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A CRIAÇÃO MATERIALIZADORA DO AUDIOVISUAL A produção audiovisual é um misto de espólios da arte, e a direção de arte foi o legado do teatro com as artes plásticas com a missão de concentrar uma infinidade de referências visuais embutidas em uma atividade, propor um delineamento e planejar os aspectos visuais sugeridos pelo roteiro e pelo diretor, agregando uma equipe também especializada de cenografia e figurino. A CRIAÇÃO MATERIALIZADORA DO AUDIOVISUAL O espaço ficcional construído pela direção de arte é muito mais amplo do que a mera compreensão de espaço físico, ele se refere a toda uma localização temporal e espacial através de valores estéticos claramente exibidos em cenários e figurinos. Enquanto o cenário cuida do ambiente, na construção de um espaço imaginado pelo diretor, o figurino caracteriza os atores tal qual a idealização do mesmo. Ou seja, de fato, o cinema vale-se de um total domínio do espaço. Raramente o diretor contenta-se em reproduzir um espaço global tal qual ele é: ele cria um espaço puramente conceptual, imaginário, estruturado, artificial, por vezes deformado (filmes expressionistas), um universo fílmico onde há condensações, fragmentos e junções espaciais (imagem é um transporte no tempo, mas também um transporte no espaço). O espaço fílmico não é apenas um quadro, da mesma forma que as imagens não são apenas representações em duas dimensões: ele é um espaço vivo, em nada independente de seu conteúdo, intimamente ligado às personagens que nele evoluem. Tem um valor dramático ou psicológico, uma significação simbólica; tem também um valor figurativo e plástico e um considerável caráter estético. (BETTON, 1987, p. 28-29) DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO e CENOGRAFIA DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO e CENOGRAFIA A responsabilidade pela concepção do ambiente físico-visual de um projeto audiovisual é de responsabilidade direta e principal do Diretor Artístico, Diretor de Fotografia e Diretor de Arte. DIREÇÃO DE ARTE, FIGURINO e CENOGRAFIA Modos de produção no audiovisual Americano - Hollywood Europeu Brasil • Cinema • Televisão Em algumas produções, principalmente as de grandes estúdios, quando há produtores como realizadores, e não diretores, um designer de produção pode iniciar seu trabalho até mesmo antes do diretor ser contratado. Pois ajuda a prospectar após a análise de roteiro uma estimativa de custo necessário para dar vida à história, permitindo uma produção mais eficiente e precisa desde a captação de recursos financeiros. O production designer trabalha diretamente com o diretor, ele articula e faz com que se encontre a melhor forma de se materializar a imagem almejada. Juntos decidirão o que se adequa melhor à proposta, se é construir os cenários em estúdios, usar efeitos visuais ou filmar em locações, por exemplo. Uma vez decidido, o designer de produção auxilia diretamente na decupagem e na elaboração do storyboard, entregando-o ao diretor de arte, que por sua vez entrega seu trabalho aos departamentos relacionados a Arte. DIREÇÃO DE ARTE NO BRASIL No cinema brasileiro normalmente a figura do diretor de arte faz as vezes de cenógrafo ou até de um production designer. A direção de arte no Brasil se fundiu com a profissão de cenógrafo, enquanto a de figurinista, na maioria das vezes, se mantém intacta, com exceção de profissionais que assumem a cenografia e a indumentária ao mesmo tempo e acabam assinando como diretor ou diretora de arte. Desde a década de 1980, a função de diretor de arte já aparece no cinema no Brasil, e, desde a década de 1940, a função de figurinista aparece nos crédito dos filmes. O processo de criação e formação da direção de arte deve ser tido como elemento fundamental para a criação visual da obra. No Brasil, a figura do diretor de arte surge entre 1960 e 1970, quando profissionais envolvidos com a cenografia passam a assumir também a concepção da produção dos figurinos. Contudo, somente em 1985 surge a função da direção de arte, quando Clóvis Bueno assina a concepção visual total da obra, assumindo a função de diretor de arte de O beijo da mulher aranha (Kiss of the spider- woman, 1985, Brasil/E.U.A., de Hector Babenco), deixando a cenografia com Felippe Crescentti e o figurino para Patrício Bisso. Desde então a função do diretor de arte ganhou espaço e atualmente é uma constante na estrutura da produção cinematográfica brasileira. O processo de criação e formação da direção de arte deve ser tido