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Professora - Letícia Quaresma Paolino 2023.1 Fisiopatologia e terapia nutricional nas doenças do Trato gastrointestinal https://escolaeducacao.com.br/mapa-mental-sistema-digestorio/ Funções do epitélio do TGI Promover barreira seletivamente permeável entre o conteúdo do lúmen e os tecidos dos organismos; Facilitar transporte e digestão; Promover absorção dos produtos da digestão; Produzir hormônios; Produzir muco para lubrificação; Secreção de enzimas; Secreção de suco gástrico. Substâncias envolvidas no processo digestório A maioria das secreções digestivas ocorre em resposta à presença do alimento no TGI, e a quantidade de secreção produzida é muito próxima à quantidade necessária para uma digestão adequada; MUCO secreção espessa, produzida ao longo de todo o TGI, composta de água, eletrólitos e uma mistura de diversos mucopolissacarídeos. O muco tem qualidades aderentes que reveste os alimentos com uma fina camada, impedindo contato direto do alimento com a mucosa. Além disso, o muco desliza facilmente, facilitando assim o movimento do bolo alimentar e auxiliando no processo de evacuação; GLÂNDULAS SALIVARES produzem uma potente enzima, a amilase, que inicia a digestão de amido, além de muco e algumas substâncias bactericidas. O pH da saliva varia entre 6,0 e 7,4, o que coincide com o pH ótimo de funcionamento da amilase. Substâncias envolvidas no processo digestório ESTÔMAGO produz pepsinogênio, uma importante proteinase que funciona em pH ácido. As células parietais do estômago também secretam íons H+, acidificando o meio e transformando o pepsinogênio na sua forma ativa, a pepsina; PÂNCREAS produz uma secreção complexa, contendo enzimas digestivas, como amilase, tripsina, quimotripsina e lipase. Estas enzimas passam pelo duto pancreático e são ativas no intestino delgado, em pH levemente alcalino. O ajuste do pH nesta região é feito através de secreção de bicarbonato pelo próprio pâncreas e pelo fígado; VESÍCULA BILIAR armazena e secreta sais biliares produzidos pelo fígado, que são fatores emulsificantes fundamentais para a ação das enzimas lipolíticas sobre os lipídeos e a subsequente absorção dos produtos. Substâncias envolvidas no processo digestório Função endócrina do TGI Função endócrina do TGI Principais alterações envolvendo as etapas do processo digestivo • Apetite aumentado ou reduzido • Alteração da palatabilidadeIngestão • Mastigação deficiente • Xerostomia • Sialorréia Mastigação e insalivação • Disfagia (sensação de obstrução à passagem do alimento) • Odinofagia (deglutição dificultada e dolorida) • Afagia (obstrução completa do esôfago) Deglutição • Dispepsia (desconforto superior do abdome) • FlatulênciaDigestão • Processo inflamatório • Achatamento das vilosidades • Alteração da atividade enzimática Absorção • Diarréia • Constipação Excreção Cavidade Oral XEROSTOMIA • Influencia diretamente na alimentação, • A falta de salivação afeta: – Mastigação – Deglutição – Paladar • Mais frequente em pessoas idosas: – diminuição da secreção salivar em função da idade, – grande prevalência de uso de medicamentos que induzem à xerostomia. Tratamento: higiene oral, hidratação, saliva artificial • Aumentar líquidos; • Alimentos macios e úmidos; • Goma de mascar e balas sem açúcar; • molhos em geral; • Bebida junto à comida – Avaliar!!!!! ALIMENTOS CARIOGÊNICOS • Relacionados ao conteúdo de açúcares. • Independente de serem monossacarídeos, dissacarídeos ou polissacarídeos, todos poderão servir de substrato para os microrganismos da placa!!! • Amido: – Reduzem o pH (<5,5) – Alimentos fontes: biscoitos ,pão, arroz, massas,... • reduzem o pH a níveis por vezes menores que os açúcares. • SACAROSE = MAIS CARIOGÊNICO ALIMENTOS CARIOSTÁTICOS • Não contribuem para a cárie • Não são metabolizados na placa, por isso NÃO ALTERAM o pH!!! • Tipos de alimentos: – Fontes protéicas: • Peixe, frango, ovos e carnes • Queijo: estimula a secreção salivar. – Fontes lipídicas: • Formam película oleosa Glicose, frutose, maltose também estimulam atividade bacteriana Xilitol: anticariogênico. Cárie