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MECANISMOS DA VISÃO BINOCUL AR U N I D A D E 3 E 4 P R O F E S S O R A N ATA L Í INTRODUÇÃO Com a evolução da espécie, a anteriorização das órbitas possibilitou ao ser humano um campo visual binocular, o que proporciona discriminação visual espacial pela superposição de imagens. Para completar a binocularidade deve existir a modificação dos eixos visuais (convergência) e alteração do poder dióptrico do cristalino (acomodação) para cada ponto fixado antes do infinito (6 metros). Por esta razão, para que aconteça a convergência adequada, deve haver um perfeito equilíbrio e desempenho das forças musculares. Qualquer desequilíbrio oculomotor trará problemas visuais. DESENVOLVIMENTO VISUAL • Idade: Do 4º ao 6º mês • Movimentos oculares completos em todas as direções; • Melhor controle de cabeça em busca de olhar objetos e pessoas; • Visão de padrões, formas e cores; • Mecanismos acomodativos desenvolvidos; • Diferenciação na fóvea (maturação foveal). A partir deste período, os olhos passam a ser mantidos paralelos graças ao equilíbrio entre a musculatura extraocular, sistema neuro motor e fusão. • Para que os movimentos oculares sejam simultâneos e de igual amplitude, com o paralelismo visual nas diversas direções do olhar (versões), deverá existir uma complexa interação de ajustamento posicional dos olhos, subordinada ao comando voluntário da movimentação ocular (córtex frontal e occipital) e a reações reflexas dos movimentos da cabeça (propriocepção dos músculos do pescoço e labirinto). Tronco encefálico e vias do olhar voluntário para a direita ESTRABISMO Estrabismo é quando um dos olhos está dirigido para o ponto de fixação (“olho fixador”) e o outro para um ponto diferente (“olho desviado”). Entende-se que o olho fixador recebe a imagem na fóvea, proporcionando o desenvolvimento adequado da acuidade visual, e o olho desviado recebe a imagem num ponto periférico da retina, não tendo condições de formar imagem nítida (a concentração de cones é bem reduzida). • O estrabismo pode ter origem genética, pode resultar do desenvolvimento inadequado do cérebro, pode ser provocado por lesões nos músculos ou nervos. No entanto, a maioria dos casos de estrabismo não resultam de um problema muscular, mas sim de problemas no sistema de controle – o cérebro. QUAL DIFERENÇA DE FORIA E TROPIA? QUAL DIFERENÇA DE LATENTE E INTERMITENTE? HETEROFORIA OU FORIA Entende-se então a HETEROFORIA (“foria”) como desvios latentes compensados pela fusão. Muitas pessoas normais apresentam leve foria, que é compensada pelo reflexo de fusão. Sendo a fusão insuficiente para controlar o desequilíbrio, a foria é explicada como descompensada e muitas vezes associada aos sintomas como desconforto binocular (astenopia) ou à visão dupla (diplopia). A astenopia pode ser muscular (por conta do desequilíbrio dos músculos) e acomodativa. Esta astenopia pode ter como manifestação a hiperemia, sensação de peso ou dor periocular ou ocular, cefaleia frontal ou occipital, irritabilidade, falta de concentração no trabalho de perto, além de perturbações labirínticas associadas, que poderão provocar vertigens e náuseas confundindo-se com labirintite. CAUSAS MAIS FREQUENTES Ametropias não corrigidas (miopia, astigmatismo, 1 hipermetropia); Fadiga muscular secundária à doença geral debilitante, ingestão de certos medicamentos, abuso de álcool, problemas emocionais e idade avançada; Anatômica: pacientes nascidos com a cavidade para fora, ou mais para dentro. CLASSIFICAÇÃO DAS FORIAS D I R E Ç Ã O D O D E S V I O : Esoforia (E): desvio para dentro (nasal); Exoforia (X): desvio para fora (temporal); Hiperforia (H): desvio para cima (superior); Hipoforia (H0 ou h): desvio para baixo (inferior). HETEROTROPIA OU TROPIA • Ao se perceber que os desvios do alinhamento ocular não podem ser anulados pela fusão motora, eles se tornam manifestos. Portanto, TROPIA ou ESTRABISMO é o manifesto em que os eixos visuais não se cruzam no ponto de fixação. Assim como nas forias, também teremos eso, exo e hiper / hipotropias. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTRABISMOS CAUSAS Distúrbio fisionômico: quando ocorre uma disfunção do músculo ocular ou uma alteração na órbita que modifica o movimento ocular; Congênita: por infecções como rubéola e toxoplasmose congênitas; por baixa visão: catarata congênita; síndromes: Down e Edwards; Adquirida: lesões cerebrais como paralisias cerebrais, traumas, hidrocefalia, fraturas de órbita, botulismo, envenenamentos, tumores, aneurisma e paralisia de nervos cranianos; vasculares tais como diabetes e trombose; musculares destaca-se a Miastenia gravis. ESTRABISMOS PARALÍTICOS • O estrabismo paralítico é do tipo adquirido e tem desvio variável conforme as posições do olhar. O desvio acaba sendo maior quando o paciente dirige seu olhar para o músculo paralisado, e acaba sendo menor quando olha para o lado contrário ao músculo paralisado. • Muitas vezes, utilizamos os termos parético e paralítico como sinônimos em clínica, mas o termo parético quer dizer apenas uma paralisia parcial ou incompleta, com perda de força do músculo. Estas paralisias podem ser manifestações oculares de doenças gerais, principalmente de doenças neurológicas. • É importante fazer a correta identificação do músculo ou grupo de músculos paralisados é essencial para o sucesso da terapêutica. SINTOMATOLOGIA Diplopia Falsa Orientação Dor Fotofobia Vertigem, náuseas e vômitos Torcicolo PARALISIAS DOS MÚSCULOS EXTRAOCUL ARES QUE PODEM ACONTECER NO NÚCLEO MOTOR OCUL AR E NO TRA JETO ENTRE ESSE NÚCLEO ATÉ O MÚSCULO EXTRAOCUL AR: • LESÃO DO NERVO OCULOMOTOR (III PAR DE NERVO CRANIANO): Lesão do nervo oculomotor (III) direito provoca paralisia dos músculos reto medial, reto superior, reto inferior e oblíquo inferior, além do músculo esfíncter pupilar (resultando em midríase, dilatação pupilar) e do elevador da pálpebra (resultando em ptose palpebral) do lado direito. Paralisia do músculo reto medial leva à perda de sua função adutora. A queixa de diplopia piora quando o paciente procura olhar um objeto situado na direção em que o músculo paralisado moveria o olho. Assim, a diplopia aumenta quando o objeto é colocado à esquerda do paciente. LESÃO DO NERVO TROCLEAR (IV PAR DE NERVO CRANIANO): • Lesão do nervo troclear (IV) direito provoca paralisia do músculo oblíquo superior direito (inciclodutor) e o paciente inclina a cabeça para a esquerda para atenuar a diplopia. A diplopia piora quando olha para baixo (p. ex., ao descer uma escada ou ler um livro sobre a mesa), para a esquerda e quando a cabeça está inclinada para a direita; LESÃO DO NERVO ABDUCENTE (VI PAR DE NERVO CRANIANO): • A lesão do nervo abducente (VI) direito provoca paralisia do músculo reto lateral direito, que perde sua função abdutora. A diplopia piora quando o objeto está para o lado direito do paciente. Por causa da falta de tônus muscular para o músculo reto lateral, o bulbo do olho deve se deslocar medialmente. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS • DESVIO CONJUGADO DOS OLHOS: Neste caso, um paciente com lesão cortical “olha para o lado da lesão”. Caso o paciente esteja em coma com lesão pontinha direita, os olhos estarão desviados conjugadamente para área ocular frontal esquerda, dessa forma, o paciente com lesão pontina “olha para o lado oposto da lesão”. Portanto, quando o desvio conjugado dos olhos estiver para o lado oposto dos membros paralisados, isso indica lesão hemisférica cerebral. Quando o desvio conjugado dos olhos for para o mesmo lado dos membros paralisados, será lesão pontina; Lesão pontina: Síndrome pontina ou síndrome protuberancial é um conjunto de signos e sintomas resultantes de uma lesão na ponte de varolio, a protuberância do tronco encefálico conectada com mesencéfalo, cerebelo e bulbo raquidiano. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS • “Ocular bobbing”: acontecem movimentos rápidos dos olhos para baixo, com retorno lento à posiçãoprimária de repouso, como o movimento do bate- estacas. A indicação é que seja uma lesão pontina distal, provocada por acidente vascular cerebral. • Paralisia de supraversão dos olhos: existe uma incapacidade em realizar a supraversão que pode ser causada pela lesão do teto do mesencéfalo, como na Síndrome de Parinaud, provocada por um pinealoma (tumor na região pineal). ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS • Oftalmoplegia internuclear: Quando existe a lesão do fascículo longitudinal medial de um lado (por exemplo, o direito), isso ocasionará a perda da conexão da área parabducente esquerda com o núcleo do oculomotor direito. Quando o paciente tenta olhar para a esquerda, o olho direito abduz, manifestando nistagmo, mas o olho direito não aduz. Mesmo assim, esses pacientes conseguem fazer convergência dos olhos, indicando que os músculos retos mediais e os nervos oculomotores estão íntegros. Nistagmo: No nistagmo ocorrem movimentos involuntários dos olhos, ou seja, os olhos fazem movimentos repetitivos, não controlados, muitas vezes resultando em visão reduzida. Estes movimentos incontroláveis ou descontrolados dos olhos podem ser mais ou menos fortes ou bruscos e podem assumir várias direções. SÍNDROME DE DUANE • Síndrome de Duane também