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Introdução à oncologia DEFINIÇÕES IMPORTANTES Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Gene: são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo; Tumor: qualquer massa anômala observada em um tecido; Metástases: formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, que saiu de seu local de origem, pela corrente sanguínea ou linfática – mas sem continuidade entre elas. Tumor de crescimento excessivo, ilimitado e autônomo, formado pela proliferação de células atípicas. Portanto, as células já nascem com uma programação, posteriormente, se especializam em uma função, aprendem a executar uma ação, em algum momento, ela envelhece e sofre apoptose (morte celular programada). Como exemplo, uma hemácia leva 120 dias para morrer, neutrófilos cerca de 15 dias, plaquetas por volta de 7 dias e neurônios apenas regeneram na vida intrauterina e depois esse processo não acontece mais. Então, as células tem esse ciclo bem definido, mas por algum motivo pode acontecer uma perda dessa capacidade de morrer, gerando uma célula imortal, que começa a multiplicar e forma uma neoplasia, que independe de mecanismo de controle. LAYANE SILVA TIPOS DE NEOPLASIA CONCEITO DE NEOPLASIA Vale ressaltar que neoplasia nem sempre é câncer, consiste em qualquer aglomerado de células que está crescendo fora de controle formando um tumor. Neoplasias sólidas x Neoplasias hematológicas Tumores sólidos: câncer de mama, câncer de pulmão, câncer de próstata. Tumores hematológicos: linfoma, leucemia e mieloma múltiplo. O câncer é um parasita formado pela proliferação de células atípicas, que pode ser subdividido em: CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS A maioria irreversíveis (exceto neuroblastoma) O câncer é irreversível, sem intervenção, ele leva à morte - mas existem raríssimas exceções como neuroblastoma que é um tumor pediátrico, que em algumas situações pelo sistema imune do paciente, ele pode involuir e melhorar. Perda do controle da diferenciação celular A diferenciação celular é o processo pelo qual a célula precisa aprender uma função, por exemplo a célula do pulmão aprende a fazer hematose, o neurônio aprende a fazer sinapses, a célula da próstata faz o líquido prostático, a célula da mama faz o leite materno, e assim, cada célula desempenha uma função. No câncer, a célula perde a diferenciação, ou seja, ela não consegue se especializar, tornando-se uma célula inútil, que apesar de não ter função, parasita o organismo do paciente (gasta glicose, gordura, proteínas - fontes de energia), por isso ele emagrece. Importante! A respeito da diferenciação celular pode-se classificar as células em 3 tipos: Bem diferenciados: células filhas se parecem com o tecido original, ainda desempenham algumas funções do tecido original, e tem multiplicação mais lenta. Moderadamente diferenciados; Pouco diferenciados ou indiferenciados: célula filha não guarda nenhuma característica do tecido original, ou seja, é uma célula completamente modificada, que não desempenha nenhuma função do tecido original. Quanto mais indiferenciado, mais agressivo é, pois a taxa de multiplicação e número de mitoses é alta. No entanto, a quimioterapia interrompe o ciclo celular, por isso, ela funciona melhor em tumores indiferenciados que tem mais mitoses ocorrendo (efeito paradoxal da quimioterapia) - assim quanto pior o câncer, melhor a resposta da quimioterapia. Perda do controle da multiplicação celular Inúteis ao organismo Prejudiciais ao organismo (parasitas) Ilimitadas Neoplasia benigna Massa localizada de células (não invade tecidos e nem produz metástases) - por exemplo, lipoma - são células bem diferenciadas (parecem com o tecido original) com multiplicação lenta. Apesar de ser uma doença histologicamente benigna, a depender do local onde está pode ter comportamento maligno e necessitar de tratamento com quimioterapia. Em geral, quando se localiza em um compartimento (caixa craniana, por exemplo) ou comprime uma estrutura (tumor torácico comprimindo a veia cava). Um exemplo é o meningioma que é um tumor benigno que acomete as meninges dentro de uma cavidade fechada óssea, então quando ele cresce, ele comprime o