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Sincope Introducao: Síncope é definida pela perda transitória da consciência, ocasionada pela hipoperfusão cerebral global e caracterizada por rápido início, curta duração e recuperação completa e espontânea. O mecanismo da síncope é a diminuição da perfusão cerebral global de ambos os córtex cerebrais ou hipoperfusão focal no sistema reticular do tronco cerebral. Os episódios de síncope são de duração curta, raramente durando mais de um ou dois minutos, e possuem recuperação completa sem deixar sequelas. A síncope é apenas uma das muitas causas de perda de consciência. Popularmente, a síncope é chamada de desmaio. A incidência da síncope é bimodal, com um pico no final da adolescência até o início da vida adulta (principalmente a de origem vasovagal) e um segundo pico na terceira idade, com um aumento acentuado após os 70 anos. O aumento do risco de síncope em pacientes idosos pode ser justificado pelas anormalidades relacionadas à idade e às doenças que prejudicam a capacidade de responder a estresses fisiológicos que normalmente não causariam síncope. Fisiopatologia: Quando se fala em síncope, leva-se em conta o débito cardíaco, que é a frequência cardíaca vezes o volume sistólico (DC = FC x VS), esse depende da contratilidade, pré-carga (principal componente é a volemia) e pós-carga (principal componente é a resistência vascular periférica). PA, DC, RVP, FC, VS são fatores que determinam a pressão arterial e também determinam a pressão de perfusão cerebral (PPC). De um modo geral, tem a pressão intracraniana (PIC) (8 a 12 normal) e a pressão arterial média (PAM), que tem que vencer essa pressão intracraniana. Quando o paciente levanta, a RVP cai, os vasos então vão fazer dilatação (vasodilatação), diminui o DC, a PIC não se modifica, porém a PAM cai, com isso, a PPC também cai, levando à uma síncope vaso-vagal. Existem vários mecanismos para o controle da pressão arterial: controles locais e neurais (mecanismos de curto prazo); e humorais (mecanismos de médio e longo prazo). No cérebro, existem mecanismo reflexos que vão sentir a quanto está a pressão de perfusão cerebral, além disso, existem vias eferentes que vão levar uma resposta para o organismo tentar manter essa pressão arterial. Portanto, quando a pressão de perfusão cerebral começa a diminuir, existem estímulos, através do sistema nervoso autônomo simpático, com contração periférica e resposta cardíaca, fazendo taquicardia, vasoconstrição periférica, levando um pouco mais de sangue para o cerebral, fazendo uma resposta. Barorreflexo: Pensando em barorreflexo, no bulbo raquidiano, existem sensores de pressão que vão receber, principalmente da crosta da aorta, informações de como está a pressão por ali. Essa informação é, de certa forma, é processada no tronco cerebral, tendo uma noção se com aquela pressão é possível perfundir ou não o cérebro. Caso não seja possível, existem reflexos que vão provocar reações para melhora dessa função (aumento da FC e aumento da força de contração do coração). Os barroceptores ficam especialmente no seio carotídeo e na crosta da aorta. Quimiorreflexo: No bulbo existem algumas acepções que, quando a pressão tá alta demais, não consegue manter a perfusão, assim, através de noradrenalina, norepinefrina e outros elementos/hormônios, consegue-se tanto uma ação cardíaca quanto vascular, com vasodilatação e diminuição da frequência, com consequente diminuição da perfusão. Não só a pressão que interessa para o cérebro, o sangue tem que chegar oxigenado, tirar do cérebro o CO2, e tem que aumentar o pH. Portanto, toda vez que tem hipoxemia, hipercapnia ou acidose no cérebro → precisa melhorar a perfusão do cérebro através de quimiorreceptores, que convertem esses componentes eletroquímicos do ambiente do SNC, transformando em potencial de ação, levando para uma resposta tanto cardíaca quanto vascular. O aumento de CO2 no cérebro causa aumento do DC, vasoconstrição periférica e vasodilatação cerebral, melhorando a perfusão cerebral. Hipoxemia e acidose causam a mesma coisa. Diminuição do oxigênio ou aumento do CO2 é sentido pelos quimiorreceptores do cérebro, que fazem aumentar a FR para liberar mais CO2; levam a uma resposta simpática com vasoconstrição da periferia, aumento do fluxo sanguíneo, aumento da pressão arterial e uma melhor perfusão cerebral. Mecanismos de Autorregulacao Do Fluxo Sanguineo: Em termos de tempo de resposta: os barroceptores têm resposta de segundos; os quimioceptores tbm têm resposta de segundos. SRAA é mais demorado a resposta. Contudo, algumas respostas são lentas mas são mais duradouras; outras respostas são rápidas mas são pouco duradouras. A PPC vai diminuir quando a PAM cai ou quando a PIC aumenta, que pode aumentar através de edema cerebral (pós AVC isquêmico extenso, por exemplo), tumor de crescimento rápido, hemorragia subdural ou extradural. Ao longo da vida perde massa encefálica, os idosos tendem a ter menos sintomas, pois demora mais para aumentar a PIC → intervalo lúcido. 