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K LS FU N D A M EN TO S D E Q U ÍM IC A O RG Â N IC A Fundamentos de química orgânica Elisangela Orlandi de Sousa Gonçalves Roberta Lopes Drekener Fundamentos de química orgânica Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Gonçalves, Elisangela Orlandi de Sousa ISBN 978-85-8482-862-3 1. Química orgânica. I. Drekener, Roberta Lopes. II. Título. CDD 547 de Sousa Gonçalves, Roberta Lopes Drekener. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 208 p. G635f Fundamentos de química orgânica / Elisangela Orlandi © 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Alberto S. Santana Ana Lucia Jankovic Barduchi Camila Cardoso Rotella Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Emanuel Santana Grasiele Aparecida Lourenço Lidiane Cristina Vivaldini Olo Paulo Heraldo Costa do Valle Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro Revisão Técnica Éder Cícero Adão Simêncio Rosimeire Coura Barcelos Thiago Eliel Mendonça da Silva Editorial Adilson Braga Fontes André Augusto de Andrade Ramos Cristiane Lisandra Danna Diogo Ribeiro Garcia Emanuel Santana Erick Silva Griep Lidiane Cristina Vivaldini Olo 2017 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Propriedades dos compostos orgânicos Seção 1.1 - Introdução à química orgânica Seção 1.2 - Alcanos e substituintes alquila Seção 1.3 - Nomenclatura e propriedades dos compostos orgânicos 5 7 24 39 Sumário Unidade 2 | Conformação dos alcanos e cicloalcanos Seção 2.1 - Análise conformacional dos alcanos Seção 2.2 - Tensão dos cicloalcanos Seção 2.3 - Conformação dos cicloalcanos 57 59 73 87 Unidade 3 | Isomeria geométrica e óptica Seção 3.1 - Isomeria cis-trans e isomeria E/Z Seção 3.2 - Identificação de carbonos assimétricos e centros quirais Seção 3.3 - Isomeria óptica 101 103 119 137 Unidade 4 | Estereoquímica Seção 4.1 - Estereoisômeros: projeções e nomenclaturas Seção 4.2 - Enantiômeros e diastereoisômeros Seção 4.3 - Quiralidade em ambientes biológicos 153 155 171 185 Unidade 1 Propriedades dos compostos orgânicos Iniciando nossos estudos sobre Fundamentos de Química Orgânica, vamos compreender o conteúdo desta unidade de ensino relacionando os compostos orgânicos com o nosso cotidiano. Mas o que são e onde encontrá-los? Por que são essenciais para a nossa sobrevivência? Quais são os produtos que utilizamos e que são de extremamente importantes para nós? As respostas para essas e muitas outras perguntas estão relacionadas ao ramo da química que estuda os compostos do elemento carbono. A partir desses questionamentos, temos como competência conhecer e compreender a nomenclatura, as propriedades, estruturas e isomerias dos compostos orgânicos, apresentando, para esta unidade de ensino, os seguintes objetivos de aprendizagem: (1) conhecer as propriedades físicas e químicas dos átomos de carbono; (2) saber a importância dos compostos orgânicos; (3) estudar a teoria estrutural dos compostos orgânicos; (4) classificar os compostos orgânicos; (5) aprender as fórmulas químicas; (6) desenhar as fórmulas estruturais; (7) conhecer os processos de obtenção; (8) nomear os compostos orgânicos conforme a quantidade de carbono presente na molécula, formatos, quantidade de ligações entre os carbonos e suas principais funções. Vivemos uma época em que o petróleo é considerado uma substância essencial à nossa sociedade, pois além de ser responsável por aproximadamente um terço da energia utilizada no Brasil, é através dele que obtemos os mais diversos produtos indispensáveis para a nossa Convite ao estudo Propriedades dos compostos orgânicos U1 6 sobrevivência. Você já imaginou como seria a nossa vida sem o petróleo? Já se perguntou como ele é formado? O que acontece após ser retirado do subsolo? Quais produtos são originados a partir do petróleo? Você já fez uma relação entre seu laptop e o petróleo? Nesta unidade, o assunto petróleo é utilizado como uma iniciativa de aprendizagem e iniciaremos o nosso estudo pensando que tipo de composição química tem o petróleo para que seja utilizado de forma intensiva e em grandes quantidades como matéria-prima para produzir inúmeros produtos consumidos em todo o mundo. Portanto, desejamos a você bons estudos e que, ao término desta unidade, você seja incentivado a reconhecer os produtos originados do petróleo e a sua importância para a sociedade moderna. Propriedades dos compostos orgânicos U1 7 Seção 1.1 Introdução à química orgânica O petróleo é uma fonte de energia e uma das matérias-primas mais consumidas no mundo. Você já deve ter ouvido falar que o petróleo é formado pela decomposição muito lenta de restos de seres animais e vegetais. E, portanto, pode-se dizer que o petróleo é uma mistura bem complexa de hidrocarbonetos, ou seja, substâncias formadas principalmente por átomos de carbono e hidrogênio e que possuem diferentes aplicações. Em nossa sociedade não utilizamos o petróleo em sua forma bruta, sendo necessário que essa mistura de característica oleosa, coloração escura e inflamável passe por um processo de transformação denominado refino, com o objetivo de ser separada em compostos bem mais simples que podem ser utilizados para inúmeras finalidades. (Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>. Acesso em: 13 jul. 2016). Diálogo aberto Figura 1.1 | Processo de separação do petróleo através de uma coluna de destilação fracionada Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Refinaria#/media/File:Crude_Oil_Distillation-es.svg>. Acesso em: 10 jul. 2016. Petróleo bruto Fornalha Resíduo sólido: parafinas, ceras, asfalto, piche Óleo lubrificante Diesel Óleo Querosene Gasolina Gás 20°C 400 oC 370 oC 300 oC 200 oC 150 oC 20 oC Propriedades dos compostos orgânicos U1 8 A Química Orgânica é o coração da existência da vida na Terra. De fato, a todo instante ocorrem reações químicas entre os compostos de carbono, juntamente com o oxigênio que respiramos, que fornecem a energia necessária para vivermos. Além disso, o nosso dia a dia está repleto de compostos orgânicos. Tudo que o que você vê ao seu redor está relacionado à química orgânica, como a maioria dos medicamentos, equipamentos e materiais que estão dentro de nossa casa, combustíveis que movem os automóveis, as roupas que vestimos, entre outros. Não pode faltar Reflita Como o petróleo é a fonte de energia e uma das matérias-primas mais consumidas no mundo, é necessário, primeiramente, que essa mistura bem complexa de hidrocarbonetos passe por um processo de transformação, denominado refino, com a finalidade de separar seus componentes em misturas bem mais simples, com menor diversidade de elementos, para obtermos um melhor aproveitamento dos produtos. O principal método de separação dos componentes do petróleo é a destilação fracionada. Você sabe quais são as frações básicas do petróleo obtidas nesse processo de separação e como podemos classificá-las? Por que a quantidade de carbono presente nas moléculas interfere na finalidade dessas frações do petróleo? Iniciaremos o conteúdo desta disciplina com alguns conceitos importantes da química orgânica, identificando as substâncias como ácidos ou bases e como as ligações covalentes são formadas. Você também terá a iniciativade classificar esses compostos orgânicos de acordo com a quantidade de carbono nas moléculas, formatos, quantidade de ligações entre os carbonos, radicais ligantes e suas principais funções. Bons estudos! Os seres humanos têm utilizado os compostos orgânicos e suas reações por milhares de anos. Sua primeira experiência proposital com uma reação orgânica data provavelmente da descoberta do fogo. Os antigos egípcios usavam os compostos orgânicos (índigo e alizarina) para tingir tecidos. O famoso ‘púrpuro real’ usado pelos fenícios também era uma substância orgânica, obtida através de moluscos. A fermentação das uvas para produzir álcool etílico e as qualidades ácidas do ‘vinho azedo’, ambas descritas na Bíblia, já eram provavelmente conhecidas anteriormente. (SOLOMONS 2001) Propriedades dos compostos orgânicos U1 9 Os compostos orgânicos são formados a partir da extração de produtos naturais, essencialmente de materiais fósseis, e são compostos principalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. No início, os químicos identificavam compostos orgânicos com funções diferentes, porém apresentavam a mesma fórmula molecular. Diante desse problema, entre 1858 e 1861, August Kekulé, Archibald Scott Couper e Alexander M. Butlerov implantaram a Teoria Estrutural, que considera dois critérios básicos fundamentais da Química Orgânica: a) Ligação covalente: tipo de ligação química em que os átomos compartilham um ou mais pares de elétrons, formando ligações fixas, dando origem às moléculas. O carbono tem a tendência de sempre formar quatro ligações covalentes, ou seja, é tetravalente. Já o hidrogênio é monovalente, forma apenas uma ligação covalente; enquanto o oxigênio é bivalente, forma duas ligações covalentes. b) Um átomo de carbono pode compartilhar seus elétrons com outros átomos de carbono. As ligações entre os átomos de carbono podem ser ligações simples, ligações duplas e ligações triplas (McMURRY, 2011). Essas moléculas podem ser representadas pela fórmula eletrônica de Lewis, composta pelos elétrons ao redor dos átomos; fórmula estrutural, composta por traços entre os átomos da molécula, em que cada traço representa o compartilhamento de elétrons; fórmula condensada, que apresenta todas as informações contidas na fórmula estrutural, porém as ligações entre os átomos não são representadas pelos traços; e/ou fórmula molecular, que informa a quantidade de cada átomo presente na molécula. Na Figura 1.2, podemos ver exemplos de fórmula eletrônica de Lewis, fórmula estrutural, fórmula condensada e