cérebro, gera edema cerebral e outras complicações, então precisa ser removido. Importante! O tumor original é chamado de tumor primário (local onde o câncer nasceu), mas as células conseguem se desprender, cair na circulação sanguínea ou linfática e se alojar em um outro tecido à distância, onde ele começa a crescer, multiplicar e formar tumores secundários, que são chamados de metástase (obrigatoriamente devem ser à distância). Neoplasia maligna (câncer) Onkos: termo grego, denominava uma massa/fardo, pois o câncer era imaginado como um peso carregado pelo corpo. Câncer sempre subentende uma neoplasia maligna, que consegue invadir tecidos e órgãos adjacentes e produz metástases - essa invasão tecidual por si só pode ser complexa pois pode haver uma invasão local (por exemplo, do pulmão para a artéria aorta), causando dano importante, pois aonde quer que a célula chegue ela irá causar sintomas (no osso, dor, no fígado, icterícia ou insuficiência hepática, no cérebro, confusão mental). São células pouco diferenciadas ou indiferenciadas com multiplicação acelerada - em alguns casos podem ser bem diferenciadas. No corte de intestino abaixo, observam-se as vilosidades que são similares a “dedos de luva”. LAYANE SILVA Carcinoma Tumores malignos que surgem da ectoderma (tecido de revestimento externo e interno - mucosas). Exemplo: carcinoma basocelular (tumor de pele mais comum), carcinoma de células escamosas (tumor de boca), adenocarcinoma (tumor de intestino). (1) Adenoma de cólon: há um epitélio normal no qual as células são colunares e surge uma parte esbranquiçada com mais células que estão mais “apertadas”, mas mantém a estrutura de “dedo de luva”, ou seja, são células bem diferenciadas pois parecem com o tecido normal. (2) Adenocarcinoma de cólon: a imagem não remete ao epitélio normal em “dedo de luva”, o que indica que são células indiferenciadas, ou seja, um tumor maligno. O QUE É O CÂNCER? Do grego Karkinos ou “caranguejo”: a palavra foi utilizada depois que Hipócrates, por volta de 400 a.C.,achou semelhanças entre um tumor e os vasos sanguíneos a seu redor e um caranguejo com as patas espalhadas na areia. NOMENCLATURA Normalmente, os tumores malignos (câncer) irão começar ou terminar com algumas dessas 3 nomenclaturas de acordo com a origem embrionária. Importante! O tumor do intestino é um adenocarcinoma pois o intestino tem um tecido de revestimento mucoso (carcinoma) e é composto por glândulas em sua mucosa (adeno), então todo tumor que nasce de um epitélio glandular é um adenocarcinoma. Exemplo: o endométrio possui um tecido de revestimento glandular, por isso um tumor nessa região será um adenocarcinoma de endométrio. Na imagem é possível visualizar um lúmen, e a estrutura amarela em torno do lúmen é a lâmina basal, seguida de uma camada de células normais. (1) Carcinoma in situ: as células que não são normais estão contidas pela lâmina basal. (2) Carcinoma invasor: a célula consegue romper a membrana basal e já invade estruturas adjacentes. Entre eles, o prognóstico (expectativa em relação à evolução e ao tratamento) é pior no carcinoma invasor, pois a chance de evoluir para metástase é muito maior. Importante! Lembrar que trata-se de um carcinoma pois se origina de um tecido de revestimento. Sarcoma Tumores que surgem do tecido conjuntivo que embriologicamente nasce do endoderma. Exemplo: condrossarcoma (cartilagem), osteossarcoma (tumor ósseo), rabdomiossarcoma (músculo estriado esquelético), leiomiossarcoma (músculo liso). Blastoma Tumores que surgem de tecidos embrionários primitivos que ficam no corpo (resíduos de células embrionárias primitivas), sendocomum em crianças e jovens, que tem multiplicação rápida, sendo um tumor mais agressivo (melhor resposta à quimioterapia). Exemplo: retinoblastoma, glioblastoma. Mutação no BRCA1: é um gene supressor tumoral (“gene bom”), que quando mutado gera um risco mais alto de desenvolvimento do câncer. Mutação na TP53: conhecida como “guardiã do genoma” pois é o principal gene que corrige os defeitos, sua mutação gera a síndrome de Li-Fraumeni, na qual o paciente se torna uma “bomba-relógio” para desenvolvimento de câncer. Tanto a mutação do proto-oncogene quanto a mutação do gene