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Leishmaniose: Doença Infecciosa Zoonótica

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Leishmaniose:
É uma doença infecciosa com caráter zoonótico, que 
acomete animais domésticos/ selvagens e humanos, 
considerada potencialmente fatal, visto que se não 
tratado a tempo pode ser fatal. Tem caráter crônico 
(pode desenvolver os sinais clínicos mais tarde) e 
debilitante. 
A leishmaniose visceral canina (calazar) é causada pela 
Leishmania infantum, tem o cão como um importante 
reservatório, antes o animal que testasse positivo 
para leishmaniose era eutanasiado, pois estaria 
transmitindo para outros animais e humanos. 
Pertence ao reino protista, gênero Leishmania e sub-
gêneros Leishmania e Viannia. 
Etiologia: 
O protozoária Leishmania infantum é um parasito 
intracelular obrigatório de células do sistema 
fagocítico mononuclear em hospedeiros vertebrados. 
Morfologia: 
➔ Amastigota - encontramos em animais 
vertebrados infectados. 
➔ Promastigota: forma de 
flebomínios que são os vetores. 
 
 
 
 
 
 
Epidemiologia: 
Depende do vetor e das condições ambientais para o 
desenvolvimento do vetor- mosquito palha. 
➔ Temperatura mínima de 17°C 
➔ O vetor possui atividades crepusculares e 
noturnas 
➔ Dependente da sazonalidade- 
temperaturas frias diminui o 
desenvolvimento desses vetores 
➔ Umidade 
➔ Decomposição da matéria orgânica 
➔ Depósito de lixo 
Os fatores que influenciam na transmissão são: 
➔ Presença do flebotomíneo 
➔ Preferencias alimentares 
➔ Densidade vetorial 
➔ Presença de outros reservatórios 
➔ Estilo de vida do animal- regiões de 
floresta 
Ciclo biológico: 
O mosquito infectado, quando vai fazer o repasto 
sanguíneo transmite a forma promastigota 
metacíclicas, atravessa a pele e acabam chegando na 
circulação sanguínea, podendo invadir ativamente 
macrófagos, granulócitos ou são fagocitados, 
transformam-se em amastigostas e multiplicam-se por 
divisão simples, rompe a membrana celular e 
infectam novos macrófagos. Ocorre a transferência 
durante o repasto da forma amastigota que são 
liberadas no intestino do mosquito. A forma 
amastigota transforma-se em promastigostas 
prociclicos por divisão simples e migram para válvula 
faríngea (sofre regurgitação) e no repasto transfere a 
forma promastigota. 
Patogenia: 
Tem uma adesão inicial e entrada das formas 
promastigotas e ocorre a diferenciação da forma 
amastigota no interior do fagolisossomo, tem-se a 
proliferação de amastigotas no interior do vacúolo, a 
lise de macrófagos infectados e liberação dos 
parasitas e ocorre a re-infecção. 
Com a ruptura do macrófago e liberação de 
amastigotas vai ocorrer uma disseminação da forma 
amastigota no organismo, principalmente, nos órgãos 
hemolinfáticos, como linfonodos, baço, MO, fígado, 
levando a infecção sistêmica. Podendo atingir 
também a via hrmatógena, acometendo pele, órgão 
reprodutor, músculos, articulações, sistema digestivo, 
sistema respiratório. 
Quando ocorre a fagocitose, terá o macrófago ativado 
que leva a ativação de alguns tipos de linfócitos, 
dependendo do tipo de citocinas, a resposta tipo Th1 
é mais efetiva, porque liberam citocinas que 
potencializam os macrófagos, fazendo mais 
fagocitose. A resposta imune por células Th2 induz a 
produção de citocinas que estimulam linfócitos B com 
marcada resposta humoral-anticorpos-que não 
protegem- formam imunocomplexos e causam os 
sinais clínicos. 
 
