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60 Unidade III Unidade III 5 PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS - APLICAÇÃO E MANUTENÇÃO “Cada um tem sua própria posição e papel a desempenhar. Os senhores têm a sua própria missão, o que somente os senhores podem concretizar”. Daisaku Ikeda 5.1 Aplicação de recursos humanos O subsistema de aplicação de recursos humanos trabalha o desenho, a descrição e a análise de cargos que são base para o programa de cargos e salários, além da avaliação de desempenho. O questionamento que define o subsistema de aplicação é: O que as pessoas farão na organização? Provisão Planejamento de RH Recrutamento e seleção de pessoal Integração Compensação Benefícios socias Higiene e segurança Relações sindicais Desenho de cargos Descrição e análise de cargos Avaliação do desempenho humano Treinamento e desenvolvimento de pessoas Desenvolvimento organizacional Banco de dados e sistema de informação Auditoria de recursos humanos Aplicação Manutenção Gestão de pessoas Desenvolvimento Monitoração Figura 8 5.2 Administração de cargos e salários Administração de cargos e salários é uma atividade hoje largamente empregada nas grandes empresas; [...] seu principal escopo é dar suporte à empresa na sua estruturação e no que compete à remuneração de forma adequada, com justiça interna e competitividade externa (CHIAVENATO, 2003; WOOD; PICARELLI FILHO, 2004). O programa de cargos e salários (PCS) é estrutura‑chave para a área de RH, pois é através de sua estruturação que será possível fixar as regras que darão suporte a todos os subsistemas de recursos humanos. Uma vez estruturado, deve ser atualizado de forma ordenada e planejada e praticado sistematicamente. Assim, o programa é um conjunto de normas e regras que estabelece o mecanismo da área de gestão de pessoas, trazendo profissionalismo e transparência ao negócio. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 61 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Segundo Marras (2011a), a falta do programa de cargos e salários na empresa geralmente traz definições de salários, promoções ou reconhecimentos sem uma adequada avaliação para esse reconhecimento, com visões e dimensões equivocadas. Devidamente elaborado, o programa deve ser executado em etapas distintas, o que resultará um produto específico, que alimentará as próximas etapas. Depois, conforme Pavarina (2017), temos as seguintes etapas: diagnóstico, com formação do comitê e divulgação do programa; análise de cargos; descrição dos cargos; avaliação dos cargos; pesquisa salarial; política salarial; definição da estrutura para implementação. Divulgação do PCS Formação do comitê Implementação 1 Diagnóstico 2 Análise de cargos 3 Descrição de cargos 6 Política salarial 7 Definição da estrutura 4 Avaliação de cargos 5 Pesquisa salarial Figura 9 – Etapas do programa de cargos e salários A seguir, serão estudadas todas essas etapas: Etapa 1 – Diagnóstico, formação do comitê e divulgação do programa No início da construção do programa, é importante que a área de RH dedique um tempo à realização de um diagnóstico organizacional para que o PCS seja desenhado e ajustado à estrutura e às necessidades da empresa. Durante o diagnóstico, o RH deve ter acesso à história da organização bem como à sua missão, sua visão e seus valores; deve ainda conhecer e analisar o organograma, cruzando esse desenho com o relatório gerencial de cargos e ficha de colaboradores para pontuar possíveis distorções. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 62 Unidade III Depois, será preciso verificar os problemas de ordem trabalhista existentes na organização para entender o que acontece de forma detalhada no ambiente. Por fim, deve‑se aproveitar a oportunidade do diagnóstico para conhecer os gestores que conduzem a estratégia do negócio, pois serão eles os responsáveis pelo desenho do programa com a área de RH. Realizado o diagnóstico minucioso, a segunda atividade dentro da primeira fase é a formação do comitê de cargos e salários, e a tarefa da área de RH é recrutar e convocar os participantes que, em sua parceria, irão desenhar a estrutura do programa. O comitê é composto de gestores de área, que trazem conhecimentos específicos e estão atrelados ao dia a dia do negócio. O comitê possui membros permanentes, que devem participar de todos os processos, as avaliações e as tomadas de decisão; membros provisórios, que participam das avaliações dos cargos da área de coordenação; e membros opcionais, sendo um representante do sindicato (funcionário da organização) e/ou um representante do sindicato da categoria. A participação desse membro opcional nem sempre acontece efetivamente na prática, o que não inviabiliza a construção do programa. A última atividade da primeira etapa é essencial, jamais deve ser esquecida ou negligenciada, pois traz transparência e profissionalismo ao processo. A divulgação do programa deve ser realizada pelo RH em parceria com os gestores que agora compõem o comitê, o objetivo é situar os colaboradores do trabalho que será realizado, pontuando os objetivos que o PCS pretende alcançar, como: equilíbrio interno e externo; instrumento de informações sobre oportunidades; estímulo para melhoria das qualificações. Etapa 2 – Análise de cargos Segundo Marras (2011a), análise de cargos é a função de prospectar todos os detalhes de cada uma das funções que compõem um cargo, estudando‑lhe os contornos do “que”, “como” e “para que” se faz, registrando todas as exigências e as características exigidas para a obtenção dos resultados esperados. Nesta fase, é importante definir algumas nomenclaturas utilizadas: • Tarefa: atividade individualizada que deve ser realizada em determinado tempo pelo ocupante de um cargo, sendo geralmente atribuída a cargos simples e operacionais. • Atribuição: é toda atividade individualizada normalmente conferida a cargos mais elevados; a atribuição é nada mais que uma tarefa em que se usa mais o esforço mental e menos esforço braçal. • Função: é uma mistura de tarefas ou atribuições. • Cargo: Zimpeck (1990) define cargo como um conjunto de funções idênticas na maioria ou em todos os aspectos mais importantes das tarefas que as compõem. No processo de análise, existem quatro campos que devem ser analisados com o objetivo de determinar as exigências presentes no contorno de um cargo: requisitos mentais (instrução essencial; experiência anterior; adaptabilidade ao cargo; iniciativa necessária; aptidões exigidas), requisitos físicos (esforço físico requerido; concentração mental e visual; destreza ou habilidade; compleição Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 63 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA física necessária), responsabilidades (supervisão de pessoal; métodos e processos; ferramentas ou equipamentos e materiais; valores; contatos internos e/ou externos; decisões; informações e dados confidenciais; segurança de terceiros) e condições de trabalho (ambiente físico de trabalho e riscos envolvidos). É importante que as informações obtidas na fase de análise respondam a três questões fundamentais: O que o ocupante faz? Como o ocupante faz? Por que o ocupante faz? Para o levantamento das informações nessa fase, é possível usar quatro métodos. Recomenda‑se a utilização do último método, pois traz a junção de pelo menos dois instrumentos. • Método de observação direta/local: a observação é feita pela área de RH, e o responsável faz as perguntasnecessárias enquanto o funcionário realiza suas tarefas. É indicado a operações que envolvam tarefas manuais e repetitivas que podem ser verificadas apenas através da observação. • Método do questionário: é solicitado ao funcionário que responda por escrito um questionário de descrição e análise de cargos; nesse documento, constam perguntas que buscam conhecer características e conteúdo do cargo, sendo pautadas em três questões fundamentais: O que faz? Como faz? Por que faz? • Método da entrevista: bastante produtivo, consiste em uma entrevista bem estruturada. Nele, a área de RH obtém informações sobre todos os aspectos do cargo, a natureza e a sequência das tarefas, bem como os porquês e quando tudo ocorre. A entrevista pode ser realizada com o ocupante, com seu chefe ou com os dois juntos. • Métodos mistos: é a combinação