supressor tumoral pode culminar em câncer, entre os principais exemplos estão: Assim, é importante lembrar que existem genes promotores e supressores do câncer, e que mutações em ambos os tipos podem culminar no processo de câncer. LAYANE SILVA Exceções! Linfoma e leucemia são sempre malignos, apesar de não terem os sufixos. GRAU TUMORAL O grau do tumor diz respeito a agressividade do tumor, assim, um tumor grau 3 é de células indiferenciadas (mais agressivo, maior chance de produzir metástase, maior chance de recidiva), tumor de grau 2 são células moderadamente diferenciadas e o tumor de grau 1 são células bem diferenciadas - essa informação estará contida na biópsia. CARCINOGÊNESE Em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo pelo qual o câncer nasce é chamado de carcinogênese, que é composto por 2 tipos de genes mais importantes, são eles: Proto-oncogenes: gene de câncer que funciona de gatilho para a célula crescer, assim quando ele por algum motivo é forçado a ativar, ele se torna um oncogene, e dá origem ao câncer. Gene supressor tumoral: é um dos mecanismos que pode parar o câncer, atuando na checagem do DNA e correção do erro, mas esse gene pode sofrer mutação, e não consegue interromper o processo. Esse processo ocorre o tempo inteiro no organismo já que existem milhões de células no corpo que podem dar errado a qualquer momento, mas existem vários mecanismos que podem frear esse erro. Entre eles, o próprio sistema imunológico, através do qual o linfócito ao identificar uma célula doente, ele mata essa célula. A mutação causa danos no DNA, posteriormente a célula prolifera e progride até o pior cenário que é a metástase. Assim, há uma célula boa que sofreu algum tipo de interferência de algum carcinógeno - entre eles destaca-se o tabaco como principal causa de câncer, HPV como vírus de transmissão sexual que causa câncer de colo de útero, região anal, pênis e orofaringe, e vírus da hepatite B e C que podem causar hepatocarcinoma. Após sofrer a ação desse agente, a célula vai se tornar uma célula mutada, que vai sofrer uma expansão clonal, ou seja, ela irá se multiplicar, gerando um tumor. Se esse processo não for interrompido há surgimento do câncer e a longo prazo de metástase. Iniciação: exposição das células normais a agentes químicos, físicos ou virais que causam danos irreversíveis nos genes, levando a ativação de oncogenes e/ou inativação de genes supressores de tumor; impossível diagnosticar nessa fase; Promoção: expansão clonal das células iniciadas até formar tumores visíveis, geralmente lesões benignas ou focos de células; Progressão: a célula adquire características cada vez mais agressivas, devido a enorme quantidade de mutações sofridas pela célula tumoral nesta fase. A lesão se torna visível e é possível realizar o diagnóstico. LAYANE SILVA EPIDEMIOLOGIA Segundo o último dado mundial de 2020, houveram cerca de 20 milhões de casos novos de câncer, sendo o mais comum o câncer de pele não melanoma em qualquer lugar do mundo, e posteriormente o câncer de mama em mulheres e o câncer de pulmão nos homens. O câncer de pele não melanoma é o mais comum com cerca de 220 mil casos, seguido de câncer de mama, câncer de cólon e reto e câncer de colo de útero (importante na região norte), câncer de traqueia, brônquio e pulmão nas mulheres; já nos homens, o câncer de próstata, câncer de cólon e reto, e câncer de traqueia, brônquio e pulmão. A principal causa de morte tanto no Brasil quanto no mundo é doenças cardiovasculares seguida de cânceres. CAUSAS Sabe-se que que o câncer é uma doença de expressão descontrolada de genes e que há uma perda da estabilidade genômica, além de possíveis causas que induzem o processo de malignização (exposição a agentes químicos, físicos e biológicos potencialmente mutagênicos e/ou carcinogênicos, inflamação persistente, infecções de patógenos específicos, falha no controle de transição genética) - e em torno de 50% dos casos, idiopática. No Brasil, em 2023, o INCA no Rio de Janeiro registrou 704.080 casos novos para cada ano do triênio 2023-2025, então houve um aumento de 13% no número de casos. Hoje: no Brasil, o câncer é a segunda causa mais frequente de morte. A cada ano, são, aproximadamente, 