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Doenças da suprarrenal Lara Camila da Silva Alves – Medicina – 3º Semestre ANATOMIA DAS SUPRARRENAIS • Localizam-se no polo superior dos rins; em posição medial. • Têm, aproximadamente, 3g. • Histologicamente, é uma glândula encapsulada. Composta por duas regiões: córtex e medula Córtex – produz glicocorticoide, mineralocorticoide e andrógenos; Medula – produz catecolaminas; O córtex é divido em zonas: Zona glomerulosa – produz os mineralocorticoides (aldosterona); Zona fasciculada – produz os glicocorticoides; Zona reticulada - produz androgênios; ESTEROIDOGÊNESE • O desfecho final da zona glomerulosa é a produção de aldosterona – que é o principal mineralocorticoide. O desfecho final da zona fasciculada é a produção de cortisol, e da reticulada é a produção de di- hidrotestosterona. O substrato comum é o colesterol. O colesterol passa por um ciclo, e a depender do caminho que vai seguir, vai produzir determinado hormônio. O caminho dependerá de qual zona o colesterol vai estar. • A depender da zona em que o pregnenolona estiver, a enzima 17-alfa pode originar os andrógenos, ou pode originar o cortisol - depende da zona em que estará. • Deficiência da enzima 21OH → ocasionará redução da produção de cortisol. Assim, a tendência é que haja o desvio para a produção de androgênios. • Deficiência da enzima 17alfa → não vai haver a produção de cortisol e andrógenos, ocasionando hipersecreção de aldosterona. ESTÍMULO DO CÓRTEX Para que as suprarrenais produzam hormônios, são necessários sinalizadores. O principal sinalizador da região do córtex (fasciculada e reticulada) é o estímulo hipofisário para a produção de ACTH na suprarrenal. A regulação, nessas regiões ocorrem por uma alça de feedback negativo. Lembrar: hipotálamo produz CRH que estimula a adeno-hipófise a produzir ACTH que irá agir no córtex das adrenais. A zona glomerulosa também sofre influência do ACTH, mas o principal meio de controle é o SRAA. OBS: em situações de estresse físico as ptn sinalizadoras da inflamação estimulam a produção direta de cortisol. Ao estimular a produção de CRH, de ACTH e da suprarrenal haverá uma hiperativação do ciclo, liberando mais cortisol para combater o processo inflamatório. ESTÍMULO DA MEDULA Na medula há células especiais produtoras de catecolaminas (células cromafins) – noradrenalina e adrenalina. A produção de catecolaminas é estimulada pelo SNS em situações de luta e fuga. • NE e adrenalina são metabolizados superficialmente e dão origem às metanefrinas. Assim, é possível analisar a quantidade de metanefrinas na urina para identificar se o indivíduo está produzindo muitas catecolaminas; não identificamos os níveis séricos de catecolaminas, pois elas têm uma meia-vida curta e, portanto,ficam pouco tempo na corrente sanguínea. OBS: hiperprodução de catecolaminas leva à feocromocitoma. O feocromocitoma é uma causa de HA, pois a hiperprodução de adrenalinas leva à um aumento da FC com vasoconstrição constante. HIPERPRODUÇÃO HORMONAL CORTICAL • Zona glomerulosa - hiperaldosteronismo; • Zona fasciculada – Síndrome de Cushing (excesso de cortisol); • Zona reticulada – Síndrome virilizante; Se o indivíduo é do sexo masculino, as características serão intensificadas e com manifestação mais precoce. Se o indivíduo é do sexo feminino, terá características androgênicas. HIPERPRODUÇÃO HORMONAL MEDULAR Produção excessiva de catecolaminas – presença dos feocromocitomas (raro). Síndrome de Cushing • Doença de Cushing – ocorre quando a hiperprodução de cortisol é central, ou seja, a hiperprodução de cortisol está relacionada à hiperprodução de ACTH. Assim, o termo doença de Cushing deve ser utilizado para adenomas hipofisários – afecção secundária. É uma causa da Síndrome de Cushing. OBS: normalmente, tumores hiperprodutores de cortisol apresentam-se unilateralmente. Entretanto, se houver algum problema enzimático (excesso da 21OH), as duas glândulas estarão hiperplásicas. • Na síndrome de Cushing, a produção excessiva de cortisol pela adrenal é independente de ACTH – afecção primária da suprarrenal. Efeitos no metabolismo e manifestações clínicas • A hiperprodução de glicocorticoides leva à um desbalanço orgânico, o metabolismo intermediário responsável pela proteólise, gliconeogênese. Além disso, o metabolismo intermediário hiperativado inibe a síntese de ptn musculares. Assim, indivíduos com hipercortisolismo tendem a ter uma pequena quantidade de massa magra, pela perda da musculatura proximal – devido à falta de ptn. Por isso, pacientes com hipercortisolismo têm mais dificuldades para se levantar; • O cortisol estimula os osteoclastos e inibe os osteoblastos. Assim, há perda da matriz óssea – osteoporose. Por isso, indivíduos que têm hipercortisolismo devem ser avaliados mais precocemente para a osteoporose. Se uma mulher normalmente começa a fazer a densitometria óssea aos 60 anos, caso for portadora de Cushing precisará iniciar o exame mais precocemente; • Há uma fragilidade do tecido conjuntivo – relacionada à proteólise. Assim, o tecido conjuntivo fica frouxo. Indivíduos que já estão perdendo massa magra, e tem tendência a adquirir massa gorda + tecido conjuntivo