conhecida como síndrome de retração, é uma disfunção congênita motora, observando-se enoftalmia (afundamento do globo ocular dentro da órbita) e estreitamento da fenda palpebral numa determinada direção do olhar. Por ser usualmente unilateral, afeta mais o olho esquerdo e mais às mulheres. Dantas (2016) cita que as síndromes congênitas de retração podem ser divididas em 3 grupos. Duane (abdução limitada e estreitamento da fenda palpebral e retração do olho na adução); Duane II (adução limitada ou ausente, abdução pouco comprometida, estreitamento da fenda palpebral e retração do olho na tentativa de adução); Duane III (adução limitada, estreitamento da fenda palpebral e retração do olho na tentativa de adução). IMPORTANTE • Não se pode negar o papel do olho como captor do sistema postural, sendo ao mesmo tempo um receptor e um transmissor do sistema tônico postural, pois a propriocepção relaciona-se à atividade muscular extraocular e às vias oculocefalogírias (reflexo vestíbulo-ocular), submetendo os músculos do pescoço e dos ombros aos olhos. Tanto os distúrbios de refração, como as forias e tropias, causarão desequilíbrio postural assim como dificuldade de aprendizagem e concentração. OBSERVEM A IMAGEM: PERGUNTA: • ESSA CRIANÇA DE 4 ANOS APRESENTA UM ESTRABISMO, E O OLHO AFETADO NÃO MANTEM A FIXAÇÃO. • Qual é o olho estrábico e qual o tipo de desvio? RESPOSTA • O OLHO ESTRÁBICO É O OLHO ESQUERDO (ESOTROPIA EM O.E.) AS SEIS POSIÇÕES CARDINAIS DO OLHAR SÃO AVALIADAS, NAS QUAIS UM MÚSCULO DE OLHO É PRINCIPALMENTE RESPONSÁVEL POR MOVER O OLHO PARA TAL POSIÇÃO, COMO REL ACIONADO A SEGUIR: 1 Dextroversão (reto lateral direito e reto 1 medial esquerdo); 2 Levoversão (reto lateral esquerdo e reto medial direito); 3 Dextroelevação (reto superior direito e oblíquo inferior esquerdo); 4 Levoelevação (reto superior esquerdo e oblíquo inferior direito); 5 Dextrodepressão (reto inferior direito e oblíquo superior esquerdo); 6 Levodepressão (reto inferior esquerdo e oblíquo superior direito). DEVE-SE AVALIAR OS MOVIMENTOS DOS DOIS OLHOS NAS NOVE POSIÇÕES DE DIAGNÓSTICO DO OLHAR, ESTABELECENDO SE EXISTE HIPERFUNÇÃO OU HIPOFUNÇÃO DE QUALQUER UM DOS MÚSCULOS EXTRAOCUL ARES. ÂNGULO K APPA: • Cruzamento dos eixos: visual e pupilar. • Formado pelos eixos pupilar e visual. O conceito será mais utilizado para avaliação de • desvios (estrabismos). Ao incidir uma luz no olho, observaremos um reflexo. Esse reflexo • da córnea poderá estar no centro da pupila (centrado), refletindo na direção temporal • (negativo) ou sentido nasal (positivo). TESTE DE HIRCSHBERG • Primeiro teste que foi desenvolvido para ser realizado e tentar mensurar os estrabismos. • Hirschberg é um Teste Binocular que pode ser feito em qualquer idade, até mesmo em crianças bem pequenas. Nesse método, avaliamos possíveis desvios oculares. • Observamos se o eixo visual está alinhado ao eixo pupilar, ou seja, se ambos os reflexos de luz sobre as pupilas estão simétricos e se os olhos se mantêm alinhados. • A assimetria desses reflexos é sinal de estrabismo. • Cada 1mm de descentração do reflexo corneano à luz, corresponde a aproximadamente 7 graus ou a 15 Dp de um desvio do eixo visual. TESTE DE HIRCSHBERG POSSÍVEIS RESULTADOS ENCONTRADOS INDICAÇÃO DE LEITURA • http://www.ligadeoftalmo.ufc.br/arquivos/ed_-_estrabismos.pdf (Artigo sobre Estrabismo e Heteroforia) http://www.ligadeoftalmo.ufc.br/arquivos/ed_-_estrabismos.pdf Mecanismos da visão binocular Introdução Desenvolvimento visual Número do slide 4 Estrabismo Qual diferença de foria e tropia? Heteroforia ou foria Causas mais frequentes Classificação das forias� �direção do desvio: Heterotropia ou tropia Classificação dos estrabismos causas Estrabismos paralíticos sintomatologia paralisias dos músculos extraoculares que podem acontecer no núcleo motor ocular e no trajeto entre esse núcleo até o músculo extraocular: LESÃO DO NERVO TROCLEAR (IV PAR DE NERVO CRANIANO): LESÃO DO NERVO ABDUCENTE (VI PAR DE NERVO CRANIANO): Alterações neurológicas Alterações neurológicas Alterações neurológicas Síndrome de duane importante Observem a imagem: PERGUNTA: RESPOSTA As seis posições cardinais do olhar são avaliadas, nas quais um músculo de olho é principalmente responsável por mover o olho para tal posição, como relacionado a seguir:� Deve-se avaliar os movimentos dos dois olhos nas nove posições de diagnóstico do olhar, estabelecendo se existe hiperfunção ou hipofunção de qualquer um dos músculos extraoculares. Ângulo Kappa: Teste de Hircshberg Teste de Hircshberg Possíveis resultados encontrados Indicação de leitura
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