232 mil mortes e 450 mil novos casos diagnosticads (excluindo os casos de câncer não melanoma). Entre 2020 e 2040: estimativas apontam que, devido ao crescimento e envelhecimento populacional, haverá um aumento de 66% no número de novos casos e 81% nas mortes por câncer no Brasil. Em 2018: o governo federal gastou, aproximadamente R$3,50 bilhõs de reais com procedimentos hospitalares e ambulatoriais no SUS em pacientes oncológicos com 30 anos ou mais de idade. Em 2040: Se nada for feito, e a tendência de aumento de casos se mantiver na mesma velocidade, projetamos que o governo federal gastará R$7,84 bilhões de reais. O impacto do câncer a longo prazo é: Origem e mutação Em humanos, estima-se que 4-7 alterações genéticas ocorram ao longo do tempo (em média 10 anos) para a geração de uma célula transformada. A origem é sempre monoclonal (derivado de 1 célula mutada), e no diagnóstico já se encontra uma diversidade genotípica de células. PREVENÇÃO cerca de 35% das mortes por câncer se devem a fatores de risco como tabagismo, obesidade, dieta. sedentarismo, consumo de álcool e sexo desprotegido. a vacina quadrivalente, contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18 do HPV e a bivalente, contra os sorotipos 16 e 18, foram aprovadas para a prevenção primária do câncer de colo do útero - podem tomar mulheres e homens de 9 a 45 anos. (SUS – mulheres 9 a 14 anos e homens 11 a 14 anos) Medidas custo-efetivas de prevenção primária e estratégias para a detecção em fases precoces, reduzem a mortalidade pelo câncer - como campanhas, vacinação e rastreamento. Rastreamento Câncer colorretal: o rastreamento reduz mortalidade, e está indicado a partir dos 45 a 75 anos a cada 10 anos em indivíduos de risco habitual; Câncer de mama: rastreamento de rotina é recomendado dos 50 aos 69 anos a cada 2 anos - há controvérsias quanto ao benefício a partir dos 40 anos e quanto à frequência anual ou bianual; Câncer de colo de útero: rastreamento periódico deve ser realizado com colpocitologia oncótica, a partir dos 25 anos após o início das atividades sexuais, até os 64 anos, 2 resultados negativos consecutivos anuais, passar a fazer com periodicidade trienal para paciente com colo de útero; Câncer de pulmão: rastreamento não recomendado no BR. LAYANE SILVA SINAIS E SINTOMAS DE ALERTA PROPEDÊUTICA COMPLEMENTAR Qualquer exame pode ser utilizado para avaliação do câncer, desde os mais simples como hemograma (suspeita de leucemia) até marcadores tumorais (substâncias que o tumor pode produzir e liberar no sangue). Exemplo: o marcador tumoral mais comum é o PSA (antígeno prostático específico) que é uma glicoproteína presente na célula da próstata que aumenta em situação de câncer. No entanto, o aumento de PSA pode ocorrer em outras situações como andar a cavalo, relação sexual, prostatite e crescimento benigno da próstata. Sangue (hemograma, marcadores tumorais) Imagem (radiografia de tórax, ultrassonografia abdominal, TCs, RNMs, PET-CT, mamografia) Todas as imagens podem ser utilizadas, com destaque para o PET-CT que é uma tomografia de corpo inteiro que usa um contraste chamado de FDG - fluordeoxiglicoseque é uma glicose marcada (na tomografia usual utiliza-se contraste iodado). Assim, sabe-se que as células malignas que estão multiplicando precisam de energia (glicose - principal fonte de energia), então haverá captação maior de glicose para aquela região que aparecerá na tomografia - mas o paciente com inflamação também tem aumento da glicose na região o que pode mascarar/confundir na avaliação do exame. Dor O câncer não dói de forma geral, exceto se estiver avançado em algum local onde há nervos e ossos por compressão e invasão dessas estruturas - por isso, a dor no câncer é sempre um sinal de alerta. Exemplo: paciente com câncer de mama e dor indica que o câncer pode estar crescendo e invadindo a parede torácica; paciente com câncer de língua e dor pode indicar invasão da mandíbula. Emagrecimento O emagrecimento considerado patológico é a perda de 10% do peso corporal nos últimos 6 meses sem justificativa. Sangramentos O câncer é um parasita de multiplicação rápida mas é uma célula do organismo, por isso ele precisa de nutrientes e oxigênio que