de dois ou mais métodos de análise. Algumas possibilidades de utilização são: questionário e entrevista: o funcionário responde ao questionário e em seguida é submetido a uma entrevista que é baseada num questionário; questionário com o funcionário e entrevista com o gestor: para aprofundar os dados obtidos; observação direta com o funcionário e entrevista com o gestor; questionário com o gestor e observação direta com o funcionário. Quadro 21 – Métodos combinados para a coleta de dados Combinações Forma de aplicação Discriminação da forma de aplicação Vantagens Questionário e entrevista Ocupante do cargo O ocupante responde ao questionário e o analista faz uma entrevista tendo por base as informações declaradas no questionário Diminui o tempo de entrevista Melhora a qualidade das informações coletadas pelo questionárioGerência A gerência responde ao questionário sobre o cargo ocupado pelo subordinado e o analista faz uma entrevista tendo por base as informações declaradas no questionário Analista de cargos Com base em um questionário não preenchido que serve como roteiro, o analista entrevista o ocupante do cargo e preenche o questionário Facilita a estruturação da entrevista Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 64 Unidade III Combinações Forma de aplicação Discriminação da forma de aplicação Vantagens Questionário e observação local Gerência e ocupante do cargo A gerência responde ao questionário sobre o cargo ocupado pelo subordinado e o analista observa o trabalho executado pelo ocupante Diminui o tempo de observação local Analista de cargos Com base em questionário não preenchido que serve como roteiro, o analista observa o trabalho executado pelo ocupante e preenche o questionário Estrutura melhor o que deve ser observado pelo analista Observação local e entrevista Ocupante do cargo Inicialmente, o analista observa o trabalho realizado pelo ocupante do cargo e, depois disso, realiza uma rápida entrevista com o próprio ocupante Elimina as dúvidas surgidas com a observação Ocupante do cargo e gerência Inicialmente o analista observa o trabalho realizado pelo ocupante do cargo e, após, realiza uma rápida entrevista com o gerente. Fonte: Pontes (2011, p. 71). Etapa 3 – Descrição de cargos A descrição de cargo é o processo que consiste em sintetizar e padronizar, por meio de estudo, observação e redação, os elementos e as características que compõem o perfil de um cargo. [...] Trata‑se da fixação de toda a tecnologia da mão de obra de uma organização, tarefa por tarefa, cargo por cargo, detalhando os principais requisitos exigidos ao ocupante para que execute suas funções de maneira eficiente e eficaz (MARRAS, 2002, p. 69). Segundo Pontes (2011), a descrição de cargos é o relato das tarefas descritas de forma organizada, permitindo ao leitor a compreensão das atividades desenvolvidas pela pessoa. O autor pontua ainda algumas regras importantes a serem observadas e seguidas no processo de descrição, por exemplo, que ela deve ser clara e impessoal, visto que a descrição é do cargo, e não do ocupante. Pascoal (2007) enfatiza que a boa descrição é a base para uma correta avaliação e outros usos. A seguir serão acentuadas algumas de suas recomendações: • Procurar descrever de maneira simples, sem formalismo exagerado e, sobretudo, sem enfeitar. • Usar terminologia apropriada ao nível do cargo. Palavras pomposas em cargos simples podem levar a uma visão distorcida do cargo. • Suprimir todas as expressões vagas; elas só ocupam espaço e não contribuem em nada. • Dizer o necessário, e não mais que o necessário. Tudo que puder ser eliminado sem prejudicar a clareza deve ser retirado, sem hesitação. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 65 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA • A descrição deve dar a impressão de algo completo e concluído. Tudo que é importante para o cargo deve constar. • A descrição deve ser específica e circunstanciada para ser entendida por pessoas não familiarizadas com o cargo. • Siglas, termos técnicos e termos estrangeiros devem ser evitados, a menos que sejam de domínio público. • A especificação de contatos, complexidades, condições de trabalho e outros aspectos considerados na avaliação do cargo não devem repetir enunciados usados no manual de avaliação, sob pena de não esclarecer e ainda induzir os avaliadores. • Finalmente, o cargo deve ser visto como um fato organizacional, independentemente das pessoas. Pavarina (2017) cita a fórmula para uma descrição correta e adequada de um cargo: Verbo + o que faz + como faz + quando faz + onde faz + visando a + verbo + porque faz Observação Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas ou conferidas a um indivíduo. Na construção da descrição de cargo, é possível ainda a utilização das informações contidas na plataforma do MTE, como a CBO (classificação brasileira de ocupação). Saiba mais Instituída pela Portaria n. 397, de 9 de outubro de 2002, a CBO tem por finalidade a identificação das ocupações no mercado de trabalho para fins classificatórios junto aos registros administrativos e domiciliares. A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do país nos últimos anos, implicando alterações estruturais no mercado de trabalho. Para mais informações, acesse: www.mtecbo.gov.br Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 66 Unidade III É vital ressaltar que não existe um modelo padrão a ser utilizado no processo de descrição de cargos, cabe ao profissional de RH a elaboração de um modelo que atenda às necessidades da empresa e contenha todas as informações vitais para as demandas de todas as atividades presentes nos subsistemas de recursos humanos. Quadro 22 – Modelo de descrição de cargos Empresa “modelo” Descrição de cargo: mensalista Cargo Chefe de importação/exportação Cod: M‑14 Descrição sucinta Cuida de vendas e compras internacionais. Faz o controle do draw‑back e contatos com bancos, despachantes e corretoras de câmbio. Mantém contato com clientes, fornecedores e representantes no exterior. Responde pelos resultados da área. Tarefas periódicas Coordena os trabalhos do setor de exportação, tanto da área comercial quanto da operacional Negocia a venda direta de produtos com clientes, elaborando toda a documentação necessária de cada importado, tais como cartas de crédito, documentos de embarque, contato com corretoras, despachantes e bancos correspondentes, resultando na liquidação de contratos decâmbio no exterior Cuida do follow‑up, verificando a existência de pedidos em atraso ou novos e contatando o setor de produção para prosseguimento e atendimento relativo aos pedidos Realiza a compra de matéria‑prima para exportação, contatando fornecedores por telefone ou fax para atendimento da demanda internacional Responde pelo controle do faturamento do setor de exportação, com propostas e pedidos efetivos para ciência da gerência comercial Controla e supervisiona a área de importação, compreendendo a parte comercial e operacional, estabelecendo e mantendo contato com fornecedores no exterior, fazendo cotações, posições sobre embarque e recebimento de mercadorias, contratos de câmbio, colocação de pedidos no exterior, contato com despachantes e emissão de notas fiscais de entrada Responde pela divulgação e manutenção de normas e procedimentos da empresa junto aos seus subordinados Cuida da prevenção de acidentes no seu setor de trabalho e junto à sua equipe, observando e orientando atos e condições eventualmente inseguras, objetivando a qualidade de vida dos colaboradores Tarefas ocasionais Não há Conhecimentos exigidos Rotina de comércio exterior: domínio da língua inglesa Educação formal Superior completo em Comércio Exterior ou Administração de Empresas Experiência anterior 5 anos Aprovações Descrição realizada em __/__/__ Revisada em __/__/__ Supervisor imediato Gerente da área Analista C&S Gerente de RH Fonte: Marras (2011a, p. 85). Cesar Destacar 67 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Etapa 4 – Avaliação de cargos Segundo Jorge (2007), a avaliação de cargos é um processo comparativo, que objetiva mensurar o peso de cada cargo em razão de seus requisitos e suas características, com a finalidade de hierarquizá‑los conforme seu valor relativo. Os principais objetivos da avaliação de cargos, de acordo com o autor, são: • Estruturar os valores relativos entre os cargos e estabelecer uma relação entre esses valores, de modo a definir uma compensação financeira equitativa. • Permitir que essa estrutura seja baseada nas qualificações requeridas pelos cargos, com a possibilidade de evolução clara em termos de oportunidades de carreira que podem ser oferecidas. • Evitar que os salários sejam atribuídos de forma aleatória, a partir de decisões arbitrárias, sem critérios. Assim, na etapa de avaliação de cargos, deve‑se estabelecer o valor relativo de determinado cargo na estrutura e sua posição em relação aos demais de forma a atribuir a este uma remuneração adequada em relação aos outros em termos de exigência e responsabilidade. Define‑se ainda em que posição da estrutura o cargo será posicionado (organograma). Para a realização da avaliação de cargos, alguns instrumentos são necessários: escolha da comissão ou comitê de avaliação; elaboração de instruções (manual) aos avaliadores; criação dos formulários de avaliação; fornecimento de cópias das descrições aos avaliadores; cronograma de avaliação. Conforme Jorge (2007) e Pontes (2017), os métodos tradicionais de avaliação de cargos podem ser divididos em dois grandes grupos: • Métodos não quantitativos/globais: permitem a rápida elaboração e fácil aplicação, porém não garantem um resultado de boa qualidade devido à subjetividade da avaliação. Os métodos não quantitativos são representados por: — Método de escalonamento: os cargos são hierarquizados de acordo com as dificuldades, responsabilidades e/ou requisitos, sendo comparados de uma forma global. As duas formas possíveis de escalonamento são a simples e por graus pré‑determinados. Na primeira, o comitê hierarquiza os cargos em análise e chega a um consenso. Na segunda, indica‑se que um cargo é mais importante do que outro, numa visão global, sem apresentar as reais diferenças existentes em cada cargo, e nesse método os graus passam a construir uma “régua de avaliação” e são comparados com as descrições de cada grau e alocados em um deles. • Métodos quantitativos/analíticos: permitem mais precisão e objetividade, demandando mais tempo e custo durante a implantação, pois exigem o uso de softwares. Os métodos quantitativos são: Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 68 Unidade III — Método por pontos: mais objetivo, analítico, preciso e de fácil aplicação, nesse método devem ser selecionados para avaliação fatores que sejam comuns à maioria dos cargos de um determinado grupo ocupacional. Os fatores são como réguas que mensuram as múltiplas facetas de cada cargo. — Comparação de fatores: técnica analítica, baseia‑se na escolha de cinco fatores (requisitos mentais, habilidades requeridas, esforço físico, condições de trabalho e responsabilidades) para realizar o escalonamento dos cargos e dos salários, levando em consideração a pesquisa de mercado para manter o equilíbrio interno e externo. Por ter certo grau de dificuldade, pouca praticidade, ser subjetivo e seus resultados não serem confiáveis, é um método pouco usado. Quadro 23 – Métodos de avaliação de cargos Grupos Métodos Métodos não quantitativos Escalonamento Graus predeterminados Métodos quantitativos Pontos Comparação de fatores Fonte: Pontes (2011, p. 177). Etapa 5 – Pesquisa salarial Antes de iniciar a pesquisa salarial, é necessário definir o salário em suas diversas formas. Conforme Marras (2011a): • Salário nominal: é o que consta na ficha de registro do funcionário, anotado em sua carteira profissional e demais documentos legais. Pode estar expresso em hora, dia, semana, mês etc. • Salário efetivo: é o valor recebido pelo funcionário, já realizado o desconto das obrigações legais (INSS, IR). • Salário complessivo: é o que tem inserido em sua base toda e qualquer parcela adicional (hora extra). • Salário profissional: é o expresso por lei e destina‑se especificamente a algumas profissões, como médicos e engenheiros, e deve ser verificado no conselho da área. • Salário relativo: é a figura de comparação entre um salário e outro na mesma organização. • Salário absoluto: é o valor líquido que o funcionário recebe (já efetuados todos os descontos), ou seja, o que efetivamente entra em sua conta e determina seu orçamento. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 69 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Observação Às vezes, um salário um pouco maior, oferecido por outra empresa, pode ser pouco atrativo e vantajoso se comparado a outros benefícios ou fatores. A pesquisa salarial visa verificar a melhor composição para a remuneração de uma organização. Por remuneração, entende‑se a composição do salário direto (valor efetivo, aquele que entra na conta‑corrente) e indireto (benefícios). Para a construção e definição dessa base, será necessária uma análise interna (capacidade financeira) e externa (pesquisa salarial). A pesquisa salarial pode ser feita internamente pela organização; também pode ser executada por meio de contratação de consultorias especializadas, realizadas com o sindicato do segmento, que muitas vezes disponibiliza esses dados às empresas; por fim, pode ser obtida através de participação em pesquisas aplicadas por outras empresas do mesmo segmento. Pesquisa salarial é o estudo do comportamento salarial praticado em certo setor empresarial. A pesquisa salarial não difere das demais pesquisas e, portanto, deve conter as fases de coleta, tratamento estatístico e análise de dados, para propiciar tomadas de decisões. Dessa forma, pela pesquisa salarial, podemos conhecer os salários praticados por outras companhias,bem como a reação do mercado à política salarial imposta pelo governo (PONTES, 2017, p. 251). Segundo Paschoal (2007), a pesquisa salarial deve verificar a posição geral da organização, levantando uma amostra de toda a estrutura de cargos. O autor ainda enfatiza que essa pesquisa possui nove etapas: • seleção de cargos a pesquisar; • seleção de organizações participantes; • contatos com as organizações para fazer o convite; • preparação de caderno de coleta; • visita às organizações; • análise de dados coletados; • tabulação dos dados; • elaboração do relatório com os resultados; • fornecimento dos resultados aos participantes. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 70 Unidade III Finalizadas essas etapas, a empresa passa à análise de seus salários em relação ao mercado, corrigindo as defasagens mostradas pela pesquisa. A utilização dos resultados da pesquisa é fundamental na construção da etapa seis do PCS, a política salarial. Em geral, a pesquisa é feita no momento da implantação do programa e depois anualmente, para acompanhamento dos salários no mercado. Em casos de necessidades organizacionais, é realizada em cargos específicos fora desse período. Não há mais uma estratégia de salário única e ideal para todas as organizações, qualquer uma das novas abordagens salariais pode ser muito eficaz se ajustada – e alinhada – às necessidades e metas de evolução da empresa assim como as culturas de trabalho (FLANNERY; HOFRICHTER; PLATTEN, 1997). Etapa 6 – Política salarial Segundo Pontes (2017), a política salarial determina as regras para a administração dos salários na organização. Essas regras definem o salário de admissão, as promoções, as reclassificações e as atualizações dos salários baseando‑se no mercado ou na perda de poder de compra motivada por inflação. Uma política salarial eficaz deve estar voltada às estratégias do negócio, que estão atreladas a sua política e filosofia; deve ser flexível, clara, objetiva e coerente; deve criar condições de atrair, reter e motivar a mão de obra; e também deve ser conhecida, entendida e assumida pela gestão do negócio. Promoção horizontal Promoção vertical Salário e admissão Reclassificação Salário Graus Figura 10 – Representação gráfica dos instrumentos da política salarial Os critérios definidos devem estar descritos em uma norma, uma política ou em um manual, como a empresa julgar melhor. Ponte (2011) traz um modelo de manual de administração de salário que pode ser alterado e adequado à necessidade de toda e qualquer organização. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 71 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Quadro 24 – Exemplo de manual de administração de salários Introdução É reconhecido que um programa efetivo de administração salarial é necessário no ambiente organizacional para atrair e reter colaboradores capazes. O manual de administração de salários apresenta a política de salários da empresa Y, definindo um sistema de remuneração que, ajustando‑se à realidade do mercado, permite retribuir o aumento de produtividade e o desenvolvimento individual, mantendo adequada relação vertical entre os salários Objetivos Para que a empresa Y possa desenvolver e consolidar uma equipe de profissionais, é necessário um adequado programa de administração de salários, o qual permita: – Estabelecer padrões de remuneração a todos os colaboradores operacionais, administrativos e gerenciais, compatíveis com as atribuições do cargo e as condições do mercado de trabalho – Reconhecer e premiar os colaboradores de acordo com seu desempenho e com sua contribuição para a companhia – Recrutar e conservar pessoal competente, que possa contribuir para a continuidade e melhoria da performance da companhia – Manter as despesas salariais dentro de parâmetros prefixados de forma a permitir seu acompanhamento e controle Responsabilidade pela administração de salários Diretoria A diretoria tem a responsabilidade de assegurar que a companhia tenha um programa efetivo de administração de salários, aprovando as políticas salariais pertinentes. Cabe também à diretoria nomear os membros dos comitês de avaliação de cargos Gerência de remuneração A gerência de remuneração tem a responsabilidade de coordenar o sistema de cargos e salários em todas as fases, bem como de desenvolver e recomendar políticas de salários. Cabe também à gerência de remuneração analisar os cargos e coordenar os comitês de avaliação Gerências As gerências têm como responsabilidade aplicar a política salarial de acordo com os procedimentos estabelecidos neste manual e divulgá‑la aos subordinados Comitês de avaliação Os comitês são responsáveis pela avaliação dos cargos Classificação de cargos Planos profissionais Representam os grupos conforme a natureza das atribuições previstas para os cargos. São três planos profissionais: gerencial, administrativo e operacional O plano gerencial agrupa os cargos que exercem o nível gerente e acima O plano administrativo agrupa os cargos com atribuições de natureza administrativa, com exceção daqueles pertencentes ao plano gerencial O plano operacional agrupa os cargos de natureza operacional Graus Os três níveis profissionais, anteriormente descritos, permitem diferentes graus de classificação, enquadrando, em cada um deles, cargos análogos ou equivalentes Os diferentes graus são escalonados, levando‑se em conta a complexidade de cada cargo, com base em avaliação pelo método de pontos Faixa salarial A cada grau correspondente há uma faixa salarial na qual estão definidos os valores mínimos e máximos e os níveis intermediários As faixas salariais são elaboradas de forma que os valores mínimos e máximos abranjam os valores do mercado de trabalho específico para a nossa organização As faixas salariais são atualizadas nas datas dos dissídios coletivos, pela aplicação dos mesmos índices fixados para esses reajustes, podendo sofrer revisões baseadas em pesquisas salariais 72 Unidade III Pesquisas salariais Periodicamente, a organização realiza uma pesquisa salarial geral, com o objetivo de cotejar o seu sistema com o do mercado Participam dessa pesquisa as principais empresas concorrentes. São pesquisados salários e benefícios dos cargos enquadrados nos níveis profissionais considerados representativos e facilmente comparáveis com os existentes no mercado de trabalho. A pesquisa é conduzida pela gerência de remuneração e os dados são adequadamente tratados por métodos estatísticos Salário de admissão O salário de admissão é o ponto de partida da evolução salarial do funcionário e não corresponde necessariamente ao mínimo da faixa, ressaltado o princípio de que esse salário não poderá ser superior ao de um funcionário mais antigo no mesmo cargo Os salários admissionais podem ser determinados acima do mínimo da faixa, quando o candidato tiver qualificações excepcionais e a companhia precisar disso para uma posição‑chave. A gerência da remuneração tem a responsabilidade de recomendar essas ofertas de salário, levando em conta, externamente, os requisitos do mercado competitivo e, internamente, os salários dos profissionais com experiência e qualificações similares. Essas recomendações devem necessariamente ser aprovadas pela diretoria de RH e da área envolvida Aumentos salariais O sistema prevê quatro diferentes modalidades de revisão salarial Reajustes salariais São concedidos reajustamentos destinados à reconstituição dos salários que, para tanto, seguem os parâmetros de acordos ou dissídios coletivos de trabalho Os índices fixados são aplicados integralmente sobre o salário dos colaboradores admitidos até o dia anterior à data do reajuste As correções coletivas serão aplicadas sem desconto dos demais aumentos individuais A critério da companhia, poderão ser fixados índices superiores aos legais ou mesmo antecipações desses reajustes Aumentos decorrentes de promoção vertical Os aumentos por promoção verticalsão concedidos aos colaboradores que passam a ocupar cargos classificados em graus superiores A promoção vertical não representa um fato isolado para o funcionário e para a companhia, pois ela está estruturada para oferecer um plano de carreira e demonstra ao funcionário o seu reconhecimento pela dedicação e pelo desenvolvimento de conhecimentos e habilidades adquiridas para ocupar em novo cargo. A promoção vertical é adquirida para ocupar um novo cargo. A promoção vertical é também um prêmio ao bom desempenho no cargo atual A promoção é condicionada à permanência no cargo atual por um tempo mínimo de seis meses O aumento decorrente da promoção é limitado a 30%, podendo ser concedidos tantos aumentos bimestrais adicionais, de no máximo 15%, quantos forem necessários para que o mínimo da faixa salarial do novo cargo seja atingido Reclassificação de cargo É a mudança de um cargo classificado em um grau para outro superior, decorrente de alteração do escopo do cargo reavaliado pelo comitê O aumento decorrente da reclassificação é limitado a 30%, podendo ser concedidos tantos aumentos bimestrais adicionais, de no máximo 15%, quantos forem necessários para que o mínimo da faixa salarial do novo grau seja atingido Promoção horizontal O aumento por promoção horizontal é concedido ao funcionário que apresente aprimoramento de seus conhecimentos e habilidades no exercício das responsabilidades inerentes a seu cargo, destacando‑se significativamente dos demais ocupantes desse cargo ou de sua equipe O aumento por mérito deve obedecer a um intervalo mínimo de doze meses Anualmente, é consignada no orçamento da companhia uma quantia, expressa em porcentagem sobre a folha salarial nominal de dezembro, destinada a atender exclusivamente aos aumentos por mérito, durante o ano seguinte Este percentual é fixado pela diretoria Estabelecido o percentual, a gerência de remuneração controla o orçamento Fonte: Pontes (2011, p. 321‑324). 