É uma doença infecciosa e destrutiva. Resulta da produção de ácidos oriundo da interação complexa entre bactérias, superfície dentária e dieta Glossite É uma inflamação da língua, em geral combinada com a perda completa ou parcial da papila filiforme, gerando um aspecto vermelho e liso. Alteração pode ser originada por diversas causas, entre elas anemia, desnutrição, infecção generalizada , fatores irritativos como o fumo, o álcool, os condimentos químicos, e interação medicamentosa, deficiência de vitamina B12, Ferro, B1, B2. Esôfago O esôfago se divide em esfíncter esofagiano superior (EES), corpo do esôfago e esfíncter esofagiano inferior (EEI). O alimento ingerido é conduzido ao estomago por gravidade e contrações peristálticas, variando de acordo com a consistência do alimento. Disfunções • São provocadas por: Obstrução Inflamação Alteração no mecanismo de deglutição (função anormal do esfíncter) • Geralmente relaciona-se a um problema neurológico, associada ao quadro de disfagia (dificuldade de engolir) Disfagia • Qualquer alteração que impeça ou dificulte a condução fisiológica do alimento da boca até o estômago (deglutição); • Surge após a deglutição dos alimentos e se origina devido a uma dificuldade no transporte do bolo alimentar da faringe ao esôfago e deste ao estômago. • Depende do tamanho do bolo alimentar, do diâmetro luminal, da contração peristáltica Pode ser: Orofaringeana - quando a alteração é na primeira fase da deglutição Esofagiana - quando ocorre diminuição da luz esofagiana, dificultando o transporte de alimentos Motora – alteração na peristalse ou no esfíncter esofagiano inferior (EEI). Disfagia – Sinais e sintomas Tosse ou engasgo (durante ou após deglutição); Dificuldade em iniciar a deglutição (o indivíduo não consegue jogar o alimento para dentro da cavidade faríngea); Sensação de alimento parado na garganta; Sialorréia (o indivíduo tem aumento de produção salivar e, ao mesmo tempo, tem dificuldade de deglutí-la; Perda de peso (consequentemente a falta de deglutição e ingesta adequada de alimentos); Mudanças de voz ou fala (o alimento parado na laringe modifica a produção vocal); Regurgitação oral ou nasal do bolo alimentar. Disfagia Terapia Nutricional - Disfagia ESPEN, 2014/Consenso Brasileiro de Nutrição nas Disfagias em Idosos Hospitalizados (2011) Terapia Nutricional - Disfagia ESPEN, 2014/Consenso Brasileiro de Nutrição nas Disfagias em Idosos Hospitalizados (2011) Queimação retroesternal; Eructação; Dor epigástrica e torácica; Dor irradiada: garganta, ombros e costas; Sintomas respiratórios • Consequências: esofagite, esôfago de “Barret”, adenocarcinoma de esôfago Refluxo Gastroesofagiano Esofagite Refluxo Gastroesofagiano/Esofagite tratamento medicamentoso Refluxo Gastroesofagiano/Esofagite tratamento nutricional Evitar refeições ricas em lipídios; Evitar comer pelo menos 3 a 4 horas antes de deitar; Evitar fumar e ingerir bebidas alcoólicas; Evitar alimentos e bebidas contendo cafeína; Evitar roupas apertadas, especialmente após uma refeição; Consumir uma dieta saudável, nutricionalmente completa, com uma quantidade adequada de fibras; Evitar alimentos ácidos e muito condimentados quando houver inflamação; Perda de peso. Refluxo Gastroesofagiano/Esofagite – tratamento nutricional *Fundoplicatura, um procedimento em que o fundo do estômago é enrolado em torno do esôfago inferior para limitar o refluxo. **O uso de derivados de tabaco é contraindicado no refluxo. O tabagismo diminui a pressão do esfíncter esofágico inferior e prolonga a depuração do ácido, diminuindo a salivação. Esôfago de Barret • Causa: Refluxo gastroesofágica • Condição clínica na qual as células da camadade revestimento do esôfago distal podem se tornar anormais, até mesmo pré-malignas • Consequência: adenocarcinoma de esôfago Hérnia Hiatal • Causa: comprometimento da ligação do esôfago ao anel hiatal, permitindo que o esôfago ou uma porção superior do estômago se desloque para cima do diafragma. • Consequência: alargamento da abertura do diafragma (hiato), conteúdo gástrico por mais tempo acima do hiato, causando exposição