencie o Sistema, Não as Pessoas ........................................................ 40 2.1 Pensamento Sistêmico ............................................................................................ 40 2.2 Valores e Cultura ...................................................................................................... 49 Referências ...................................................................................................................... 51 Unidade 3: Horizontes da Inovação ............................................................................. 52 3.1 Os Três Horizontes de Inovação ............................................................................. 52 3.2 Indicadores de Desempenho, Métrica Ágeis e Estilo de Liderança .................... 56 Referências ...................................................................................................................... 57 Módulo 3: Gestão de Mudanças ........................................................................... 58 Unidade 1: Mudanças Organizacionais ........................................................................ 58 1.1 Importância da Disciplina no Contexto Público .................................................... 58 Referências ...................................................................................................................... 61 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: A Mudança na Perspectiva do Indivíduo .................................................. 62 2.1 Modelo ADKAR: Consciência, Conhecimento, Desejo, Habilidade e Reforço ... 62 2.2 O Modelo de B. J. Fogg ............................................................................................. 64 Referências ...................................................................................................................... 66 Unidade 3: Preparando a Mudança: Como iniciar um Movimento .......................... 67 3.1 Difusão da Inovação ................................................................................................. 67 3.2 Lean Change Management ..................................................................................... 69 Referências ...................................................................................................................... 72 Sumário Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 Apresentação e Boas-vindas Olá, cursista! Seja bem-vindo(a) ao curso Cultura Organizacional Ágil Aplicada ao Contexto Público. Antes de iniciar seu estudo neste tema, assista ao vídeo de apresentação: Este curso tem como objetivo fornecer subsídios teóricos e boas práticas aos servidores públicos para o desenvolvimento de uma cultura organizacional ágil. Tenha certeza que o estudo deste tema irá ajudar você a passar pelos processos de transformação digital e cultural que podem estar acontecendo na sua organização. Veja como o curso está estruturado: No Módulo 1, você terá uma compreensão da cultura organizacional. Você irá identificar seus elementos, construção e como ela pode ser modificada. O Módulo 2 apresenta a cultura ágil e sua aplicação ao setor público. Você conhecerá temas como agilidade de negócios, técnicas de preparação do ambiente e horizontes da inovação. No Módulo 3, que trata de gestão de mudanças, você verá o conceito de gestão de mudanças organizacionais, suas etapas na perspectiva do indivíduo e, por último, como iniciar um movimento de mudança. Pronto para começar? Videoaula: Introdução do Curso https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video01/index.html 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração PúblicaEnap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Compreendendo a Cultura Organizacional1 Neste módulo, você será orientado a compreender a cultura organizacional, trabalhar na identificação de seus elementos e no reconhecimento de como a cultura organizacional é construída e como pode ser modificada. Além disso, sobre o tema de organizações, times e indivíduos, você terá uma contextualização sobre a diferença dos conceitos relativos ao comportamento organizacional. Unidade 1: Aspectos Conceituais sobre Cultura Organizacional Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os elementos da cultura organizacional. Você sabia que o termo Cultura Organizacional já vem sendo utilizado há um bom tempo? Antes de se aprofundar no tema, veja a linha do tempo a seguir: XVIII O termo foi utilizado, no século XVIII, como sinônimo de gestão do comportamento humano. 1950 Somente em 1950 o termo Cultura Organizacional passa a ser associado ao contexto empresarial. 1980 A partir de 1980, Cultura Organizacional aparece como objeto de interesse de pesquisadores, em especial Edgar Schein. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7 Para iniciar o entendimento sobre o termo cultura organizacional, veja separadamente cada um dos termos. “Cultura” é conceitualmente definida como atitudes compartilhadas, crenças, costumes e regras (escritas ou não), desenvolvidas ao longo do tempo e consideradas válidas em determinada sociedade. Você consegue imaginar como pode ser feita a transposição desse conceito para o ambiente organizacional? O psicólogo Edgar Schein (1983), ao discorrer sobre a cultura organizacional, defendia que há três níveis na cultura de uma organização:artefatos visíveis, valores compartilhados e pressupostos básicos. Schein propôs um modelo de cultura organizacional no qual os pressupostos básicos moldam os valores, sendo que estes alinham as práticas e os comportamentos dos membros, que são a parte visível da cultura. Artefatos visíveis: é o que se pode ver, ouvir ou sentir, sendo o nível mais fácil de identificar. Arquitetura das salas, decoração, produtos, linguagem e mitos são alguns dos exemplos. Em suma, definem como a organização é percebida. Valores compartilhados: são valores ou crenças compartilhados pelas pessoas que fazem parte da organização, como prezar pelo cuidado com o meio- ambiente, por exemplo. Pressupostos básicos: é a base da cultura, uma vez que são pressupostos em que os indivíduos acreditam e que fazem parte do inconsciente. É o nível em que estão as ações e práticas do dia a dia dos indivíduos e que, sem que se perceba, já fazem parte da conduta da organização. A cultura organizacional inclui as expectativas, experiências e o senso de propósito, além dos valores intrínsecos e extrínsecos que orientam o comportamento dos membros de determinada organização tanto nas interações com o ambiente interno e externo quanto nas expectativas futuras representadas na visão da organização. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública No livro Cultura Organizacional e Liderança, Schein (1989) afirma que: Um aspecto importante da cultura organizacional é que ela está sempre atenta às necessidades de mudança. A organização desenvolve uma crença sobre o “o que é certo” de acordo com as interações ao longo do tempo, e aprende o que gera ou não sucesso. Então, quando a organização tem resultados não tão bem-sucedidos, é necessário que haja a transformação da cultura para que a organização permaneça relevante em um ambiente mercadológico volátil. “A cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas” (SCHEIN, 1989). Preservação do senso de identidade na cultura da organização. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 A cultura da organização fornece um senso de identidade para seus membros. Quanto mais claramente as percepções e valores compartilhados são definidos, mais fortemente as pessoas podem se associar à organização e se sentir parte dela. Os desafios da comunicação em um ambiente operacional são baseados na compreensão das inter-relações entre diferenças culturais. Destaca-se, aqui, os comportamentos de comunicação e os relacionamentos de dentro e fora da organização. É certo que examinar a cultura presente e o estilo de comunicação que opera dentro da organização é desafiador, mas é a partir dessa análise que é possível desenvolver habilidades de comunicação que possibilitem inovação, sensibilidade, visão, versatilidade, foco, paciência e o localismo global exigidos em seu complexo ambiente de trabalho. Em vista disso, há alguns elementos da cultura organizacional sobre os quais você pode refletir em sua organização. Os principais são: símbolos, valores, heróis, rituais, normas, comunicação e tabus. Símbolos: são considerados símbolos os objetos, ações, relacionamentos ou formações linguísticas que possuem significado para a organização e que estão relacionados à motivação de pertencer a ela. A construção de símbolos serve como ponte para a concepção de grupos e organizações por meio da criação de identificação entre os colaboradores, além de expressar, em algum nível, os valores que a organização considera importantes. Os símbolos são os elementos mais visíveis da organização. Pode-se destacar, como exemplos, a linguagem (gírias internas e expressões), figuras ou objetos, elementos de diferenciação (como crachás e uniformes), valorização de carreiras e cargos, bem como histórias transmitidas para os colaboradores recém chegados na organização. Valores: fornecem uma arquitetura orientadora para impulsionar o desempenho e o comportamento. Os indivíduos e organizações, como um todo, têm sistemas de valores que influenciam suas atitudes, comportamentos