fórmula molecular do etano. Figura 1.2 | Exemplo de fórmula eletrônica de Lewis, fórmula estrutural, fórmula condensada e fórmula molecular H H H H C H H C H H H H C H H C CH CH3 3 C H2 6 Fórmula eletrônica de Lewis Fórmula estrutural Fórmula condensada Fórmula molecular Fonte: elaborada pelo autor. O átomo de carbono tem a tendência de compartilhar elétrons com vários tipos de outros átomos por ser tetravalente, formar ligações simples, duplas e triplas e por não apresentar característica eletropositiva nem eletronegativa. Propriedades dos compostos orgânicos U1 10 Consequentemente, o carbono permite ligações com átomos eletropositivos, como o hidrogênio, e eletronegativos, como o oxigênio. O conceito de Brönsted-Lowry propõe descrever a tendência de certa espécie química que se comporta como um ácido quando doa um próton (H +), e como uma base quando recebe um próton. As substâncias que apresentam esse duplo comportamento são conhecidas como anfipróticas. A água é um exemplo de uma substância anfiprótica, ou seja, pode agir tanto como ácido quanto como base, dependendo da circunstância. Por exemplo, na reação com HCl , a água é uma base que recebe um próton (H +) para gerar o íon 3H O. Porém, na reação com o íon amida 2NH − , a água é um ácido que doa um próton para formar amônia, 3NH , e um íon hidróxido, OH −conforme Equações 1.1 e 1.2: − −+ − → − +OH H C COOH H C COO H O3 3 2 (base) (ácido) H O NH OH NH2 3 4+ → + − + ácido) (base) O cientista americano Gilbert N. Lewis complementou o conceito para ácidos e bases. Ele definiu o ácido de Lewis como toda espécie química, íon ou molécula que recebe um de par de elétrons de uma base ainda não compartilhada, formando assim uma ligação covalente. E a Base de Lewis é toda espécie química, íon ou molécula que doa um par de elétrons. Para determinamos o caráter ácido dos compostos orgânicos é fundamental conhecermos o radical ligado ao carbono, pois dependendo do tipo de radical, há um deslocamento de pares de elétrons que podem ser atraídos ou repelidos. Existem dois tipos de radicais, os eletroatraentes, que produzem um efeito indutivo negativo (I-), e os eletrorepelentes, que produzem efeito indutivo positivo (I+) (SOLOMONS, 2001). Exemplos de radicais eletroatraentes: halogênios,−OH , −C H 6 5 , − =CH CH2, −NO2 , −SO H3 , −COOH ,−NH2 . Exemplos de radicais eletrorepelentes: radicais alquilas, R C3 −, R HC2 −, RH C2 −, H C3 −, H , onde R são radicais saturados. (1.1) (1.2) Propriedades dos compostos orgânicos U1 11 Pesquise mais A carga formal é definida como a carga de um determinado átomo dentro de uma molécula. As estruturas de Lewis apresentam geralmente átomos com cargas positivas e negativas. Para saber mais sobre a teoria de Lewis e a carga formal, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=i6l5arePt18>. Acesso em: 13 jul. 2016. Como comentado anteriormente, os átomos de carbono têm a tendência de compartilhar elétrons e realizar ligações covalentes formando uma variedade enorme de compostos orgânicos, que podem ser de diferentes tamanhos, formatos e funções. Para entendermos como as moléculas dos compostos orgânicos se comportam, é necessário aprendermos alguns critérios estabelecidos para classificar o átomo de carbono e a cadeia carbônica conforme a posição do átomo de carbono, estrutura, disposição dos átomos e quanto à quantidade de ligações entre os átomos de carbono. Primeiramente, vamos classificar o átomo de carbono conforme sua posição em relação a outro átomo de carbono. 1. O carbono primário é o átomo de carbono que apresenta apenas uma ligação covalente a um outro átomo de carbono na cadeia carbônica. 2. O carbono secundário é o átomo de carbono que apresenta ligações covalentes a dois outros átomos de carbono na cadeia carbônica. 3. O carbono terciário é o átomo de carbono que apresenta ligações covalentes a três outros átomos de carbono na cadeia carbônica. 4. O carbono quaternário é o átomo de carbono que apresenta ligações covalentes a quatro outros átomos de carbono na cadeia carbônica. Figura 1.3 | Exemplo da classificação do carbono conforme sua posição na cadeia carbônica Fonte: elaborada pelo autor. H C CC 1 2 C 3 C 4 5 6 3 3H C 3H 7C 3H 8C 3H H H H Carbono primário: 1, 2, 6, 7, 8 Carbono secundário: 3 Carbono terciário: 4 Carbono quaternário: 2 Propriedades dos compostos orgânicos U1 12 Em uma cadeia carbônica, o átomo de carbono pode ser classificado conforme: 1. Fechamento da cadeia carbônica a) Cadeia carbônica aberta, acíclica ou alifática – os átomos de carbono não formam um círculo ou anel e a cadeia carbônica apresenta, no mínimo, duas extremidades. b) Cadeia carbônica fechada ou cíclica – os átomos de carbono formam um círculo ou anel. Figura 1.4 | Exemplo de compostos orgânicos de cadeia carbônica aberta e cadeia carbônica fechada Figura 1.5 | Exemplo de compostos orgânicos de cadeia carbônica normal e cadeia carbônica ramificada H C CC C C3 3H C 3H H HH H H C C C C H H H H H H HH Aberta, acíclica ou alifática Fechada ou cíclica C C C C H H H H HH HH HH C C C CH H H HH HH H C 3H C 3H Cadeia carbônica normal Cadeia carbônica ramificada Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. 2. Disposição do átomo de carbono a) Cadeia carbônica normal: apresenta fórmula estrutural apenas com a presença de carbonos primáriose secundários. b) Cadeia carbônica ramificada: apresenta fórmula estrutural com a presença de, pelo menos, um carbono terciário ou quaternário. 3. Quantidade de ligações entre os átomos de carbono a) Cadeia carbônica saturada: possui apenas uma ligação entre os átomos de carbono. Propriedades dos compostos orgânicos U1 13 b) Cadeia carbônica insaturada: possui pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre os átomos de carbono. Figura 1.6 | Exemplo de compostos orgânicos de cadeia carbônica saturada e cadeia carbônica insaturada C C C C H H H H HH HH HH C C C CH H H H H H Cadeia carbônica saturada Cadeia carbônica insaturada Fonte: elaborada pelo autor. Figura 1.7 | Exemplo de compostos orgânicos de cadeia carbônica homogênea e cadeia carbônica heterogênea C C O C CH H H H H H H H C C H O CH H H H H H Cadeia carbônica homogênea Cadeia carbônica heterogênea Fonte: elaborada pelo autor. 4. Natureza dos átomos de carbono a) Cadeia carbônica homogênea: possui apenas átomos de carbono ao longo da cadeia carbônica. b) Cadeia carbônica heterogênea: possui um átomo de outro elemento entre os átomos de carbonos. Propriedades dos compostos orgânicos U1 14 Para compreendermos melhor como os átomos se combinam para formar as moléculas, é necessário conhecermos o processo de formação de orbitais eletrônicos híbridos dos átomos. No caso dos átomos de carbono existe a possibilidade de serem formadas quatro ligações covalentes com até quatro átomos diferentes, possibilitando a formação de inúmeros compostos orgânicos. A esse fenômeno dá-se o nome de hibridação do carbono, que é a mistura do orbital s e p por meio da transferência de um elétron do subnível s para um subnível p, dando origem a orbitais híbridos sp3, sp2e sp. 1. Hibridação sp3: é a mistura de um orbital s com três orbitais p, formando quatro novos orbitais “híbridos” denominados sp3. A geometria dos quatro orbitais sp3 é tetraédrica e os quatro orbitais híbridos sp3 formarão quatro ligações do tipo sigma. Conforme a Figura 1.8, a ligação C C− tem comprimento de 1,54 Å (angström), a ligação entre C H− tem comprimento de aproximadamente 1,10 Å e os ângulos de ligação no etano são próximos do valor do tetraédrico de 109,5°. Exemplificando Fonte: elaborada pelo autor. Cadeias carbônicas Abertas, acíclicas ou alifáticas Fechadas ou ciclicas Mistas Quanto à disposição dos átomos normal/ramificada Quanto à disposição dos átomos normal/ramificada Quanto aos tipos de ligações saturada/insaturada Quanto à natureza dos átomos homegênea/heterogênea Quanto aos tipos de ligações saturada/insaturada Quanto à natureza dos átomos homogênea/heterogênea Propriedades dos compostos orgânicos U1 15 Figura 1.8 | Estrutura do metano e do etano Figura 1.9 | Estrutura do eteno Fonte: <https://gl.wikipedia.org/wiki/Alcano#/media/File:Representaciones_del_metano.JPG>, <https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/An%C3%A1lise_estrutural_do_etano.png> e <https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/3/3c/Ethane-A-3D-balls.png>. Acesso em: 19 ago. 2016. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/Ethylene-CRC-MW-dimensions-2D.png> e <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Ethylene-CRC-MW-3D-balls.png>. Acesso em: 19 ago. 2016. H 1.09A H H H 109.5o 1.09A H H H H H H 109.6o 1.54 A 1.10 A 2. Hibridação sp2: é a mistura de um orbital s com dois orbitais p, formando três novos orbitais “híbridos” denominados sp2 . A geometria dos três orbitais sp2 é planar triangular e os três orbitais híbridos sp2 formarão, entre os átomos de carbono, uma ligação sigma do tipo sp2 - sp2 e outra do tipo � (pi). A Figura 1.9 apresenta a molécula do eteno e possui ligação C C= de comprimento de 133,9 pm, ligação entre com comprimento aproximadamente de 108,7 pm. O ângulo de ligação apresenta 121,3°. 