prolongada ao ácido, acarretando risco maior para o desenvolvimento de esofagite mais grave. Acalásia • Distúrbio da motilidade do esôfago na qual o ESFÍNCTER ESOFÁGICO INFERIOR (EEI): não consegue se relaxar • ↓ inervação colinérgica da musculatura esofágica • Hipertornia e NÃO relaxamento do EEI • Disfagia motora Consequências: – obstrução da passagem de alimentos para o estômago; – dor subesternal após as refeições, – perda de peso, – regurgitação e halitose; Função • Trata-se de um órgão de parede musculosa, localizado no lado esquerdo abaixo do abdome, logo abaixo das últimas costelas que liga o esôfago ao intestino delgado. • Produção do suco gástrico • Digestão de Proteínas: Pepsina • Produção de Fator Intrínseco • Fatores Protetores: muco, o fluxo sanguíneo, a secreção alcalina, a regulação do pH intracelular, a reconstrução epitelial. Estômago Indigestão/Dispepsia Refere-se ao desconforto ou à dor abdominal superior inespecífica persistente. O desconforto pode estar relacionado a causas orgânicas, como refluxo esofágico, gastrite, úlcera péptica, doença da vesícula biliar ou outras condições patológicas identificáveis; Sintomas: desconforto abdominal, distensão abdominal, saciedade precoce, náuseas e eructações; Prováveis causas hipersensibilidade visceral ao ácido ou distensão, prejuízo no acomodamento gástrico, eixo cérebro- intestino alterado, e motilidade e esvaziamento gástricos anormais (Fajardo et al., 2005). Tratamento nutricional Volumes excessivos de alimentos ou a ingestão elevada de lipídios, açúcar, cafeína, especiarias ou bebidas alcoólicas pode causar desconforto; Pode ser útil reduzir a ingestão de lipídios, realizar refeições pequenas, manter uma dieta de baixa densidade calórica e atingir um peso saudável (Pilichiewicz et al., 2009). O exercício leve melhora o movimento dos alimentos através do TGI e aumenta a sensação de bem-estar. Gastrite Processo inflamatório do estômago Anormalidades infecciosas, químicas e neurais Ruptura da integridade da mucosa gástrica GASTRITE Causa MAIS COMUM Infecção por Heliobacter pylori Gastrite e Úlceras pépticas H. Pylori • É um patógeno de ação lenta, leva ao desenvolvimento de um processo inflamatório agudo na mucosa gástrica, com liberação de toxinas, citotoxinas, envolvendo assim a migração predominante de neutrófilos na circulação sistêmica para o local, de lesão. • Fatores que afetam a ocorrência e a gravidade dos sintomas: idade no início da infecção, concentração dos organismos e sua cepa específica, estilo de vida e saúde geral. • As lesões na região antral estão associadas a uma gastrite ativa e ulcera péptica. Gastrite – infecção por Helicobacter pylori A prevalência de infecção por H. pylori geralmente correlaciona-se à geografia e às condições socioeconômicas da população. Varia de aproximadamente 10%, nos países desenvolvidos, a 80% a 90% nos países em desenvolvimento. Embora a gastrite seja uma observação característica, apenas 10% a 15% dos indivíduos infectados pelo organismo desenvolvem ulceração sintomática, e aproximadamente 1% desenvolve câncer de estômago (Ernst et al., 2006; Fennerty, 2005). GASTRITE AGUDA Inflamação transitória; Endotoxinas bacterianas; Cafeína, álcool, aspirina; Edema moderado a erosão hemorrágica; Queimação retroesternal, vômito; Autolimitante. Gastrite GASTRITE CRÔNICA Mais comum em idosos – resulta em atrofia e perda das células parietais perda de secreção de ácido clorídrico e do fator intrínseco. Pacientes podem apresentar baixos níveis de B12 e/ou altos de homocisteína. Pode levar a úlcera péptica. Abuso de álcool, tabaco, uso crônico de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs). Gastrite por Helicobacter pylori. TRATAMENTO O tratamento da gastrite inclui a erradicação de organismos patogênicos (p. ex., H. pylori) e a retirada de qualquer agente causador. Os antibióticos e inibidores da bomba de prótons são os principais tratamentos clínicos ATENÇÃO Inibidores da bomba de prótons levam a uma redução da secreção gástrica de HCl, que comprovou reduzir a absorção de nutrientes, como vitamina B12 , cálcio e ferro não heme, que