73 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Etapa 7 – Definição da estrutura Realizadas todas as etapas anteriores, é essencial que todas as informações constem em um manual que esteja à disposição da gestão para consulta; deve ser um instrumento de regulação da área de RH. As diretrizes do programa de cargos e salários devem ser constantemente atualizadas e revisadas, evitando que o programa se torne ultrapassado, tendo em vista as constantes alterações no mercado de trabalho. Recomenda‑se que anualmente ocorra uma revisão geral do programa. É vital ainda que todos os desenhos e as revisões tenham respaldo jurídico, pois o programa deve estar em sintonia com a legislação trabalhista. Outros fatos importantes são o bom senso e a experiência da área de RH na condução da estruturação e posterior manutenção do programa. Assim, garante‑se a continuidade do padrão desenhado e mantém‑se o programa sempre atualizado, garantindo a correta aplicação de todos os pontos da política. O programa de cargos e salários deve propiciar o desenvolvimento de carreiras e sua política deve funcionar e valorizar os profissionais que atuam na organização, integrando‑os a todos os subsistemas de recursos humanos, ou seja, não deve ser um programa que sirva para administrar salários, mas ser a base para o desenvolvimento das pessoas. Segundo Pontes (2017), o plano de carreira é o instrumento que define as trajetórias de possibilidades de crescimento na empresa. O plano de carreira e as políticas de crescimentos são de responsabilidade da organização e podem ocorrer de várias maneiras. O autor enfatiza ainda que o planejamento de carreira, diferentemente do plano, é a definição do desenvolvimento individual do funcionário, o que é atribuição do indivíduo. Quadro 25 – Termos e conceitos adotados em carreiras Termos Conceitos Associação Plano de carreira É o instrumento que define as trajetórias de carreira existentes na empresa Trajetória de carreira Sucessão de cargos que exigem requisitos crescentes Plano de carreira Trajetória de carreira – linha de especialização Sucessão de cargos de uma mesma família (atividades correlatas e de mesma natureza) que exigem requisitos crescentes. Determina grau cada vez maior de especialização em determinada área de trabalho Plano de carreira Trajetória de carreira – linha de generalista Sucessão de cargos de famílias diferentes que exigem requisitos crescentes. Exige conhecimentos e habilidades mais generalizadas, mas crescentes em várias áreas de trabalho Plano de carreira Trajetória de carreira – linha de polivalência Sucessão de cargos de famílias diferentes que exigem requisitos crescentes em todas essas famílias de cargos. Determina grau cada vez maior de especialização e de todos os cargos da trajetória Plano de carreira Trajetória de carreira – linha hierárquica Sucessão de cargos executivos que exigem requisitos crescentes e alocados em graus superiores aos cargos técnicos e administrativos Plano de carreira Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 74 Unidade III Termos Conceitos Associação Trajetória de carreira – y Sucessão de cargos técnicos ou administrativos com complexidade similar aos cargos executivos. Permite ao profissional crescer na organização através da ocupação de cargos técnicos ou gerenciais Plano de carreira Segmento de carreira Cargos configurados de forma ampla e dispostos em níveis crescentes de complexidade. Plano de carreira Planejamento de carreira É o estabelecimento do plano de desenvolvimento individual com os funcionários Carreira individual É a sucessão de cargos ocupados por um indivíduo em sua trajetória profissional Planejamento de carreira Plano de desenvolvimento individual (PDI) É o objetivo de desenvolvimento futuro do profissional e o acompanhamento constante desse objetivo. PDI refere‑se ao aprendizado atual com as experiências profissionais do indivíduo que possam melhorar as competências para atingir o objetivo de desenvolvimento Planejamento de carreira Fonte: Pontes (2011, p. 352‑354). 5.3 Avaliação de desempenho As pessoas precisam ser orientadas, conhecer claramente o seu papel e os seus objetivos dentro das organizações. O que traz competitividade é saber usar os recursos de forma adequada, aumentando a produtividade através da melhoria da qualidade do trabalho das pessoas. Orientar significa encaminhar, guiar, indicar o rumo a alguém (CHIAVENATO, 1999, p. 138). Conforme Chiavenato (2004), avaliar o desempenho de um grande número de pessoas dentro das organizações utilizando critérios de equidade e de justiça e, ao mesmo tempo, estimulando as pessoas, não é tarefa fácil. Por essa razão, muitas organizações constroem seus próprios sistemas de avaliação ajustados às características peculiares de seu pessoal. A expressão avaliação de desempenho implica a identificação, a mensuração e a administração do desempenho humano nas organizações (GÓMEZ‑MEJÍA; BALKIN; CARDY,1995). Segundo Pilla e Savi (2002), a avaliação de desempenho apresenta três dimensões distintas, sendo ao mesmo tempo ferramenta (proporciona a visão sistêmica e holística das práticas de RH), meio (fornece dados que serão registrados e processados, úteis para subsidiar a tomada de decisões) e instrumento (facilita e auxilia o gerenciamento de talentos). O processo de avaliação de desempenho (AD) é dinâmico, permite conhecer as características individuais de cada colaborador, a descrição de cargo, o que efetivamente cada cargo realiza e, por fim, o ambiente de trabalho onde o funcionário vivencia seu afazer diário. Segundo Araújo e Garcia (2010), a avaliação de desempenho fornece subsídio para a ação do gestor, norteia e mensura o processo de treinamento e desenvolvimento, facilita o feedback das pessoas e o progresso das organizações. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 75 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Alicerçar a açãodo gestor Facilitar o feedback das pessoas Nortear e mensurar o processo de treinamento e desenvolvimento Facilitar o progresso das organizações Processo de AD Figura 11 – Alguns motivos que geram a necessidade de utilização do processo de AD As vantagens que norteiam o processo de avaliação de desempenho possibilitam reflexão e atuação preventiva no ambiente corporativo. Esse processo permite a descoberta de talentos, facilita o feedback, auxilia o direcionamento de esforços, o aprimoramento da qualidade de vida dos colaboradores, a utilização da metodologia coaching pelos gestores e situa as pessoas na estrutura. Situa as pessoas na estrutura organizacional Possibilita a descoberta de talentos Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida Facilita o feedback às pessoas da organização Incentiva a utilização do coaching Auxilia o direcionamento dos esforços da organização Processo de AD Figura 12 – Vantagens proporcionadas pelo processo de AD No entanto, embora existam vantagens, é vital pontuar que é um processo que precisa passar por constante análise e reestruturação e está longe de ser perfeito; possui limitações, ou seja, pode servir de justificativa para discussões salariais; trata‑se de um processo vulnerável, já que há uma tentativa de exclusão dos não envolvidos diretamente, pois é difícil manter as avaliações periódicas e, se constante, inibe o lado criativo do potencial humano e dificulta a avaliação do grupo. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 76 Unidade III Serve de justificativa para discussões salariais Dificulta a avaliação Dificuldade de manter as avaliações periódicas Inibe o desenvolvimento criativo do potencial humano Trata‑se de um processo vulnerável Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos diretamente Processo de AD Figura 13 – Limitações proporcionadas pelo processo de AD Para Rocha‑Pinto et al. (2005), alguns fatores estão presentes entre os critérios eleitos como indicadores de desempenho: produtividade; iniciativa; cooperação; absenteísmo; autodesenvolvimento. É importante acentuar que os critérios/indicadores diferem entre os níveis organizacionais e devem ser definidos de acordo com a estratégia do negócio. No quadro a seguir, podemos observar exemplos e sugestões de indicadores para avaliação de desempenho. Quadro 26 Nível administrativo/ estratégico Nível operacional Liderança Atenção/concentração em tarefas Comunicação Habilidade na função Criatividade Apresentação pessoal Autonomia Interesse e ambição profissional Iniciativa/dinamismo Adequação às normas de segurança Responsabilidade Rapidez no trabalho Produtividade Pontualidade/assiduidade Comprometimento Iniciativa Organização Potencial de aprendizagem/mudança Conhecimento técnico Conhecimentos específicos da tarefa Espírito de equipe Responsabilidade Agilidade Relacionamento interpessoal Tomada de decisão Atendimento ao cliente Assertividade Colaboração com o grupo Fonte: Giovelli, Calvetti e Bevilacqua (2012, p. 381). É essencial destacar que toda avaliação carrega subjetividade. O desempenho é o foco da avaliação, e esta deve estar pautada em fatos e evidências, ou seja, o que pode ser comprovado através de observação, documentação, entregas e metas cumpridas ou não. Algumas metodologias de avaliação Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 77 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA de desempenho são: avaliação direta; autoavaliação e avaliação conjunta; avaliação 360º; avaliação por competências. A avaliação de desempenho direta é muito simples, o responsável