3. Hibridação sp: é a mistura de um orbital s com um orbital p, formando dois novos orbitais “híbridos” denominados sp. A geometria dos dois orbitais sp é plana linear e o carbono, ao realizar a hibridização sp, terá duas ligações duplas ou uma simples com uma tripla. No caso da ligação tripla, teremos uma ligação C = C sigma e duas ligações � (pi). A Figura 1.10 apresenta a molécula do etino e possui ligação de comprimento de 120,3 pm, ligação entre C − H com comprimento de aproximadamente 106 pm. O ângulo de ligação apresenta 180°. H H HH C C 121.3o 133.9pm 108.7pm Propriedades dos compostos orgânicos U1 16 Figura 1.10 | Estrutura do etino Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Acetylene-CRC-IR-dimen- sions-2D.png> e <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Acetylene- -CRC-IR-3D-balls.png>. Acesso em: 19 ago. 2016. H HC C 120.3pm 106.0pm Assimile Hibridação Átomos ligados ao carbono Geometria Estrutura sp 2 Linear CC sp2 3 Planar Triangular C sp3 4 Tetraédrica C Exemplificando A borracha natural é um polímero formado por sucessivas adições de isopreno, conforme Figura 1.11. Figura 1.11 | Estrutura química do isopreno Fonte: elaborada pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. C C 1 C H H HH H 2 5 C 3 C 4 3H Classificação do carbono: a) Carbono primário: 1, 5, 4. Propriedades dos compostos orgânicos U1 17 Figura 1.12 | Estrutura química de um composto orgânico Fonte: elaborada pelo autor. b) Carbono secundário: 3. c) Carbono terciário: 2. d) Carbono quaternário: ------ Sua cadeia carbônica é classificada como: cadeia aberta. a) Quanto à disposição dos átomos: normal. b) Quanto aos tipos de ligações: insaturada. c) Quanto à natureza dos átomos: homogênea. Hibridação do carbono: a) Hibridação sp: ------ b) Hibridação sp2: 1, 2, 3, 4. Hibridação sp3: 5. Faça você mesmo Agora faça você mesmo. Observe o composto orgânico representado na Figura 1.12 e faça a sua classificação: a) Quanto à classificação do carbono. b) Quanto à classificação da cadeia carbônica. c) Quanto à hibridação do carbono. C C H C C 3H C 3H C 3H C 3H C3H Propriedades dos compostos orgânicos U1 18 Gás Gasolina Querosene Óleo diesel Óleo lubrificante Resíduo sólido Vocabulário Composto orgânico: substância que apresenta o carbono e o hidrogênio em sua estrutura e que pode apresentar também oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo, boro, halogênios e outros. Hibridação: processo em que os orbitais eletrônicos híbridos são formados Sem medo de errar Agora, vamos dar início ao nosso processo de refino do petróleo. Considere que você foi contratado para trabalhar em uma refinaria de petróleo: quais são as frações básicas do petróleo obtidas no processo de refino? Nesta seção aprendemos que para o petróleo ser utilizado como matéria-prima na produção de vários produtos é necessário que ele passe por um processo de refino, o que possibilita que essas frações bem mais simples do petróleo sejam classificadas em grupos e destinadas corretamente a suas diversas finalidades. A Figura 1.13 apresenta as frações básicas do petróleo. Figura 1.13 | Frações básicas do petróleo Fonte: elaborada pelo autor. Agora, vamos conhecer e classificar as principais utilizações das frações do petróleo. Gás: utilizado em combustível e matéria-prima para a síntese de compostos orgânicos e a fabricação de plásticos. Exemplo: gás metano. Propriedades dos compostos orgânicos U1 19 Fórmula Classificação da cadeia carbônica Hibridação do carbono C H H HH Aberta: saturada sp3 Fórmula Classificação do carbono Classificação da cadeia carbônica Hibridação do carbono H C CC 1 2 C 3 C 4 5 6 3 3H C 3H 7C 3H 8C 3H H H H Primário: 1, 5, 6, 7, 8 Secundário: 3 Terciário: 4 Quaternário: 2 Aberta: ramificada, saturada e homogênea sp 3 Fórmula Classificação do carbono Classificação da cadeia carbônica Hibridação do carbono H C3 HC 2 HC 2 HC 2 HC 2 HC 2 HC 2 HC 2 HC 3 HC 2 Primários: carbonos das extremidades Secundários: carbonos centrais Aberta:normal, saturada e homogênea sp 3 Gasolina: utilizada como combustível de motores de explosão. Exemplo: hidrocarboneto que compõe a gasolina iso-octano. Querosene: utilizado em iluminação, solventes, combustíveis domésticos e combustível para aviões. Óleo diesel: utilizado em combustíveis de ônibus e caminhões. Óleo lubrificante: utilizado em lubrificantes de máquinas e motores. Exemplo: n-dodecano, hidrocarboneto que faz parte do querosene e óleo diesel; normalmente são líquidos. Resíduo sólido: dividido em parafina, asfalto e piche. Parafina: utilizada em velas, cosméticos, alimentos, impermeabilização e revestimentos de papéis. Asfalto: utilizado em pavimentação de ruas e calçadas, vedação de encanamentos e paredes, entre outras. Piche: revestimento de fornos e refratários, entre outros. Exemplo: ciclopentano, hidrocarboneto que faz parte da parafina. Propriedades dos compostos orgânicos U1 20 Fórmula Classificação do carbono Classificação da cadeia carbônica Hibridação do carbono 2 H2 H 2 H C2 H C C HC 2 C Carbonos secundários Fechada: normal, saturada e homogênea sp 3 Identificar e classificar os compostos orgânicos é a primeira etapa para a realização de um processo de transformação. Atenção Avançando na prática Classificação dos combustíveis Descrição da situação-problema Experimente praticar o que você aprendeu transferindo seus conhecimentos para diferenciar fontes de energia renováveis, como o álcool combustível e o bio- diesel, de combustíveis fósseis como a gasolina. O álcool combustível é produzido por meio do processo de fermentação, principalmente da cana-de-açúcar. Já o biodiesel é produzido pela transesterificação do óleo vegetal com o álcool etílico. E a gasolina é um alcano de cadeia carbônica longa, derivada do petróleo. Imagine agora que você trabalha no laboratório de controle de qualidade de uma empresa regulamentadora de normas e padrões de identidade e qualidade dos combustíveis. Por esse motivo, você deve identificar e classificar os combustíveis de acordo com a estrutura das moléculas, quantidade de carbono nas moléculas, formatos, quantidade de ligações entre os átomos de carbono, radicais ligantes e suas principais funções. Resolução da situação-problema Comparando as fórmulas estruturais do álcool combustível, do biodiesel e da gasolina, percebemos que elas apresentam algumas semelhanças. Porém, conhecendo os conceitos fundamentais de química orgânica apresentados nesta seção, você será capaz de identificar e classificar as estruturas moleculares do álcool combustível, do biodiesel e da gasolina quanto à posição dos carbonos, cadeia carbônica e hibridação. Propriedades dos compostos orgânicos U1 21 Faça valer a pena 1. O ácido adípico é um composto orgânico cristalino, branco e sem odor muito utilizado pela a indústria química como matéria-prima na produção de sal de náilon, aditivos de papel e em usos finais como solventes, lubrificantes e eletrônicos. O ácido adípico também é usado como acidulante na indústria de alimentos. 2. Os flavorizantes são substâncias naturais ou sintéticas que dão sabor e aroma característicos quando adicionadas a alimentos, bebidas ou medicamentos. Os flavorizantes artificiais são obtidos a partir da síntese do ácido carboxílico e um álcool. O composto orgânico a seguir representa a fórmula estrutural do flavorizante de morango. (Disponível em: <https:// pt.wikipedia.org/wiki/Flavorizante>. Acesso em: 19 ago. 2016). C C C C C OO OH OH H C H HH HH HH Fonte: elaborado pelo autor. Analisando a fórmula estrutural do ácido adípico, é correto afirmar sobre a cadeia carbônica: I. A cadeia carbônica é normal e saturada. II. A cadeia carbônica é homogênea e cíclica. III. A cadeia carbônica é insaturada e heterogênea. A cadeia carbônica é ramificada e acíclica. a) A afirmativa I está correta. b) A afirmativa II está correta. c) A afirmativa III está correta. d) As afirmativas I e II estão corretas. e) As afirmativas I e IV estão corretas. Propriedades dos compostos orgânicos U1 22 O O CH C3 HC HC2 HC 3 HC 3 Conforme a fórmula estrutural do flavorizante, pode-se afirmar: I. A cadeia carbônica é homogênea e ramificada. II. A cadeia carbônica é alifática e saturada. III. A cadeia carbônica apresenta apenas carbonos primários e secundários. IV. A cadeia carbônica apresenta pelo menos um carbono terciário. Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: elaborada pelo autor. a) As afirmativas I e II estão corretas. b) As afirmativas I e III estão corretas. c) As afirmativas II e III estão corretas. d) As afirmativas II e IV estão corretas. e) As afirmativas I, II e III estão corretas. 3. A anfetamina é uma substância química estimulante da atividade do sistema nervoso central, que provoca o aumento das capacidades físicas e psíquicas. É conhecida por “rebite” e/ou “bola”, e a pessoa sob sua ação tem insônia, perde o apetite e sente-se cheia de energia. O uso contínuo de anfetaminas pode levar à degeneração de algumas células do cérebro. Por esse motivo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu, em 2011, a sua importação, fabricação e comercialização. HN 2 HC 3 Propriedades dos compostos orgânicos U1 23 Observando a estrutura química da anfetamina, o número de átomos de carbono secundário é: a) 5. b) 6. c) 7. d) 8. e) 9. Propriedades dos compostos orgânicos U1 24 Seção 1.2 Alcanos e substituintes alquila Na seção anterior, aprendemos a classificar e identificar as cadeias carbônicas e suas moléculas de acordo com a posição do átomo de carbono, estrutura, disposição dos átomos, quantidade de ligações entre os átomos de carbono e suas principais funções. O estudo da teoria estrutural do átomo de carbono e suas ligações ajuda a compreender os compostos orgânicos, com o objetivo de adequá-los para as suas diversas aplicações e possibilitando atender às necessidades do ser humano e da vida moderna. Para dar continuidade ao nosso estudo, vamos entender agora o que caracteriza a classe dos alcanos, bem como suas propriedades físicas, para, posteriormente, classificá-las conforme a estrutura desses compostos e a quantidade de carbonos presentes na molécula. Por último, aprenderemos a nomeá-los. Nesse contexto, voltaremos a analisar o processo de refino do petróleo. Após passar pelo processo de refino, no qual ocorre a separação do petróleo em frações, acontece a conversão, ou seja, a alteração da estrutura da cadeia carbônica ou da função química para