frouxo, apresentará manifestações da pele – estrias violáceas; • Aumento da PA – o uso de corticoide é uma causa de hipertensão secundária; • Indivíduos podem apresentar instabilidade emocional, ou seja, mudam de comportamento com facilidade; • Há uma tendência à baixa imunidade; Algumas situações: 1. Aumento do cortisol e baixo nível de ACTH – afecção primária: o aumento do nível sérico de cortisol leva a um feedback negativo na hipófise; 2. Aumento do ACTH e baixo nível de cortisol – afecção secundária; 3. Indivíduo tem todos os sinais e sintomas da síndrome de Cushing, mas apresenta ACTH baixo e cortisol baixo - Síndrome de Cushing devido ao uso de corticoide exógeno; Exames de imagem: TC de abdome (cortisol elevado e ACTH baixo) ou TC de crânio (ACTH alto e cortisol alto); OBS:A suprarrenal produz esteroides – hormônios derivados do colesterol - , mas não produz estrogênios. HIPERALDOSTERONISMO Aldosterona age no ducto coletor; É estimulada pelo SRAA; Ativação do SRAA: • Redução da PA • Hipovolemia • Redução do FSR (causada por uma estenose na artéria renal, por exemplo) A aldosterona em excesso é tóxica ao organismo, por isso esses indivíduos apresentam uma maior tendência a ter AVC, infarto e lesões de órgãos-alvo. Apresentam HA de difícil controle. Aumento da aldosterona, reduz a produção de renina. Ex: tumor na aldosterona, hiperplasia bilateral da adrenal. Laboratório: redução da renina (feedback negativo); hipocalemia; alcalose (perde hidrogênio na urina). Exame de imagem: TC de abdome; OBS: a faixa etária habitual para diagnosticar hipertensão é de 40 – 60 anos. Se o indivíduo tiver HA abaixo dos 40 é necessário pensar em alguma causa primária. SÍNDROME VIRILIZANTE/HIPERANDROGÊNICA Normalmente, causada por um tumor produtor de andrógenos; Homens: manifestação precoce dos estigmas masculinos Mulher: manifestação anormal de características masculinas Nos adultos, a característica mais acentuada acontece na mulher, pois passa a apresentar características masculinas. Os homens apenas intensificam suas características. O esperado é que cada estágio do desenvolvimento da puberdade dure um ano; quando ocorre uma puberdade acelerada, também é uma característica de maturidade precoce. ➔ Cursa com uma baixa estatura, pois há muito hormônio agindo sobre o osso, o que favorece o fechamento das epífises ósseas. Assim, o osso não tem tempo de crescer. Nas meninas, a maioria dos casos é idiopática. Nos meninos, há doenças associadas. FEOCROMOCITOMA Hiperprodução de catecolaminas: o indivíduo vai estar hiperadrenérgico. A alteração pode ser contínua, ou cíclica – quando o indivíduo se expõea algum estresse que irá estimular o SNS, que irá estimular a suprarrenal, poderá desencadear uma hiperprodução. Assim, esses indivíduos podem apresentar manifestação contínua de hipertensão arterial, ou apresentar picos. Quadro clínico: • Hipertensão (em crises ou sustentada); • Cefaleia; • Sudorese; • Taquicardia; Outros: tendência a ficar em estado de alerta; Piloereção; dilatação crônica (estímulos dos receptores B2), tendência à catabolismo: glicogenólise e lipólise com consequente hiperglicemia; estímulo frequente dos receptores A1 (resistência vascular aumentada); O rim produz a renina que será responsável pela conversão do angiotensinogênio em angiotensina I. A angiotensina I será convertida em Angiotensina II através da ECA. A angiotensina II desencadeará o processo de retenção de líquido e aumento de pressão, entre eles, a produção de aldosterona – estimula a zona glomerulosa das adrenais. O início da pubarca nas meninas deve acontecer a partir dos 8 anos, e nos meninos, a partir dos 9 anos. Nos homens – aumento do testículo (quando atinge 4cm³); Nas mulheres – a tenarca (aparecimento do broto mamário); Puberdade precoce → quando as características do início da pubarca aparecem antes da idade esperada. . INSUFICIÊNCIA ADRENAL QUE LEVA À BAIXA PRODUÇÃO DE CORTISOL: a baixa produção de hormônios adrenais que ocorre devido a um problema na própria glândula é uma situação rara. Por isso, a principal causa de insuficiência adrenal é a suspensão e uso inadequado de corticoide. Indivíduos com afecção primária da adrenal em países desenvolvidos → pensar em doenças autoimunes; Indivíduos com afecção primária da adrenal em países em desenvolvimento → pensar em tuberculose afetando a adrenal; Principais causas: • Autoimune (que pode estar afetando apenas a suprarrenal, ou associada a uma doença autoimune que afeta mais de uma glândula – síndrome poliglandular); • Tuberculose, HIV, fungos; • Doenças infiltrativas (como um câncer em estado de metástase que afeta a adrenal); • Infecções por meningogócitos que leva à insuficiência da adrenal ao causar hemorragia da glândula; • Uso de medicamentos (Ex: cetoconazol) que interferem na produção dos hormônios adrenais; Laboratório: ACTH alto; hormônios adrenais baixos; ➔ Doença de Addison – insuficiência adrenal primária, com baixa produção de cortisol; cursa com hiperpigmentação. OBS: o aumento do ACTH cursa com hiperpigmentação, pois durante a formação do ACTH também é formada a melanina. A hiperpigmentação pode estar presente nos lábios, nas dobras das mãos, na face etc.