 
Sinais clínicos: 
A LVC é uma doença sistêmica crônica, algumas vezes 
o animal fica com a infecção subclínica ou desenvolve 
a leishmaniose clínica, no entanto ocorre o 
predomínio da subclínica, e por fatores estressantes 
ou infecções intercorrentes desenvolve a doença 
clínica. 
➔ Cão não infectado sadio: sem sinais 
clínicos, sem alterações laboratoriais, não 
reagente na sorologia, negativo na 
citologia, PCR negativo 
➔ Cão exposto: proveniente de área 
endêmica ou de região com surto, sem 
sinais clínicos de LVC, reagente na 
sorologia- níveis de Ac baixos ou médios, 
negativo na citologia, PCR negativo. 
➔ Cão infectado sadio: proveniente de área 
endêmica ou de local com transmissão 
confirmada, assintomático, sorologia 
reagente em níveis médios ou altos, 
citologia/PCR positivos. Cerca de 60% dos 
cães com LVC são assintomáticos. 
➔ Cão infectado doente: proveniente de 
área endêmica ou de local com 
transmissão confirmada, sintomático, 
sorologia reagente em níveis médios ou 
altos, citologia/PCR positivos. Níveis de Ac 
altos= 3 a 4 vezes o ponto de corte. Sinais 
inespecíficos. 
• Dermatite esfoliativa com 
descamação 
• Ulceração mucocutânea 
• Pápulas 
• Uveíte/conjuntivite 
• Epistaxe 
• Caquexia, atrofia muscular, 
descamação 
• Onicogrifose 
A deposição de iminocomplexos com a presença do 
parasito leva a uma nefropatia podendo levar a uma 
glomerulonefrite, DRC ou nefrite intersticial. 
Alterações laboratoriais: 
➔ Anemia arregenerativa (moderada ou 
grave) 
➔ Anemia hemolítica imunomediada 
➔ Leucocitose ou leucopenia- Monocitose, 
linfopenia, neutrofilia, neutorpenia 
➔ Trombocitopatias- trombocitose, 
trombocitopenia (trombocitopenia 
imunomediada) 
➔ Alterações hemostasia e fibrinólise 
➔ Hiperglobulinemia (frações beta e/ou 
gama)- devido ao estimulo de linfócitos, 
com a resposta de Th2 
➔ Hipoalbuminemia 
Aumento de gama-globulinas levando a produção 
policlonal de Ac- IgE, IgG, IgG1, IgG2- resultando em 
uma resposta imune. 
➔ Alterações de função renal: DU diminuída 
(não concentra urina), proteinúria, uréia e 
creatinina aumentadas 
Diagnóstico: 
➔ Sorológico :Pelo ministério da Saúde: 
teste rápido (DPP, Biomanguinhos) e 
ELISA para investigação em saúde pública. 
Na rotina clínica utiliza ELIZA+RIFI, se 
positivada só pode ser confirmada com 2 
testes sorológicos reagentes, tem como 
desvantagem no início pode da 
soroconversão, reação cruzada 
(hemoparasitoses- Babesia canis e 
Ehrlichia canis), animais 
imunocompromeditos (não produz Ac). 
➔ Parasitológico: citologia de linfonodos, 
MO, aspirado esplênico, imprint de lesões 
de pele; esfregaço sanguíneo. 
➔ Molecular: PCR convencional- detecta a 
presença do DNA; PCR Real Time (maior 
sensibilidade e especificidade- quantifica). 
Nos animais assintomáticos envia MO e 
em animais sintomáticos envia sangue ou 
MO. 
• Deve-se utilizar o diagnóstico 
molecular quando tem uma sorologia 
inconclusiva, para confirmação do 
diagnóstico, para acompanhamento 
do tratamento, em animais 
assintomáticos, diferencial de outras 
hemoparasitoses. 
Tratamento: 
➔ Diminuir a carga parasitária 
➔ Reduzir a capacidade de transmissão 
➔ Remissão das manifestações clínicas 
➔ Prevenir recidivas 
➔ Melhorar ou prevenir DR 
➔ MILTEFOSINA: fármaco leishmanicida, 
atua no metabolismo do parasito, causa 
destruição de membrana estimulando a 
apoptose do protozoário. 
➔ ALOPURINOL: fármaco leishmaniostático, 
inebe a multiplicação parasitária, tem 
baixo custo, VO, melhora clínica do 
animal, no entanto causa cálculos de 
xantina. Associa com domperidona 
➔ DOMPERIDONA: é um imunomodulador 
(aumenta as células Th1- ativando 
macrófagos e células NK), possui efeiro 
leishmaniostático, tem baixo custo, VO, 
boa resposta imunológica, mas causa 
galactorréia (produz leite). 
Prevenção e controle: 
Antes caso o animal positivasse, teria que ser 
eutanasiado. Atualmente é indicado o combate do 
vetor no ambiente através do saneamento básico, 
educação da população, borrifação de piretróides, 
organoclorados, manejo ambiental com remoção da 
matéria orgânica (quintais/terrenos), repelentes 
ambientais. Medidas de prevenção aos humanos: 
utilização de repelentes, mosqueteiro com malha fina, 
tela em portas e janelas. Medidas de prevenção aos 
cães: proteção química individual (repelentes), 
vacinação aos suscetíveis, telas nos canis, proteção 
química individual com coleiras e soluções tópicas; 
vacinação aos susceptíveis, animais soronegativos. A 
vacina recombinante comDNA proteína com antígeno 
A2 L.donovani, L. chagasi, L. amazonenses; adjuvante 
com a saponina- ação no sistema imune, aumentando 
a imunidade- fazer a vacinação a partir dos 4 meses 
de idade com 3 doses da vacina em intervalos de 21 
dias, e com revacinação anual.

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