pelo funcionário (gestor) é quem emite parecer sobre a atuação do funcionário, sendo responsável pelo feedback. Em geral, é realizada em formulário padrão e não requer altos investimentos, no entanto, é uma avaliação baseada no parecer único e exclusivo do gestor, o que pode dar margem a questionamentos. Nesse modelo, temos a escala gráfica, as frases descritivas e a escolha forçada. O segundo modelo é o da autoavaliação e avaliação conjunta. Nela, funcionário e gestor têm participação efetiva no processo; ambos devem chegar a um consenso, tornando a avaliação extremamente produtiva, transparente e objetiva, dando oportunidade para o diálogo. O próximo modelo, a avaliação 360º, estabelece uma rede de avaliação, ou seja, emissão e recebimento de feedback entre pares. Os objetivos são a mudança de comportamento e a evolução contínua, estimuladas por uma avaliação transparente e construtiva entre as partes. Esse modelo requer maturidade de todos os envolvidos para que o processo não seja traumático ou se torne um problema para a organização. Por último, destaca‑se o modelo de avaliação por competências. Nele, efetivamente, o funcionário é inserido no processo, realizando com o gestor uma análise entre o desempenho atingido e o desempenho esperado pela organização e, por fim, elabora‑se um plano de ação. É essencial que as competências, ou seja, os indicadores a serem considerados, sejam mapeados e estejam alinhados ao objetivo do negócio. A seguir serão apresentados três modelos simples e objetivos de avaliação de desempenho para horista, mensalista e executivo. Quadro 27 Avaliação de desempenho – horistas Nome: _________________________________________ Período: de____________ a_____________ Cargo: __________________________________________ Divisão/Unidade: _____________________ Fa to re s/ ju lg am en to Ex ce le nt e M ui to b om Bo m Re gu la r Fr ac o N ão ap lic áv el 1. Resultado do trabalho: A) Conhecimento de como seu trabalho deve ser realizado B) Quantidade de trabalho realizado versus tempo disponível C) Quantidade de trabalho realizado D) Interesse em conhecer outras atividades do setor ou da empresa 2. Normas de segurança e prevenção de acidentes A) Cumprimento das normas de segurança e prevenção de acidentes Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 78 Unidade III Fa to re s/ ju lg am en to Ex ce le nt e M ui to b om Bo m Re gu la r Fr ac o N ão ap lic áv el B) Utilização adequada dos EPIs C) Interesse pela segurança do setor ou da empresa 3. Apresentação pessoal: A) Higiene (barba, cabelos, unhas etc.) B) Uso de uniforme, luvas, boné, touca ou capacete e calçados corretos 4. Responsabilidade com materiais e equipamentos: A) Economia (evitar desperdício) B) Utilização correta C) Conservação (zelo) 5. Disciplina A) Pontualidade B) Assiduidade C) Cumprimento de normas 6. Características pessoais: A) Iniciativa B) Relacionamento com colegas e supervisores C) Cooperação D) Responsabilidade 7. Supervisão (somente para cargos de supervisores e encarregados A) Coordenação das tarefas B) Relacionamento com o grupo C) Tomada de decisões Classificação final Resumo sobre desempenho e recomendações de desenvolvimento Assinatura do avaliador Data Assinatura da chefia Data Ações do setor de Recursos Humanos Fonte: Ribeiro (2005, p. 302‑303). 79 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Quadro 28 Avaliação de desempenho – mensalistas Nome: _________________________________________ Período: de____________ a_____________ Cargo: _________________________________________ Divisão/Unidade: ______________________ Fatores/julgamento Ex ce le nt e M ui to bo m Bo m Re gu la r Fr ac o N ão ap lic áv el 1. Trabalho A) Quantidade de trabalho B) Qualidade de trabalho C) Cumprimento de prazos Comentários: 2. Conhecimentos A) Domina os conhecimentos necessários ao trabalho Comentários: 3. Iniciativa A) Mostra bom julgamento B) Faz inovações C) Antecipa‑se aos fatos Comentários: 4. Cooperação A) Coopera com outros setores B) Atende às convocações da empresa Comentários: 5. Zelo com o patrimônio A) Zeloso com materiais e bens da empresaB) Preocupa‑se em reduzir custos e evitar desperdícios Comentários: 6. Disciplina, assiduidade e pontualidade A) Tem boa atitude funcional B) Cumpre horários C) Não falta Comentários: Classificação final 80 Unidade III Fatores/julgamento Ex ce le nt e M ui to bo m Bo m Re gu la r Fr ac o N ão ap lic áv el Resumo sobre desempenho e recomendações de desenvolvimento Assinatura do avaliador Data Assinatura da chefia Data Comentários do empregado Ações do setor de Recursos Humanos Fonte: Ribeiro (2005, p. 304‑305). Quadro 29 Avaliação de desempenho – executivos Nome: _________________________________________ Período: de____________ a_____________ Cargo: __________________________________________ Divisão/Unidade: _____________________ A ‑ Objetivos financeiros Peso: _________________ 81 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA B ‑ Objetivos programáticos C ‑ Execução de projetos especiais (A soma dos pesos é 100%) ________________ _____________ ________________________ Avaliador Data Avaliado Fonte: Ribeiro (2005, p. 300‑301). 82 Unidade III Lembrete Para executar a avaliação de desempenho, reserve o tempo necessário, realize um diagnóstico e um planejamento prévio das etapas e estruture a devolutiva com os pontos‑chaves para um feedback construtivo. Por fim, defina os objetivos e quais resultados pretende alcançar. 5.4 Manutenção de recursos humanos O subsistema de manutenção de recursos humanos trabalha itens como remuneração e compensação, benefícios e serviços sociais, higiene e segurança no trabalho e relações sindicais. O questionamento que define o subsistema de manutenção é: como manter as pessoas trabalhando na organização? Provisão Planejamento de RH Recrutamento e seleção de pessoal Integração Compensação Benefícios socias Higiene e segurança Relações sindicais Desenho de cargos Descrição e análise de cargos Avaliação do desempenho humano Treinamento e desenvolvimento de pessoas Desenvolvimento organizacional Banco de dados e sistema de informação Auditoria de recursos humanos Aplicação Manutenção Gestão de pessoas Desenvolvimento Monitoração Figura 14 5.4.1 Compensação Quando trabalhamos a compensação no contexto organizacional, estamos falando em como a empresa estrutura as recompensas que cada funcionário recebe por realizar suas atividades, considerando que há um contrato de trabalho (vínculo). A recompensa, embora muitos pensem que deva ser exclusivamente financeira, acontece de forma direta (salários, bonificação, comissões etc.) e indireta, que definimos como salário indireto (benefícios). Este inicialmente está definido nas cláusulas da Convenção Coletiva De Trabalho (CCT) e abrange também todo plano de benefícios definido pela organização. O salário indireto inclui: adicionais de periculosidade; insalubridade; tempo de serviço; férias; gratificações; horas extras; participação de resultados (PLR); benefícios sociais (alimentação subsidiada, transporte subsidiado, seguro de vida em grupo). As recompensas não financeiras, embora não envolvam valores, mas sim a sensação de segurança no emprego, como orgulho em fazer parte, reconhecimento pelo trabalho executado e relações, afetam profundamente a satisfação dos funcionários com o sistema de compensação oferecido pela empresa. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 83 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Lembrete Remuneração é a composição do salário direto (valor efetivo, aquele que entra na conta‑corrente) e indireto (benefícios). 