dependem da proteólise intragástrica para torná-los biodisponíveis (McColl, 2009). Úlcera Péptica • É uma ulceração aguda ou crônica que se instala em uma porção do trato gastrointestinal. Pode ser localizada no estômago, no duodeno, e no esôfago (mais comum na pequena curvatura do estômago). Pode complicar para hemorragia, infecção, divertículos, obstrução pilórica. • Diferença para gastrite: erosão da camada muscular para dentro da submucosa ou da própria camada muscular. • Os sintomas são dor em queimação, com queixas de fome dolorosa, azia, epigastralgia; melena (fezes enegrecidas tipo piche) é um achado comum. Úlcera Péptica Ruptura defesas naturais Ruptura dos mecanismo s de reparo Causas Inibem produção de prostraglandinas (elimina efeitos protetores); diminuição da produção de muco e bicarbonato Outros fatores: tabagismo, cafeína e bebidas alcoólicas estimulam secreção ácida Sintomas Inflamação das células oxínticas e atrofia das células produtoras de ácido e pepsina Consequências Úlceras gástricas x úlceras duodenais As úlceras gástricas normalmente estão associadas a gastrite generalizada, envolvimento inflamatório das células parietais (produtoras de ácido), e atrofia das células produtoras de ácido e pepsina com o avançar da idade. Em alguns casos, a ulceração gástrica ocorre apesar da produção relativamente baixa de ácido. A hipomotilidade antral, a estase gástrica e o aumento do refluxo duodenal são comuns na úlcera gástrica; quando presentes, podem aumentar a gravidade da lesão gástrica. A úlcera duodenal é caracterizada pelo aumento da secreção ácida, secreção ácida noturna e diminuição da secreção de bicarbonato. A maioria das úlceras duodenais ocorre nos primeiros centímetros do bulbo duodenal, em uma área imediatamente abaixo do piloro. A obstrução da saída gástrica ocorre mais comumente em úlceras duodenais do que em úlceras gástricas - Dieta adequada para manutenção do estado nutricional; - Fracionamento e menor volume, intervalos regulares diminui estimulação a secreção ácido-gástrica; - Consistência e temperatura líquida completa – pastosa (fase aguda)/Evitar alimentos muitos quentes (aumenta congestão da mucosa aumenta secreção ácida e diminui tempo de esvaziamento gástrico); - Excitantes da mucosa EVITAR bebidas alcoólicas, bebidas carbonatadas, cigarro, carminativos (hortelã, manjericão, coentro, louro, alecrim, cominho, gengibre e até erva doce), alimentos ricos em enxofre, alimentos fermentáveis; - Considerar o efeito dos macros sobre a estimulação da digestão; - Considerar as orientações para dispepsias/gastrite. Terapia Nutricional – GASTRITES/ÚLCERAS - Alimentos que devem ser evitados: Estimulantes da secreção ácida leite puro; café (mesmo descafeinado), chocolate, chá preto, álcool; Refrigerantes derivados de cola aumenta produção ácida, provocam distensão abdominal e dispepsia. *A acidez desses alimentos, isoladamente, não causa úlcera!*; Frutas/sucos ácidos sucos de frutas não causam úlcera e nem interferem na sua cicatrização. Terapia Nutricional – GASTRITES/ÚLCERAS A síndrome de dumping é ocasionada pela passagem rápida do estômago para o intestino, de alimentos com grandesconcentrações de gordura e/ou açúcares, em pacientes submetidos a cirurgias gástricas, como a bariátrica e metabólica, como resultado da alteração anatômica do estômago; Ela ocorre após a ingestão de alimentos ricos em gordura (óleos vegetais e carnes gordurosas) ou em carboidratos simples (doces, leite condensado, mel, chocolates, geléias e refrigerantes), levando a sintomas, como: cefaléia, taquicardia, sudorese, náuseas, fraqueza e diarréia. Estes sinais podem ser precoces (de 30 a 60 minutos após a refeição) ou tardios (de 1 a 3 horas após a refeição). Síndrome de Dumping Síndrome de Dumping Intestino Delgado Intestino Grosso Disfunções - sinais Sintomas Intestinais Diarréia ConstipaçãoFlatulência Esteatorréia Constipação • Fezes endurecidas e esforço para defecar com movimentos intestinais não frequentes; • Retenção de material fecal no cólon; • Sensação de esvaziamento incompleto do reto após o ato de defecar. KRAUSE, 2018 