Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LA YA NE SI LV A Layane Silva REVISÃO -ONCOLOGIA ● Urgências e emergências oncológicas NEUTROPENIA FEBRIL: quimioterapia não é seletiva, afeta células de multiplicação rápida (folículo piloso, reprodutiva e MO) - causa redução de hemácias, plaquetas e granulócitos (mastócito, neutrófilo, eosinófilo e basófilo). - Neutrófilos protegem contra bactérias e fungos. - Linfócitos protegem contra vírus e câncer. No dia 0 (após a quimioterapia) há estoque de células que dura 7 dias, depois reduz até nadir (menor valor), mantém por 7 dias e depois recupera em 7 dias (ciclo de 21 dias). Quimioterapias com quedas sutis e recuperação rápida podem ser semanal ou quinzenalmente - a periodicidade deve respeitar a queda e a recuperação do ciclo celular. Febre: temperatura oral ≥ 38,3ºC ou ≥ 38,0ºC por 1 hora - a temperatura axilar é 0,4 °C abaixo da oral (limite de 37,9 °C). Neutropenia: < 500 neutrófilos/mm³ ou espera-se que isso seja atingido nas próximas 48 horas - Profunda: < 100 neutrófilos/mm³ - Prolongada: duração > 7 dias - Funcional: normais em número, mas incompetentes. a. Avaliação (1) colher diagnóstico e tratamento oncológico (data da última sessão para identificar o nadir). Hormonioterapia, imunoterapia, radioterapia e terapia-alvo raramente causam neutropenia febril. (2) sinais infecciosos específicos (tosse - pneumonia, espirro, disúria - ITU, diarréia, foliculite, inflamação na unha, dor ao evacuar - abscesso perianal, infecção periodontal). Patógenos Gram negativos são mais comuns - E. coli (30%) por translocação bacteriana intestinal pela perda de proteção na mucosa. (3) estabilidade hemodinâmica (critérios de instabilidade: taquipnéia, taquicardia, febre ou hipotensão, leucocitose ou leucopenia). 02 critérios = resposta inflamatória sistêmica, não necessariamente infecção 04 critérios + infecção = sepse (melhora com volume) resposta inflamatória sistêmica + infecção presumida + necessita de amina vasoativa = choque séptico (4) sinais de alerta (rebaixamento e prostração). b. Exames complementares Diagnóstico: hemograma completo; Gravidade: PCR, creatinina, uréia, eletrólitos, transaminases hepáticas, bilirrubina e gasometria (acidose metabólica). Necessário colher 02 hemoculturas: (1) se CVC (portocath), colher 01 amostra de 10 mL de cada lúmen e 01 periférica para definir se o foco infeccioso é o cateter; (2) se ausência de CVC, 02 periféricas (01 em cada braço). Outros: cultura de sítios de infecção suspeitos e Rx de seios da face e tórax se sinais e sintomas respiratórios. Imunossuprimidos com pneumonia não terão imagem branca pois não há inflamação e acúmulo de líquido. c. Estratificação de risco ESCORE DE RISCOMASCC PONTO Neutropenia febril sem ou com sintomas leves 5 Ausência de hipotensão (PAS > 90 mmHg) 5 Ausência de doença pulmonar obstrutiva crônica 4 Tumor sólido ou malignidade hematológica sem infecção fúngica prévia 4 Ausência de desidratação requerendo fluidos parenterais 3 Neutropenia febril com sintomas moderados 3 Status ambulatorial 3 Idade > 60 anos 2 Baixo risco (> 21): neutropenia curta sem complicações, candidatos à terapia empírica oral em casa. Tratamento: ATB oral por 7 dias (Ciprofloxacino + Amoxicilina Clavulanato; Levo ou Ciprofloxacino 750 mg se alergia; ou Ciprofloxacino + Clindamicina). Alto risco (< 21): neutropenia prolongada, profunda e/ou complicações (hipotensão, oligoanúria, pneumonia, dor abdominal, alterações neurológicas e via oral impossível - mucosite, candidíase oral) - tratamento hospitalar. Tratamento: ATB IV (Cefepime 2g de 08/08 h para cobrir Pseudomonas e penetrar no SNC; ou Meropenem, Imipenem ou Piperacilina-Tazobactam se alergia à penicilina). Não retirar o Cefepime, apenas adicionar outras drogas para manejo de complicações ou resistência microbiana. Critérios de alta: boas condições clínicas, > 72 horas sem febre, via oral possível, disponibilidade dos ATB orais, medula em recuperação (> 500 neutrófilos) e facilidade para seguimento ambulatorial. d. Tratamento/Profilaxia 1 LA YA NE SI LV A Layane Silva G-CSF (fator estimulador de colônias de granulócitos - Filgrastim, Pegfilgrastim, Lipegfilgrastim) estimula célula-tronco e acelera recuperação medular para 3-4 dias. Uso terapêutico: se quadro grave (choque, hipotensão) ou NF profunda, associar G-CSF ao ATB. Profilaxia secundária: se história de neutropenia, oferecer G-CSF no segundo ciclo para evitar 2o quadro. Profilaxia primária: oferecer G-CSF para evitar 1o quadro se uso de quimioterápicos mais intensos (oncohematologia). e. Infecção de corrente sanguínea Se uso do portocath, comprovar que o cateter é o foco da infecção se crescimento no cateter for antes e mais rápido com diferença > 120 min entre CVC e veia periférica. Critérios para retirada doCV: infecção causada por S. aureus, P. aeruginosa, fungo ou micobactéria, infecção do túnel ou na bolsa do portocath, trombose séptica, sepse com instabilidade hemodinâmica, endocardite, infecção de corrente sanguínea que persiste mesmo após > 72 h de ATB SÍNDROME DE LISE TUMORAL: distúrbio metabólico pela liberação de conteúdo intracelular tumoral espontânea (multiplicação e morte celular intensa - turnover) ou pelo tratamento. Pode levar à disfunção múltipla de órgãos, tem alta morbidade e mortalidade. a. Fatores predisponentes FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME DA LISE TUMORAL Tipo de tumor