a produção de derivados. Os alcanos são os hidrocarbonetos mais comuns presentes no petróleo e quando são convertidos produzem, por exemplo, frações de gasolina, assim como outros produtos que posteriormente podem ser utilizados para diversas finalidades. Mas você sabia que a quantidade de carbonos presentes nos alcanos interfere na característica do composto e na finalidade das suas aplicações industriais? Portanto, classificar os alcanos é muito importante. Como você fará essa classificação? Como é dada a nomenclatura desses alcanos? E por que os alcanos não são muito reativos e, por isso, possuem a propriedade de sofrer combustão? A partir de agora você verá que as propriedades físicas e químicas dos alcanos caracterizam o petróleo como principal fonte de energia. Entenderá também por que utilizamos o termo parafínico para os alcanos. Vamos classificá-los em cadeia carbônica, normal ou ramificada e aprender a nomeá-los corretamente conforme as principais recomendações da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). Diálogo aberto Propriedades dos compostos orgânicos U1 25 Ao longo de vários anos de experiência, os químicos apren- deram que os compostos orgânicos podem ser classificados em famílias de acordo com suas características estrutu- rais, e que os compostos de uma mesma família apresen- tam frequentemente comportamento químico semelhante. (McMURRY, 2011, p. 68) Bons estudos e vamos começar! Não podefaltar Os alcanos, ou hidrocarbonetos saturados, pertencem a uma classe de compostos orgânicos formados unicamente por átomos de carbono e hidrogênio e possuem apenas uma ligação simples entre os átomos de carbono, ou seja, cada átomo de carbono é ligado a outros quatro átomos de carbono ou hidrogênio. Portanto, para que a cadeia carbônica de um alcano seja formada, é necessária a utilização de apenas duas das suas quatro valências, restando duas valências para se ligarem a átomos de hidrogênio. Reflita Os alcanos também são chamados de parafinas, uma palavra derivada do latim que significa pouca afinidade por outros reagentes. Esse termo caracteriza o comportamento dos alcanos, pois estes apresentam pouca afinidade química por outras substâncias. No entanto, a maioria dos alcanos reage com o oxigênio do ar, sob condições apropriadas, numa reação de combustão para produzir energia (McMURRY, 2011). Todos os alcanos são apolares e, por esse motivo, são imiscíveis com solventes polares, como a água, álcoois, soluções diluídas de ácidos, soluções diluídas de bases e ácido sulfúrico concentrado. Essa característica apolar dos alcanos é responsável pela sua aplicação como removedor de óleos e gorduras, por exemplo. Conforme a Figura 1.14, os alcanos apresentam geometria tetraédrica, o que caracteriza hibridação sp3. Propriedades dos compostos orgânicos U1 26 Figura 1.14 | Estrutura geométrica do alcano Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e9/Representaciones_del_metano.JPG>. Acesso em: 9 ago. 2016. O encadeamento de carbonos favorece a formação de alcanos com vários tipos de estruturas. Quando os átomos de carbono são unidos um ao outro para formar a estrutura dos alcanos, ocorre uma disposição espacial para cada átomo de carbono e hidrogênio na estrutura. À medida que há o aumento do número de átomos de carbono, a massa molar aumenta e, consequentemente, há o aumento de sua massa específica e das temperaturas de fusão e ebulição. Porém, para alcanos com a mesma quantidade de carbono e massa molar, mas com arranjos estruturais diferentes, a cadeia carbônica que apresentar maior número de ramificações terá uma maior massa específica e menor temperatura de fusão e ebulição (McMURRY, 2011). Os alcanos apresentam densidade menor do que a da água e sua solubilidade diminui com o aumento de sua massa molar. Quanto ao estado físico, os alcanos que apresentam de 1 a 4 carbonos em sua estrutura molecular são gases, de 5 a 16 carbonos são líquidos, e com mais de 17 carbonos são sólidos, nas condições normais de pressão e temperatura. Quanto à sua estrutura, os alcanos que se encontram ligados em linha são denominados alcanos de cadeia linear ou alcanos normais. Já os alcanos que formam ramificações são chamados de alcanos de cadeia ramificada. Os alcanos que formam um círculo são chamados de cicloalcanos. Para os alcanos de cadeia aberta, o número de átomos de hidrogênio é o dobro do número de átomos de carbono, mais dois hidrogênios que são adicionados nos extremos da cadeia carbônica. Consequentemente, a fórmula molecular de um alcano de cadeia aberta é dada por C Hn n2 2+ . Para alcanos de cadeias fechadas, ou cicloalcanos, o número de átomos de hidrogênio é o dobro do número de átomos de carbono e apresenta fórmula molecular C Hn n2 . A Figura 1.15 apresenta a classificação dos alcanos. H 1.09A H H H 109.5o 1.09A Propriedades dos compostos orgânicos U1 27 Pesquise mais A União Internacional de Química Pura e Aplicada (em inglês: International Union of Pure and Applied Chemistry – IUPAC) é uma organização internacional dedicada ao avanço da química. E devido ao crescimento de compostos orgânicos, houve necessidade de um método sistemático para nomeá-los (McMURRY, 2011). Para saber mais sobre as normas de nomenclatura dos compostos orgânicos, visite o site: <http://www.sbq.org.br/noticia/iupac-2017>. Acesso em: 1 set. 2016. Figura 1.15 | Estrutura geométrica do alcano ALCANOS Abertas, acíclicas ou alifáticas Fechadas ou cíclicas Cadeia linear Cadeia ramificada Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Hexane-3D-balls-B.png>, <https://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/2%2C3-Dimethylbutane-3D-balls.png> e <https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/c/c6/Cyclohexane-chair-3D-balls.png>. Acesso em: 9 ago. 2016. O alcano mais simples é o metano e apresenta apenas um átomo de carbono em sua estrutura molecular. Da mesma forma, o etano apresenta apenas uma combinação de dois carbonos e seis hidrogênios, e o propano, uma combinação de três carbonos e oito hidrogênios. Porém, se quatro carbonos ou mais forem combinados, mais de uma estrutura poderá ser formada. O sistema formal de nomenclatura adotado atualmente é o proposto pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e tem como princípio fundamental que cada composto orgânico tenha um único nome, sem que ocorra ambiguidade (SOLOMONS, 2001). Vamos iniciar o estudo sobre nomenclatura apresentando uma introdução de algumas recomendações e aplicações. O nome de um composto é formado por um prefixo, que indica o número de átomos de carbono pertencentes à cadeia principal; um número localizador, que indica onde está o grupo funcional primário; um afixo (intermediário), que indica o tipo de ligação entre os átomos de carbono; e um sufixo, que indica o grupo funcional do composto orgânico Propriedades dos compostos orgânicos U1 28 (SOLOMONS, 2001). O Quadro 1.1 apresenta exemplos de prefixos, afixos e sufixos recomendados para nomear os hidrocarbonetos. NOMENCLATURA Prefixo 1C = met 6C = hex 11C = undec 2C = et 7C = hept 12C = dodec 3C = prop 8C = oct 13C = tridec 4C = but 9C = non 15C = pentadec 5C = pent 10C = dec 20C = eicos Afixo Todas simples = an Duas duplas = dien Uma tripla = in Uma dupla = en Três dupla = trien Duas triplas = diin Sufixo Hidrocarboneto = o Ácido Carboxílico = oico Éter = Éter ___ílico Aldeído = al Cetona = ona Amina = amina Álcool = ol Éster = oato Amida = amida Quadro 1.1 | Recomendações de nomenclatura para hidrocarbonetos Fonte: elaborado pelo autor. A nomenclatura dos alcanos lineares está diretamente relacionada à quantidade de átomos de carbonos presentes na cadeia carbônica principal. Vamos tomar como exemplo o alcano de nome propano. Este nome é composto pelo prefixo “prop”, que indica o número de átomos de carbono pertencentes à cadeia principal; pelo afixo “an”, que indica o tipo de ligação entre os átomos de carbono, que no caso são todas simples; e pelo sufixo “o”, que indica o grupo funcional do composto orgânico, conforme Quadro 1.2. Assimile Quadro 1.2 | Alcanos – cadeias lineares Nome Número átomos de carbono Fórmula condensada Metano 1 CH4 Etano 2 CH CH3 3 Propano 3 CH CH CH 3 2 3 Butano 4 CH CH CH CH 3 2 2 3 Pentano 5 CH CH CH CH CH 3 2 2 2 3 Hexano 6 CH CH CH CH CH CH 3 2 2 2 2 3 Propriedades dos compostos orgânicos U1 29 Heptano 7 CH CH CH CH CH CH CH 3 2 2 2 2 2 3 Octano 8 CH CH CH CH CH CH CH CH 3 2 2 2 2 2 2 3 Nonano 9 CH CH CH CH CH CH CH CH CH 3 2 2 2 2 2 2 2 3 Decano 10 CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH 3 2 2 2 2 2 2 2 2 3 Fonte: elaborado pelo autor. Quando é retirado um átomo de hidrogênio de um alcano linear, este apresentará uma valência livre e a estrutura parcial resultante é denominada de grupo alquil(a). Este grupo faz parte de compostos maiores e apresenta nomenclatura diferenciada, pois substitui-se a terminação ano do alcano de origem por il ou ila. Por exemplo, a remoção de um átomo de hidrogênio do metano CH4 resultará em um grupo metila, −CH3. A partir de então, é possível combinar um grupo alquil(a) com qualquer cadeia carbônica, gerando milhares de compostos (McMURRY, 2011). O Quadro 1.3 apresenta alguns exemplos de grupos alquila de cadeia linear. Quadro 1.4 | Alguns grupos alquila de cadeia linear Alcano Nome Grupo alquila Nome CH4 Metano −CH3 Metil(a) CH CH3 3 Etano −CH CH2 3 Etil(a)CH CH CH 3 2 3 Propano −CH CH CH 2 2 3 Propil(a) CH CH CH CH 3 2 2 3 Butano −CH CH CH CH 2 2 2 3 Butil(a) Fonte: elaborado pelo autor.. Para grupos alquilas que apresentam três ou mais átomos de carbono, outras combinações são possíveis e, portanto, recebem um prefixo em sua nomenclatura. Os prefixos mais utilizados são sec, iso e tert. Os nomes isopropila, isobutila, sec- butila e terc-butila são frequentemente utilizados e estão representados no Quadro 1.4. Propriedades dos compostos orgânicos U1 30 Quadro 1.3 | Alguns grupos alquila de cadeia linear Fonte: elaborado pelo autor. Alcano Nome Grupo Alquila Nome CH CH CH 3 2 3 Propano HC 3H C 3HC Metil(a) CH CH CH CH 3 2 2 3 Butano HC 3H C 3HCHC 2 Etil(a) C 3H C 3H C 3HHC Isobutano HHC 3H C 3H C 2C Propil(a) CC 3H C 3H C 3H Terc-Butila Os compostos butano e o isobutano apresentam a mesma fórmula molecular (C H 4 10 ), porém seus átomos estão ligados em posições diferentes. A este fenômeno, dá-se o nome de isômeros constitucionais; apresentam propriedades físicas diferentes, como pontos de fusão e ebulição, densidades, índice de refração, entre outros. Os alcanos ramificados são compostos que apresentam cadeias carbônicas menores ligadas a uma cadeia carbônica maior, portanto, apresentam no mínimo um carbono terciário ou quaternário em sua estrutura. Não existem ramificações em carbonos secundários e primários. A nomenclatura deve seguir algumas regras: 1. Identificar sempre a cadeia carbônica principal, ou seja, a cadeia linear que contém o maior número de carbonos possível, e dar o nome ao hidrocarboneto linear. 