Diarreia • Evacuação frequente de fezes líquidas, normalmente > 3x/dias • Geralmente excedendo 300mL • Acompanhada por perda excessiva de líquido e eletrólitos, especialmente sódio e potássio Mecanismos: • Trânsito intestinal excessivamente rápido; • Reduzida digestão enzimática do material alimentar; • Reduzida absorção de líquidos e nutrientes; • Secreção aumentada de líquidos pelo TGI ou perdas exsudativas; Causas: Doenças inflamatórias; Infecções por fungos, bactérias ou agentes virais; Medicamentos; Consumo excessivo de açúcares; Superfície absortiva de mucosa insuficiente ou lesada; Ressecção GI; Desnutrição (atrofia das vilosidades intestinais). Diarreia - Tipos EXSUDATIVAS estão sempre associadas a danos da mucosa, o que leva a um extravazamento de muco, líquido, sangue e proteínas plasmáticas, com um acúmulo líquido de água e eletrólitos no intestino. A liberação de prostaglandinas e citocinas pode estar envolvida. A diarreia associada à doença de Crohn, colite ulcerativa e enterite por radiação muitas vezes é exsudativa; OSMÓTICAS ocorrem quando solutos osmoticamente ativos estão presentes no trato intestinal e são pouco absorvidos. Exemplos incluem a diarreia que acompanha a síndrome de dumping ou a que se segue a ingestão de lactose no indivíduo com uma deficiência de lactase; SECRETÓRIAS são decorrentes da secreção intestinal ativa de eletrólitos e água pelo epitélio intestinal, em decorrência de exotoxinas bacterianas, vírus e aumento da secreção intestinal de hormônios. Ao contrário da diarreia osmótica, o jejum não alivia a diarreia secretora KRAUSE, 2018 Esteatorreia • Excesso de gordura nas fezes (94% a 98% da gordura ingerida é perdida) • Manifestação presente em todas as doenças que causam má-absorção; • Consequências: – Deficiência de AGE – Deficiências de vitaminas lipossolúveis – Deficiência de Ca, Zn e Mg Causas: • Insuficiência de lipase pancreática • Área funcional insuficiente pequena para absorção de lipídeos (síndrome do intestino curto, doença celíaca, doenças inflamatórias intestinais) • Secreção inadequada de bile após doenças hepáticas ou obstrução biliar • Má absorção de sais biliares resultante da síndrome de alça cega (ressecção ou inflamação envolvendo a porção distal do íleo, o local de reabsorção dos sais biliares) • Diminuição da re-esterificação de ácidos graxos, com diminuição da formação e transporte de quilomícrons. • Consequência de ressecções significantes do Intestino Delgado (ID) • Resulta em ressecções de 40 e 50% do intestino delgado (ID) • Ressecções somente do intestino grosso (IG), não produz SIC • Ressecção do IG associada com ressecção também de ID, resulta em: – Elevado risco de desidratação; – Distúrbios eletrolíticos; – Desnutrição; • Razões para ressecções do Intestino no adulto: – Doença de Crohn; – Enterocolite por radiação; – Infarto Mesentérico; – Doença Maligna; – Traumatismo; • Razões para ressecções do Intestino em crianças: – Anomalias congênitas do TGI; – Enterocolite necrotizante; Síndrome do Intestino Curto (SIC) Complicações: • Má-absorção de micro e macronutrientes • Desequilíbrio de líquidos e eletrólitos: – perda hidroeletrolítica por diarréia maciça ou na fase de pós-operatório imediato. • Redução do Peso corporal • Deficiência de Crescimento em crianças Síndrome do Intestino Curto (SIC) Síndrome do Intestino Curto (SIC) – TNE (indicação e objetivos) Síndrome do Intestino Curto (SIC) Doenças Inflamatórias Intestinal Doença Inflamatória Intestinal (DII) ✔ Mais incidentes em países com alto poder socioeconômico – Norte Europeu, EUA e Canadá. Houve crescimento em outras Regiões da Europa, Japão, América do Sul – Argentina, Chile, Uruguai, regiões Sul e Sudeste do Brasil; ✔ BRASIL: Distribuição uniforme em ambos os sexos, crescimento da DII – adolescentes adultos jovens, com pico de incidência entre 10 e 40 anos de idade. 