20% de todo consumo de oxigênio é cerebral, por isso, é importante manter o fluxo sanguíneo cerebral (FSC), se isso cair, diminui a função neuronal e depois pode haver lesão cerebral irreversível (lesão cerebral isquêmica), se o fluxo aumenta demais, pode provocar edema cerebral e áreas de hemorragia. Os órgãos nobres (rim, cérebro e coração) querem manter o fluxo sanguíneo e a pressão de perfusão para eles, por isso, esses órgãos tem mecanismo de autorregulação para manutenção da pressão de perfusão deles. Quando a PPC começa a cair, gera vasodilatação do cérebro e vasoconstrição da periferia. Quando a PAM e PPC começa a subir, gera vasoconstrição do cérebro e vasodilatação da periferia. Pacientes hipertensos toleram pressões maiores sem tem grandes danos, pois, ao longo do tempo, os vasos vão enrijecendo, desviando essa curva de autorregulação para direita, assim, o paciente começa a tolerar pressões mais altas (vaso já tá mais enrijecido e mantém uma contração para poder diminuir o fluxo), ou quando a pressão começa a cair, eles também mantém. Etiologias: A síncope compreende: • Síncopes reflexas (síncopes neuralmente mediadas): alterações nos reflexos de bradicardia e/ou vasodilatação periférica. A síncope neuralmente mediada (clássica e atípica) é a mais frequente em qualquer estudo. Essa classificação também inclui a síncope situacional (precipitada por tosse, defecação, micção com esforço), a síndrome do seio carotídeo (síncope que ocorre nos pacientes com hipersensibilidade do seio carotídeo→ barorreceptores localizados no seio carotídeo sentem o aumento da pressão e com isso avisam para a diminuição da pressão. Entretanto, a pessoa com hipersensibilidade no seio carotídeo desmaia por tudo, qualquer coisa que comprimir no min o seio carotídeo vai levar ao desmaio → tratamento com marcapasso para a correção) e as formas pouco usuais (por apresentação atípica ou sem aparente ponto de gatilho). • Síncopes desencadeadas por hipotensão ortostática: insuficiência autonômica primária, secundária (diabetes, uremia, amiloidose, lesões medular), induzida por drogas (ex. álcool)/medicamentos (vasodilatadores, diuréticos, antidepressivos etc.) ou por hipovolemia (hemorragia, diarreia, vômitos etc. → diminuição do DC, diminui o volume, pessoa desmaia). • Síncope cardíaca: tanto por arritmias (bradicardias → diminuição da FC, diminui o DC, é dado em mL/min, o quanto o coração ejeta de sangue em um minuto, assim bradiarritmias todas podem provocar hipoperfusão cerebral e síncope, as mais frequentes são bradi sinusal [assintomáticas], BAV → causa mais comum de bradi sinusal → medicamentosa [beta-bloqueador, bloqueador de canal de cálcio, amidarona, tricíclico...etc] → retirada do medicamento ocorre a melhora de 24 a 48hrs, às vezes precisaimplantar um marcapasso percutâneo para a melhora momentânea; ou taquicardias → diminui o tempo de enchimento do coração, se não enche não esvazia, taquiarritmia mais comum é a FA crônica [FA de alta resposta ventricular ou FA de baixa resposta ventricular], FV, TV) como por doença cardíaca estrutural (isquemia miocárdica, doenças valvares, cardiomiopatia hipertrófica → se o paciente tiver uma hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo, o músculo do septo começa a comprimir, cresce dentro da cavidade e comprime a saída do sangue do ventrículo para a aorta, muito comum e pode ser causa de morte súbita [visualizado no ECO], tem histórico de síncope; tumores intracardíacos, tamponamento pericárdico, embolia pulmonar → sangue não consegue passar no lado esquerdo do coração por estar cheio de coágulo (paciente sincopado, saturando mal, dor no peito; dissecção aguda de aorta etc.). Várias situações podem ser confundidas com síncope, não sendo mais assim denominadas. Tais situações se organizam em dois grupos: • Não