2. Identificar os grupos alquilas que estão ligados à cadeia carbônica principal. 3. Enumerar os carbonos da cadeia principal, esta numeração deve ser iniciada pela extremidade em que os grupos alquilas fiquem com a menor numeração possível. 4. Citar os grupos diferentes, quando existirem, em ordem alfabética; e quando houver grupos repetidos, usar o prefixo multiplicador correspondente, como di, tri, tetra. Depois de observadas essas regras, o nome do alcano ramificado apresentar- se-á da seguinte forma: primeiramente, o nome dos grupos alquila precedido do número do átomo de carbono ao qual está ligado, separados sempre pelo hífen; após, o nome do alcano principal, conforme exemplo apresentado no Quadro 1.5. Propriedades dos compostos orgânicos U1 31 Exemplificando Exemplificando Quadro 1.5 | Exemplo de nomenclatura de alcanos ramificados Quadro 1.6 | Exemplo de nomenclatura dos haloalcanos Estrutura química C 3H C 3HC3H HC 2 C 3H HC HC Nome 2,3 – dimetilpentano Estrutura química C3H C 3H C 3H C 3H HC 2 HC C C 3H HC 2 Nome 3,3,4 – trimetilhexano Estrutura química C3H HC 2 HC 2 rB Nome brometo de propila ou 1-bromopropano Estrutura química C3H HC HC HC 2 HC 3 HC 3 IC Nome 2-Cloro-3-metilpentano Os haloalcanos, também conhecidos como haletos de alquila, são alcanos que possuem substituintes halógenos em sua estrutura. Quando a cadeia carbônica principal apresentar halógenos ou algum grupo alquila, numere a cadeia a partir do substituinte mais próximo, independentemente de ser um halógeno ou grupo alquila, porém o alógeno deve ser escrito primeiro que o grupo alquila. O Quadro 1.6 apresenta exemplos de nomenclatura dos haloalcanos. Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: elaborado pelo autor. Propriedades dos compostos orgânicos U1 32 Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: elaborado pelo autor. A nomenclatura dos cicloalcanos é dada pelo prefixo ciclo ligado ao nome dos alcanos que possuem o mesmo número de átomos de carbono. Quando o cicloalcano apresentar halógenos ou algum grupo alquila, o nome será dado pelo alquilcicloalcano e halocicloalcano. Não será necessário atribuir sua posição se o cicloalcano apresentar apenas um substituinte, porém, quando dois substituintes estiverem presentes, numeraremos o anel começando pelo substituinte, primeiro em ordem alfabética, e o número na direção que dá ao substituinte seguinte que apresentar o menor número possível. O Quadro 1.7 apresenta exemplos de nomenclatura dos cicloalcanos. Exemplificando Quadro 1.7 | Exemplo de nomenclatura dos cicloalcanos Estrutura química H C2 HC 2 HC 2 Nome Ciclopropano Estrutura química HC 2 HC 3 HC 3 IC Nome 4-Cloro-2-etil-1-metilcicloexano Faça você mesmo Agora faça você mesmo. Observe o alcano ramificado a seguir e escreva seu nome, conforme normas da IUPAC. C3H HC HC HC HC 3 HC 3 HC 3 HC 3 C3H H C2 HCC HC 3 HC 2 HC 2 HC 2 HC 2 HC 3 HC 3 Propriedades dos compostos orgânicos U1 33 C H MgBr H O C H Mg OH Brn n n n2 1 2 2 2+ ++ → + ( ) (1.4) Os alcanos são obtidos principalmente da destilação do petróleo, pois o petróleo já os contém em grande quantidade e variedade. Podem ser obtidos nos estados sólido, líquido ou gasoso. O gás que existe nos poços de petróleo contém alcanos de pequena cadeia (metano, etano, propano, butano, isobutano). Os maiores empregos dos alcanos líquidos são como gasolina, querosene, óleo diesel e como matéria-prima nas indústrias química e petroquímica para obtenção de vários produtos. A obtenção de alcanos por hidrogenação de hidrocarbonetos insaturados ocorre quando se mistura um solvente orgânico na presença de catalisadores metálicos e podem ser realizadas sob pressão atmosférica normal e à temperatura ambiente. A seguir, a Equação 1.3 apresenta a reação: C H H C Hn n catalisador Pt Pd Ni n n2 2 2 2+ → +, , (1.3) Outra forma de obtenção do alcano é por meio da reação de reagentes de Grignard com a água com bastante agitação. Os reagentes de Grignard são compostos organometálicos formados de haleto de alquila ou arila com o metal magnésio. A reação é fortemente exotérmica. Forma-se um haleto básico e o alcano, conforme Equação 1.4: Vocabulário Alcanos: são hidrocarbonetos alifáticos saturados. Alquila: radical orgânico monovalente de fórmula geral C Hn n2 1+( ) −, formado pela remoção de um átomo de hidrogênio de um hidrocarboneto saturado. Cicloalcanos: são hidrocarbonetos cíclicos saturados. Haloalcanos: grupo de compostos que pertence aos derivados dos halogenados. Sem medo de errar Após o processo de refino, que ocorre por meio da destilação fracionada, surgem os primeiros derivados do petróleo. Em seguida, essas frações do petróleo passam por outro processo, o de conversão, realizado a altas temperaturas e Propriedades dos compostos orgânicos U1 34 na presença de catalisadores, com a finalidade de alterar a estrutura da cadeia carbônica ou da função química, ou seja, consiste na quebra de cadeias longas em cadeias menores. Pense que você precisa identificar os alcanos que passaram pelo processo de conversão e nomeá-los corretamente, conforme a IUPAC. O que acontece nesse processo de conversão? Como você poderá classificá-los e destiná-los corretamente a suas diferentes aplicações? Nesta seção aprendemos que o grupo dos alcanos engloba diversas aplicações dependendo da quantidade de carbono na cadeia carbônica e suas estruturas. Os alcanos são utilizados principalmente como combustíveis, por possuírem a propriedade de sofrer combustão, e como solventes ou matérias-primas para a produção de diversos compostos. Número de átomos de carbono na molécula Estado físico Uso dos alcanos C C 1 4 − Gasoso Gás natural e GLP. C C 5 16 − Líquido Gasolina, diesel, querosene, óleo combustível e óleo lubrificante. C mais 17 − Sólido Cera parafina, velas e giz de cera, asfalto. Quadro 1.8 | Aplicação dos alcanos Fonte: McMurry (2011). O metano é um gás incolor, inodoro, pouco solúvel na água e apresenta um alto teor inflamável quando é adicionado ao ar sob condições apropriadas. É o hidrocarboneto mais abundante na atmosfera, pois é produzido a partir de processos biológicos, como a decomposição do lixo orgânico e a digestão de animais herbívoros, e por meio dos processos de extração e distribuição de gás natural e carvão e queima de combustíveisfósseis. O metano e o etano são os principais componentes do gás natural e abastecem residências, indústrias e veículos. Os outros alcanos gasosos, como propano e butano, podem ser liquefeitos a pressões moderadas e formarem o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), muito utilizado em botijões para uso doméstico. A Figura 1.16 apresenta as estruturas químicas do (a) metano, (b) etano, (c) propano e (d) butano. Propriedades dos compostos orgânicos U1 35 Figura 1.16 | Fórmula estrutural do (a) metano, (b) etano, (c) propano e (d) butano Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/19/Metano-3D.png>, <https://upload.wikimedia. org/wikipedia/commons/6/6f/Ethane-3D-balls.png>, <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e4/ Propane-3D-balls-B.png>, e <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/it/a/af/Butano_modello.png>. Acesso em: 9 ago. 2016. Alcanos que possuem quantidade igual ou superior a 12 carbonos, denominados gasóleo, são submetidos ao craqueamento catalítico favorecendo a quebra das cadeias carbônicas, formando-se alcanos menores e ramificados. Do pentano até o octano, os alcanos são líquidos altamente inflamáveis e extremamente tóxicos, podendo causar graves efeitos para a saúde. O hexano é um componente comum da gasolina e é utilizado como solvente em laboratórios e indústrias. O heptano e o octano também são componentes presentes na gasolina, porém alcanos de cadeia normal não são favoráveis para a composição de uma boa gasolina. A melhor gasolina é aquela que apresenta alcanos ramificados, como o 2,2,4-trimetilpentano, conhecido como isoctano, pois favorece melhor o desempenho dos motores dos carros. A Figura 1.17 apresenta as estruturas químicas do (a) hexano e (b) isoctano. a b c d Figura 1.17 | Fórmula estrutural do (a) hexano e do (b) isoctano Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Hexane-3D-balls-B.png> e <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Isooctane-3D-balls.png>. Acesso em: 9 ago. 2016. ba Alcanos que apresentam de 9 a 16 carbonos na cadeia carbônica são líquidos com uma viscosidade maior se comparados com os outros alcanos líquidos, portanto não são adequados para fazer parte da composição da gasolina. Normalmente são compostos do diesel e querosene. O hexadecano é um composto muito encontrado no diesel. Já alcanos que apresentam de 13 a 16 carbonos são componentes do óleo combustível e de óleos lubrificantes. Os alcanos sólidos são utilizados como cera parafina na produção de velas. Propriedades dos compostos orgânicos U1 36 Figura 1.19 | Fórmula estrutural do (a) etanol, (b) biocombustível e (c) isoctano Figura 1.18 | Fórmula estrutural do (a) undecano e do (b) eicosano Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ethanol-alternative-3D-balls.png>, <https://pt.wikipedia.org/ wiki/Biodiesel#/media/File:Methyl_Linoleate.png> e <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Isooctane-3D-balls. png>. Acesso em: 9 ago. 2016. Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nonane-3D-balls-B.png> e <https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Undecane-3D-balls.png>. Acesso em: 9 ago. 2016. Avançando na prática Propriedades físicas para o controle de qualidade dos combustíveis Descrição da situação-problema Ainda considerando que você trabalha no laboratório de controle de qualidade de combustíveis, faça uma comparação da estrutura química do álcool combustível e do biodiesel em relação à gasolina que é composta por alcanos ramificados. Relacione o número de átomos de carbono do etanol, biodiesel e gasolina ramificada com a massa molar, massa específica, temperaturas de fusão e ebulição, solubilidade e densidade. Faça também uma relação dos tipos de motores de carros para os quais eles apresentam um bom desempenho, indicando suas propriedades físicas, vantagens e desvantagens. Resolução da situação-problema As estruturas químicas que devem ser analisadas pelo controle de qualidade para que o álcool combustível (etanol), o biodiesel e a gasolina (isoctano) sejam aprovados para a venda estão apresentadas na Figura 1.19: a b c a b Os alcanos com cadeias carbônicas que apresentam em torno de 35 átomos de carbono são compostos do betume, utilizado na produção de asfalto. A Figura 1.18 apresenta (a) undecano e (b) eicosano. Propriedades dos compostos orgânicos U1 37 Álcool combustível (etanol): apresenta cadeia carbônica alifática, normal, homogênea, e possui 2 átomos de carbono na cadeia carbônica. Apresenta massa molar 46 g/mol, temperatura de fusão de - 114,3 °C, temperatura de ebulição de 78,4 °C, densidade de 0,789 g/cm3, menor do que da água, e solubilidade em água. Biodiesel: apresenta cadeia carbônica alifática, normal e heterogênea, e possui 18 átomos de carbono na cadeia carbônica. Apresenta massa molar de 280 g/mol, temperatura de fusão de - 5 °C, temperatura de ebulição de 230 °C, densidade aproximadamente de 0,88 g/cm3 e é imiscível com a água. Gasolina (isoctano): apresenta cadeia carbônica alifática, ramificada e homogênea, e possui 5 átomos de carbono na cadeia carbônica principal e 3 átomos de carbonos nas ramificações. Apresenta massa molar de 114 g/mol, temperatura de fusão de - 107,4 °C, temperatura de ebulição de 99,3 °C, densidade aproximadamente de 0,688 g/cm3 e é imiscível com a água. Faça valer a pena 1. Cloreto de etila é uma substância que já foi muito utilizada como anestésico, mas, devido ao seu alto índice de toxicidade, atualmente sua utilização é autorizada apenas pelas indústrias químicas, como solvente, e na produção de tetraetilchumbo, um aditivo da gasolina. Pode-se dizer que cloreto de etila é um haleto de alquila. Indique a alternativa que representa a fórmula molecular correta: a) C H 2 6 . b) ClC H 2 4 . c) CClH3. d) C H Cl 2 6 . e) C H Cl 2 5 . 2. O dodecano, composto presente na composição química do querosene, é um hidrocarboneto líquido, incolor e estável em condições normais de uso. Em contato com a pele, é uma substância irritante e pode provocar a redução de consciência quando inalada em altas concentrações. Em relação à cadeia carbônica do composto dodecano, é correto afirmar que: a) Apresenta cadeia carbônica normal, ramificada e insaturada. b) Apresenta cadeia carbônica normal, ramificada e saturada. Propriedades dos compostos orgânicos U1 38 3. Os alcanos são hidrocarbonetos saturados, pois apresentam apenas átomos de carbono e hidrogênio e possuem somente ligações simples, portanto apresentam o número máximo de átomos de hidrogênio por átomos de carbono em sua estrutura. Um determinado alcano pode ser desenhado arbitrariamente de várias formas. Observando a estrutura química da figura a seguir, o nome dado pela IUPAC para alcano é: C3H CH C H C H HC 3 HC 3 HC 3 2 C H2 C H2 Fonte: elaborado pelo autor. a) 2,5-Dimetileptano. b) 5-Etil-2-metilexano. c) 2-Metil-5etilexano. d) Nonano. e) 2,5-Dimetilnonano. c) Apresenta fórmula molecular C H 12 26 . d) Apresenta fórmula molecular C H 12 24 . e) Apresenta fórmula molecular C H O 12 24 . Propriedades dos compostos orgânicos U1 39 Seção 1.3 Nomenclatura e propriedades dos compostos orgânicos Agora que você já aprendeu a classificar as cadeias carbônicas e sobre as propriedades e nomenclatura da classe dos alcanos, vamos conhecer e nomear os heterocompostos presentes nos compostos orgânicos. Vale lembrar que as cadeias carbônicas podem ser classificadas de acordo com a natureza dos átomos em homogêneas e heterogêneas, e que nesse contexto é importante saber que as cadeias carbônicas apresentam funções orgânicas diferentes. Como vamos identificar e nomear os heterocompostos presentes nos compostos orgânicos? Primeiramente, teremos que reconhecer um átomo ou um grupo de átomos específicos, que denominamos de grupos funcionais, e, em seguida, classificá-lo e nomeá-lo. Teremos as seguintes classificações: compostos insaturados, compostos oxigenados, nitrogenados e sulfurados. Dentro dos compostos oxigenados, temos uma divisãode funções que são caracterizadas conforme a ligação e a posição do átomo de oxigênio na molécula. O mesmo acontece com os compostos nitrogenados e sulfurados; já os compostos halogenados são formados a partir da substituição de átomos de hidrogênio por igual número de átomos de halogênio, como flúor, cloro, bromo e iodo na molécula. Vamos voltar para o refino do petróleo. Depois de passar pelo processo de refino, no qual ocorre a separação do petróleo em frações, e após converter a estrutura da cadeia carbônica ou da função química dessas frações para a produção de derivados, vamos passar pela fase de acabamento, que envolve a etapa de remoção ou modificação dos contaminantes. Mas você sabe quais são esses contaminantes? Como podemos identificá-los? O que caracteriza esses contaminantes? Você já imaginou que os heterocompostos presentes nas estruturas das moléculas podem alterar e interferir na finalidade das aplicações das frações do petróleo? A partir de agora vamos classificar os heterocompostos presentes no petróleo Diálogo aberto Propriedades dos compostos orgânicos U1 40 Com a finalidade de compreendermos melhor as propriedades físicas e químicas dos compostos orgânicos, estes são separados em grupos conforme suas funções orgânicas, que são caracterizadas por um átomo ou por um grupo de átomos. As moléculas orgânicas que pertencem a um mesmo grupo funcional apresentam propriedades semelhantes entre si, enquanto as moléculas que não pertencem ao mesmo grupo apresentam propriedades diferentes. Porém, vale lembrar sempre que não existem duas substâncias iguais e por isso, quando os compostos orgânicos são organizados em grupos, há sempre algumas propriedades distintivas e exceções às regras (McMURRY, 2011). Nos hidrocarbonetos saturados, cada átomo de carbono é ligado a outros quatro átomos de carbono ou hidrogênio, estabelecendo ligações covalentes simples. Existe, porém, outra classe de hidrocarbonetos em que há pelo menos uma ligação dupla, C C= , ou tripla, C C≡ , entre os átomos de carbono, denominados hidrocarbonetos insaturados. Designa-se alceno a cadeia carbônica que apresenta pelo menos uma ligação dupla entre os átomos de carbono, e, portanto, possui menos hidrogênio que um alcano com um mesmo número de carbonos. Um alceno de cadeia aberta apresenta fórmula molecular C Hn n2 . Em geral, cada anel ou ligação dupla em uma molécula corresponde a uma perda de dois hidrogênios a partir da fórmula de um alcano C Hn n2 2+ . Conhecendo essa relação, é possível calcular o número de anéis e/ou ligações múltiplas presentes na molécula. Os compostos com duas ligações triplas são denominados dienos e com três ligações triplas, trienos. Um alcino é um hidrocarboneto que apresenta uma ligação tripla entre os átomos de carbono. Esse composto apresenta fórmula molecular C Hn n2 2− . Os compostos com mais de uma ligação tripla são denominados diinos, triinos, e assim por diante. E os compostos com mais de oito ligações triplas são denominados poliinos e possuem hibridação sp. Os compostos que contêm ligações duplas e triplas são denominados eninos. A Figura 1.20 apresenta uma molécula de um alceno e de um alcino (SOLOMONS, 2001). Não pode faltar e nomear esses compostos orgânicos, levando em consideração suas estruturas e composição química. Ao final seremos capazes de nomear compostos oxigenados, nitrogenados e halogenados e analisar melhor a importância dos derivados do petróleo nos produtos básicos do nosso dia a dia. Propriedades dos compostos orgânicos U1 41 Assimile Figura 1.21 | Exemplo de nomenclatura de um alceno Figura 1.20 | Alceno e alcino C C CH H H H C C HH H H Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ethene-2D-flat.png> e <https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Propyne-2D-flat.png>. Acesso em: 18 ago. 2016. Fonte: elaborado pelo autor. Quanto à nomenclatura, alceno e alcino são nomeados conforme as regras similares dos alcanos, utilizando-se o sufixo -eno e –ino no lugar de –ano para identificar a dupla e a tripla ligação, respectivamente. Regras para a nomenclatura: • Primeira etapa: nomear o