2o pico de incidência é a partir de 60 anos – 15% da populaçào desta idade. ✔ Causas: Desconhecidas - Fatores genéticos (pre disposição ) e Exposição a fatores ambientais – dieta, hábito de fumar, aumento de higiene pessoal e consequentemente redução da exposição do sistema imune do intestino a micróbios durante a infância – resultam em resposta imune alterada - DII Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) Algumas características clínicas: intolerâncias alimentares, diarreia, febre, perda de peso, desnutrição (principalmente DC), deficiência de crescimento e manifestações extra intestinais (artrítica, dermatológica e hepática), risco de doença maligna aumentado em longos períodos de doença Doença Inflamatória Intestinal (DII) ✔ Aumento progressivo e significativo ✔ Retocolite ulcerativa (RCU) e doença de Crohn (DC) Retocolite Ulcerativa (RCU) X Doença de Crohn (DC) Compromete Int Grosso X TGI (da boca ao ânus) (a)Fatores Genéticos – DC: mutações no gene NOD2/ CARD 15 do cromossomo 16; presentes em 15 a 30% dos pacientes….. RCU: ALTERAÇÃO no cromossomo 12. (b)Fatores Luminais relacionados à microbiota intestinal e aos seus antígenos alimentares – Alterações na microbiota intestinal; (c)Fatores relacionados à barreira intestinal – imunidade inata e permeabilidade intestinal; (a)Fatores relacionados à imunorregulação, incluindo a imunidade adaptativa ou adquirida. Doença Inflamatória Intestinal (DII) ✔ Processo Inflamatório: ✔ Exacerbação da resposta humoral com maior produção de anticorpos ✔ Anormalidades funcionais nas células T da mucosa intestinal : - RCU: Células T tendem a ser hipo-reativas, - DC: Células T tendem a ser hiper-reativas TNF – fator de necrose Tumoral Interferon Linfocinas Substâncias secretadas por diversas células que ativam, modulam e inibem a resposta imune no intestino Doença Inflamatória Intestinal (DII) ✔ Medicamentos/Tratamento: Bloqueadores do processo inflamatório intestinal ✔ Importância das DII na gastroenterologia e na Saúde Pública , (em particular a DC e a RCU): - Por ser Doenças crônicas de ocorrência mundial, - Haver uma crescente incidência, - Ser necessária uma abordagem complexa, - Haver difuculdade de comprovação diagnóstica, - Inexistência de cura, - Resposta terapêutica ser imprevisível, tanto clínica, como cirúrgica. Quadro Clínico e Diagnóstico: DOR ABDOMINAL CÓLICAS EM HIPOGÁSTRIO ALIVIADAS PARCIALMENTE PELAS EVACUAÇÕES NÁUSEAS E VÔMITOS QUE REDUZEM OU PÁRAM APÓS ELIMINAÇÃO DE GASES E FEZES DOR DIFUSA DISTENSÃO ABDOMINAL DIARRÉIA CRÔNICA MAL ESTAR, ANOREXIA, EMAGRECIMENTO E FEBRE PODE OCORRER FÍSTULAS PODE OCORRER MANIFESTAÇÕES EXTRAINTESTINAIS: ARTRALGIA, ARTRITE DC: PROBLEMAS DE PELE, COLELITÍASE Quadro Clínico e Diagnóstico ✓ Diagnóstico : ✓DC: quadro clínico, exame laboratorial e na combinação de dados endoscópicos, histológicos e de imagem. ✓RCU: colonoscopia , evolução clínica , frequencia e intensidade do surto agudo. Objetivos do Tratamentodas DII: ✓Controlar os sintomas, induzindo a remissão da doenças; ✓Otimizar a qualidade de vida; ✓Minimizar a toxicidade dos medicamentos utilizados em curto e longo prazo; ✓Retardar e reduzir as recidivas da atividade da doenças; ✓Restaurar e manter o Estado Nutricional; ✓Promover o desaparecimento das lesões inflamatórias. Estado Nutricional e Atividade da Doença Poderá afetar a ingestão alimentar, deficiências nutricionais (ex. anemia), perda de peso, desnutrição. Desnutrição – pode chegra até 85% dos pacientes. Crianças – pode afetar o crescimento, atraso da puberdade. Má absorção devido às cirurgias , como também proliferação de bactérias. Anemia na Doença de Crohn – por deficiência de folato, ferro, Vitamina B12 Anemia na Retocolite Ulcerativa – causa primária a defic de ferro. Diarreia – distúrbio hidroeletrolítico – alterando o Zn (importante no sistema imunológico) PRINCIPAIS PROBLEMAS NUTRICIONAIS NAS DIIs Anemias relacionadas as perdas de sangue e baixa ingestão alimentar (DC – deficiências de Ferro, ácido fólico e B12); RCU – deficiência de Ferro; Estreitamento GI que levam a náuseas, crescimento bacteriano excessivo e diarreia; Inflamação e ressecções cirúrgicas resultando em diarreia e má absorção de sais biliares, macro e micronutrientes; Secreções GI aumentadas com inflamações e trânsito GI aumentado; Dor abdominal, anorexia, náusea, vômito, edema e diarreia; Aversões