chegam através da corrente sanguínea, assim, o tumor realiza neoangiogênese para poder se nutrir, logo os tumores costumam ser muito sangrantes - quanto mais agressivo, mais sangrante. Exemplo: paciente com tumor de pulmão tem hemoptise, se tumor de bexiga tem hematúria, se tumor de estômago tem melena ou hematêmese. Tumorações, manchas e ulcerações Existem tumores que apesar de serem agressivos, eles não conseguem realizar angiogênese para produzir quantidade de vasos necessários para seu suprimento, por isso, parte dele passa a necrosar e ulcerar. Assim, tumores ulcerados tendem a ser mais agressivos, porque está multiplicando tão rápido que a angiogênese não consegue acompanhar. Constipação, disfagia e empachamento A disfagia (dificuldade de deglutir) pode ser um sinal de câncer de esôfago. O empachamento é quando o paciente come pouco e se sente muito cheio. Cefaleia nova Toda cefaléia nova ou cefaléia antiga que sofre mudança no padrão deve ser acompanhada com uma ressonância de crânio porque pode ser um câncer. Tosse crônica Consiste no sintoma de tosse por 21 dias, que pode indicar desde tuberculose até câncer. Alterações do ciclo menstrual Edema localizado Alguns pacientes com câncer de mama podem ficar com os braços inchados pois ela fica com linfonodos reativos na região da axila e compromete drenagem para os membros. Febre e sudorese noturna A febre do câncer tem o padrão de aparecer no final da tarde e à noite, pois é o período em que o tumor estará em maior atividade pela liberação do hormônio do crescimento que impulsiona as multiplicações. Nesse período, pode aparecer a sudorese noturna, que geralmente os pacientes se queixam de ter que trocar a roupa pelo suor excessivo. Anemia Descarga mamilar e leucorreia refratária A leucorreia é o corrimento vaginal, sendo comum no câncer de colo de útero, com características piores que o corrimento associado a Gardnerella com odor forte. Importante! O PET é um exame excelente, exceto para uma região do corpo que é o cérebro, porque ele naturalmente já necessita de muita glicose, então é necessário pedir uma RNM de crânio. Assim, se disponível, pode-se solicitar o PET + RNM de crânio. Endoscopias (digestiva alta, colonoscopia, cistoscopia, laringoscopia, broncoscopia, histeroscopia) Qualquer exame que utiliza uma câmera para entrar em uma víscera oca é uma endoscopia, e ela pode ser diagnóstica (visualiza o tumor e colhe biópsia) ou terapêutica (tumores iniciais podem ser ressecados pela endoscopia e serem tratados). Laparoscopia/laparotomia; Toracoscopia/toracotomia Em alguns casos, é necessário abrir o paciente para colher o material de biópsia, nesse caso o procedimento é denominado TOMIA. Mas, esse procedimento pode ser feito de forma menos invasiva utilizando vídeo e pequenos “buraquinhos” que tem o sufixo COPIA, nesse caso são feitas pequenas incisões para introduzir a câmera e a pinça após insuflar a cavidade com gás, e tem recuperação melhor. Citologias Consiste na análise das células, como no exame preventivo na ginecologia que colhe as células do colo do útero. LAYANE SILVA Anatomia patológica/imunohistoquímica Consiste em colher um pedaço do material, preparar e colocar na lâmina, mostra mais informações do que a citologia e permite fazer a imunohistoquímica. Sabe-se que as células tem uma impressão digital através de proteínas que existem apenas naquela célula e podem ser identificadas nesse exame. Exemplo: a célula da mama tem uma proteína de membrana chamada GATA3 que só existe na mama, assim para identificar se é um tumor primário ou secundário na mama pode-se analisar na imunohistoquímica a presença dessa proteína - por isso, para tratar câncer de mama é fundamental realizar esse exame. Testes genéticos e moleculares Se o tumor for pouco diferenciado, a imunohistoquímica ainda é importante, mas pode ser falho porque ele tende a características pouco diferenciadas, por isso, são utilizados os testes genéticos para avaliar profundamente o DNA. Dentre os estágios, vale destacar o tumor T4 que é um tumor que invade uma estrutura adjacente - por exemplo, uma paciente com CA de colo de útero chegando na bexiga (invasão local). Outro é o Tis que é um tumor in situ, o T0 é o paciente