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Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina DEFINIÇÕES ➔ Aleitamento materno exclusivo: Crianças que recebem apenas leite materno ou leite humano (banco de leite). Nesse regime também podem ingerir soro reidratante oral e suplementação de vitaminas e minerais. OBS – Recomenda-se que a criança esteja sob esse regime até os 6 meses. ➔ Aleitamento materno predominante: Crianças que ingerem leite materno e outros líquidos (não outros leites), como água, chás e sucos. ➔ Aleitamento materno misto ou parcial: Quando a criança recebe o leite materno e outros leites. ➔ Aleitamento materno complementado: Quando a criança recebe leite materno e alimentos sólidos e semissólidos. OBS – Recomenda-se que a criança deva receber aleitamento materno complementado até os dois anos. COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL Leite humano Leite de vaca Menos proteína Mais proteína Maior % de alfa- lactoalbumina Maior % de caseína e beta- lactoglobulina Menos eletrólitos Mais eletrólitos Mais lactose Menos lactose Mais gordura Menos gordura Maior disponibilidade do Ferro Menor biodisponibilidade do Ferro ➔ Leite materno: O leite materno possui menos proteína: menor % de caseína (digestão mais lenta); maior % de proteína do soro (digestão mais rápida). A qualidade de proteína do soro (alfa- lactoalbumina) é melhor em qualidade quando comparada ao do leite de vaca. O leite materno também apresenta menos eletrólitos, o que não provoca uma sobrecarga renal. Além disso, também possui mais lactose (dissacarídeo de glicose + galactose). A quantidade de lactose é grande o suficiente para permanecer intacta no tubo digestivo e amolecer as fezes do bebê. O leite também dispõe de mais gorduras, e de melhor qualidade, como colesterol e LC-PUFA (ARA/DHA), e também uma lipase ativada quando entra em contato com sais biliares. Porém, a quantidade de ferro é semelhante, apesar da maior biodisponibilidade no leite materno pela presença da lactoferrina. FATORES DE PROTEÇÃO ➔ Específicos do leite humano: • Imunoglobulina: IgA secretória, uma imunoglobulina ambiente-específica ➔ Inespecíficos do leite humano: • Fator bífido: glicoproteína que atua como um prebiótico; é um fator bacteriostático • Lisozima: tem atividade bactericida; a quantidade de lisozima no leite aumenta após 6 meses de lactação • Lactoferrina: também com ação bacteriostática • Lactoperoxidase: atividade oxidativa que atua sobre Streptococcus sp. OBS – O leite pasteurizado não tem o mesmo valor biológico que o leite cru (inativação de fatores de proteção). MODIFICAÇÕES DO LEITE ➔ Durante a lactação: Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina • Colostro: 3º-5º dia de vida do bebê, tem mais proteínas, eletrólitos e vitamina A (tem aspecto amarelado) • Leite de transição • Leite maduro: mais gordura, mais lactose ➔ Durante a mamada: • Leite anterior: solução com predomínio de proteína do soro e lactose • Leite posterior: emulsão com mais gordura (promoção de saciedade) ➔ Durante o dia: • Manhã: maior quantidade de proteína • Noite: maior quantidade de gordura FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO O leite materno é produzido dentro dos alvéolos mamários. Eles são estruturas saculares e seu interior é revestido por um epitélio altamente especializado que produz o leite diante do estímulo do hormônio prolactina. O leite produzido é ejetado para fora a partir da contração das células mioepiteliais, com potencial contrátil e que envolvem os alvéolos estimulado pela ocitocina. Uma vez ejetado, o leite é direcionado para os ductos lactíferos, culminando nos seios lactíferos (porção distal dos ductos) e, então, externalizado. ➢ LACTOGÊNESE: ➔ Fase I: Ocorre durante a gestação. As mamas são submetidas a uma grande concentração de estrogênio e progesterona (aumentam de tamanho e se desenvolvem para a amamentação). Nessa fase, a ação da prolactina está inibida pela progesterona + fator lactogênio placentário. ➔ Fase II: Ocorre após o nascimento. Nesse momento, há o fim da inibição e a lactação independe de estímulo. A mama começa a eliminar o colostro até a apojadura (descida do leite), o que marca o final da Fase II. ➔ Fase III: É a fase que perdura por toda a lactação. É necessário o estímulo à produção do leite para que ele continue sendo produzido. A sucção e o esvaziamento dos alvéolos estimulam a liberação de prolactina pela hipófise anterior; e a sucção também