Linfoma de Burkitt Linfoma linfoblástico Linfoma difuso de grandes células ALL Tumores sólidos com altas taxas proliferativas e resposta rápida à terapia Bordas/extensão do tumor Doença volumosa (> 10 cm) DHL alto (> 2x limite superior da normalidade) WBC - células brancas altas (> 25.000/µL) Função renal Insuficiência renal prévia Oligúria Ácido úrico basal Ácido úrico > 450 µmol/L (7.5 mg/dL) Eficácia e rapidez da citorredução Terapia-alvo, variantes de acordo com o tipo de tumor Doença volumosa (> 10 cm): quanto mais células, maior a liberação de toxinas durante o tratamento! DHL elevado: > 2 vezes o limite superior indica grande volume de doença com maior risco de SLT. Doença agressiva: quanto mais agressiva, mais rápida a multiplicação (LLA, linfoma de Burkitt, CA de pulmão de pequenas células , CA de mama triplo negativo). Potencial de resposta à quimioterapia: quanto melhor a resposta, maior a lise das células. Questão de prova! Maior risco de SLT: tumores volumosos (> 10 cm e DHL elevado), agressivos e bons respondedores à QT. b. Fisiopatologia Ácidos nucleicos: purinas são convertidas em ácido úrico pela xantina oxidase, acumulam no túbulo renal, formando cristais que causam necrose tubular, seguido de IR. Manifestações: oligúria (<800 mL/dia) e anúria (<100 mL/dia) leva a sobrecarga hídrica (EAP ou sobrecarga cardíaca). Fosfato: conjuga com o Ca, que precipita no rim, causa oligúria, anúria e sobrecarga volêmica, e reduz Ca livre, causando arritmia e parada cardíaca. Potássio: causa hipercalemia - arritmia e parada cardíaca. Resumo! Ácido úrico ↑, ureia/creatinina ↑, fosfato ↑, K ↑; Ca ↓. c. Classificação SLT LABORATORIAL Ácido úrico ≥ 476 μmol/L (8 mg/dL) ou ↑ 25% Potássio ≥ 6,0 mmol/L (6 mEq/dL) ou ↑ 25% Fósforo ≥ 2,1 mmol/L (crianças); 1,45 mmol/L (adultos); ↑ 25% Cálcio ≤ 1,75 mmol/ L ou ↓ 25% SLT CLÍNICA Creatinina ≥ 1,5 valor superior da normalidade (idade) Arritmia cardíaca/morte súbita Convulsão Questão de prova! Basta 01 critério acima da referência ou variação > 25% do exame de base para o pós-tratamento, mesmo dentro do valor de referência, para definir como SLT. Avaliação inicial: hemograma, AU, ureia, Cr, DHL, eletrólitos (K, P, Ca), gasometria venosa, ECG (arritmias), urina 1 (cristais de AU), USG abdominal (rins e vias urinárias), Rx de tórax (massa mediastinal). 2 LA YA NE SI LV A Layane Silva d. Tratamento/prevenção Iniciar hiperhidratação com 2-3 L/m2/dia (se < 10 kg: 150-200 mL/kg) com solução glico-fisiológica 4:1 (SG 5% + SF 0,9%) para diluir soluto intravascular (urato e PO4), aumentar fluxo sanguíneo renal e filtraçãoglomerular, desobstruir solutos precipitados no túbulo renal. Não adicionar K e Ca! Evitar contraste venoso, AINES e aminoglicosídeos que afetam a função renal! Se edema ou K/PO4 alto, interromper a hidratação e iniciar hemodiálise para reduzir o volume sanguíneo. Alopurinol: 50-100 mg/m2/dose, VO, de 8/8 hs (máx: 800 mg/dia) - se < 10 kg, usar 10 mg/kg/dia ou 50% da dose na IR - para corrigir o ácido úrico por 01 semana até fim da fase aguda, ou de forma preventiva (03 cp) se SLT presumida. Correção de alteraçõesmetabólicas: Hiperfosfatemia: hidróxido de alumínio 50 a 150 mg/kg/dia, de 6/6h, VO, quela o fosfato no intestino, que sairá nas fezes. Hipocalcemia: se sintomática (tetania, convulsão, arritmia), gluconato de Ca 10%, 50 a 100 mg/kg EV, lento (10 min) + ECG. Hipercalemia: não adicionar K no soro, ↓ K na dieta, agonistas beta-2 adrenérgicos via parenteral ou por micronebulização, Sorcal (poliestirenossulfonato de Ca), solução polarizante (100 mL de glicose e 100 mL de insulina regular por 02 h na bomba de infusão) e gluconato de Ca. Diálise: indicada se oligúria não responsiva a hidratação e diuréticos, oligúria persistente com AU > 15 ou fosfato > 10, hipocalcemia sintomática refratária com hiperfosfatemia. SÍNDROME DACOMPRESSÃOMEDULAR: ocorre em cânceres com predileção pela coluna ou ossos (próstata, mama, mieloma múltiplo), causando parestesia, paresia, dor e plegia, inicia dias a meses antes do quadro neurológico, exacerba com movimento e posição supina. Sinal mais precoce: paraparesia e tetraparesia. Outras manifestações: espasticidade, retenção urinária, paraplegia ou tetraplegia - síndrome da cauda equina. Diagnóstico: RNM de coluna cervical, lombar e torácica a. Tratamento Reversão da lesão neurológica: 80% dos pacientes sem déficit; 50% com mielopatia leve; 5-10% dos paraplégicos. Tratamento cirúrgico: laminectomia anterior/póstero-lateral promove a descompressão pela retirada do tecido do tumor que adentra o canal medular, seguido de radioterapia. Radioterapia substitui a cirurgia quando não há possibilidade de reavaliação pelo cirurgião. Corticoide emaltas doses: Dexametasona 4mg, IV, de 6/6h, equivale Prednisona 80 mg para vencer a barreira hematoencefálica, desinflamar e reduzir o edema da medula, mas não reduz tamanho tumoral. Quimioterapia: linfoma, germinativos, sarcoma de Ewing, neuroblastoma, para reduzir o volume tumoral. HIPERTENSÃO INTRACRANIANA presença de estrutura anômala na caixa craniana pode aumentar a pressão. Mais comum: metástase cerebral. Outras causas: tumor primário de SNC, hemorragia, isquemia, infecção, meningoencefalite autoimune. Sintomas: cefaléia intensa holocraniana, crise convulsiva, vômitos em jato sem náusea, alteração da consciência, visual e da marcha Sinais: edema de papila óptica (turvação), hemiparesia, hipoestesia, ataxia, afasia