cujo tumor primário não foi encontrado (sítio primário oculto) e o TX é quando sabe-se o local do tumor primário mas não foi possível avaliar o tamanho por algum motivo. Para o N e o M aplica-se a mesma regra e ao juntar os 3 tem-se o estágio específico da doença, normalmente o estágio 0 diz respeito aos tumores in situ (primeiro estágio da doença) e o IV habitualmente já tem metástase. Importante! O T4 é diferente do estádio 4, T4 é um tumor que está invadindo localmente, já o estádio 4 é quando junta o TNM e define-se doença com metástase. ESTADIAMENTO Quando o paciente tem um câncer para tratá-lo é necessário saber qual o tipo de câncer e qual o estágio que a doença está, isto é a extensão/tamanho do problema. É preciso saber se o tumor está localizado em apenas uma região ou se está disseminado, para isso deve-se analisar o padrão de disseminação daquele tipo de câncer. Por exemplo, CA de próstata habitualmente não vai para o cérebro então o RNM de crânio é dispensável, mas ele tende a ir para os ossos então é necessário uma cintilografia óssea, já o CA de mama tende a ir para cérebro, pulmão e ossos então necessita de RNM de crânio, tomografia de tórax e de abdome e cintilografia óssea. Então o diagnóstico do estádio é feito através de exames de imagem que informam se o tumor se espalhou ou não. TNM O sistema mais tradicional para estadiar o câncer é o TNM, que é mundialmente aceito e observa 3 pontos: T: tamanho do tumor primário (TX, T0, Tis, T1, T2, T3, T4) N: envolvimento dos linfonodos regionais (NX, 0, 1, 2, 3) M: metástase à distância (MX, M0, M1) Exemplo: na mama, os linfonodos regionais são os axilares - se uma paciente com câncer de mama estiver com linfonodos na região do pescoço é indicativo de metástase pois é fora da cadeia regional do tumor primário. A combinação de TNM dará um estadiamento final, e difere para cada doença - o grau tumoral e marcadores tumorais podem ser aplicados ao TNM. TNM nem sempre é a regra Linfomas Leucemias Mieloma múltiplo Tumores primários de sistema nervoso central Nos caso abaixo não são utilizados o TNM para estádio: Já os tumores ginecológicos podem ser estadiados pelo TNM e pelo estadiamento FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia). MODALIDADES DE TRATAMENTO As principais modalidades de tratamento são: Cirurgia Pode ser aberta, por vídeo e robótica, esta última é a forma menos invasiva que existe até então. Radioterapia Quimioterapia Hormonioterapia Anticorpos monoclonais (bioterapia) Pequenas moléculas Medicina Nuclear Imunoterapia Terapia celular O tratamento do câncer é sempre multidisciplinar, então o oncologista precisa de outros profissionais (cirurgião, radioterapeuta, fisioterapeuta,nutricionista) para que o paciente seja bem conduzido. INTENÇÕES DO TRATAMENTO Tratamento curativo Tratamento que isoladamente é capaz de curar alguém. Exemplo: se um paciente tem leucemia e faz quimioterapia, esse tratamento tem intenção curativa; ou se a paciente tem câncer de mama localizado, o tratamento curativo é a ressecção do tumor pela cirurgia. Tratamento neoadjuvante Qualquer tratamento (quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia) que é feito no paciente antes da cirurgia com 3 objetivos principais: (1) reduzir o volume de doença - downstaging tumoral para fazer uma cirurgia menor; (2) tratar a doença micrometastática - a quimioterapia é feita na veia e se espalha pelo corpo, podendo atingir células de metástase que já estejam circulando pelo corpo; (3) conhecer o comportamento da doença com a quimioterapia - por exemplo, se uma paciente após a quimioterapia, o tumor desaparece, e em outra paciente o tumor reduz 50%, observa-se que a primeira irá viver mais, pois se ela tem resposta completa, há melhor prognóstico. Exemplo: se a paciente tem CA de mama, mas o tumor é grande e há comprometimento da axila e não tem metástase ainda, o tratamento curativo é a cirurgia. Mas se ela fizer a cirurgia nesse momento, ela perderá a mama e os linfonodos axilares, então pode-se oferecer um tratamento que reduz o tamanho do tumor e possibilitar uma cirurgia menos agressiva, que é o tratamento neoadjuvante. LAYANE SILVA RESPOSTA AO TRATAMENTO Após iniciar o tratamento da