alimentares, ansiedade e medo de comer; INTERAÇÕES DROGAS-NUTRIENTES: •Corticóides: ↓ absorção de CÁLCIO e ↑ degradação proteica (proteólise muscular) •Sulfassalazina: : ↓ absorção de ÁCIDO FÓLICO e é irritante gástrico •Colestiramina (DIARRÉIA): retentor de sais biliares. : ↓ absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Favorecendo a perda de CÁLCIO, ZINCO e MAGNÉSIO. Restrições alimentares: autoimpostas ou iatrogênicas Falha de crescimento, perda de peso, deficiências de micronutrientes e desnutrição protéico-calórica. Desnutrição e DII FREQUENTE NA DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL E DECORRE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA INGESTÃO ORAL INADEQUADA REDUÇÃO DA ABSORÇÃO E DEFICIÊNCIA DE VITAMINAS E MINERAIS DESNUTRIÇÃO = COMPLICAÇÕES DO PÓS OPERATÓRIO E DE MORTALIDADE Necessidades Nutricionais CALORIAS: 25 a 35 kcal/Kg Peso Ideal/dia – Manutenção do peso ou ganho de peso, respectivamente. PROTEÍNAS: 1,2 a 1,5g de ptn/Kg Peso ideal/dia. Suplementação de multivitamínicos e minerais. B12 deve ser medida regularmente em pacientes com DC; Paciente em uso de corticosteróides devem receber 1500 a 2000mg de Ca elementar; Ressecções intestinais: Vitamina D deve ser medida e suplementada (25.000 a 50.000 U por semana), se abaixo do normal. Para melhorar o EN dos pacientes com DII, a NE ou NPT têm sido preconizada. Suplementação com nutrientes imunomoduladores Modulação da Inflamatória Integridade da Mucosa Intestinal Melhora do Estado Clínico e Estado Nutricional • Mistura adequada de lipídeos: AG com efeitos anti inflamatórios e imunomoduladores melhorando a permeabilidade intestinal – TCM, AG ricos em ômega 3 (óleo de peixe) , ácido oléico (azeite), ácido linoléico em proporções adequadas já que é um AG essencial. Prebióticos e Próbióticos AGCC – Ácidos graxos de cadeia curta (Acetato, Propionato, Butirato) são nutrientes imunomoduladores produzidos pela fermentação bacteriana de carboidratos (fibras solúveis). Principal combustível da célula epitelial colônica (colonócitos). Efeitos positivos : redução do pH colônico, favorece crescimento de bacterias não patogênicas, como Lactobacillus e Bifidobacterium, promovendo redução de bactérias patogênicas, estimula proteção da mucosa – mucina, aumento do fluxo vascular (defesa), aumento da absorção colônica de sódio e água. Probióticos e prebioticos produzem efeito positivo na imunidade intestinal na DII agindo principalmente como coadjuvantes na terapia de manutenção SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (SII) NO IDOSO Sindrome do Intestino Irritável (SII) no IDOSO Nutrição Clínica – 2ª EDIÇÃO ED.MANOLE É UMA SITUAÇÃO CLÍNICA CARACTERIZADA POR UM DISTÚRBIO DIGESTIVO FUNCIONAL EM QUE NÃO SE DEMONSTRAM MUDANÇAS ESTRUTURAUS NO TRATO GASTRO DIGESTÓRIO, BEM COMO ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS OU METABÓLICAS, QUE EXPLIQUEM AS MANIFESTAÇÕES E OS SINTOMAS DE DORES ABDOMINAIS, GASES, DISTENSÃO (EMPACHAMENTO), FLATULÊNCIA, ERUCTAÇÃO, CONSTIPAÇÃO E/OU DIARREIA. ORIGEM: MULTIFATORIAL, INFLUENCIADA POR ASPECTOS COMPORTAMENTAIS. DOENÇA QUE INTERFERE DE FORMA SIGNIFICATIVA NA QUALIDADE DE VIDA. SINTOMAS RELACIONADOS À SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (SSI) Nutrição Clínica – 2ª EDIÇÃO ED.MANOLE SINTOMAS SII Dor aliviada pela evacuação (alívio) Mudanças na consistência das fezes Mudanças no ritmo da evacuação: maior que 3x/d (diarreia). Menor que 3x/semana (constipação) REFORÇO DIAGNÓSTICO Urgência evacuatória, sensação de evacuação incompleta Muco nas fezes, distensão abdominal/empachamento Gases/flatulência Eructações Dor ou desconforto de localização difusa ou localizada TRATAMENTO O TRATAMENTO DEVERÁ SER INDIVIDUALIZADO E DISCUTIDO COM O PACIENTE ANTES DE SER IMPLEMENTADO, O QUE FACILITARÁ A DESÃO TERAPÊUTICA, POIS DEVERÁ SER DE USO CONTÍNUO E POR TEMPO INDETERMINADO. A TERAPIA NUTRICIONAL É CONSIDERADA PRIMORDIAL PARA A PREVENÇÃO E REVERSÃO DOS SINTOMAS GASTRINTESTINAIS. Respeitar a tolerância individual relatada, respeitando as alterações do ritmo intestinal Alimentos suspeitos e não toleráveis