como elemento fundamental para a criação visual da obra. No Brasil, a figura do diretor de arte surge entre 1960 e 1970, quando profissionais envolvidos com a cenografia passam a assumir também a concepção da produção dos figurinos. Contudo, somente em 1985 surge a função da direção de arte, quando Clóvis Bueno assina a concepção visual total da obra, assumindo a função de diretor de arte de O beijo da mulher aranha (Kiss of the spider- woman, 1985, Brasil/E.U.A., de Hector Babenco), deixando a cenografia com Felippe Crescentti e o figurino para Patrício Bisso. Desde então a função do diretor de arte ganhou espaço e atualmente é uma constante na estrutura da produção cinematográfica brasileira. O beijo da mulher aranha, 1985 FIGURINO 24 horas de sonho 1941 Direção Chianca de Garcia Figurino - Iracema Gomes Marques Seleção de roupas prontas e adequação ao enredo O figurino por sua vez deve ser considerado por uma variedade de objetos cênicos. Pois se ele tem uma função especifica, a de contribuir para a elaboração do personagem pelo autor constitui também um conjunto de formas e cores que intervêm no espaço do espetáculo, e devem, portanto integrar-se a nele. O figurino deve, portanto contribuir para representação cênica, ajudando ao mesmo tempo a caracterização do personagem e a expressividade do corpo. (ROUBINE, 1998, p. 146.) FIGURINO Os figurinos surgem como elementos codificadores de personalidade de cada personagem, por isso a importância da utilização de signos na materialização plástica durante o processo de tradução do texto para a imagem. O guarda-roupa (figurino) nunca é um elemento isolado. Devemos avalia-lo em relação a um certo estilo de encenação, do qual ele pode ampliar ou diminuir o efeito. [...] Os trajes podem ser realistas, tendo o cineasta então um grande cuidado com a reconstituição histórica. [...] As imagens podem ser muito elaboradas, as encenações preciosas, rebuscadas com exaltação poética [...]. O guarda-roupa pode ser intemporal quando a exatidão histórica não é a de uma preocupação maior: a de sugerir ou traduzir simbolicamente caracteres, estados de alma, ou ainda, de criar efeitos dramáticos ou psicológicos. (Betton, 1987, pag. 57) Intérprete e figurino são instâncias complementares entre si, pois enquanto o interprete atribui significados ao traje, emprestando seu corpo, O figurino indica a fusão personagem e intérprete, sendo considerado a segunda pele. Situada entre as artes plásticas e a arquitetura, uma das funções da cenografia é a organização de espaços e a criação de ambientes que abriguem os distintos tipos de encenação, visando determinada intenção plástica. A cenografia se consolida como uma manifestação crítica do espaço, com origem no espetáculo teatral, ela surge para ocupar o espaço e construir um campo ideal para que ocorresse a cena. CENOGRAFIA 1. Preparação 2. Pré produção 3. Produção 4. Des-produção 5. Pós produção Etapas de uma produção Decupagem Planejamento de Objetos/análise técnica • Número da cena, • locação e ambiente • número dos planos • objetos de cena necessários. Decupagem Objetos de cena que o ator tem uma ação específica Elementos que compõem o espaço, dão corpo à cena e ambientação Os objetos importantes e indispensáveis para uma cena. DecupagemIndicações que estão escritas no roteiro Decupagem Indicações que estão escritas no roteiro BIBLIOGRAFIA • AUMONT, Jacques et al. A Estética do Filme. Papirus, 1994. • BETTON, Gerad. Estética do cinema. São Paulo: Martins Fontes, 1987. • DELEUZE, Gilles. Ato de criação. São Paulo: Folha de São Paulo, 1999. • FILIPECK, Elizabeth. A utilização de pranchas iconográficas na criação de figurinos de época para a teledramaturgia. Revista Dobras, V.10, Nº 22, Nov. São Paulo, 2017. • FLÜGEL, J. C. A Psicologia das Roupas. São Paulo: Mestre Jou, 1965. • HAMBURGUER, Vera. Arte em cena: a direção de arte nocinema brasileiro. Ed. Senac São Paulo, 2014. • RATTO, Gianni. Antitratado de cenografia: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Editora Senac, 1999. • RIZZO, Michael. Manual de Dirección Artística Cinematográfica. Tradução Sylvia Steinbrecht Aleix. Barcelona: Ediciones Omega S.A., 2007. • ROUBINE, Jean - Jacques. A linguagem da encenação teatral, 1880. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. • RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção. 3 ed. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2007. • SALLES, Cecília de Almeida. Processos de criação em grupo: Diálogos. São Paulo, Estação das cores e letras, 2017.