hidrocarboneto principal. Identificar sempre a cadeia linear que contém o maior número de carbonos possível e que contenha a ligação dupla, nomear utilizando o sufixo –eno. • Segunda etapa: numerar os átomos de carbono. Iniciar a contagem pela extremidade mais próxima da ligação dupla ou tripla. Caso a insaturação esteja distante das extremidades, iniciar pela extremidade que possui a ramificação mais próxima. • Terceira etapa: escrever o nome completo. Indicar a posição da insaturação e, imediatamente após, colocar o sufixo –eno ou –ino, conforme IUPAC. HH C3 H C3 C 2 HC 2 HC 2C HC 2 Primeira etapa: nomeado como um penteno. Segunda etapa: ligação dupla no 1° carbono e um grupo alquila no 2° carbono. Terceira etapa: nome: 2-Etilpent-1-eno. Propriedades dos compostos orgânicos U1 42 Compostos orgânicos oxigenados Os compostos orgânicos oxigenados são substâncias que possuem em sua fórmula química átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. O oxigênio forma duas ligações covalentes e pode ou não estar presente na cadeia carbônica principal. Os grupos funcionais oxigenados são: 1. Álcool Álcoois são compostos que apresentam o grupamento funcional hidroxila −OH ligado a um átomo de carbono saturado de um radical orgânico. Fórmula geral: R OH− , onde R é um radical orgânico cuja estrutura é formada por átomos de carbono e hidrogênio. A nomenclatura oficial é dada enunciando-se o prefixo indicativo do número de átomos de carbono seguido da terminação OL. A nomenclatura usual, ou seja, não oficial, é muito utilizada em álcoois de estrutura mais simples, e usa-se a palavra álcool, seguida do nome do radical orgânico, como metil, etil e assim por diante, ligado à hidroxila, acrescido da terminação ICO. O Quadro 1.9 apresenta exemplos de nomenclatura IUPAC e usual. Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual H C3 HC 2 HO I Etanol Álcool etílico H C3 HC 2 HC 2 HO I Propanol Álcool propílico Quadro 1.9 | Exemplo de nomenclatura função álcool Fonte: elaborado pelo autor. Os álcoois podem ser classificados quanto ao tipo de carbono em que se localiza a hidroxila –OH e conforme a quantidade de grupos –OH presentes na cadeia carbônica: Propriedades dos compostos orgânicos U1 43 Exemplificando Quadro 1.10 | Classificação dos álcoois Localização da hidroxila –OH Estrutura Quantidade de hidroxila –OH Estrutura Álcool primário: H C3 HC 2 HO I Etanol Monoálcool ou Monol: H C3 HC 2 HO I Etanol Álcool secundário: H C3 HC 2 HC 3 HC HO I Butan-2-ol Diálcool, ou Glicol: H C2 HC 2 HO I HO I Etan-1,2-diol Álcool terciário: H C3 C HC 3 HC 3 HO I Propano Triálcool ou Triol: H C2 HC 2HC HO I HO I HO I Propan-1,2,3-triol Fonte: elaborado pelo autor. 2. Fenol O fenol é identificado por um grupo hidroxila –OH ligado diretamente ao átomo de carbono que pertence a um anel aromático. Fórmula geral: Ar OH− , onde Ar é um anel aromático. A nomenclatura oficial dos fenóis apresenta o prefixo hidróxi seguido do nome do hidrocarboneto correspondente, conforme Quadro 1.7. Quando ocorrem ramificações, é necessário iniciar a numeração sempre pela hidroxila e indicar suas posições para obter os menores números possíveis. Quadro 1.11 | Exemplo nomenclatura função fenol Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual HO I Hidroxibenzeno Fenol HO I 1-hidroxinaftaleno 1-naftol Propriedades dos compostos orgânicos U1 44 Quadro 1.12 | Exemplo nomenclatura função aldeído Fonte: elaborado pelo autor. HO I HO I 1,4-di-hidroxibenzeno Hidroquinona 3. Aldeído Aldeídos são compostos orgânicos que recebem o nome de grupo formila ou aldoxila e apresentam o grupo funcional H C O− = na extremidade da cadeia carbônica ligada a um radical alifático ou aromático. A nomenclatura oficial é dada enunciando o prefixo indicativo do número de átomos de carbonoseguido da terminação AL. Sua terminação será, mais especificamente, ANAL se a cadeia carbônica for saturada e ENAL se for insaturada com dupla ligação, por exemplo. Os três aldeídos mais simples apresentam nomes usuais formados pelos prefixos: form, acet, propion, seguidos da palavra aldeído, por exemplo: formaldeído, acetaldeído e propionaldeído. Para os que apresentam insaturação ou ramificações seguem as regras de nomenclatura vistas anteriormente. Como o grupo funcional se encontra sempre na extremidade, esse carbono será identificado como o número 1, portanto não é necessário indicá-lo, conforme apresentado no Quadro 1.12. Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual H H O C Metanal Formaldeído H O HC3 C Etanal Acetaldeído HH OO HC 2C CHC 2 HC 2 Pentanodial Glutardialdeído Fonte: elaborado pelo autor. Propriedades dos compostos orgânicos U1 45 4. Cetona Cetonas são compostos orgânicos que recebem o nome de grupo carbonila e são representados pelo grupamento: − = −C O( ) . Esse átomo de carbono necessariamente tem que ser secundário e para que essa condição se verifique a cadeia carbônica deverá ter, no mínimo, três átomos de carbono. Enuncia-se o prefixo indicativo do número de átomos de carbono seguido da terminação ONA. O grupo funcional =O deve ser identificado através da numeração. Na nomenclatura usual é dado o nome dos radicais ligados à carbonila e acrescenta-se a palavra cetona, conforme o Quadro 1.13. Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual O CH C3 H3C Propanona Dimetilcetona O CH C3 H2C H2C H3C 2-metilpentanona Metilpropilcetona Quadro 1.13 | Exemplo nomenclatura função cetona Fonte: elaborado pelo autor. 5. Ácido carboxílico Ácidos carboxílicos são todos os compostos orgânicos denominados carboxila e cuja fórmula estrutural aparece o grupamento: C O OH( )= . Oficialmente, o nome é dado mencionando-se a palavra ÁCIDO, seguida do vocábulo formado pelo prefixo designativo ao número de átomos de carbono, mais o sufixo OICO. Segue exemplos de nomenclatura no Quadro 1.14. Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual O O CH C3 H Ácido etanoico Ácido acético O O CH C3 H2C H Ácido propanoico Ácido propiônico Quadro 1.14 | Exemplo de nomenclatura ácido carboxílico Propriedades dos compostos orgânicos U1 46 Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual O O C H3C H C3 Etanoato de metila Acetado de metila O O CH2C H2C H3C H C3 Propanoato de etila Propionato de etila Quadro 1.15 | Exemplo nomenclatura função éster Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: elaborado pelo autor. 6. Éster Ésteres são compostos orgânicos resultantes da reação de um ácido com um álcool e são representados pelo grupamento: RC O O R 1 2 ( )= − . O nome oficial do éster é composto de três vocábulos, a saber: Nome de R com terminação ATO de acordo com o número de átomos de carbono que o compõe + preposição DE + nome do radical R1 de acordo com o número de átomos de carbono que o compõe, conforme exemplos no Quadro 1.15. 7. Éter Éteres são compostos orgânicos que apresentam em sua fórmula estrutural um átomo de oxigênio interligando dois radicais orgânicos. Radicais: R O R− − 1. Enuncia-se o prefixo do primeiro radical R indicando o número de átomos de carbono seguido da terminação OXI e, em seguida, enuncia-se o segundo radical R1 seguido da terminação ANO. Os radicais R e R1 não são necessariamente iguais, conforme exemplos no Quadro 1.16. OO O CC H2C HOH Ácido propanodioico Ácido metanodicarboxílico Propriedades dos compostos orgânicos U1 47 Estrutura Nomenclatura IUPAC Nomenclatura Usual OH2C H2C H3CH C3 Etoxietano Éter dietílico OH2C H2C H2C H2C H3CH C3 Propoxipropano Éter dipropílico Quadro 1.16 | Exemplo nomenclatura função éter Quadro 1.17 | Exemplo nomenclatura amina Fonte: elaborado pelo autor. Compostos orgânicos nitrogenados Os compostos orgânicos nitrogenados são substâncias que possuem em sua constituição o heteroátomo nitrogênio. O nitrogênio forma três ligações covalentes e pode estar presente ou não na cadeia carbônica principal. Os compostos orgânicos nitrogenados podem ser: 1. Amina Composto orgânico derivado da amônia (NH3), é obtido a partir da substituição de um ou mais átomos de hidrogênio da amônia por um grupamento orgânico. Podem gerar aminas primárias, secundárias e terciárias. A nomenclatura oficial é dada enunciando os radicais com terminação IL mais a palavra AMINA, conforme Quadro 1.17. Amina Primária Amina Secundária Amina Terciária H2NH C3 Metilamina HN H2C H3CH C3 Etilmetilamina H3C H3CNH C3 Trimetilamina Monoamina Diamina Triamina H2C H2NH C3 Etilamina H2C H2C H2C H3C HN HNH C3 N-Etil-N’-Metiletilenodiamina H2C H2C H2C H2CHN H2NH N2 Dietileno Triamina Amina Alifática Amina Aromática H2C H2C H2NH C3 Propilamina H2N Fenilamina Fonte: elaborado pelo autor. Propriedades dos compostos orgânicos U1 48 Quadro 1.18 | Exemplo de nomenclatura amida Fonte: elaborado pelo autor. Estrutura Nomenclatura IUPAC H2N H2C C O H C3 Propanamida H2N C O H N2 Diaminometanal (Ureia) H2C H2C H3C C ON H C3 Metilbutanamida Pesquise mais As aminas são compostos biológicos de grande importância para os seres vivos por estarem presentes nos aminoácidos e apresentarem várias funções, como regulação biológica e defesa contra predadores. Para saber mais sobre as aminas e sua importância, acesse: <http:// www.infoescola.com/compostos-quimicos/alcaloides/>. Acesso em: 24 ago. 2016. 