Tratamento: Dexametasona 4 mg, IV, 6/6 horas ou Manitol 20% (diurético hiperosmótico) para reduzir edema de forma paliativa; Fenitoína, Carbamazepina ou Ácido valpróico para controle de convulsões; e cirurgia ou radioterapia (definitiva) SÍNDROME DAVEIA CAVA SUPERIOR: estrutura anômala no mediastino comprimindo a VCS, com redução do retorno venoso da cabeça, pescoço e MMSS. Mais comum: CA de pulmão (CEC e pequenas células) Jovens: linfoma e tumor germinativo de mediastino. Outras causas: tumores benignos, bócio mergulhante, trombose, mediastinite fibrosante, histoplasmose a. Diagnóstico Inicial: anamnese, exame físico, gasometria Sintomas: dispneia, tosse, dor torácica, disfagia. Sinais: circulação colateral, ingurgitação jugular, edema facial, edema de MMSS, cianose, congestão facial (pletora). Imagem: TC com contraste, angioRNM Histológico: diagnóstico da doença de base b. Tratamento Oxigênio + elevação da cabeceira, Furosemida, corticoterapia (linfoma), prótese auto-expansível, angioplastia, radioterapia (redução tumoral). TAMPONAMENTOCARDÍACO: invasão tumoral no pericárdio causando acúmulo de líquido na cavidade, aumento da pressão intrapericárdica, redução do débito cardíaco e choque obstrutivo. 3 LA YA NE SI LV A Layane Silva Tríade de Beck: hipotensão, hipofonese de bulha e turgência de jugular. Causas: adenocarcinoma de pulmão, CA de mama, neoplasias hematológicas. Diagnóstico: Rx de tórax: aumento da área cardíaca; ECG: diminuição da voltagem (QRS diminuído), taquicardia sinusal, arritmias; Ecocardiograma: exame diagnóstico de eleição. Tratamento: oxigenoterapia, medicamentos inotrópicos, pericardiocentese com instilação de bleomicina, pericardiotomia. Nunca usar diuréticos! HIPERCALCEMIAMALIGNA: tumores com potencial de metástase óssea podem retirar Ca do osso para o sangue por osteólise, aumentando a secreção do PTH, urgência metabólica mais frequente (20%). Causas: mieloma múltiplo, CA de mama, pulmão não-pequenas células, cabeça e pescoço. a. Diagnóstico Quadro clínico: náuseas, tremores, anorexia, astenia, poliúria, polidipsia, confusão mental, hiporreflexia, IR, bradicardia. Laboratório: Ca sérico corrigido > 11 mg/dl [Ca + 0,8 mg/dl x (4 - albumina)], creatinina e ureia elevadas por IR. ECG: bradicardia, PR alargado, QRS alargado, encurtamento QT, onda T pontiaguda. b. Tratamento Tratar hipercalcemia sintomática > 10 mg/dl ou > 13 mg/dl! Diálise: IR severa, sintomas neurológicos ou IC. Hidratação: SF0,9% 3.000ml/m²/dia Furosemida: 20 - 40 mg, IV, 8/8 horas; diurese de 100 - 200 ml/hora; controle do K e Mg Bisfosfonatos: se Ca > 12-14 mg/dL, usar ácido zoledrônico 4 mg em 15 min, IV - em paciente com IRA usar Denosumabe Outros: Pamidronato, corticoide (mieloma, linfoma), calcitonina. OUTRAS EMERGÊNCIAS Linfagite pulmonar: inflamação dos vasos linfáticos dos pulmões, causando dispneia e tosse, melhora com corticoide e quimioterapia (redução tumoral). Síndrome carcinóidemaligna: secreção excessiva de serotonina, causando rubor, diarréia e sibilância. Meningite carcinomatosa: inflamação da meninge associada com CA de mama triplo negativo, causa rigidez de nuca, cefaléia e vômito em jato, tratar com QT intratecal ou radioterapia - sobrevida: 3 meses. Outras: hemoptise, hematúria, obstrução de vias aéreas, obstrução intestinal, obstrução urinária, insuficiência adrenal. ● Câncer de pele Pele tem epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. Epiderme: queratinócitos e melanócitos - tumores in situ Derme: vasos sanguíneos e linfáticos - tumores invasivos. Epidemiologia: aumento da incidência do CA de pele não melanoma pelo aumento da exposição solar e radiação UV (aquecimento global e destruição da camada de ozônio). Brasil: mais incidente no nordeste e norte. a. Classificação CA de pelemelanoma: mais agressivo e menos frequente CAde pele nãomelanoma: mais comum, inclui carcinoma basocelular e carcinoma de células escamosas (CEC). CARCINOMABASOCELULAR: mais comum, 85% na cabeça e pescoço (nariz), indolente e arrastado 95% em > 40 anos, raramente tem metástase (1%), mas tem potencial de invasão e destruição local. Lesão: elevada, perolada, umbilicada, com telangiectasias. Tratamento: ressecção com margens - inoperável: radioterapia; metástase: Vismodegibe e Cemiplimabe. CARCINOMA ESCAMOCELULAR: tumor maligno dos queratinócitos da epiderme, mais raro, cresce de forma destrutiva, comum no lábio e couro cabeludo, pode ter metástase pelo sistema linfático, pior prognóstico, comum em mais velhos por processo crônico de exposição ao sol. Fatores predisponentes: radiação UV, inflamações crônicas da pele, carcinógenos químicos, imunossupressão (HIV ou transplante) e infecções virais (HPV). Úlcera de Marjolin: cancerização em cima de uma cicatriz ou ferida crônica (área de inflamação). Qualquer ferida que não cicatrize em até 2 semanas: biópsia! Lesão: pequeno nódulo, verrucoso, cinza ou vermelho, em crescimento, pode progredir rapidamente até atingir ulceração (sinal de agressividade - crescimento rápido, leva a necrose), pode estar associado a sangramento. Nos lábios ou genitália forma erosão, úlcera ou fissura que não cicatrizae sangra periodicamente.: Tratamento: ressecção com margens e radioterapia local adjuvante; inoperável/metástase: QT ou Cemiplimabe 4 LA YA NE SI LV A Layane Silva MELANOMA: mais agressivo, sempre maligno, alto potencial de invasão, disseminação (cérebro) e