deverão ser suspensos e reintroduzidos gradativamente para avaliar a tolerância e/ou quantidade tolerada TERAPIA NUTRICIONAL NA SII FODMAP – Fermentable, Oligosacchrides (monossacarídeos) and Polyols (polióis) ATUALMENTE A DIETA UTILIZADA É A FODMAP. O termo FODMAP é uma sigla vinda da língua inglesa e que se refere a monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polióis fermentáveis. Estas substâncias são carboidratos de cadeia curta que não são absorvidos no intestino delgado. Ao chegarem no cólon, os FODMAP são fermentados por bactérias intestinais, causando acúmulo de gás e de líquido. Os sintomas gerados por este acúmulo incluem dor, distensão abdominal e diarréia, que formam gases pela ação de bactérias intestinais e que podem causar desconfortos abdominais: dores, distensão, diarreia e constipação RELAÇÃO DOS ALIMENTOS ASSOCIADOS A LISTA Fodmap Alimentos com características fermentescíveis Crucíferas, leguminosas e trigo Oligossacarídeos Galacto-oligoissacarídeos (GOS) Fruto-oligossacarídeos (FOS) Dissacarídeos Lactose, Sacarose Monossacarídeos Frutose Polióis Manitol, xilitol, sorbitol, maltitol Fonte: fodmap.com GLUTEN e SII Tipo de Proteína encontrada em alguns cereais – trigo, centeio e cevada. Pode não ser bem tolerado. Intolerância não celíaca ao glúten e se manifesta como SII. Os alimentos com gluten podem ser evitados, restritos e/ou substituídos. Alimentos, como o trigo, não são bem tolerados devido a presença de frutanos (Shepherd e Gibson, 2006). ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS na SII • Investigar e determinar qtds individuais toleráveis. • Intolerâncias constatadas durante a realização da anamnese alimentar. • Diário Alimentar. • Deve excluir da dieta os alimentos suspeitos por 4 a 6 semanas e observar/anotar os sintomas para qdo for introduzir gradativamente, conseguir identificar aqueles que trazem maior incômodo. • Deve-se reintroduzir um alimento a cada 4 dias com um intervalo de 2 semanas Orientação Nutricional na SII – lembrar ..... • Variedade de alimentos – compor uma dieta equilibrada • Hábitos alimentares, culturais, socioeconômicas • Estado nutricional • Pirâmide Alimentar DIVERTICULOSE A diverticulose se caracteriza por bolsas (diverticulos) no cólon, os quais se formam quando a mucosa e a submucosa herniam atraves de areas enfraquecidas no musculo. A prevalência de diverticuloseem indivíduos é difícil de determinar, pois na maioria dos casos não apresentasintomas; Esta condição se torna mais comum no a medida que a pessoa envelhece, especialmente a partir dos 50 anos; A diverticulite é uma complicação da diverticulose que indica inflamação do diverticulo; A causa da diverticulose ainda não foi claramente elucidada. Estudos epidemiologicos tem implicado dietas podres em fibras no desenvolvimento da doença. (krause 2018). Em um estudo (Peery et al. 2012), mostrou que uma dieta rica em fibras e evacuações mais frequentes pode estar ligada ao aumento no surgimento de divertículos; Outros estudos tem focalizado no papel do neutrotransmissor serotonina em causar diminuição do relaxamento e aumento de espasmos da musculatura do colon. (Krause 2018). DIVERTICULOSE DIETOTERAPIA – KRAUSE 2018: Durante o episodio agudo ou sangramento intestinal a ingestão oral é reduzida até que os sintomas diminuam. Casos graves é necessario repouso intestinal utilizando assim a via parenteral (nutrição parenteral); Com o retorno davia oral e em casos moderados ou leves deve-se iniciar com uma dieta pobre em fibras 10 a 15g/dia, evoluindo gradativamente para uma dieta rica em fibras. Uma dieta rica em fibras combinada a uma hidratação adequada promove fezes pastosas e volumosas que são eliminadas mais rapidamentes e precisam de menos esforço na defecação; As ingestões recomendadas de fibras, preferivelmente de alimentos, são de 25g/dia para mulheres e 38g/dia para homens; O papel da microbiota bacteriana alterada na inflamação diverticular sugere que combinar terapia com probióticos e outras terapias pode dar certo no tratamento desse transtorno.
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