paciente é importante acompanhar se ele está funcionando, existem 4 situações: Tratamento adjuvante Tratamento oferecido após a cirurgia com objetivo de tratar doença micrometastática. Exemplo: se a paciente tem um tumor pequeno e o médico resolve operar, e na operação se depara com um tumor grau 3 (indiferenciado, chance de recaída alta), deverá ser feito um medicamento para evitar uma recaída (tratamento adjuvante). Tratamento paliativo Tipo de tratamento que não busca a cura, mas sim (1) conforto e melhorar qualidade de vida, porque o câncer é destrutivo, e (2) aumentar a sobrevida da paciente. Exemplo: se a paciente retornou após tratamento com metástase cerebral, a intenção do tratamento será paliativo. Remissão ou resposta completa É o esperado pela equipe e pelo paciente, é como se a doença tivesse “sumido’”. Importante! A remissão completa não é cura, o conceito de cura na oncologia são 5 anos sem recaída. Na tomografia é possível visualizar uma mancha preta no fígado que é um câncer metastático, que sumiu na 2a imagem, o que indica uma remissão completa. Remissão ou resposta parcial Consiste na redução > 30% do tamanho original do tumor, ou seja, o tumor permanece mas reduziu bem. Progressão de doença (diferente de recidiva) Nesse caso, há aumento do tumor original em no mínimo 20% e/ou aparecimento de metástase (lesões novas). Importante! A diferença de recidiva para progressão é que na recidiva o paciente em algum momento ficou livre da doença e ela de repente reapareceu, já na progressão, a doença sempre esteve lá e ela aumentou. Estabilidade de doença A doença se manteve estável mesmo com o tratamento. LAYANE SILVA PRINCÍPIOS DA QUIMIOTERAPIA A quimioterapia consiste em qualquer medicamento que interrompa o ciclo celular em algum momento. Importante! Se o paciente está em cuidados paliativos, é necessário mudar o tratamento se houver progressão de doença - se estiver estável, deve-se manter o tratamento com quimioterapia. Ciclo celular Composto pelas etapas de interfase (dividida em G1, S e G2) e mitose propriamente dita (dividida em profase, metafase, anafase e telofase). Existe uma quimioterapia chamada Taxol (Paclitaxel) que inibe a célula na fase de metáfase, assim, não deixa acontecer a migração do cromossomo e a célula morre. Outras quimioterapias se parecem com as bases nitrogenadas do DNA, então quando precisa multiplicar o DNA, a célula pega essa substância no lugar da base nitrogenada. CLASSES DE QUIMIOTERÁPICOS Os quimioterápicos afetam a função, metabolismo, crescimento e proliferação tanto das células neoplásicas como das normais. Mesmo assim, o efeito é maior sobre as células de multiplicação rápida (neoplásicas). Alquilantes Antimetabólicos Importante! Purina e pirimidina são bases nitrogenadas, portanto, os análogos são substâncias que se parecem com outras, então o DNA pega o quimioterápico ”enganado” no lugar de pegar uma base nitrogenada. Antibióticos citotóxicos Derivados de plantas VIAS DE ADMINISTRAÇÃO Intravenosa (maioria) Intramuscular (por exemplo, Metotrexate) LAYANE SILVA CRITÉRIOS PARA QUIMIOTERAPIA Curiosidade! Método de neuromodulação onde a medicação é injetada de forma contínua ou intermitente diretamente no líquido céfalo-raquidiano (líquor) ao redor da medula espinal e do encéfalo. Ausência de contra-indicações clínicas para as drogas selecionadas Ausência de infecção ou infecção presente, mas sob controle O paciente não pode estar com infecção porque a quimioterapia é imunossupressora, então é necessário tratar a infecção e depois aplicar a quimioterapia. Escala de Karnofsky pode ser aplicada a qualquer paciente para classificar seu estado funcional, e evitar termos subjetivos como “bom estado geral”/”regular estado geral”. Assim, pacientes hígidos são classificados como 100%, já um paciente que requer cuidado médico frequente, ele terá uma performance de 50%, e um paciente que está muito debilitado, precisa de hospitalização e tratamento de apoio ativo, ele tem uma performance de 20%. Subcutânea (por exemplo, Bortezomibe) Intratecal (por exemplo, Citarabina) Capacidade funcional correspondente aos 3 primeiros níveis (ECOG 0, 1 ou 2) A quimioterapia só é feita em pacientes com PS 2, 1 e 0 segundo