sangramento. Melanoma extensivo superficial: espalha na superfície, longa fase de crescimento radial, frequente aos 40 anos, forma placas planas com variação de cor, margens irregulares, pode ter sangramento ou drenagem serosa. Lentigomalignomelanoma: crescimento lento, comum em idosos, tem período pré-invasivo (melanoma in situ). Esta variante não ocorre em crianças! Melanomanodular: nódulo com padrão de crescimento vertical, prognóstico ruim, pouco ou nenhum crescimento radial antes da invasão profunda, comum entre 50-60 anos. Lesão: pápula elevada ou nódulo, avermelhada, azulada ou marrom escuro colorido, tumor em forma de cúpula, pode ter ulceração ou hemorragia. Melanoma lentiginoso acral: atinge extremidades (sem pelos; palma/planta), comum em negros de meia-idade. Melanomaamelanótico: despigmentado (não produz melanina), acomete melanoblastos (células jovens). Melanomademucosa: agressivo, acomete mucosas, tem muitos vasos sanguíneos, alta capacidade de disseminação, inicia com metástase. Melanomade coróide: agressivo, tem prognóstico ruim e causa turvação visual, trata com radioterapia em placa no olho - se metástase, tratamento sistêmico. Questão de prova! Não precisa de biópsia! a. Diagnóstico ABCDE + avaliação dos sinais e sintomas constitucionais + palpação de cadeias linfonodais. A - assimetria: padrão difuso, infiltrativo e assimétrico; B - bordas irregulares; C - coloração múltipla: padrão mosqueado; D - diâmetro maior ou igual a 6 mm; E - evolução: crescimento (transformação maligna). Linfonodo sentinela: retira 1 linfonodo regional para avaliar acometimento linfonodal - cabeça e pescoço: linfonodos cervicais; braço e tórax: axilares; MMII: inguinais Exames complementares: TC de tórax e abdome total, cintilografia óssea, RNM de crânio se sintomas (alto potencial hemorrágico), PET-CT, biópsia excisional, linfonodo sentinela, mutação V600E de BRAF e cKIT. Classificação de Clark. Nível 1 Confinado à epiderme; melanoma “in situ” Nível 2 Invasão da derme papilar Nível 3 Preenche derme papilar, mas não extende para reticular Nível 4 Invasão da derme reticular Nível 5 Invasão do tecido subcutâneo profundo Classificação de Breslow: profundidade em mm - quanto mais profunda, pior a sobrevida em 10 anos; 01 mm: 94% de sobrevida; 02 mm: 82%; 03 mm: 63%; 04: 61%; 05 mm: 40%. b. Tratamento Ressecção cirúrgica com margens de segurança + esvaziamento ganglionar se linfonodo sentinela positivo - perfusão isolada de membro de Melfalano; IFN, TKI ou imunoterapia adjuvantes (estádio III). Metástase: quimioterapia (Dacarbazina, Temodal, Taxol e Carboplatina), imunoterapia (Ipilimumabe, Nivolumabe, Pembrolizumabe) e terapia-alvo (inibidores de BRAF e MEK). ● Introdução à onco-hematologia Hematopoiese: proliferação, diferenciação, maturação funcional e morte celular, inicia no saco vitelino que produz células sanguíneas na vida intraembrionária até 1-2 meses de gestação, seguida pelo fígado e baço na 5a-6a semana, e por fim, na medula óssea e linfonodos após o 5o mês. Infância: todos os ossos são produtores de sangue, possibilita acesso intraósseo (conexão entre MO e sangue), maior capacidade de suportar QT, maior taxa de cura. Adulto: produção no esqueleto axial (clavícula, esterno, costelas, coluna, bacia) e região proximal dos ossos longos - a biópsia pode ser feita na bacia (crista ilíaca) ou esterno. Idoso: 30% dos ossos produzem sangue - medula insuficiente, menor tolerância à QT, menor taxa de cura. a. Funções celulares A célula tronco pluripotente pode se transformar em qualquer célula hematopoiética, origina 2 linhagens: (1) linfóide: linfoblasto B, T (TCD4 ou TCD8) e NK, que irão crescer e se tornar linfócitos B que produzem anticorpos, linfócitos T que apresentam antígenos, e plasmócitos. (2) mielóide: eritroblasto (reticulócito - hemácia), megacarioblasto (plaqueta), células brancas e mieloblastos (monócitos - macrófago, neutrófilo, eosinófilo, basófilo e mastócito) - podem ser chamadas de granulócitos. 5 LA YA NE SI LV A Layane Silva Leucemia é linfóide ou mielóide aguda (jovens - blasto) ou crônica (maduras) - sendo mais grave a linfóide B aguda. Hemácia: transporte de O2 e CO2 (hematose). Anemia: (1) microcítica/hipocrômica: ferropriva ou talassemia; (2) macrocítica: deficiência de B12 ou ácido fólico; (3) normocítica/normocrômica: doença crônica; ocorre por baixa de hemácias ou de Hb, tem causa medular (reticulócitos ↓) ou extramedular (reticulócitos ↑). Transfundir se < 7/8, se cardiopata ou pneumopata. Cada bolsa aumenta Hb em 1,5 - fracionar para evitar sobrecarga. Plaquetas: forma tampões e libera químicos para coagulação, valor normal de 150.000-450.000. Plaquetopenia: risco de hemorragia se < 50.000, transfundir se < 10.000 ou < 20.000 + sangramento + febre, ou < 50.000 para cirurgia ou < 100.000 para cirurgia oftálmica ou neuro. Cada bolsa aumenta 5.000, pode considerar 1 bolsa/10 kg. Linfócitos: produz anticorpos contra vírus, reações alérgicas, rejeição de enxerto, CA e regulação do sistema imune. T: imunidade mediada por células produtoras de citocinas. B: imunidade humoral, mediada por anticorpo Neutrófilos: proteção contra bactérias e fungos. Eosinófilos: proteção contra parasitas e alergias. Mastócitos: atuam nos processos alérgicos. Basófilos: libera histamina (inflamação) e heparina (anticoagulação). b. Fatores de crescimento Controlam a produção das células do sangue. G-CSF: fator estimulador de colônia