5.4.2 Benefícios sociais Segundo Araújo e Garcia (2010), os benefícios sociais são recentes nas organizações, a partir dos anos 1960. Na década seguinte, os sindicatos começaram a pressionar as organizações para assegurar mais benefícios aos funcionários, exigindo segurança e condições de trabalho adequadas. Em consequência, elas passaram a se dedicar cada vez mais, promovendo pesquisas e estudos na área para potencializar o capital humano. Os benefícios sociais são as condições que as empresas oferecem a seus funcionários para mantê‑los, e os benefícios estão relacionados aos objetivos organizacionais. Chiavenato (2000) acentua novos termos, como benefícios recreativos e supletivos. O autor relata que os planos de serviços e benefícios sociais são planejados para auxiliar o funcionário em três áreas de sua vida: no exercício da função; fora dela, mas dentro da organização; e, finalmente, fora da organização. Existem quatro aspectos pontuados por Araújo e Garcia (2010) quanto aos benefícios sociais que devem ser considerados: • Aspectos legais: são os benefícios que devem ser oferecidos por determinação legal. • Condições internas da organização: são os benefícios presentes na empresa oferecidos a todos os funcionários, independentemente da posição ocupada, como refeitório e transporte. • Atividades exercidas: são os benefícios individuais, que podem ser diferentes por conta da função exercida. Como exemplos, temos as gratificações e a participação nos lucros e resultados (PLR), conforme o art. 7º, inciso XI da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n. 10.101, de 19 de dezembro de 2000. • Aspectos sociais: são responsabilidades assumidas pela empresa para o bem‑estar dos funcionários. Exemplos: recreação, esportes e atividades sociais. É essencial que a área de gestão de pessoas e os gestores de área tenham total conhecimento dos benefícios, sejam os legais mandatórios/compulsórios (impostos por lei), por exemplo, salário‑família, férias, salário‑maternidade, sejam os legais opcionais (dispostos em lei específica), como o FGTS ou o plano de benefícios espontâneos estruturado pela organização (intrínsecos). Atualmente, surgem novos conceitos, como benefícios flexíveis, nos quais a empresa permite que o funcionário construa seu próprio pacote de benefícios, de acordo com regras internas. Com essa flexibilização, a organização faculta a substituição de alguns benefícios por outros mais adequados, segundo a necessidade individual. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 84 Unidade III Quadro 30 Modalidades Tipos de benefícios sociais Classificação Ramificações Exemplos Legais mandatórios Férias 13º salário Legais opcionais FGTS Hora extra Intrínsecos Monetários Gratificação Participação nos lucros* Não monetários Supletivos Cantina Refeitório* Transporte Recreativos Recreação Esporte Atividades culturais e sociais Assistenciais Médico‑hospitalar Odontológica Jurídica Novos conceitos flexíveis Benefícios flexíveis Composição Flexibilização dos benefícios Substituição *observados os limites legais Fonte: Araújo (2010, p. 146). Saiba mais Para saber mais sobre benefícios, sugere‑se a leitura a seguir: SILVA, P. B.; FIGUEIREDO, R. M. Benefícios sociais: a influência eficaz nas empresas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 1, v. 9, p. 695‑708, out./nov. 2016. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/beneficios‑ sociais‑influencia‑empresas. Acesso em: 28 out. 2019. 5.4.3 Higiene e segurança do trabalho Para o médico Ricardo Marchi, especialista em medicina do trabalho, “promover um estilo de vida saudável dentro da empresa é fazer economia” (apud CARVALHO et al., 2014, p. 295). Cesar Destacar 85 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA As atividades de higiene e segurança do trabalho no contexto de RH incluem uma série de normas e procedimentos tendo em vista a saúde física e mental do funcionário; o objetivo é resguardá‑lodos possíveis riscos de saúde que o ambiente físico e os exercícios de suas funções possam causar. A seguir, destaca‑se o que dispõe a CLT: Art. 157. Cabe à empresa: I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar para se evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III – adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; IV – facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente (BRASIL, 1943). Segundo Marras (2011a), o acidente de trabalho é um acontecimento involuntário, resultante tanto de um ato inseguro quanto de uma situação particular que possa causar danos ao funcionário e à empresa. Os acidentes do trabalho podem ser classificados quanto a sua gravidade. No acidente sem afastamento, o funcionário retorna as suas atividades profissionais após atendimento. Já no acidente com afastamento, devido à natureza do acidente, o funcionário deve deixar de imediato suas funções para se recuperar. Neste último caso, tal ocorrência pode produzir incapacidade temporária, incapacidade permanente parcial, incapacidade total permanente ou até mesmo a morte. São causas de um acidente de trabalho: • Ato inseguro: ação provocada pelo funcionário que causa um acidente. Os principais motivos que o levam a cometer um ato inseguro são: excesso de confiança; cansaço; pressão excessiva; falta de experiência. • Condição insegura: é uma situação que provoca o acidente. Exemplos: ausência de EPI; equipamentos quebrados; dispositivos fora do prazo de validades. 5.4.4 Equipamento de proteção individual (EPI) Tem o objetivo de evitar acidentes de trabalho e deve ser fornecido pelo empregador gratuitamente ao funcionário, conforme obriga a legislação. Os EPIs são essenciais para garantir a integridade do funcionário, cabendo à área de RH, em parceria com a gestão, a responsabilidade de sensibilizar os funcionários para sua utilização, guarda e conservação. Os EPIs diferem de acordo com a função executada. Segundo Marras (2011a), uma vez fixada a norma legal sobre o uso de EPIs, criam‑se obrigações e penalidades ao empregador e ao empregado. Observe o quadro a seguir. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 86 Unidade III Quadro 31 Empregador Empregado Aquisição do tipo adequado de EPI a cada atividade funcional Observar o exposto na NR‑6 no tocante à questão dos EPIs Disponibilização para o funcionário apenas de EPIs aprovados pelo MTE e dentro do prazo de validade Responsabilidade pela guarda e conservação do EPI sob uso Substituição do EPI sempre que danificado ou inoperante Usar o EPI apenas para a finalidade a que se destina Realização de treinamento para o funcionário Comunicar a empresa qualquer alteração ou dano de EPI Obrigatoriedade do uso de EPIs Fornecimento do EPI devidamente documentado Adaptado de: Marras (2011a). 5.4.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) A NR‑5 trata da Cipa, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Trata‑se de uma comissão composta de representantes dos funcionários e da empresa. A NR‑5 dispõe o seguinte: 5.2 Devem constituir Cipa, por estabelecimento, e mantê‑la em regular funcionamento empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. 5.3 As disposições contidas nesta NR aplicam‑se, no que couber, aos trabalhadores avulsos e às entidades que lhes tomem serviços, observadas as disposições estabelecidas em normas regulamentadoras de setores econômicos específicos. 5.4 A empresa que possuir em um mesmo município dois ou mais estabelecimentos deverá garantir a integração das Cipas e dos designados, conforme o caso, com o objetivo de harmonizar as políticas de segurança e saúde no trabalho. 5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão, através de membros de Cipa ou designados, mecanismos de integração com o objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar com a participação da administração do mesmo (BRASIL, 2011). A Cipa tem por objetivo observar e relatar condições de risco no ambiente de trabalho, solicitando medidas que venham reduzir ou até mesmo eliminar os riscos existentes. Uma vez ocorrido o acidente, Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 87 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA cabe à Cipa realizar uma análise e avaliar as medidas necessárias para que outros acidentes similares não voltem a ocorrer. Outra ação essencial da comissão é promover campanhas internas de conscientização dos funcionários quanto aos riscos presentes no local de trabalho e à utilização adequada de dispositivos em geral e de EPIs. A comissão é composta de representantes dos funcionários (50%) e da empresa (50%). Os primeiros são eleitos através de votação, e estes passam a ter direito a estabilidade, conforme convenção coletiva. Os últimos são definidos pela diretoria e não têm direito a estabilidade. O número de participantes tanto da empresa quanto de funcionários dependerá do número total de empregados e do grau de risco, conforme disposição da NR‑5. Saiba mais Leia na íntegra o que a NR‑5 estabelece: BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. Norma Regulamentadora n. 5. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). Brasília, 1978a. Disponível em: http://www.mtps.gov.br/images/ Documentos/SST/NR/NR5.pdf. Acesso em: 29 out. 2019. 5.4.6 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) NR‑7. O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores (BRASIL, 1978b). Conforme a Portaria n. 24/94, que complementa a NR‑7, as organizações são obrigadas a elaborar um PCMSO com o objetivo de preservar a saúde de seus funcionários. O programa deve ser coordenado por um médico do trabalho, que fica responsável pela realização obrigatória dos exames: • admissional; • periódico; • de retorno ao trabalho; • de mudança de função; • demissional. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 88 Unidade III Os exames envolvem avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional, exame físico e mental, além de exames complementares realizados em funcionários expostos a riscos físicos e químicos, conforme a função desempenhada e de acordo com a legislação. Quadro 32 – Exames de acordo com o PCMSO Exames admissionais Realizados após o processo seletivo, toda vez que um novo empregado é admitido nos quadros da empresa como efetivo Exames demissionais São aqueles que o médico do trabalho realiza nos trabalhadores que deixam a empresa (demitidos ou demissionários), objetivando registrar as condições de saúde no momento do desligamento Exames de retorno ao trabalho Quando um trabalhador se afasta por trinta ou mais dias por motivo de saúde, deve ser submetido a essa avaliação médica, independentemente do motivo do afastamento (doença, acidente, parto etc.) Mudança de cargo Alterando‑se o cargo ou as funções do trabalhador, este deverá ser submetido a um exame clínico de avaliação médica para análise de sua condição física diante da nova situação Exames periódicos Todos os trabalhadores devem ser submetidos a exames clínicos anualmente, ou em intervalos menores, a critério do médico responsávelou sob exigência de CCT ou de órgão oficial. Em geral, trabalhadores com menos 18 anos e mais de 45 devem realizar exames anuais. Entre 18 e 45, a frequência é a cada dois anos Exames complementares São exames que os trabalhadores expostos a riscos físicos ou químicos mais graves devem realizar, por exemplo, a cada semestre, avaliações realizadas em ocasiões especiais, quando se quer conhecer e combater surtos específicos ou monitorar determinados agentes presentes no ambiente de trabalho Fonte: Marras (2000, p. 215‑216). 6 RELAÇÕES SINDICAIS As relações sindicais ou relações trabalhistas são responsáveis pelo planejamento e pela execução de ações da área trabalhista‑sindical; também devem zelar pelo cumprimento e pela interpretação de normas legais (CLT, convenção coletiva, acordos coletivos, leis complementares etc.). É essencial que a área de gestão de pessoas mantenha um contato assertivo com os sindicatos patronais, participando de assembleias, reuniões, pesquisas e acompanhando as negociações que atinjam a organização, o que certamente possibilitará que situações e cenários sejam previstos com mais facilidade. Vale ainda ressaltar a importância de acompanhar, conhecer e dominar a legislação trabalhista como um todo, em suas várias instâncias. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 89 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA STF (Supremo Tribunal Federal) TST (Tribunal Superior do Trabalho) TRT (Tribunal Regional do Trabalho) VT (Varas do Trabalho) Figura 15 – Instâncias legais que operam as questões trabalhistas no Brasil Resumo Estudamos o subsistema de aplicação, abordando a estruturação do programa de cargos e salários através de suas etapas: diagnóstico, formação do comitê e divulgação do programa; análise de cargos; descrição dos cargos; avaliação dos cargos; pesquisa salarial; política salarial; definição da estrutura para implementação. Avaliamos a importância de manutenção do sistema pela área de RH, garantindo a correta atualização e revisão do programa e evitando que ele se torne ultrapassado, haja vista as constantes alterações no mercado de trabalho. Depois, destamos o processo de avaliação de desempenho, uma ferramenta vital no processo de gestão de pessoas, a qual deve estar atrelada ao programa de cargos e salários. Em seguida, tratamos do subsistema de manutenção, com as atividades de compensação, benefícios sociais, higiene e segurança e relações sindicais, evidenciando sua importância no processo de gestão de pessoas. Exercícios Questão 1. Para um trabalho cujo rendimento total mensal é de $ 7.500,00, qual o valor total a ser descontado pela contribuição previdenciária (INSS) e para o imposto de renda retido na fonte (IRRF)? Atenção: o cálculo deve ser feito com base no sistema previdenciário em vigor antes da Reforma da Previdência de 2019. Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar Cesar Destacar 90 Unidade III A) $ 1.848,78, sendo $ 900,43 para o INSS e $ 948,35 para o IRRF. B) $ 1.658,84, sendo $ 642,34 para o INSS e $ 1.016,50 para o IRRF. C) $ 1.400,07, sendo $ 639,25 para o INSS e $ 760,82 para o IRRF. D) $ 1.276,15, sendo $ 530,22 para o INSS e $ 745,93 para o IRRF. E) $ 1.639,46, sendo $ 700,24 para o INSS e $ 939,22 para o IRRF. Resposta correta: alternativa B. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: os descontos expostos nessa alternativa estão acima dos limites garantidos por lei. B) Alternativa correta. Justificativa: os valores estão corretos, pois consideraram as alíquotas de 11% para o INSS e de 27,5% para o IRRF, os salários‑base para cada tipo de cobrança e, por fim, a dedução do imposto retido para a faixa salarial. C) Alternativa incorreta. Justificativa: os salários‑base para cálculo e alíquotas estão errados. D) Alternativa incorreta. Justificativa: os salários‑base para fins de contribuição bem como as alíquotas dos dois tributos estão errados. E) Alternativa incorreta. Justificativa: alíquotas, salários‑base e dedução de impostos de renda retido na fonte foram calculados de forma equivocada. Questão 2. “O termo ‘ilusão monetária’ é um conceito oriundo da escola de pensamento monetarista de Milton Friedman. De fato, o termo ‘ilusão monetária’ é, geralmente, aplicado quando os salários nominais dos trabalhadores aumentam, mas eles não percebem o aumento dos preços dos bens e serviços, de forma que os seus salários reais acabam diminuindo. A variação do nível geral de preços (preços absolutos) num dado período de tempo mede a inflação.” Disponível em: https://bit.ly/33UTaRP. Acesso em: 22 out. 2019. Cesar Destacar Cesar Destacar 91 RECURSOS HUMANOS APLICADOS À SEGURANÇA Com base no entendimento do conceito de ilusão monetária, aponte o salário real que um funcionário terá ao final de um ano sem reajustes, ponderando que a inflação acumulada no mesmo período seja igual a 3,99%. O salário inicial a ser considerado é de $ 2.500,00. A) $ 2.473,44. B) $ 2.454,77. C) $ 2.600,00. D) $ 2.599,75. E) $ 2.404,09. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: para um salário real igual ao disposto na alternativa, para que não houvesse perda de poder aquisitivo, seria necessário considerar uma inflação menor, de apenas 1,07%. B) Alternativa incorreta. Justificativa: para um salário real igual ao disposto na alternativa, para que não houvesse perda de poder aquisitivo, seria necessário considerar uma inflação menor, de apenas 1,84%. C) Alternativa incorreta. Justificativa: neste caso, houve incremento de salário nominal, e isso não é possível por dois motivos: o primeiro está disposto no enunciado, que aponta para a ausência de reajuste no período; o segundo seria pelo fato de haver inflação e não deflação. Ainda assim, mesmo que houvesse deflação, haveria incremento no salário real, e não no nominal. D) Alternativa incorreta. Justificativa: não houve reajuste salarial, conforme indicado no enunciado. E) Alternativa correta. Justificativa: em uma economia na qual a inflação atingiu 3,99%, é correto dizer que um salário nominal de 2.500,00 seria erodido pelo processo inflacionário até alcançar 2.404,09 após um ano; em outras palavras, o funcionário ganharia os mesmos 2.500,00 em janeiro e dezembro, no entanto, o poder de compra do salário seria diminuído por conta da inflação.
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