e a forma como alocam recursos. Os valores são a espinha dorsal ou a cola por trás da cultura organizacional. Os valores centrais são definidos e compartilhados com os colaboradores, clientes e público em geral. A cultura organizacional ilustra quem é a organização, identificando o que ela considera importante e o que ela valoriza. Como exemplo, é possível destacar a missão da empresa. Heróis: representados por indivíduos reais ou imaginários da organização, personificam os valores e destacam a visão da instituição, servindo como referência de modelo de comportamento. Um herói é visto como um colaborador altamente engajado que naturalmente incentiva outros 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública trabalhadores a serem mais motivados e produtivos. São essenciais para organizações que estão lidando com mudanças – fusões, aquisições ou reestruturações organizacionais – ou simplesmente para aquelas que precisam de ajuda para reacender sua cultura. Ter o espelho de heróis pode ser uma boa maneira de engajar ainda mais os colaboradores. Rituais: representados por celebrações, apresentações e atividades, os rituais fomentam e reforçam o espírito de equipe e o senso de inclusão. Fazem os colaboradores se sentirem parte de algo maior do que eles mesmos, algo de que vale a pena fazer parte. Como exemplo, podem incluir festas anuais, reuniões de vendas, retiros organizacionais ou quaisquer outras atividades em grupo. Normas: refletem a forma de fazer as coisas, sendo representadas pelas regras e padrões da organização. Como exemplos, tem-se os códigos de vestimenta, formas de abordar superiores e/ou subordinados e a ética da liderança. Comunicação interna: também chamada de “rede de comunicação”, é a forma pela qual se transmite mensagens com informações indispensáveis de trabalho e sociais, proporcionando a interação necessária entre os funcionários. É importante reconhecer e, inclusive, nutrir a interação social que faz parte de qualquer cultura organizacional. As redes de comunicação também doutrinam novos membros na cultura e reforçam as mensagens culturais na organização. Como exemplo, pode-se citar o uso da intranet. Tabus: representados por um acordo cultural para não se envolver em um determinado comportamento desencorajado e muitas vezes negado às pessoas em uma organização, visam evitar conflitos sobre temas polêmicos na sociedade, como religião, política e status de carreira. Em suma, de acordo com Deal e Kennedy (2000), a cultura organizacional é “a forma como as coisas são feitas por aqui”. Após o estudo deste tema, você consegue identificar os elementos da cultura organizacional em seu local de trabalho? Lembre-se que são eles que fazem a cultura da organização! Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 FREEPIK COMPANY. Banco de Imagens. Freepik. Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 23 ago. 2022. FREITAS, M. E. Cultura Organizacional: Formação, Tipologias e Impacto. São Paulo: Makron Books, 1991. GONÇALVES, R. C. Gerenciamento de uma Cultura Voltada para o Desempenho: um estudo de caso. 2003. Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) – PUCRio, Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio. br/4383/4383_1.PDF. Acesso em: 21 set. 2022. SCHEIN, E. H. Organizational Culture and Leadership. San Francisco: Jossey-Bass, 1989. SCHEIN, E. H. The role of the founder in creatingorganizational culture. Organizational Dynamics, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 13-28, jun. 1983. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0090261683900232. Acesso em: 23 ago. 2022. DEAL, T. E.; KENNEDY, A. A. Corporate cultures: the rites and rituals of corporate life. Cambridge (MA): Perseus, 2000. GEOVICTORIA. Elementos da cultura organizacional: entenda quais são e como eles fazem a diferença no negócio. Geovictoria, [S. l.], 2022. Disponível em: https://www. geovictoria.com/pt-br/elementos-da-cultura-organizacional/. Acesso em: 18 ago. 2022. Referências https://www.freepik.com/ https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0090261683900232 https://www.geovictoria.com/pt-br/elementos-da-cultura-organizacional/ https://www.geovictoria.com/pt-br/elementos-da-cultura-organizacional/ 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.1 Memes e Memeplexes Unidade 2: Os Elementos da Cultura Organizacional Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você irá reconhecer como a cultura organizacional é construída e como pode ser modificada. Para começar, é importante que você relembre que a cultura é construída continuamente, nas pequenas ações, comportamentos, decisões e na história que vivemos nas organizações dia após dia. Mudar uma cultura não se faz por decreto, nem por um planejamento longo e detalhado. O que realmente faz uma cultura organizacional mudar é criar novas histórias. O hábito é construído dia após dia, ao repetir as mesmas decisões até que elas se tornem automáticas. Assim, quando o hábito se institui, não é preciso mais lembrar o motivo pelo qual se faz algo pela primeira vez ou a razão que faz tomar aquela decisão. Richard Dawkins (2007), no livro O Gene Egoísta, apresenta uma conceituação muito interessante para a área de cultura organizacional. O autor faz uma comparação dos genes às ideias que se autorreforçam, nomeando-as como “memes”. Quando os memes atuam em conjunto em um determinado contexto, de forma coordenada, eles formam um sistema, denominado memeplex. Segundo o autor, o sistema imunológico funciona como uma barreira aos agentes externos. Da mesma forma atuam os memeplexes. Ou seja, quando uma ideia estrangeira tenta entrar nesse sistema, os memeplexes reagem de forma violenta, evitando que uma ideia que não condiz com o contexto atual seja capaz de alterá-lo. Veja a representação na figura: No âmbito organizacional, hábitos repetidos diariamente se fortalecem como ideias que se autorreforçam, refletindo diretamente na cultura da organização. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Memes e memeplexes. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A cultura organizacional, portanto, é um memeplex. Para se aprofundar neste tema, compreendendo como funcionam as ideias que se autorreforçam, os memes e os memeplexes, assista à videoaula a seguir. Nossa tendência é se aproximar naturalmente de pessoas que pensam da mesma forma que nós. Em organizações, essa forma de agir reforça a cultura organizacional. Na videoaula, você viu que a tentativa de implantar uma cultura diferente, trazendo a ideia de sistemas externos para dentro da empresa, aumenta as chances de se criar uma ação encadeada de negação, repulsão e rejeição. Ficou interessado na perspectiva de Dawkins? Leia o livro O Gene Egoísta! Videoaula: As Ideias que se Autorreforçam: o Conceito de Memes Entretanto, lembre-se: muitas vezes encontramos o processo de mudança em nós mesmos. https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video02/index.html 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A presença da falha e do sucesso nas organizações. Fonte: Freepik (2022). Assista à videoaula a seguir para continuar essa reflexão e entender melhor como funciona o processo de mudança de cultura organizacional. Nos processos transformacionais, então, é necessário olhar para a cultura de dentro, para o próprio “DNA”, e entender o que faz sentido para a organização. Somente assim as barreiras podem ser reduzidas, ou até mesmo eliminadas. Durante um processo de inovação, você irá encontrar a presença da falha e do sucesso. Em um contexto de grande incerteza, é natural que as falhas sejam mais recorrentes que em um ambiente mais conhecido (preditivo). Por isso, é necessário compreender como a trabalhar com eles. Não é algo simples. Ao explorar esses pontos, não se pode levar em consideração somente a variável “resultado”. Videoaula: O Processo de Mudança de Cultura 2.2 Alinhando Restrições em Relação a Comportamentos Desejáveis e Indesejáveis É necessário aprender a como trabalhar as restrições em um processo de mudança, ou seja, o que comemorar e valorizar, e como trabalhar isso de maneira organizada. Mas, como fazer isso? https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video03/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 Você percebeu que o Celebrations Grids apresenta duas dimensões de resultados: o Sucesso e as Falhas. Porém, é importante perceber que há ainda uma terceira dimensão: a variável Aprendizado. Além delas, a ferramenta possui outras três dimensões no campo dos comportamentos: Erros, Experimentos e Práticas. Essas dimensões podem levar aos resultados, que são Falhas, Sucessos ou Aprendizados. A imagem a seguir representa como se configura o Celebrations Grids: • Celebration Grids Gostou da ferramenta e quer colocar em prática no seu ambiente de trabalho? Faça o download clicando aqui e imprima! Videoaula: Os Celebrations Grids Celebrations Grids. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). A ferramenta que você irá conhecer agora, chamada Celebrations Grids (Gride da Celebração), pode ajudar nessa tarefa. Para compreender como funciona essa ferramenta e como você pode utilizar na sua organização, assista à videoaula a seguir. https://articulateusercontent.com/rise/courses/tt3fyWKF10NJPIvsBdLS3XYKGI6zbvw8/zd5q02ejms1bu7xK-Celebrations%2520Grids.png https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video04/index.html 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Essa ferramenta pode ser muito bem aproveitada, por exemplo, na realização de uma retrospectiva das ações com o seu time. Relembre as características das dimensões de comportamento: Práticas: Podem ser resumidas como “algo que já possui ou possui forma certa de fazer”. Por exemplo: uma melhor prática de conduzir uma reunião, uma melhor prática para fazer a integração de um sistema, entre outras. Por isso, diz-se que as práticas são as boas ou melhores práticas da organização. Erros: Ocorrem quando uma boa ou melhor prática é ignorada e ações são feitas de outra forma por imprudência, negligência etc. Diz-se, então, que os erros são as más práticas. Note que o erro é diferente da falha: a falha é o resultado de uma ação, enquanto o erro é a execução de uma má prática. Experimentos: Normalmente, são situações novas, às quais ainda não se sabe como responder. Uma característica dos experimentos é que precisam acontecer em um ambiente seguro, para que se possa fazer a identificação tanto de falha quanto de sucesso. O intuito do Celebration Grids é reconhecer quais ações você pode celebrar, identificando os sucessos ou falhas que vão trazer aprendizados. Ao celebrar os sucessos dos experimentos, entretanto, é preciso ter cuidado para não transmitir à equipe a mensagem de que experimentos que dão certo são mais importantes que aqueles que dão errado. O experimento como aprendizado. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 A dimensão que traz mais aprendizado à equipe é a dos experimentos, tanto nos sucessos como nas falhas. Por isso, ao celebrar apenas os sucessos, você estará perdendo metade do aprendizado, já que as falhas também são importantes para esse processo. Isso deve ser visto com atenção, pois, caso aconteça, os experimentos passam a ser cada vez mais tradicionais e a inovaçãonão acontece. Por isso, lembre-se: de nada adianta ter sucesso em um experimento e não aprender com ele, pois não seremos capazes de repeti-lo. O que se comemora em experimentos é o aprendizado obtido. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! Todo experimento, independentemente se um sucesso ou fracasso, deve trazer um aprendizado. 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública APPELO, J. Como mudar o mundo: Gestão de Mudanças 3.0. Trad. André Faria Gomes. [S. l.], 2012. APPELO, J. Liderando para a Felicidade: Jogos, ferramentas e práticas para motivar qualquer equipe. Rio de Janeiro: Brasport, 2020. DAWKINS, R. O gene egoísta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. EDMONDSON, A. C. A organização sem medo: criando segurança psicológica no local de trabalho para aprendizado, inovação e crescimento. Rio de Janeiro: Alta Books, 2021. FREEPIK COMPANY. Banco de Imagens. Freepik. Málaga, 2022. Disponível em: https:// www.freepik.com/ SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. The scrum guide. [S. l.]: Scrum.org, 2022. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. The New New Product Development Game. Harvard Business Review, [S. l.], 1986. Disponível em: https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product- development-game. Acesso em: 18 ago. 2022. Referências https://www.freepik.com/ https://www.freepik.com/ https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 3.1 Comportamento Organizacional Unidade 3: Sobre Organizações, Times e Indivíduos Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de diferenciar e contextualizar conceitos relativos ao comportamento organizacional. Você terá uma visão sobre conceitos do comportamento organizacional e, além disso, vai conhecer os motivadores humanos e uma abordagem sobre organizações, times e indivíduos. O comportamento organizacional é um campo de estudo resultante de uma série de transformações na sociedade. Veja, a seguir, a linha do tempo que sistematiza algumas das mudanças que levaram ao surgimento desse campo: Primeira Revolução Industrial Década de 1760 A primeira Revolução Industrial marcou a transição de um sistema feudal para o sistema capitalista. As tecnologias emergentes resultaram na adoção de novas técnicas de fabricação, incluindo o aumento da mecanização, que contribuiu para mudanças sociais e culturais significativas, incluindo novas formas de organização. Primeira Revolução Industrial. Fonte: Wikipedia (2022). 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Modelo de organização burocrática Max Weber O sociólogo Max Weber (2000) descreveu a burocracia como um tipo ideal de organização que se apoia em princípios racionais-legais e maximiza a eficiência- técnica. Na década de 1890, o comportamento organizacional forma-se como uma disciplina acadêmica diante da chegada da administração científica e do taylorismo. Movimento de Relações Humanas 1930 a 1950 Com o surgimento de estudos em oposição e divergência com a administração científica, dá-se origem ao movimento de relações humanas, caracterizado por uma forte ênfase na cooperação dos trabalhadores. O Movimento das Relações Humanas das décadas de 1930 a 1950 contribuiu para moldar os estudos do Comportamento Organizacional, com diversas obras de estudiosos que contribuíram para o crescimento dessa disciplina. Para Moorhead (1995), o comportamento organizacional é o estudo acadêmico de como as pessoas interagem em grupos. Os princípios do estudo dessa área são aplicados principalmente na tentativa de tornar os negócios mais eficazes. Além disso, um dos principais objetivos do comportamento organizacional é revitalizar a teoria organizacional e desenvolver uma melhor conceituação da vida organizacional. Como uma área de estudo multidisciplinar, tem sido influenciado pelo desenvolvimento em diálogo com campos transversais, como Sociologia, Psicologia, Economia e Engenharia, bem como pela experiência dos profissionais. Cooperação dos trabalhadores. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 O estudo do comportamento organizacional inclui: motivação do corpo funcional, comportamento do líder junto aos subordinados, gestão do poder, comunicação interpessoal, desenvolvimento de atitudes e percepção, gestão de conflitos, relação direta com a saúde mental do trabalhador, entre outros temas. Parâmetros como comunicação, colaboração e interação são fundamentais para o sucesso de uma organização. O comportamento organizacional visa melhorar a eficiência e eficácia do trabalho, além de ajudar no atingimento de metas organizacionais e de cultura. Ou seja, o valor da organização como um todo, no que diz respeito à produtividade, é impactado pelo valor do capital humano, por meio das suas inter-relações. No contexto da gestão pública, é possível a implementação de mudanças organizacionais demonstrando a relação entre novos comportamentos e sucesso organizacional. O estudo do comportamento organizacional é uma forma de abranger como a agência está estruturada, como motiva os funcionários e como facilita as alterações no local de trabalho. Por isso, as práticas de liderança nas organizações têm acompanhado as mudanças, e uma grande fonte de mudança é a transformação digital. Com o avanço da tecnologia, o setor público passa a ser capaz de nivelar suas organizações, substituindo os relacionamentos verticais de subordinação por conexões funcionais. Como resultado, a comunicação é melhorada, decisões eficazes são tomadas e os funcionários são capacitados para tomar decisões. Na sua opinião, perante um desafio, se for ofertada uma recompensa para quem resolver um problema, poderia esse valor ser considerado um motivador? 3.2 Motivadores Humanos 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Para muitos, sim! Bônus, comissões e outros tipos de prêmios são gratificações que incentivam as pessoas nos negócios. Entretanto, deve-se olhar com mais cuidado para a recompensa como motivador humano. Em geral, o motivador é tratado como um afiador do pensamento e um acelerador da criatividade, sendo que, na verdade, ele pode estar bloqueando-os. Em algumas circunstâncias, o incentivo pode prejudicar uma tarefa. Quer entender melhor como isso funciona na prática? Assista agora ao vídeo a seguir, no qual o escritor Daniel Pink, em sua participação no TEDx, partilha diversos exemplos sobre os motivadores humanos. Como você viu, há dois tipos de motivadores: os extrínsecos e os intrínsecos. Nas organizações, empresas e negócios, a maneira como se motiva pessoas e como se utiliza os recursos humanos foram construídas com base nos motivadores extrínsecos. Ou seja, quem fosse melhor seria recompensado, enquanto o contrário, não. Esse método de recompensa/punição funcionou bem para muitos tipos de tarefas no século XX, mas, no século XXI, não. Por vezes, chega até mesmo a causar danos. Recompensa como motivador humano. Fonte: Freepik (2022). • Daniel Pink e a surpreendente ciência da motivação https://www.youtube.com/watch?v=rrkrvAUbU9Y Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 Método de recompensa com o objetivo de estreitar o foco. Fonte: Freepik (2022). Normalmente, o método de recompensa funciona bem quando há tarefas com regras simples e um objetivo claro para alcançar. Uma das características da recompensa é estreitar o foco para enxergar somente o objetivo à frente. Elementos como autonomia, domínio e propósito, que contêm os desejos de direcionar, melhorar e fazer algo maior que o próprio indivíduo, são peças importantes para os negócios. Por isso, de acordo com Daniel Pink, há um desencontro entre o que a ciência sabe e o que os negócios fazem. Na via contrária, algumas tarefas precisam de uma visão periférica paraserem resolvidas, com pensamentos criativos e habilidades conceituais. Em função disso, uma nova abordagem sobre motivação tem sido estudada. Ela direciona mais para a motivação intrínseca, que se relaciona com a possibilidade de fazer parte de algo que se gosta de fazer. 