de granulócito, não interfere nos linfócitos - Filgrastim, Eritropoietina: formação de células vermelhas, hormônio produzido pelos rins (85%) e fígado (15%). c. Hemograma Principal exame, dividido em (1) série vermelha: eritrócitos, hemoglobina, hematócrito, VCM, HCM, CHCM, RDW; (2) série branca: leucócitos, mielócitos, metamielócitos, bastonetes, segmentados (neutrófilos), eosinófilos, basófilos, linfócitos, monócitos; (3) plaquetas. Desvio à esq./Escalonamento: presença de células jovens - LM altera mieloblastos, mielócitos e metamielócitos, se aguda anemia + plaquetopenia. d. Órgãos linfóides Primários: produzem linfócitos - timo (linfócito T) e medula. Secundários: amadurecimento e especialização dos linfócitos (apresentação de antígeno) - adenóide, amígdalas e base de língua (anel de Waldeyer), baço, placas de Peyer (linfócitos do TGI), apêndice, vasos linfáticos e linfonodos. e. Biópsia demedula óssea Para tratar câncer é necessário ter biópsia na medula óssea (esterno e crista ilíaca postero-superior), retirando um pedaço do osso + MO vermelha com agulha em decúbito lateral com ou sem sedação, após aplicação de anestésico no periósteo, para analisar celularidade e estrutura óssea. Questão de prova!Marcador da linhagem mielóide: mieloperoxidase. Marcadores da linhagem linfóide: B - CD20; T - CD3; NK - CD56; plasmócito - CD38 e CD138. f. Mielograma Coleta de sangue do osso, que é rico em células sanguíneas, entrar em uma região do osso que não foi furada pela biópsia, realizar um esfregaço. Normal: tem todas as células da linhagem; Anormal: lâmina monótona com células “clones”. Mielograma + biópsia = maior acurácia do diagnóstico. g. Outros exames Imunofenotipagem ou citometria de fluxo: pesquisa de marcadores específicos para cada célula; Questão de prova! Imunofenotipagem é o exame que define a linhagem celular, e classifica qual o tipo de leucemia. Cariótipo: analisa cromossomos, fecha diagnóstico ou prediz prognóstico por alterações cromossômicas; FISH: mais preciso e mais caro; Estudos moleculares. Estudo medular é obrigatório, mas se alta contagem de leucócitos pode fechar diagnóstico pelo sangue periférico. ● Tumores hematológicos MIELOMAMÚLTIPLO: originado pelo linfócito B, produtora de anticorpos e, quando maismaduro, torna-se plasmócito, há proliferação maligna e clonal de plasmócitos na MO, produzindo imunoglobulina monoclonal (origina em 1 linhagem de plasmócito doente). 1% dos tumores malignos, 10-15% dos tumores malignos hematológicos, média da idade de 66 anos, acomete pessoas mais velhas, homens (1,4:1) e negros (2-3:1). a. Quadro clínico - C: hipercalcemia - R: insuficiência renal 6 LA YA NE SI LV A Layane Silva A imunoglobulina (proteína) é um Y dividida em cadeia pesada e leve, esta quebra facilmente e se separa tornando-se cadeia leve livre (Kappa ou Lambda). A passagem de proteínas pelo glomérulo pode ser difícil, causando proteinúria e IR por necrose tubular - a cadeia leve é pequena e atravessa o glomérulo, danificando o túbulo renal pela perda da cadeia leve na urina. - A: anemia Os plasmócitos crescem e ocupam a MO, dificultando a proliferação das hemácias, reduzindo em número pela falta de espaço na MO - se IR, terá deficiência de eritropoietina. - B: lesões ósseas Plasmócito fica dentro da MO e estimula o osteoclasto, que destrói matriz óssea, formando lesões líticas ou osteolíticas (padrão de queijo suiço com furos) ou lesões osteoblásticas (nódulos, imagem branca no Rx, buraco no osso). Consequências: liberação de Ca (hipercalcemia) e susceptibilidade de fraturas patológicas. Outrasmanifestações: susceptibilidade a infecção, coagulopatia (plaquetopenia, disfunção plaquetária, interferência dos fatores da coagulação, ligação do componente M com fatores da coagulação), hiperviscosidade (excesso de produção de proteína ou imunoglobulina - hipergamaglobulinemia, dificulta a circulação sanguínea nos vasos calibrosos e capilares, leva a confusão mental e turvação visual). b. Exames complementares Hemograma completo (anemia), coagulograma e VHS; bioquímica (glicose, uréia, creatinina, eletrólitos, proteínas totais e frações, DHL, Ca, hepatograma, sorologias para HIV, HTLV, Hepatite B e C). Para todos os tumores hematológicos, afastar HIV e HTLV - podem ser causa - hepatite B e C - podem ser ativados com o tratamento do mieloma! Dosagem de β2 microglobulina (estadiamento), imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM e cadeias leves livres), eletroforese de proteína (presença de pico monoclonal e imunofixação de proteínas séricas e urinárias - principal exame), aspirado e biópsia de MO (mielograma, cariótipo, imunofenotipagem, FISH - visualiza plasmócitos doentes) Hemograma completo: anemia (Hb < 12, 73% no diagnóstico e 97% durante a doença), leucopenia e plaquetopenia. Hematoscopia: hemácia com centro esbranquiçado (sinal indireto de anemia), Rouleaux (sinal de mieloma múltiplo - hemácias grudadas), presença de plasmócitos - célula azul com núcleo roxo (> 2000/μl - leucemia de células plasmáticas no sangue periférico, não considera mieloma). Dosagemde imunoglobulinas: IgG (55%, principal, pode ser a única produzida), IgA (25%), cadeia leve (13% - dano renal), IgD (1%), biclonal (2%, 2 tipos de plasmócito e de imunoglobulinas), IgM (1%, maior), não secretor (3%). Qualquer paciente independente da presença ou não de imunoglobulina deve ser encaminhado para biópsia! Eletroforese de proteínas: exame mais importante, dosa proteínas no sangue formando um gráfico. Pico normal: grande, mostra a albumina que é a globulina mais prevalente no sangue - seguido de gamaglobulina, que aumenta em doença produtora de imunoglobulinas. 