Escala de Zubrod (ECOG) - ou seja, pacientes que estão muito debilitados, tomando banho de leito, completamente dependentes (PS 3 e 4), não podem fazer quimioterapia porque a chance do paciente restrito ao leito morrer é altíssima - quanto menor valor, melhor o paciente. Nesse caso, a quimioterapia é injetada no líquor pois o cérebro tem uma barreira hematoencefálica que é uma barreira natural que não permite a bactéria entrar mas também não deixa a quimioterapia - então é uma forma de tratar os tumores de meninge. Uso tópico (por exemplo, Fluorouracil) Via oral (por exemplo, Melfalano) Intracavitária (por exemplo, Mitomicina) A administração local permite uma maior exposição ao quimioterápico e uma menor toxicidade sistêmica! Neutrófilos > 1.500/mm³ Plaquetas > 100.000/mm³ Hemoglobina > 10 g/dl Boa função renal e hepática Além disso, o paciente tem que estar com o “sangue bom”: TOXICIDADE Precisa ser graduada e manejada adequadamente - destacam-se as náuseas e os vômitos. A quimioterapia interrompe o ciclo celular, sendo mais comum atingir células malignas, mas existem células que naturalmente são atingidas mais facilmente, como células do folículo piloso gerando muitas vezes queda de cabelo, células da medula óssea, do trato digestivo causando diarréia, células reprodutivas por isso muitas quimioterapias podem deixar o paciente estéril ou com baixa de libido. LAYANE SILVA Sabe-se que o principal produtor de hormônio na mulher, mas a gordura produz estrógeno através da enzima chamada aromatase, assim, existem medicamentos que inibem a aromatase para reduzir a produção de estrógeno. OUTROS TRATAMENTOS SISTÊMICOS Existem alguns tipos de câncer que são dependentes de hormônio como câncer de próstata, que depende da testosterona, e alguns cânceres de mama, endométrio e ovário dependem de estrógeno e progesterona. Hormonioterapia Nesses casos, uma das formas de tratar o câncer é bloquear a função hormonal, então alguns cânceres podem ser tratados sem quimioterapia. Existem anticorpos desenvolvidos para algumas proteínas importantes para o câncer, entre elas: no CA de mama tem a proteína HER 2, que é importante para o desenvolvimento do câncer, e o medicamento Trastuzumabe é direcionado para essa proteína específica, melhorandoa doença. Bioterapia É uma terapia-alvo, ou seja, direcionada para função específica da célula, por isso é melhor do que quimioterapia e tem menos efeitos colaterais por ser direcionado. Existem remédios que vão inibir alterações específicas da célula, em geral todos são tratamentos orais desenvolvidos especificamente para determinada alteração. Pequenas moléculas Consiste em remédios venosos que não matam a célula maligna diretamente como a quimioterapia, apenas estimulam os linfócitos T citotóxicos, que é responsável por ir até o agente e destruí-lo - diferentemente do linfócito B que produz os anticorpos. Imunoterapia LAYANE SILVA Esse tipo de terapia é feita no Brasil, e tem custo de cerca de 1 milhão de reais por dose. A imunoterapia pode ser aplicada isoladamente ou em combinação com a quimioterapia, tem-se que a quimioterapia aumenta a eficácia da imunoterapia porque a quimio destrói a célula e libera antígenos, então há muito mais antígenos para o linfócito reconhecer. Essa terapia foi inicialmente testada nessa paciente (Emma), que tinha leucemia e estava fora da possibilidade terapêutica, e após tratamento ela foi curada.A imunoterapia não mata o tumor diretamente, mas estimula o sistema imunológico, mais especificamente o linfócito T a atacar o câncer - pode ser usado em qualquer tipo de tumor (pulmão, mama, bexiga, intestino). Inclui os mesmos linfócitos T que serão retirados e trabalhados geneticamente no laboratório para que ele reconheça mais o câncer e depois essa célula é devolvida ao organismo do paciente, e ela busca o câncer e o elimina. Terapia celular É o uso de medicamentos radioativos para tratar determinados tipos de câncer, como o câncer de tireoide que é dependente de iodo, e pode ser feito a iodoterapia. Medicina nuclear No caso acima observa-se inicialmente várias bolinhas pretas de metástase e após o tratamento observa-se remissão completa.
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