estimula a liberação de ocitocina pela hipófise posterior. OBS – O alvéolo cheio não responde ao estímulo da prolactina, e caso não seja esvaziado, para de produzir leite com o tempo. ASPECTOS PRÁTICOS ➔ Frequência e duração: • Livre demanda (do bebê) • Não limitar duração da mamada ➔ Armazenamento: • Geladeira: 12 horas • Congelador/Freezer: 15 dias OBS – O leite deve ser oferecido à criança em um copinho (de vidro), e aquecido em banho-maria. ➔ Técnica de amamentação: • Posicionamento: criança bem apoiada com cabeça e tronco no mesmo eixo; corpo próximo ao da mãe; rosto de frente para a mama Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicina • Pega: boca bem aberta; lábio inferior evertido; mais aréola acima da boca; queixo toca a mama PROBLEMAS RELACIONADOS À AMAMENTAÇÃO ➔ Dor e Trauma: O tratamento nessas situações envolve: • Orientar a técnica • Começar pela mama menos afetada • Ordenha antes da mamada (aumentar a ocitocina) • Orientar posições diferentes • Não aplicar pomadas ➔ Ingurgitamento: Causado pelo acúmulo de leite, congestão e obstrução linfática. O tratamento envolve: • Manter aleitamento em livre demanda • Ordenhar excesso • Ordenhar antes da mamada • Compressas frias após a mamada ➔ Mastite: É um processo inflamatório da mama (com ou sem infecção), com um quadrante mamário mais acometido. Quando associada a fissuras, é mais comum haver infecção concomitante. O tratamento é: • Manter aleitamento materno • Avaliar antibioticoterapia (S. aureus) OBS – Em casos de abscessos, suspender o aleitamento na mama afetada. ➔ “Pouco leite”: Diante da queixa, avaliar a técnica da amamentação e regime alimentar. Sempre orientar a manter o aleitamento materno. Também deve-se realizar uma avaliação objetiva a partir do ganho ponderal. CONTRAINDICAÇÕES DO ALEITAMENTO MATERNO ➢ DOENÇAS MATERNAS: ➔ Absolutas: • HIV • HTLV ➔ Especiais: • Herpes simples: não pode haver contato com as lesões. Se lesão em boca, cobrir durante a amamentação e lavar as mãos. Se em mama, amamentar do outro lado. Na mama acometida, fazer a ordenha para não haver ingurgitamento • Citomegalovírus: contraindicado no episódio de infecção agudo se recém- nascido < 30-32 semanas. Se o leite for pasteurizado, ele pode ingerir o leite materno • Doença de Chagas: suspender temporariamente a amamentação na fase aguda da doença ou se lesão sangrante • Tuberculose bacilífera: não contraindica amamentação. A mãe deve utilizar máscara (cirúrgica) durante aleitamento • Hepatite B: não contraindicada a amamentação • Covid-19: não contraindica a amamentação. Deve-se utilizar a máscara durante o aleitamento. Mas não é permitida a doação para bancos de leite. ➢ DOENÇAS DA CRIANÇA: ➔ Absoluta: • Galactosemia: a criança tem deficiência da GALT, enzima que metaboliza a galactose. Ela pode apresentar: icterícia, catarata, sepse por E. coli, galactose Beatriz Cunta – Turma 2024 @biaemedicinapresente na urina (pesquisa de substâncias redutoras). A criança deve receber fórmula sem lactose. ➔ Relativa: • Fenilcetonúria: deficiência de fenilalanina-hidroxilase, enzima que metaboliza a fenilalanina (aminoácido essencial). Ela pode se depositar no sistema nervoso central e causar deficiência intelectual. Essa criança pode ser amamentada, mas sem livre demanda (leite materno + fórmula sem fenilalanina), e realizar o controle sérico dos níveis de fenilalanina. ➢ USO DE MEDICAMENTOS: ➔ Seguros ➔ Uso com cautela ➔ Contraindicados: o mais importante é a amiodarona (pode provocar hipotireoidismo) SUPLEMENTAÇÃO DE MICRONUTRIENTES ➢ PROFILAXIA ANEMIA FERROPRIVA: Se recém-nascido >37 semanas e peso ao nascer >2.500g, deve-se avaliar se a criança apresenta fatores de risco: ➔ Com fatores de risco: • Iniciar aos 3 meses • Manter até 2 anos ➔ Sem fatores de risco: • Iniciar aos 6 meses • Manter até 2 anos Realizar 1mg/Kg/dia de ferro elementar. Se recém-nascido <37 semanas ou peso ao nascer < 2.500g: • Iniciar suplementação aos 30 dias • Manter até 2 anos • Dose no 1º ano: o < 1000g = 4 o 1000g – 1499g = 3 o 1500g – 2499 = 2 o PMT > 2.500g = 2 • Dose no 2º ano: 1mg/Kg/dia ➢ SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D: A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a suplementação universal da vitamina D iniciada na primeira semana de vida, pois a exposição solar direta nos primeiros meses de vida está relacionada com CA de pele no futuro. • 1º Ano: 400U/dia • 2º Ano: 600 U/dia
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