2 picos: erro monoclonal, clássico de mieloma múltiplo. 3 picos: pode ser biclonal, 2 globulinas + albumina. Mielograma: normal: heterogêneo; doente: homogêneo - se > 10% de plasmócitos no corte, é um mieloma múltiplo Radiologia: SUS: Rx de todos os ossos (crânio, tórax, membros, coluna e bacia) - pode haver crânio de sal e pimenta (“furinhos” no crânio) que é patognomônico de mieloma múltiplo, e lesões líticas associadas a fraturas. Melhor exame: RNM do corpo (difícil acesso). c. Diagnóstico São necessários os 3 critérios diagnósticos, exceto no mieloma não secretor. I: presença de proteína monoclonal sérica ou urinária II: presença de plasmocitoma ou > 10% plasmócitos na MO III: lesão de órgão alvo (apenas 1) ● C - hipercalcemia (Ca > 10,5mg/dl) ● R - insuficiência renal (creatinina >2mg/dl) ● A - anemia (hemoglobina < 10g/dl) ● B - lesões osteolíticas/osteoporose com fraturas d. Estadiamento Estádio 1: β2M < 3,5 mg/dL + albumina > 3,5 mg/dL Estádio 2: β2M < 3,5 mg/dL + albumina < 3,5 mg/dL ou β2M entre 3,5-5,5 mg/dL Estádio 3: β2M > 5,5 mg/dL DHL e β2M mede volume de doença. e. Tratamento Incurável (doença crônica com controle de sintomas), dura em torno de 3 anos. Medicamentos: (1) corticóide: Dexametasona e Prednisona 100-200 mg, elimina células da linhagem linfóide; (2) 7 LA YA NE SI LV A Layane Silva quimioterápicos: Melfalano (mais comum), Ciclofosfamida, Vincristina, Doxorrubicina; (3) inibidores de proteassoma: Carfilzomibe, Bortezomibe, Ixazomibe; (4) anti-CD138: Daratumumabe, assinatura genética do plasmócito; (5) imunomoduladores: Talidomida - desenvolvido para tratar vômitos na gravidez, mas é teratogênico (bebês sem membros), foi adaptado para tratar mieloma múltiplo, LES, leucemia e hanseníase - Lenalidomida, Pomalidomida; (6) Car-T Cell: treina o linfócito para reconhecer e atacar o CA. TMO: o transplante autólogo de MO é o principal tratamento, não tem chance de rejeição, agressivo/pesado, alto risco de morte durante o tratamento - incurável, espera-se que retorne em 5-6 anos, pode ter sobrevida de 10-15 anos. Candidato ao TMO: < 65 anos, bom performance status, boa função renal, pulmonar, cardíaca e hepática. 1a fase: indução, limpeza da MO com corticoide. 2a fase: consolidação, coleta e congelamento das células tronco, seguido de QT e descongelamento das células para infusão, evitando aplasia de medula. 3a fase: manutenção, uso de Talidomida por 02 anos para controle de doença. Se paciente jovem, ela não pode engravidar! Procedimento: máquina separa células tronco da bolsa de sangue e devolve o restante do sangue para o paciente, congela essas células no nitrogênio líquido, após 1 dia da QT, a bolsa é transfundida, as células da MO circulam no sangue e chegam na medula em 24-48h, onde se diferencia e transforma em toda a linhagem sanguínea (home in). Não candidatos a TMO: realizar 1a fase de indução e pular para a 3a fase de manutenção. Suporte: inibidores de osteólise para reduzir destruição óssea (ácido zoledrônico, Denosumabe), eritropoietina (anemia), ATBprofilaxia (previne infecção) e profilaxia trombótica. Pneumocystis jiroveci (pneumocistose): pneumonia grave, típica do imunossupresso, usar Bactrim 800/160 mg 3 vezes por semana, intercalados. Herpes zoster: Aciclovir ou Valaciclovir LINFOMADE HODGKIN: tem predileção pelos linfonodos do mediastino, presença de células Reed-Sternberg, tem 2 picos de incidência: até 20 anos e 65 anos, mais raro (1%) Fatores de risco: infecção pelo EBV, imunossupressão (HIV, transplantados), história familiar em jovem (risco 5-7 vezes maior), pesticidas. a. Diagnóstico Quadro clínico: linfonodomegalias e sintomas B (febre vespertina e noturna, sudorese noturna e perda ponderal), prurido e lesões de pele. Exames: Hg, DHL, VHS, albumina, sorologias (HIV, HTLV, Hepatite B e C); TC ou PET-CT (melhor exame, muda estadiamento em 20% dos casos); biópsia (célula de Reed-Sternberg: linfócito grande e binucleado em “olho de coruja”) e imunohistoquímica (marcador CD30: +). b. Estadiamento Ann Harbor Estádio 1: 1 cadeia linfonodal comprometida Estádio 2: > 2 cadeias acima OU abaixo do diafragma Estádio 3: comprometimento acima E abaixo do diafragma Estádio 4: 1 comprometimento fora do sistema linfático de qualquer órgão, exceto baço, amígdalas e placas de Peyer. Se presença de sintomas B (quadro pior): estádio X tipo B c. Tratamento Terapia de 1a linha: protocolo ABVD (Adriamicina, Bleomicina, Vimblastina, Dacarbazina) - curável em 85%, mesmo no IV. Estádio I e II: ABVD + radioterapia Estádio III e IV: ABVD + eBEACOPP - radioterapia se bulky disease ou captação residuale pontual (necessita de mais ciclos de tratamento e dose maior de RT) Suporte: pré-indução com corticoide, Alopurinal ou Rasburicase para reduzir ácido úrico (profilaxia de lise tumoral), vermifugação (Albendazol ou Ivermectina), profilaxias infecciosas (pneumocistose e herpes), G-CSF (evitar neutropenia febril). LINFOMANÃO-HODGKIN: mais frequente (4%), aumentou pelo diagnóstico precoce de linfomas indolentes, aumento de imunodeprimidos (transplante de órgãos e HIV) e envelhecimento populacional. Fatores de risco: história familiar; passado de linfoma, LLC, mieloma múltiplo, melanoma; síndromes genéticas (ataxia telangiectásica e Síndrome de Wiskott -Aldrich), doenças autoimunes (síndrome de Sjogren, LES, doença celíaca, artrite reumatoide), transplantados (risco 20 vezes maior em renais e 120 vezes em cardíacos), exposição a herbicidas e solventes orgânicos, tabagismo, infecções (EBV, HIV - LDGCB e primário de SNC, HTLV - leucemia/linfoma de células T, HHV-8 - doença de Castleman e linfoma primário de efusão, HCV - LNH de baixo grau, H. pylori - linfoma MALT gástrico, Chlamydia psittaci - MALT ocular). 