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os professores Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka (1986) realizaram uma pesquisa para saber por que algumas organizações conseguiam inovar e outras não no desenvolvimento de novos produtos. Eles constataram duas características marcantes, sendo a primeira a forma como o produto é desenvolvido, e a segunda, como a equipe se configura. O envolvimento, a conexão, a integração, a maneira como as pessoas dentro das equipes trabalham, inclusive os valores compartilhados por elas, são muito fortes e fazem com que haja um nível de comprometimento do início ao fim do desenvolvimento do produto. Essa forma de pensar é diferente da forma até então tradicional, na qual cada equipe fazia uma parte. 3.3 Organizações, Times e Indivíduos Equipe com nível de comprometimento no desenvolvimento do início ao fim do processo. Fonte: Freepik (2022). Os pesquisadores perceberam que as equipes que trabalhavam juntas do início ao fim eram as que faziam mais sucesso nas organizações. A integração e a conexão é que faz com que as equipes se demonstrem mais predispostas ou com mais chances de sucesso para lidar com um mundo ferozmente competitivo e com tantas mudanças. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 Se interessou pela pesquisa de Takeuchi e Nonaka? Leia o artigo “O novo jogo de desenvolvimento de novos produtos” (1986), no qual os autores destacam seis características no processo de desenvolvimento de produtos que fizeram empresas mais velozes e flexíveis. Para ler o artigo original, em inglês, clique aqui. Se preferir ler a versão traduzida, clique aqui. Para saber mais sobre a pesquisa, assista à videoaula a seguir Na videoaula que você acabou de assistir, você teve um contato inicial com a pesquisa de Patrick Lencioni (2003), relacionando com a seguinte questão: como manter uma equipe funcionando bem? Lencioni é conselheiro e consultor de diversas organizações e autor do livro The Five Dysfunctions of a Team (em português, Os Cinco Desafios das Equipes). Em sua obra, aborda os cinco fatores que, se não forem trabalhados, gerarão grandes barreiras e disfunções para um time. Os cinco desafios de uma equipe são apresentados em um formato de pirâmide e estão fortemente conectados e encadeados. São eles: Ausência de Confiança, Medo do Conflito, Falta de Comprometimento, Falta de Prestação de Contas e Negligência por Resultados. Veja esses desafios na figura a seguir: Videoaula: O que faz uma Organização Ágil? Os cinco desafios de uma equipe. Elaboração: CEPED/ UFSC (2022). https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game https://medium.com/@rodrigozambon/the-new-new-product-development-game-58c5c14f252c https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video06/index.html 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Para conhecer melhor o que são e como se relacionam esses cinco desafios no ambiente de trabalho, assista à videoaula a seguir. Relembre quais são os cinco desafios e como eles agem nas equipes: Ausência de Confiança: É a base de todas as disfunções de um time. Quando um time não está aberto aos seus erros e vulnerabilidades, torna-se impossível construir uma base forte de confiança. Medo do Conflito: Equipes que não confiam são incapazes de se envolver em um debate de ideias, sem filtro e apaixonado. O problema não é o conflito, mas o medo dele. Falta de Comprometimento: A falta de conflito saudável é um problema, pois gera falta de comprometimento, terceira disfunção de uma equipe. Sem ter exibido suas opiniões durante um debate apaixonado e aberto, a equipe raramente compra e se compromete com decisões, embora possam fingir acordo durante as reuniões. Falta de Prestação de Contas: Sem se comprometer com um plano de ação claro, mesmo as pessoas mais focadas e orientadas muitas vezes hesitam em chamar a atenção de seus pares para ações e comportamentos que pareçam contraproducentes. Negligência por Resultados: A desatenção aos resultados ocorre quando os membros da equipe colocam suas necessidades individuais (como ego, desenvolvimento de carreira ou reconhecimento), ou mesmo as necessidades de suas divisões, acima dos objetivos coletivos da equipe. Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos. Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos! Videoaula: Os Cinco Desafios de uma Equipe https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo01_video07/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO (FIA). O Que é Comportamento Organizacional? Guia Definitivo. FIA, São Paulo, 2018. Disponível em: https://fia. com.br/blog/o-que-e-comportamento-organizacional/. Acesso em: 18 ago. 2022. FOERSTER-METZ, Ulrike Stefanie et al. Digital Transformation and its Implications on Organizational Behavior. Journal of EU Research in Business, [S. l.], p. 1-14, 2018. IBIMA Publishing. http://dx.doi.org/10.5171/2018.340873. FREEPIK COMPANY. Banco de Imagens. Freepik. Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/ LENCIONI, Patrick M. The five dysfunctions of a team: A Leadership Fable. Hoboken, NJ: Jocey-Bass, 2002. LENCIONI, Patrick M. The trouble with teamwork. Leader To Leader, [S. l.], v. 2003, n. 29, p. 35-40, 2003. Wiley. http://dx.doi.org/10.1002/ltl.36. MOORHEAD, G.; GRIFFIN, R. W. Organizational behavior: Managing people and organizations. Boston: Houghton Mifflin Company, 1995. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. The New New Product Development Game. 1986. Harvard Business Review. Disponível em: https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product- development-game. Acesso em: 18 ago. 2022. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4ª ed. Volume 1. Brasília: Editora UnB, 2000. WIKIPEDIA. Bild Maschinenhalle Escher Wyss 1875. 2022. Disponível em: https:// pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bild_Maschinenhalle_Escher_Wyss_1875.jpg. Acesso em: 18 ago. 2022. Referências https://fia.com.br/blog/o-que-e-comportamento-organizacional/ https://fia.com.br/blog/o-que-e-comportamento-organizacional/ http://dx.doi.org/10.5171/2018.340873 https://www.freepik.com/ http://dx.doi.org/10.1002/ltl.36 https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game https://hbr.org/1986/01/the-new-new-product-development-game https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bild_Maschinenhalle_Escher_Wyss_1875.jpg https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bild_Maschinenhalle_Escher_Wyss_1875.jpg 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo A Cultura Ágil e sua Aplicação ao Setor Público2 Quando você pensa em cultura ágil, imagina que ela é aplicável somente aos contextos privados? Neste módulo, você terá uma visão mais prática sobre a aplicação da cultura ágil ao setor público e perceberá que, sim, é possível a utilizar essa metodologia nesse contexto! Aqui, você irá conhecer a agilidade de negócios, técnicas de preparação do ambiente e a organização para uma cultura ágil. Mais próximo do final deste módulo, você será apresentado ao portfólio estratégico de uma organização que se divide em três horizontes de inovação. Preparado(a) para embarcar nesse conteúdo? 1.1 O Manifesto Ágil e sua Aplicação ao Setor Público Unidade 1: Agilidade de Negócios Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os componentes de uma cultura ágil: valores, crenças e princípios ágeis. Antes de iniciar seu estudo neste conteúdo, faça a seguinte reflexão: você acredita que o setor público e as empresas privadas têm aspectos em comum? Ao contrário do que algunspensam, o setor público e as empresas privadas têm muitas semelhanças no que se refere aos princípios constitucionais de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Ambas buscam, por meio da administração, alinhar seus objetivos estratégicos para serem cada vez mais eficientes. Perceba que os dois tipos precisam satisfazer em suas entregas: no caso do setor Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 privado, busca-se satisfazer o cliente e, no caso do setor público, os cidadãos. Por isso, eles necessitam da utilização de metodologias eficientes e especialmente desenvolvidas devido à transformação digital, pois há o risco de o cliente não ficar satisfeito. Assim, surge o interesse em utilizar os princípios do Manifesto Ágil no desenvolvimento de sistemas para que as entidades públicas possam otimizar o trabalho da equipe no que diz respeito ao acesso à informação e processos de tomada de decisão, melhorando a qualidade dos serviços oferecidos à população. O Manifesto Ágil é uma declaração de valores e princípios essenciais para o desenvolvimento de software (veja aqui). Ele foi criado em fevereiro de 2001, momento em que se reuniram 17 profissionais já praticantes de métodos e frameworks como o SCRUM, XP, DSDM, Crystal