2. Amida A amida é derivada da amônia, pois é caracterizada pela substituição de um átomo de hidrogênio por um grupo acila. A nomenclatura oficial da amida é dada enunciando o nome do hidrocarboneto correspondente mais a palavra AMIDA, conforme Quadro 1.18. Compostos organossulfurados Normalmente apresentam pelo menos uma ligação covalente entre átomos de carbono e enxofre. O enxofre forma compostos orgânicos semelhantes aos do oxigênio, conforme Quadro 1.19. Propriedades dos compostos orgânicos U1 49 Quadro 1.19 | Exemplo de nomenclatura compostos organossulfurados Estrutura Nomenclatura IUPAC HSH C3 Metanotiol SH C3 H3C Sulfeto de dimetila S CH C3 H3C Propanotiona Fonte: elaborado pelo autor. Reflita Os compostos organossulfurados são frequentemente associados com odores marcantes, mas muitos dos compostos com sabores mais agradáveis conhecidos são derivados de organossulfurados. A natureza é abundante em compostos organossulfurados, dado que o enxofre é essencial à vida. Dois dos aminoácidos mais comuns são compostos organossulfurados. Combustíveis fósseis, carvão mineral, petróleo e gás natural, os quais são derivados de organismos pré-históricos, necessariamente contêm organossulfurados, e a remoção destes é um foco importante das refinarias de petróleo. Fonte:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 40422010000400035&lang=pt>. Acesso em: 24 ago. 2016. Sem medo de errar Agora, vamos finalizar o processo de refino de petróleo por meio da purificação para a remoção ou transformação de contaminantes, também chamados de impurezas. Você sabe quais são esses contaminantes? Como podemos identificá- los? Já imaginou que essas impurezas presentes nas estruturas das moléculas podem alterar as propriedades do petróleo? É de grande importância realizar uma análise elementar dos principais constituintes presentes nas frações de petróleo, pois a quantidade de contaminantes está diretamente relacionada à qualidade e ao preço desses derivados. Agora identificaremos os heterocompostos presentes no petróleo, que podem estar combinados de inúmeras formas, levando em consideração suas estruturas e composição química. Essas impurezas são constituídas por compostos de oxigênio, nitrogênio, enxofre e metais. O Quadro 1.20 apresenta os principais elementos químicos presentes no petróleo e suas proporções, porém esses valores podem variar de acordo com a origem do petróleo. Propriedades dos compostos orgânicos U1 50 ConstituintesProporção (%) Carbono 83 a 87 Enxofre 0,05 a 6 Hidrogênio 10 a 14 Nitrogênio 0,1 a 2 Oxigênio 0,05 a 1,5 Metais (VI e V) < 1000 mg/kg Álcool Cetona Éter Éster Ácido Carboxílico Furano Metanol e Fenol Propanona (Acetona) Metoximetano e Éter difenílico Acetato de etila Ácido acético e Ácido benzoico Furano CH OH3 e C H OH6 5 CH COCH3 3 CH OCH3 3 e C H OC H 6 5 6 5 CH COOCH CH 3 2 3 CH COOH3 e C H COOH 6 5 C H OC H2 2 2 2 Quadro 1.20 | Proporções dos principais elementos químicos presentes no petróleo Quadro 1.21 | Proporções dos principais elementos químicos presentes no petróleo Fonte: elaborado pelo autor. Fonte: Speight (2001). 1. Oxigênio Os compostos oxigenados estão concentrados nas frações mais pesadas do petróleo e são considerados compostos indesejáveis por serem responsáveis pelo aumento de acidez, corrosividade, coloração e odor nos derivados do petróleo. Os compostos oxigenados presentes no petróleo são quase tão abundantes quanto os compostos de enxofre e são apresentados no Quadro 1.21: Nitrogênio Os compostos nitrogenados também se encontram nas frações mais pesadas do petróleo e têm a tendência de aumentar a capacidade do óleo de reter água em emulsão, de contaminar os catalisadores no processo de craqueamento, tornar instáveis os produtos de refino e contribuir para a formação de gomas nos produtos. Podem ser classificados em básicos e não básicos, conforme Quadro 1.22. Propriedades dos compostos orgânicos U1 51 Quadro 1.22 | Compostos nitrogenados presentes no petróleo Quadro 1.23 | Compostos organossulfurados presentes no petróleo Fonte: elaborado pelo autor. Básico Não básico N Piridina C H N5 5 N H Pirrol C H N 4 5 N Quinolina C H N 9 7 N H Indol C H N 8 7 N H Indolina C H N 8 9 N H Carbazol C H N 8 12 Fonte: elaborado pelo autor. 3. Enxofre Os compostos de enxofre estão entre os mais importantes contaminantes presentes no petróleo. A presença de compostos organossulfurados são responsáveis pela corrosividade e pela contaminação de catalisadores nos processos de transformação. Outros problemas causados são a diminuição da estabilidade de combustíveis, deterioração da cor e odor desagradável. O Quadro 1.23 apresenta os principais compostos organossulfurados presentes no petróleo. Tiofeno Benzotiofeno Dibenzotiofeno S C H S4 4 S C H S 8 6 S C H S 12 8 Compostos metálicos Os compostos metálicos de maior relevância encontrados no petróleo são ferro, níquel, cobre e vanádio e estão concentrados nas frações mais pesadas do petróleo. A presença desses metais auxilia na contaminação de catalisadores nos processos de transformação e catalisa a formação de ácido sulfúrico em meio aquoso. Propriedades dos compostos orgânicos U1 52 Avançando na prática Heterocompostos presentes nos combustíveis Descrição da situação-problema Desafiamos você a praticar o que aprendeu transferindo seus conhecimentos para novas situações que podem ser encontradas no ambiente de trabalho. Ainda considerando que você trabalha no laboratório de controle de qualidade de combustíveis, apresente as fórmulas químicas dos compostos sulfurados e outros contaminantes presentes na gasolina e que também são danosos ao meio ambiente. Quais são as consequências da presença de compostos sulfurados na gasolina? E quais compostos químicos são considerados aditivos para manter a qualidade elevada da gasolina para consumo? Descreva também os contaminantes inorgânicos e orgânicos que podem estar presentes no álcool combustível e no biodiesel. Aplicando o que aprendeu na aula, você pode também escrever a fórmula 2,6-di-terc-butil-4-metil fenol e 2-terc-butil- 4-hidroxianisol, exemplo de alguns aditivos utilizados para melhorar a estabilidade oxidativa do biodiesel. Realize as atividades e depois as compare com a de seus colegas. Resolução da situação-problema Os compostos orgânicos nitrogenados e sulfurados são substâncias consideradas contaminantes quando presentes na gasolina e podem promover corrosão de partes do motor e pistões, além de serem prejudiciais ao meio ambiente. São elas: indol, quinolina, dibenzotiofeno, 4,6-dimetildibenzotiofeno e metilnaftaleno. A incorporação de aditivos melhora a qualidade da gasolina, pois esses agem como antidetonantes, ou seja, evitando que a combustão da mistura gasolina e ar ocorra antes do tempo certo, prejudicando o rendimento do motor. Os principais aditivos são: éter metiltercbutila, éter etiltercibutila, álcool tercbutílico, entre outros. Conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os compostos considerados contaminantes no álcool combustível são: cloreto, sulfato de sódio e compostos orgânicos de baixo peso molecular, tais como formaldeído, acetaldeído, ácido acético, ácido fórmico e acetona. A presença desses compostos, mesmo em pequenas concentrações, reduz o desempenho do combustível, promove corrosão e formação de resíduos indesejáveis no motor. Os contaminantes orgânicos encontrados no biodiesel, segundo a ANP, são: metanol, etanol, glicerol livre e total, triacilglicerol. Propriedades dos compostos orgânicos U1 53 Faça valer a pena 1. O propano-1,3-diol é utilizado para a produção de diversos produtos industrializados, como adesivos, películas, poliésteres alifáticos, solventes e anticoagulantes. O isobutanol é utilizado em grande escala como solvente em reações químicas. Identifique as fórmulas moleculares, respectivamente, dos compostos da função álcool citados acima: a) C H O 4 10 e C H O 3 6 2 . b) C H O 4 10 2 e C H O 3 8 . c) C H O 3 8 2 e C H O 4 10 . d) C H O 3 6 2 e C H O 4 10 2 . e) C H O 3 8 2 e C H O 4 10 2 . 2. O cicloexano é um composto orgânico cíclico utilizado como solvente para éteres de celulose e na indústria de plásticos. Já o benzeno é um hidrocarboneto aromático e é utilizado principalmente para a produção de outras substâncias químicas. Ao substituir um átomo de hidrogênio por um grupo hidroxila (OH) nas moléculas do cicloexano e benzeno, obtêm-se, respectivamente, as funções: a) Álcool e fenol. b) Fenol e álcool. c) Álcool e álcool. d) Ácido e fenol. e) Álcool e ácido. 3. O formol é um aldeído formado por átomo de carbono, considerado uma substância cancerígena que, em contato com a pele, causa irritação com vermelhidão, dores e queimaduras. Por esse motivo, a Anvisa proibiu seu uso em alisantes capilares, pois o formol vinha sendo utilizado em concentrações maiores que as permitidas. A fórmula molecular e o nome oficial, segundo a IUPAC, da substância descrita pelo texto são, respectivamente: a) C H O 2 4 , etanol. b) CH O2 , metanal. Propriedades dos compostos orgânicos U1 54 c) C H O 2 4 , etanal. d) CH O2 , metanol. e) CHO, metano. U1 55Propriedades dos compostos orgânicos Referências McMURRY, John. Química orgânica. Tradução de All Tasks. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, C. B. Química orgânica 1. Tradução de Whei Oh Lin. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001. Speight, J. G. Handbook of Petroleum Analysis. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2001. VASCONCELOS, M. Teoria de Lewis e carga formal química orgânica 1, aula 004. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=i6l5arePt18>. Acesso em: 13 jul. 2016. WIKIPÉDIA. Petróleo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>. Acesso em: 13 jul. 2016. Unidade 2 Conformação dos alcanos e cicloalcanos Dando continuidade ao nosso estudo de Fundamentos de Química Orgânica, entraremos agora na segunda unidade deste livro didático. Nesta unidade, aprenderemos o que é conformação dos alcanos e por que ocorre uma rotação em torno de ligação carbono-carbono. Você já imaginou quando ocorre essa rotação? Qual é o motivo dessa rotação? Por meio dos aprendizados desta unidade de ensino, saberemos responder a essas perguntas e a muitas outras. Com base nesse raciocínio e assimilando todos os assuntos relevantes
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