há perda de consciência: queda, ataque isquêmico transitório ( entope o vaso por um trombo, que normalmente se forma no lugar por conta de alteração do endotélio [alguma placa de gordura, machucou o endotélio, expôs epítopos e começou o processo de coagulação]) → preciso ficar de observação clínica por pelo menos 2 dias, uma vez que é grande a chance de formar de novo um trombo em cima de uma placa instável → normalmente chegam hipertensos e não hipotensos, é uma resposta do organismo em decorrência da falta de oxigenação que leva à vasoconstrição, aumento da pressão e aumento da perfusão) de território carotídeo, doenças psiquiátricas. OBS: zona de penumbra → área constrita que tem em torno da área de isquemia ou hemorragia → aumento da pressão em casos de AVC é por conta do mecanismo de aumento de perfusão nessa zona de penumbra • Não existe hipoperfusão cerebral global: nesse caso, existe alteração de consciência, mas não se deve à hipoperfusão cerebral global: crise epiléptica, intoxicações agudas, alterações metabólicas (hipoglicemia, hipoxemia, hiperventilação) e insuficiência vertebrobasilar. Achados Clinicos: Anamnese e exame físico minuciosos são elementos primordiais na avaliação da causa da síncope. O principal objetivo é detectar pacientes com risco aumentado de óbito ou de complicações que necessitarão de uma investigação adicional imediata, de observação em uma unidade de síncope ou mesmo de internação hospitalar. Síncope reflexa (neuralmente mediada), hipotensão ortostática, síncope situacional e bloqueio atrioventricular de terceiro grau são exemplos em que a anamnese e o exame físico sugerem o diagnóstico e indicam início de tratamento. Em outras situações, “pistas” podem sugerir o diagnóstico. Na síndrome do seio carotídeo, que acomete principalmente idosos, a massagem do seio carotídeo pode reproduzir sinais e sintomas, mas deve ser evitada em pacientes com doença cerebrovascular conhecida ou sopro carotídeo. Características relevantes da história devem incluir fatores precipitantes, como dor, ansiedade, longos períodos em ortostase, exercício físico extremo e situações como defecação ou tosse. Devem ser checados história de morte súbita na família, doenças psiquiátricas, sintomas neurológicos associados e medicações em uso. Ao exame físico, deve-se aferir a pressão arterial em ambos os membros superiores, tanto na posição supina como em ortostase; deve-se realizar minuciosa ausculta cardíaca e de sopros carotídeos, bem como exame neurológico. Quadros de síncope podem ser relacionados a arritmias. As seguintes alterações são sugestivas dessa relação: • FC < 40 bpm ou bloqueios sinoatriais repetidos ou pausa sinusal maior que 3 segundos. • BAV 2º, Mobitz II ou BAV total. • Alternância de bloqueio de ramo direito e bloqueio de ramo esquerdo. • Episódios de taquicardias ventriculares ou supraventriculares. Estratificacao do Risco: Exames Complementares: O eletrocardiograma (ECG) tem baixa sensibilidade, consegue o diagnóstico da causa da síncope em até 5% dos pacientes ou sugere uma etiologia em outros 5%. A presença de alterações do ritmo pode elucidar o diagnóstico ou mesmo definir condutas imediatas (por exemplo, implante de marca-passo provisório em um caso de bloqueio atrioventricular total) ou auxiliar na investigação futura (nos casos de bloqueio completo de ramo). Em pacientes com ECG normal e sem doença cardíaca, a síncope neuralmente mediada é a principal hipótese. Pacientes com episódio único de síncope, exame físico e eletrocardiograma normais, sem nenhum achado sugestivo de uma doença de base, podem ser acompanhados sem necessidade de investigação diagnóstica adicional. Outros exames poderão ser necessários, especialmente nos casos de síncopes recorrentes, episódios graves (que envolvam lesões ou acidentes), ou em pacientes que exerçam ocupações de alto risco. Dependendo dos achados, incluindo aqueles do ECG, pode ser necessário indicar testes específicos, como tilt-table test, ecocardiograma, monitorização contínua do ECG (Holter, telemetria ou dispositivos de longa gravação), testes de isquemia miocárdica ou mesmo cineangiocoronariografia. Mapa Mental Resumo: Referencias Bibliograficas: 1. KASPER, Dennis L. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017. 2. Medicina de Emergência: Abordagem Prática por Irineu Tadeu Velasco 3. SuperMaterial SanarFlix - Síncope
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