e outros. O Manifesto Ágil tem a proposta de ser um guia de referência, uma trilha – e não um trilho –, que indique o que fazer (e o que não fazer) para responder aos novos desafios no desenvolvimento de novos produtos. Satisfação dos clientes como objetivo das organizações. Fonte: Freepik (2022). O termo Ágil nasce como algo que quer dizer “Adaptativo”. É aquilo que é leve e flexível. Flexibilidade está na origem do Ágil, que é o oposto de rígido. Essa flexibilidade pode trazer também velocidade, mas o que está na origem do Manifesto, sem dúvida, é a adaptabilidade. https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Com base no aumento do controle, regulamentação e necessidade de se proteger em um mercado volátil, muitas organizações vêm se tornando cada vez mais complexas e burocráticas. Nesse sentido, a metodologia Ágil foi bem recebida como solução para aumento da velocidade e valorização da simplicidade. A implementação da cultura Ágil envolve seguir um determinado conjunto de metodologias, rotinas e práticas diárias. Na cultura ágil, o cliente deve estar no centro do que as pessoas fazem e pensam, ou seja, é necessário olhar as possibilidades de ajuda para resolver os problemas e melhorar os negócios. Nesse contexto, as equipes são autodirigidas e estão conectadas tanto aos clientes quanto entre si. Elas têm caráter dinâmico, formando-se e dissipando-se em torno de objetivos específicos, e o tempo é gasto com conversas e formação de conexões, além do estabelecimento do alinhamento interno e entre grupos. Na figura a seguir, veja no que se baseiam os valores do Manifesto Ágil: Os valores do Manifesto Ágil. Fonte: Beck et al. (2001). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Todo método e abordagem que se identifique com o Manifesto Ágil precisa ter ciclos de adaptação e ciclos de feedback, tanto do ponto de vista do produto que está sendo entregue quanto do processo e da forma como o time Scrum desempenha seu trabalho. Lembre-se: melhoria contínua está nas raízes do ágil. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Confiança e feedback em times ágeis. Fonte: Freepik (2022). Uma cultura verdadeiramente ágil é aquela em que a confiança forma a base de qualquer relacionamento e o feedback não é apenas recebido cordialmente, mas sim procurado por todos. Esses atributos formam a base em que as iniciativas ágeis podem florescer. Agora, volte à reflexão sobre a especificidade dos setores públicos: a cultura ágil pode ser aplicada a esse contexto? Certamente! Entretanto, muitos desafios deverão ser superados para a adoção bem-sucedida de uma metodologia ágil no setor público, especialmente em relação à mudança de mentalidade dos servidores, que estão acostumados a um ambiente com suas particularidades, burocracia e cultura organizacional enraizada. Pontes e Neto (2015) destacam, de acordo com uma pesquisa realizada com profissionais de TI, que os riscos na aplicação do manifesto ágil na administração pública estão relacionados aos seguintes pontos: • Falta de planejamento adequado do software a ser construído; • Falta de comprometimento do responsável pela área de negócios; • Dificuldade de comunicação entre a equipe de desenvolvimento da contratada com o responsável pela área de negócios; e • Forma de pagamento não baseada em resultados. 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Então, como evitar esses riscos? Uma das principais estratégias é saber trabalhar com as pessoas envolvidas e afetadas pela mudança, e isso pode ser abordado por meio de treinamento, coaching, equipes multifuncionais que compartilhem conhecimento e, obviamente, um plano de comunicação eficaz (PONTES; NETO, 2015). Agora que você conheceu um pouco sobre a cultura ágil e como ela pode ajudar no seu dia a dia, continue a leitura para se aprofundar no tema sobre como desenvolver a cultura ágil na sua organização! 1.2 Desenvolvendo a Cultura Ágil A cultura ágil é uma união de ideias, comportamentos e práticas sociais que se difundiu no meio corporativo após a transformação digital (BALDISSERA, 2021). De acordo com Silva (2021), o objetivo da cultura ágil é a redução da burocracia nos processos por meio de um novo modelo de gestão, que conta com uma série de metodologias e com a cooperação entre as equipes envolvidas. Agostinho (2015) explica que a cultura de uma empresa é um processo de socialização que se dá ao longo do tempo, desde a fundação da organização, com a difusão das crenças, valores, ideologias, hábitos, costumes e normas que formam padrões de comportamento coletivo. Vale lembrar que as equipes são formadas por indivíduos, cada um com pontos de vista distintos. Não existe maneira de as metodologias ágeis alcançarem seus objetivos se a cultura ágil não for desenvolvida na organização em que esses indivíduos se encontram. Por isso, é crucial que os colaboradores compreendam o projeto e estejam comprometidos com cada etapa dele. Ser uma empresa ágil não significa somente entregar resultados de forma rápida, mas sim ser capaz de se adaptar às necessidades do cliente, pois a satisfação dele é a prioridade. Uma questão muito comum quando o assunto é gestão de times ágeis – e que você também deve estar refletindo sobre neste momento – é em relação à estimativa de prazos e custos. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 Equipes ágeis. Fonte: Freepik (2022). Uma questão muito comum quando o assunto é gestão de times ágeis – e que você também deve estar refletindo sobre neste momento – é em relação à estimativa de prazos e custos. Primeiro, é importante entender a diferença entre a execução de um projeto a partir de uma abordagem preditiva/cascata e a partir de uma abordagem ágil. Você conhece as principais diferenças? No modelo cascata, o projeto passa por várias etapas, e praticamente todo o planejamento é realizado no início, o que gera um alto custo caso sejam necessárias mudanças no meio do caminho. Nesse caso, a estimativa de prazos e custos é calculada a partir dos planos construídos previamente, tendo como referência o escopo conhecido. Agora, perceba a diferença quando a mesma questão se insere no contexto do modelo ágil: No modelo ágil, há muito planejamento, porém em dimensões diferentes, que pode ser visualizada por meio da Planning Onion, que representa os diferentes níveis de planejamento durante um projeto. 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Nesse formato, é possível incorporar mudanças em função dos ciclos curtos de experimentação e, como o escopo emerge empiricamente, os custos e prazos são estabelecidos comorestrição, seja de forma específica ou como intervalo. Sabendo dos benefícios que a cultura ágil traz às organizações, Silva (2021) cita cinco fatores que integram o processo de desenvolvimento da cultura ágil. Veja a seguir quais são eles: Visão: Compreender e identificar os elementos que tornam o processo mais ágil em cada setor da organização. Estrutura: Dispor de uma estrutura geral, isto é, um plano de ação; reconhecer quais equipes devem fazer parte do fluxo e estabelecer as capacidades que precisam ser desenvolvidas. Equipes ágeis: Estabelecer o que cada equipe deve entregar e como ser mais ágil sem abrir mão da qualidade. Backbone: Identificar quais os princípios de processos, pessoas e tecnologias a fim de aprimorar a agilidade e verificar possíveis mudanças na cultura da organização. Roadmap: Decidir a forma com que a cultura ágil será implantada por meio de um plano de ação com tarefas claras, rotas e marcos. Não conhece o termo Planning Onion? Ele é um termo em inglês que pode ser traduzido livremente como “planejamento cebola”. Ou seja, é um tipo de planejamento que se baseia nos anéis da cebola ou camadas, representando diferentes níveis de planejamento. 1.3 Como os Princípios do Ágil podem ser adotados no Setor Público Para que a aplicação da cultura ágil no setor público seja positiva e mais eficiente, é necessário que os componentes da organização estejam dispostos a mudar padrões, pensamentos e atitudes, sem a necessidade de grandes investimentos. Simplicidade é a palavra da vez. Desafios são encontrados no caminho entre projeto e produto. No setor público, o comum é que haja poucos planos para a elaboração de projetos. Em sua maioria, os projetos são longos e passam por toda a fase de execução da atividade. O que muitas vezes acontece é a necessidade de alteração, pois o plano inicial não condiz com o plano final. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 O setor público é desafiador, pois, por ter planos longos, pode ocorrer a falta de otimização no trabalho pela ausência da organização fornecida pela aplicação das metodologias ágeis. Por isso, com a adoção da metodologia ágil no setor público, proporciona-se um serviço mais eficaz, o que influencia no resultado das entregas e ainda gera benefícios como a agilidade, otimização e customização. Entre tantos benefícios de um sistema organizado, destacam-se a otimização do tempo e produtividade na execução de um projeto. Com um planejamento organizado, o quadro de desenvolvimento é claro, sendo possível uma customização do produto de acordo com as necessidades almejadas pelo cliente. Para que você possa otimizar o trabalho de sua equipe e organização com base na cultura ágil, o Manifesto Ágil (BECK et al., 2001) traz 12 princípios a serem seguidos: 1 Garantir a satisfação do cliente por meio de entregas rápidas e contínuas de um software funcional; 2 Adaptabilidade: mudanças de requisitos tardias no projeto são bem- vindas, mesmo quando o projeto está em um estágio avançado; 3 Entregar o produto funcionando no menor tempo possível; 4 Tanto desenvolvedores quanto gestores precisam trabalhar em conjunto diariamente; 5 Pessoas motivadas criam projetos, pois existe uma relação de confiança e um ambiente propício para tal; 6 A maneira mais eficiente de transmissão de informação é por meio de conversas claras; 7 A principal medida de progresso do projeto é o funcionamento do produto; 8 Empresas, clientes, desenvolvedores e usuários devem manter um ritmo constante até a conclusão do projeto; 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Com a utilização das metodologias ágeis, qualquer instituição pública pode ter a chance de, ao desenvolver um projeto, realizar pequenos testes, reuniões, adaptações e correções até se chegar ao objetivo final. Veja mais alguns dos benefícios na adoção dos princípios do ágil no setor público: Procure conhecer mais sobre essas metodologias para que você possa aplicá-las em sua organização! Veja alguns cursos oferecidos pela Enap sobre o tema: Abordagem Lean Aplicada à Transformação Digital na Administração Pública (clique aqui). Scrum no Contexto do Serviço Público (clique aqui). Partindo destes 12 princípios, segundo Larman e Basili (2003), foram desenvolvidas diversas metodologias ágeis, como Scrum, Extreme Programmin (XP), Feature Driven Development (FDD), Kanban, Lean Inception etc. 9 Para que a agilidade seja aprimorada, é necessário prezar pela excelência técnica; 10 Simplicidade: trabalhos desnecessários não se encaixam na metodologia; 11 As melhores arquiteturas, requisitos e designs surgem de equipes que realizam a autogestão; e 12 Em momentos definidos e regulares, a equipe repensa sobre como se tornar mais eficaz, para assim corrigir a “rota”. https://www.escolavirtual.gov.br/curso/524 https://www.escolavirtual.gov.br/curso/395 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 Princípios do ágil para o setor público. Fonte: Vacari et al. (2015). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Ficou mais visível como a cultura ágil pode ajudar você e sua organização no contexto do setor público? Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública AGOSTINHO, M. C. Mitigação de dificuldades na implantação de métodos ágeis de desenvolvimento de software no SERPRO. 2015. 78 f. Monografia (Especialização) - Curso de Especialização em Gestão Pública, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/ bitstream/handle/10183/127316/000969530.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 19 ago. 2022. BALDISSERA, O. Cultura Ágil: os benefícios desta abordagem para seus negócios. Pós PUCPR Digital, [S. l.], 2021. Disponível em: https://posdigital.pucpr.br/blog/ cultura-agil. Acesso em: 19 ago. 2022. BARBOZA, H. A aplicação da metodologia ágil no setor público: limites e desafios. In: Anais do 17º SEGET – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2020, Online. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos20/813072.pdf. Acesso em: 19 ago. 2022. BECK, K. et al. Manifesto for Agile Software Development. 2001. Disponível em: http://agilemanifesto.org/. Acesso em: 19 ago. 2022. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. CRONAPP. Agile Culture: o que é e quais as vantagens para a sua empresa! CronApp. 2018. Disponível em: https://blog.cronapp.io/agile-culture-o-que-e-e-quais-as- vantagens-para-a-sua-empresa/. Acesso em: 19 ago. 2022. FREEPIK COMPANY. Banco de Imagens. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/ HIGHSMITH, J.; COCKBURN, A. Agile Software Development: the business of innovation. Computer, Los Angeles, v. 9, n. 34, p. 120-122, set. 2001. Disponível em: http://sunnyday.mit.edu/16.355/highsmith-agile.pdf. Acesso em: 19 ago. 2022. JURISIC, N. et al. Doing vs being: Practical lessons on building an agile culture. McKinsey & Company, 2020. 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Referências https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/127316/000969530.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/127316/000969530.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://posdigital.pucpr.br/blog/cultura-agil https://posdigital.pucpr.br/blog/cultura-agil https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos20/813072.pdf http://agilemanifesto.org/ https://blog.cronapp.io/agile-culture-o-que-e-e-quais-as-vantagens-para-a-sua-empresa/https://blog.cronapp.io/agile-culture-o-que-e-e-quais-as-vantagens-para-a-sua-empresa/ https://www.freepik.com/ http://sunnyday.mit.edu/16.355/highsmith-agile.pdf https://www.mckinsey.com/business-functions/people-and-organizational-performance/our-insights/doing-vs-being-practical-lessons-on-building-an-agile-culture https://www.mckinsey.com/business-functions/people-and-organizational-performance/our-insights/doing-vs-being-practical-lessons-on-building-an-agile-culture https://www.mckinsey.com/business-functions/people-and-organizational-performance/our-insights/doing-vs-being-practical-lessons-on-building-an-agile-culture https://www.craiglarman.com/wiki/downloads/misc/history-of-iterative-larman-and-basili-ieee-computer.pdf https://www.craiglarman.com/wiki/downloads/misc/history-of-iterative-larman-and-basili-ieee-computer.pdf https://www.craiglarman.com/wiki/downloads/misc/history-of-iterative-larman-and-basili-ieee-computer.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 PONTES, R. E. S.; NETO, J. S. Contratação do desenvolvimento ágil de software na administração pública federal: riscos e ações mitigadoras. Revista do Serviço Público, Brasília, DF, v. 66, n. 1, p. 97-120, 2015. Disponível em: https://revista.enap. gov.br/index.php/RSP/article/view/685/615. Acesso em: 19 ago. 2022. RADIGAN, D. Stand-ups for agile teams. Atlassian, [S. l.], 2022. Disponível em: https:// www.atlassian.com/agile/scrum/standups. Acesso em: 19 ago. 2022. SILVA, Eduardo. O que é o Manifesto Ágil: Direto ao ponto! Geekhunter, 2020. Disponível em: https://blog.geekhunter.com.br/manifesto-agil/. Acesso em: 19 ago. 2022. SILVA, D. O que é cultura ágil e como elas transformam os valores de uma empresa?. Blog da Zendesk, 2021. Disponível em: https://www.zendesk.com.br/blog/cultura- agil/. Disponível em: 19 ago. 2022. VACARI, I. Um estudo empírico sobre a adoção de métodos ágeis para desenvolvimento de software em organizações públicas. 2015. 206 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://tede2.pucrs.br/tede2/ bitstream/tede/6189/2/471291%20-%20Texto%20Completo.pdf. Acesso em: 19 ago. 2022. VACARI, I.; PRIKLADNICKI, R. Metodologias ágeis na administração pública: uma revisão sistemática da literatura. In: Workshop Brasileiro de Métodos Ágeis, 5., 2014, Florianópolis. Resumos [...]. São José dos Campos: INPE, 2014. Disponível em: https:// ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125853/1/vacari-metodologia.pdf. Acesso em: 19 ago. 2022. Referências https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/685/615 https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/685/615 https://www.atlassian.com/agile/scrum/standups https://www.atlassian.com/agile/scrum/standups https://blog.geekhunter.com.br/manifesto-agil/ https://www.zendesk.com.br/blog/cultura-agil/ https://www.zendesk.com.br/blog/cultura-agil/ https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6189/2/471291%20-%20Texto%20Completo.pdf https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6189/2/471291%20-%20Texto%20Completo.pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125853/1/vacari-metodologia.pdf https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/125853/1/vacari-metodologia.pdf 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.1 Pensamento Sistêmico Unidade 2: Gerencie o Sistema, Não as Pessoas Objetivo de aprendizagem Ao final dessa unidade, você será capaz de recordar as técnicas para preparar o ambiente e a organização para uma cultura ágil. Em um processo de mudança organizacional, deve-se levar em consideração que as organizações não funcionam como silos, embora, às vezes, estejam divididas dessa forma. As organizações funcionam como algo vivo, muito mais próximas de um organismo do que um mecanismo, mesmo sendo comum encontrarmos analogias relacionadas à organização como máquinas, motores ou engrenagens, como fossem algo mecânico. De acordo com Peter Senge (2013), há 5 disciplinas fundamentais para o aprendizado de uma organização. Para o autor, o foco está na quinta disciplina, o Pensamento Sistêmico, que ensina a olhar as organizações como um sistema. Você reconhece o que é um sistema? Por definição, é um conjunto de elementos que, juntos, conseguem fazer algo que sozinhos não conseguiriam. Sua propriedade se manifesta a partir da relação entre os esses agentes que o integram. Veja algumas características de um sistema: Entender a organização como um sistema é fundamental para que ela possa se adaptar, renovar, aprender e continuar evoluindo. O pensamento sistêmico é a chave para que as organizações possam aprende (SENGE, 2013). • Integridade; • Adaptativo;Resiliência; • Resiliência; • Evolutivo; • Busca de metas; • Autopreservação; e • Auto-organização. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 Na contramão dessa perspectiva, estão as organizações que são dividias em triângulos. Em muitos contextos em que a organização está dividida em silos, a estrutura organizacional fica dividida em triângulos, como as áreas de Operações, Negócios, Pessoas, Tecnologia e Compliance. Ou seja, essas áreas acabam funcionando como pequenas empresas dentro de uma grande. Isso faz com que seja possível encontrar um cenário em que algumas áreas estão indo muito bem, mas a empresa como um todo, não. No contexto da transformação digital, surge a necessidade de criação de novas estruturas. Nesse processo, naturalmente ocorre um período de convívio da estrutura antiga com a nova. É de suma importância o entendimento de que uma transformação desse nível deve acontecer para toda a organização, e não para uma área específica, pois, caso contrário, ela ficaria como o efeito de silos. Pensamento sistêmico nas organizações. Fonte: Freepik (2022). É importante compreender que as organizações são muito mais conectadas, orgânicas e em rede, do que uma união de “pedaços”. Para um maior aprofundamento sobre pensamento sistêmico, assista à videoaula a seguir, na qual você irá compreender as correlações do pensamento sistêmico com fatores como confiança, dinâmica dos times e auto-organização. Videoaula: O que é o Pensamento Sistêmico? https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo02_video08/index.html 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Você viu que o pensamento sistêmico é a quinta disciplina que rege o aprendizado de uma organização. De acordo com Senge (2013), o pensamento sistêmico possui 11 leis. Para saber mais sobre o pensamento sistêmico e as 11 leis que o regem, assista à videoaula a seguir. Agora, faça uma reflexão: quais dessas leis do pensamento sistêmico podem impactar mais no sucesso e nos desafios da sua organização? Relembre agora as 11 leis de Peter Senge (2013) para o pensamento sistêmico e um aprofundamento sobre cada uma delas: Muitas vezes, as soluções são feitas ao acaso, sem pensar na “imagem maior”. O resultado, então, são soluções incompletas, dívida técnica, subotimização. Compreenda melhor: os indivíduos amam resolver problemas. Existe um sentimento de satisfação quando é colocada a última peça do quebra-cabeça, quando se toma uma decisão ou quando se resolve um problema difícil, não é mesmo? A questão é que todo “problema” que se enfrenta hoje, na educação, no meio ambiente, até mesmo na vida pessoal, deve sua própria existência a um passo bem-intencionado que individual ou coletivamente foi dado ontem. As decisões tomadas hoje muitas vezes se tornam os problemas de amanhã. 1. Os problemas de hoje vêm de soluções de ontem. Videoaula: As 11 Leis de Peter Senge Dica de leitura: para se aprofundar neste tema, leia o livro de A Quinta Disciplina: A arte e a prática da organização que aprende, de Peter Senge. https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo02_video09/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 A solução: envolva sua comunidadepara ajudar a identificar, enquadrar e resolver o problema. Um grupo grande e diverso, que vê o problema de todos os ângulos, tem maior probabilidade de antecipar consequências indesejadas. Resolução de problemas no coletivo. Fonte: Freepik (2022). Intervenções em sistemas complexos devem ser indiretas, oblíquas ou inocentes. Se você bate no sistema, ele bate de volta com mais força. 2. Quanto mais forte você empurra, mais forte o sistema empurra de volta. Isto é, na linguagem do pensamento sistêmico, “feedback compensatório”. Isso acontece em conversas, programas governamentais, esforços empresariais e de bem-estar pessoais. Em conversas, por exemplo, frequentemente tenta-se argumentar em desacordo com a outra pessoa, mas o “empurrão” ajuda o outro a fortalecer sua posição; assim, você o faz pensar e lutar mais. Os programas sociais estão repletos de exemplos de iniciativas de melhoria da comunidade que resultaram em piores condições. O governo visa melhorar as condições de vida de um grupo em uma parte da cidade, o que resulta em mais pessoas se mudando para a área, colocando um fardo insuportável nos sistemas existentes. 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Guarde o conselho de Margaret Wheatley (2007), que diz que um sistema vivo se forma a partir de interesses compartilhados; que toda mudança resulta de uma mudança de significado; que todo sistema vivo é livre para escolher se muda; e que os sistemas contêm suas próprias soluções. O papel da liderança é convidar as pessoas, envolver a comunidade e criar um ambiente seguro no qual as ideias possam crescer. O papel da liderança em um sistema vivo. Fonte: Freepik (2022). Em resumo, um plantio de curto prazo resulta em uma colheita de curto prazo. A melhor descrição desse conceito vem do desenho animado de Arnie Levin, de um homem prestes a derrubar um círculo de dominós. Quando o dominó começa a cair, há uma liberação, pois a pressão imediata é aliviada, mas depois de um tempo o problema volta (veja aqui). 3. O comportamento melhora antes de piorar. Por isso, cuidado com a palavra “intervenção”. Se você a vir ou ouvir, saiba que o que ela realmente significa é “vamos forçar muito”, e esteja pronto para as consequências. Para evitar isso, deixe o sistema encontrar suas próprias soluções. https://www.cartoonstock.com/cartoonists/arnielevin?expanded=CC39203 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45 Às vezes, isso é visto quando as organizações estão mais preocupadas com o controle de impressões do que com o problema real. Envolver as partes interessadas na resolução de problemas e na descoberta de soluções pode virtualmente eliminar isso, desde que a arena para o envolvimento reduza o preconceito e permita que as ideias e soluções potenciais se elevem acima das personalidades e da política. O fato de algo ter funcionado perfeitamente para um problema anterior não significa que essa mesma solução irá, necessariamente, resolver todos os problemas semelhantes do futuro. Kaplan (1964) chamou isso de lei do instrumento — “dê um martelo a um menino pequeno e ele descobrirá que tudo o que encontrar precisa ser martelado”. Maslow (1966) reformulou essa afirmação ao dizer “se tudo o que você tem é um martelo, tudo parece um prego”. Este é um desafio da zona de conforto: quando algo funciona, gostamos de reutilizar. Isso acontece quando tentamos aplicar as “melhores práticas” a problemas complexos. Então, envolver os membros da comunidade fornece uma visão muito necessária e um conjunto diversificado de ferramentas para aplicar ao problema. Reflita sobre a seguinte frase: “Dê a um homem um peixe e ele viverá por um dia; ensine um homem a pescar e ele viverá por toda a vida”. Isso também é chamado de “transferência de carga”, e é fácil confundir com a lei de puxar/empurrar. É um pouco diferente e pode ocorrer ao mesmo tempo. A “cura”, nesse caso, é uma intervenção que habilita e, ao mesmo tempo, vicia. Trata-se da diferença entre dar um peixe a um homem e ensiná-lo a pescar. Se uma intervenção é necessária, é necessário certificar-se de que a intervenção não enfraqueça todo o sistema, causando cada vez mais dependência. 4. A maneira mais fácil de sair, normalmente, nos traz de volta. 5. A cura pode ser pior do que a doença. À medida em que aumenta a dependência do sistema em relação à intervenção, sua capacidade de se curar reduz. 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública “Estou com pressa, então, vou devagar.” Você já ouviu essa expressão? Um remédio rápido pode levar a uma cura lenta. Ou seja, é preciso tomar cuidado com soluções que necessitam de urgência. Cada sistema tem sua própria velocidade única e ideal. Esse tipo de pensamento é frequentemente articulado como “consertar” as coisas. Quando você ouvir algo como “estamos contratando um consultor/um novo gerente para consertar as coisas por aqui”, tenha muito cuidado. Uma solução rápida geralmente leva a uma cura lenta. Não é sempre que os efeitos e consequências podem ser vistos depois que a causa foi ativada. Quer entender melhor? Pense: quantas vezes você aperta o botão do elevador? Com que frequência você compensou em excesso a quantidade de água fria no chuveiro? Encontrar soluções sustentáveis pode levar tempo. Os membros da comunidade podem precisar de tempo e espaço para absorver e se ajustar a novas ideias ou mudanças. O valor de pagamento de desacelerar o ritmo é uma comunidade mais envolvida e solidária. 6. Mais rápido é mais lento. 7. Causa e efeito não estão intimamente relacionados no tempo e espaço. Trata-se, por exemplo, de envolver as partes interessadas na definição de problemas e no processo de encontrar soluções, despertando o sentimento de pertencimento em todo o sistema, não apenas em uma parte dele. Cada sistema possui sua própria velocidade. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47 Temos a tendência de acreditar que, quando fazemos algo, deve haver um efeito que podemos ver dentro de um determinado período de tempo. Todos os nossos testes, financiamentos e práticas comerciais refletem essa crença. O desafio é que, às vezes, existe uma relação clara e presente entre causa e efeito. Só não o tempo todo. Então, lembre-se: quando você informa ativamente, envolve e inclui sua comunidade, você fornece a eles a oportunidade de ver o espaço real entre causa e efeito. Asas de borboletas e furacões: esses são exemplos da lei da alavancagem. Ações pequenas e focadas no lugar certo do sistema podem produzir as maiores e melhores mudanças. O desafio é que o “lugar certo” não é óbvio e pode parecer contraintuitivo. A chave para poder usar a alavancagem em um sistema é conhecer sua estrutura. Novamente, incluir um grupo grande e diverso de interessados e usar sua inteligência coletiva pode ajudar a encontrar os pontos certos para aplicá-la. Frequentemente, os problemas não são resolvidos de forma binária (empírico ou racional, esquerda ou direita, ágil ou cascata). Algumas vezes, precisam desses dois lados. Em certos casos, os dilemas mais complexos, quando analisados do ponto de vista sistêmico, não são de fato “dilemas”, mas resultados de um raciocínio “instantâneo”, e não do pensamento baseado em “processo”. Por isso, podem ser vistos de forma diferente quando são analisadas conscientemente as mudanças ao longo do tempo. 8. Pequenas mudanças podem produzir grandes resultados, mas as áreas de maior alavancagem são frequentemente as menos óbvias. 9. Você pode assobiar e chupar cana – mas não ao mesmo tempo. A aparência dos dilemas binários. Fonte: Freepik (2022). 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Muitos dilemas aparentes, como controle central versus controle local, funcionários felizes e comprometidos versus custos competitivos de mão de obra, recompensa às realizações individuais versus valorização de todos os funcionários, entre outros, são subprodutosdo pensamento estático. Parecem opções rígidas, do tipo “esse ou aquele”, porque pensamos no que é possível em determinado momento. No mês seguinte, talvez seja preciso escolher uma ou outra; todavia, a verdadeira alavancagem consiste em ver como ambas as possibilidades podem ser melhoradas ao longo do tempo. A soma das partes é maior do que o todo. A incapacidade de ver o sistema como um todo pode criar um mundo de problemas. A melhor abordagem é ter mais olhos observando o elefante de diferentes ângulos e pontos de vista. Fragmentar o sistema e tentar analisar as peças independentemente é, possivelmente, a pior solução. O que funciona para o tronco provavelmente será a pior solução possível para a cauda. Isso não significa trabalhar dentro de limites, mas que ficar ciente do todo, usar perspectivas múltiplas e diversas e prestar atenção em como as partes interagem será mais útil e menos confuso. Em um sistema, não há "outro". Há uma tendência dos indivíduos de culpar as circunstâncias externas pelos próprios problemas. “Alguém” lá fora – concorrentes, imprensa, mudanças do mercado, governo – fez isso ou aquilo a nós. 10. Dividir um elefante ao meio não produz dois elefantes pequenos. 11. Não há culpado. O pensamento sistêmico mostra que não existe “lá fora”, e sim que você e a causa de seus problemas fazem parte de um único sistema. A cura está no seu relacionamento com o seu “inimigo”. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49 2.2 Valores e Cultura Desde o primeiro dia de existência de uma organização, tem-se a presença da cultura. Com o passar do tempo, ela vai ficando ainda mais forte. A cultura começa a se moldar com comportamentos consistentes, sendo reforçada com a mesma história sendo contada várias vezes. Como ela se reafirma por meio dos comportamentos consistentes, é de grande importância questionar-se sobre como mudar essa cultura. Outro pensamento seria “como mudar essa cultura sem ferir as pessoas?”. Em um processo de mudança na organização, deve-se zelar para não ferir os seus valores, pois, sem esse cuidado, o processo de mudança pode se tornar insustentável. A inovação e a mudança são importantes, mas não mais que os comportamentos base da organização. São os valores que dizem para as pessoas como agir. Muitas vezes, encontramos organizações com uma lista de valores a serem seguidos, mas a própria organização não os reflete no dia a dia. Lembre-se: a boa mudança de cultura é aquela que começa pelos próprios comportamentos. É normal que alguns valores mudem ao longo do tempo. Para se aprofundar nesse tema, assista à videoaula a seguir, na qual você irá compreender como a cultura e os valores estão intimamente conectados: Os valores organizacionais dão os limites do comportamento que queremos ou não. São os valores que dizem o que não é negociável, a que custo queremos ou não a mudança. Videoaula: A Cultura e os Valores Na videoaula que você acabou de assistir, você conheceu uma ferramenta bastante útil para a reflexão sobre os valores de uma organização: a Matriz de Valor. Ela apresenta quatro tipos de valores diferentes e duas dimensões: o eixo Y (intrínseco e extrínseco) e o eixo X (desejado e determinado). Relembre, na figura a seguir, como se configuram os valores nessa ferramenta. https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo02_video10/index.html 50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Essa matriz ajuda a enxergar quais são os valores dos quais você não quer abrir mão. Para alcançar um estado futuro e avançar com o processo transformacional, que valores precisam ser adotados e que não afetam os valores básicos? Para responder a essa pergunta, a Matriz de Valor é uma excelente ferramenta, que irá ajudá-lo a refletir sobre a organização. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! Matriz de Valor. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Pilares culturais da organização. Cuidadosamente gerenciados para não haver ambiguidade com o Núcleo. Padrões mínimos sociais, de mercado, geral. Começam a surgir naturalmente, começam a criar valores a partir do que os indivíduos fazem. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 51 BARRETT, R. A Organização Dirigida por Valores: Liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2018. CARLOS, V. A. Aprendizagem organizacional: 123 aplicações práticas de arquétipos sistêmicos. São Paulo: Editora Senac, 2019. FREEPIK COMPANY. Banco de Imagens. Freepik, Málaga, 2022. Disponível em: https://www.freepik.com/ GROCHOWIAK, K.; CASTELLA, J. Constelacões Organizacionais: Consultoria Organizacional Sistêmico-Dinâmica. São Paulo: Cultrix, 2007. KAPLAN, A. The Conduct of Inquiry: Methodology for Behavioral Science. San Francisco: Chandler Publishing Co., 1964. KOTTER, J. P. Liderando mudanças: transformando empresas com a força das emoções. Rio de Janeiro: Alta Books Editora, 2017. MASLOW, A. H. The Psychology of Science. New York: Harper Collins, 1966. SENGE, P. M. A quinta disciplina: Arte e prática da organização que aprende. São Paulo: Best Seller, 2013. WHEATLEY, M. Liderança para Tempos de Incerteza: A descoberta de um novo caminho. São Paulo: Cultrix, 2007. Referências https://www.freepik.com/ 52Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 3.1 Os Três Horizontes de Inovação Unidade 3: Horizontes da Inovação Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de diferenciar os aspectos da ambidestria organizacional. Como uma das principais estratégias de inovação nas organizações, emerge o modelo dos Três Horizontes da Inovação. O conceito foi fundamentado no livro A Alquimia do Crescimento, lançado em 2000 pelos consultores da McKinsey & Company, Mehrdad Baghai, Stephen Coley e David White. O modelo descreve a inovação ocorrendo em três horizontes de tempo. Para entender melhor o contexto desse tema, é importante relembrar que o entendimento sobre as inovações nas organizações mudou do século XX para o século XXI. Veja, abaixo, essa esquematização da mudança de cenário: Século XX No século XX, os ciclos de mudança demoravam em torno de 60 anos para se concretizar, entre a organização nascer, chegar ao pico e se tornar obsoleta. Nesta unidade, será abordado o portfólio estratégico de uma organização que se divide em três horizontes de inovação. Além disso, temas como indicadores de desempenho, métricas ágeis e estilo de liderança também farão parte do seu estudo. Ciclos de mudança no século XX. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 53 Século XXI Os ciclos, no século XXI, diminuíram para 20 anos. Então, a cada duas décadas, a organização precisa inovar, tendo 10 anos de ascensão e o mesmo período de declínio. E no que essa mudança de cenário resulta? A grande mudança é que, no século XX, a inovação era um ponto no futuro, diferentemente do século XXI, em que os ciclos são pequenos e a inovação deixa de ser um ponto no futuro e passa a ser uma jornada. Nenhuma organização criada no século XX foi construída para trabalhar a inovação como um processo: elas foram criadas para trabalhar a inovação secundariamente. Assista à videoaula a seguir, na qual você compreenderá mais profundamente essa mudança do cenário da inovação nas organizações. Em face dessa mudança de cenário nas organizações, nas quais a inovação é entendida não mais como um ponto no futuro, mas sim como uma jornada, questiona-se: como uma organização pode executar e inovar ao mesmo tempo? Ciclos de mudança no século XXI. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Videoaula: A Inovação como uma Jornada Se interessou pela palestra de Steve Blank? Assista à palestra “Inovação a 50 vezes” clicando aqui. https:// https://cdn.evg.gov.br/cursos/525_EVG/video/modulo02_video11/index.html https://www.youtube.com/watch?v=AX0EnxpkZ6I
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