8 LA YA NE SI LV A Layane Silva Quadro clínico: queixas sistêmicas, sintomas B (mais comum em linfoma agressivo e comprometimento extranodal) - avaliar anel de Waldeyer, fígado, baço e linfonodos. a. Diagnóstico DHL, VHS, B2 microglobulina, sorologias; TC ou PET-CT; biópsia e imunohistoquímica, biópsia de MO e estudo do liquor (pesquisar células no SNC). Marcadores: CD30: Hodgkin; CD20: não-Hodgkin B; CD3: T; CD56: NK. b. Tratamento Linfoma B: Rituximabe (anti-CD20) + QT (CHOP, COP, Bendamustina). Linfoma T: CHOEP Outros: transplante alogênico e autólogo de MO, Car T cell LINFOMANÃO-HODGKIN B: linfomas indolentes: folicular, linfoma da zona do manto e linfoma da zona marginal; linfomas de alto grau: linfoma de grandes células B, primário de SNC e de Burkitt (mais agressivo, predileção por ossos da face: maxila e mandíbula, duplica a cada 24h, altamente curável 95-98%). LINFOMANÃO-HODGKIN T: síndrome da pele escaldada, Stevens-Johnson, alergia, micose (infecção fúngica) - linfoma T cutâneo é uma micose fungóide. Toda ferida que não cicatriza em > 2 semanas: biópsia! LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA): leucemia de células linfóides jovens na MO, doença clonal da CPH com aumento dos linfoblastos, CA pediátrico mais comum, pico de incidência entre 2-5 anos e após 50 anos. Toda leucemia é causada por células jovens! Fatores de risco: exposição a solventes, tabagismo, radiação ionizante, QT prévia (alquilantes e inibidor de topoisomerase II), Cloranfenicol (ATB para febre maculosa), Fenilbutazona (dipirona em excesso), síndromes genéticas (Down, Klinefelter, Turner, neurofibromatose, Fanconi, disqueratose congênita, Shwachman-Diamond, Blackfan-Diamond). a. Quadro clínico Manifestações causadas pelo blasto ou pela presença do blasto na MO (falta de espaço para células boas). Sinais: anemia por redução da produção de hemácias (palidez, fadiga, angina, tontura), neutropenia (infecções), plaquetopenia (sangramento cutâneo-mucoso, petéquias), infiltração leucêmica em tecidos (hepatomegalia, esplenomegalia, leucemia cutis, linfadenomegalias, dor óssea, manifestações neurológicas), hiperleucocitose (leucostase, com sintomas oculares e neurológicos) e sinais de lise tumoral. b. Diagnóstico Hemograma, reticulócitos, eletrólitos, função renal e hepática, ácido úrico, coagulograma, DHL, sorologias e B-HCG (tratamentos são abortivos e teratogênicos), função cardíaca, imagem de tórax e abdome, HLA do paciente e irmãos (possíveis doadores de MO). Avaliação hematológica: morfologia - mielograma com 20%de blastos, imunofenotipagem - define linhagem B, T ou NK, citogenética/FISH e marcadores moleculares. c. Tratamento Fase de indução e pós-indução (consolidação e manutenção), TMO, prevenção e tratamento de infiltração de SNC (radioterapia ou QT intratecal), Car T Cell, ATBprofilaxia, profilaxia/tratamento de lise tumoral. Medicamentos: Ciclofosfamida, Vincristina, Antraciclina (Idarrubicina, Daunorrubicina, Doxorrubicina), corticoide, Metotrexate, Citarabina, Asparaginase (extraída da E.coli), Rituximabe se CD20+, inibidores de tirosina quinase (como Imatinibe, Dasatinibe, etc) LEUCEMIAMIELOIDE AGUDA (LMA): mais frequente em adultos, homens brancos, pico após 65 anos. Fatores de risco: exposição a solventes, tabagismo, radiação ionizante, QT prévia, Cloranfenicol, Fenilbutazona, síndromes genéticas. a. Diagnóstico Quadro clínico: anemia, neutropenia, plaquetopenia, infiltração leucêmica, hiperleucocitose, sinais de lise tumoral. Laboratório: hemograma, reticulócitos, eletrólitos, função renal e hepática, ácido úrico, coagulograma, DHL, sorologias e B-HCG (mulheres). Avaliação hematológica: morfologia - mielograma com 20%de blastos, BMO se aspirado seco, imunofenotipagem - define linhagem B, T ou NK e citogenética/FISH. Linfóide: linfócito e blastos altos + neutrófilos, mielócitos, metamielócitos e bastonetes normais. Mielóide: neutrófilo, mielócito, bastonete, metamielócito, mielócito altos (desvio à esquerda escalonado) b. Tratamento Indução: Antraciclina (Dauno/Idarrubicina) + Citarabina (3+7); esperar 21-28 dias para reavaliar; Consolidação: TMO. Cuidados: filtro HEPA e cuidados anti-infecção, profilaxia antifúngica (Fluconazol, Voriconazol, Posaconazol), profilaxia 9 LA YA NE SI LV A Layane Silva bacteriana (Levofloxacino), profilaxia viral (Aciclovir ou Valaciclovir), uso criterioso de G-CSF, suporte transfusional irradiado e deleucotizado. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC): neoplasia hematológica com maior predisposição genética, causada pelos linfócitos B maduros, presentes no sangue periférico, MO, baço e linfonodos, indolente ou agressiva, comum em homens adultos, pico após 65 anos, Quadro clínico: assintomático (70-80%), fadiga e mal-estar inespecífico, anemia hemolítica autoimune (pode ser fatal), plaquetopenia autoimune, infecções bacterianas, linfonodomegalias, visceromegalias (fígado e baço). a. Diagnóstico Critério: 5 mil linfócitos B monoclonais no sangue periférico. Exames: DHL, sorologias, beta 2 microglobulina e provas de hemólise (Coombs, anticorpos irregulares, haptoglobina, Bb indireta); TC de pescoço, tórax e abdome; afastar infecções virais com EBV e CMV. Sempre descartar infecções que mimetizam o quadro! Avaliação hematológica: morfologia do esfregaço: linfócitos pequenos com cromatina densa e citoplasma escasso (manchas de Gumprecht - linfócito esmagado por apoptose/autólise); imunofenotipagem CD20+. CLASSIFICAÇÃODE BINET ESTÁDIO HEMOGRAMA SÍTIOS SOBREVIDA A Hb > 10; Plaq > 100.000 < 3 > 10 B Hb > 10; Plaq > 100.000 > 3 7 C Hb < 10; Plaq < 100.000 Indiferente 5 CLASSIFICAÇÃODE RAI ESTÁDIO RISCO DESCRIÇÃO SOBREVIDA 0 Baixo Linfocitose > 10 I Médio Linfocitose + adenomegalia 7-9 II Médio Linfocitose + esplenomegalia ± adenomegalia 7-9 III Alto Linfocitose + anemia ± adeno ou esplenomegalia 1,5-5 IV Alto Linfocitose + trombocitopenia ± anemia, adeno ou esplenomegalia 1,5-5 b. Tratamento Binet A + Rai 0: só se indicação, pois tem bom prognóstico. Indicações: sintomas locais devido à progressão, doença bulky (linfonodos > 10 cm e baço > 6 cm), comprometimento de função orgânica por extensão de doença, sintomas B (febre noturna, sudorese noturna ou perda de peso), tempo de duplicação de linfócitos < 6 meses, citopenias decorrentes de infiltração medular. Medicamentos: R-FC (Rituximabe - anti-CD20 + Fludarabina + Ciclofosfamida); Rituximabe/Obinutuzumabe + Bendamustina; R-Metilprednisolona em altas doses; R-CHOP; Obinutuzumabe + Clorambucil; Ibrutinibe; Venetoclax; TMO. LLC evolui para Linfoma Não Hodgkin B. LEUCEMIAMIELOIDE CRÔNICA (LMC): rara, acomete homens aos 55 anos, presença de cromossomo Philadelphia, causado pela translocação dos cromossomos 9 e 22, que forma a proteína BCR -ABL. Crônica: proliferação escalonada da série granulocítica (oligo ou assintomática) Acelerada: rápida expansão do setor granulocítico Criseblástica: semelhante a leucemia aguda (insuficiência de órgãos e óbito) a. Diagnóstico Quadro clínico: assintomático (crônico), anemia, infecções, sangramento, infiltração gengival. Exames: hemograma: leucoestase, leucocitose intensa e desvio escalonado à esquerda (neutrófilo, bastonete, metamielócito, mielócito) com Hb e Plq normais; mielograma e IFT (granulocitose) e pesquisa do Ph (citogenética, FISH ou PCR) no sangue periférico ou MO. Não necessita mielograma, pois há células no sangue! b. Tratamento Hidroxiureia (controle da leucocitose), inibidores de tirosina quinase (ITK - Imatinibe, Dasatinibe, Nilotinibe, Ponatinibe - modificam história da doença), TMO alogênico (cura). Corticóide só trata linhagem linfóide! ● Vesícula biliar Mais frequente das vias biliares, pico na 6a década, mais mulheres, agressivo, prognóstico reservado, sobrevida de 5-15% em 5 anos pelo diagnóstico tardio, principal tipo é adenocarcinoma, dissemina para peritônio, fígado e linfática. a. Fatores de risco Estase biliar: junção anômala de via biliar, cistos de colédoco e pólipos de vesícula biliar - impossibilita o deságue normal da bile na via biliar. 10 LA YA NE SI LV A Layane Silva Pólipos da vesícula: colecistectomia se > 1 cm, paciente > 50 anos com HF positivo para cânceres do TGI, principalmente vias biliares OU se < 1 cm com velocidade de crescimento > 5 mm ao ano. - Subtipos: colesterolose, adenomas, adenomiomatose 1-2 cm: colecistectomia videolaparoscópica; 2 cm: colecistectomia aberta pelo risco de implantes por manipulação cirúrgica, gerando carcinomatose. Fatores da própria vesícula: cálculo > 3 cm e vesícula em porcelana (calcificação na parede da vesícula por inflamação crônica) - indicação de colecistectomia mesmo em assintomáticos. b. Quadro clínico Incidental, colecistite, massa palpável, icterícia obstrutiva às custas de bilirrubina direta, ascite neoplásica por carcinomatose peritoneal, emagrecimento e vômitos (síndrome anorexia-caquexia). Qualquer processo inflamatório pode estar associado a uma neoplasia da própria víscera! c. Diagnóstico Na síndrome ictérica, exame inicial é USG de abdome superior com fluxo ao doppler (cálculo - sombra acústica posterior), seguido de colangioRNM para avaliar via biliar. Se dúvida do envolvimento vascular, solicitar TC. Se lesão grande, solicitar laparoscopia estadiadora, é o melhor exame de pré-op para avaliação de carcinomatose. Colangiocarcinoma: lesão hipovascular, fundo de vesícula e segmentos IV, V e VIII, limites e bordas irregulares. A principal característica do CHC é o wash-out! A principal lesão hipovascular maligna é a metástase do TGI. "Maçã mordida”: imagem arredondada negativando a via biliar por compressão na sequência T2. Na TC não é possível visualizar cálculo de colesterol, apenas de cálcio, que são extremamente raros. Estadiamento: lesões até T3 (acometimento localmente avançado) são ressecáveis; a partir de T4 (envolvimento vascular) não são ressecáveis. T3: invade o fígado ou rompe o peritônio visceral e/ou uma outra estrutura como via biliar, estômago, duodeno ou cólon. T4: invade a V. porta ou A. hepática e > 2 órgãos adjacentes. Exames: TC de tórax + abdome total + angioRNM + marcadores tumorais (CEA e CA 19-9) d. Tratamento Questão de prova! R0 - colecistectomia + ressecção em cunha do IVB e V + linfadenectomia do hilo hepático. Segmentação hepática: I - segmento dissociado do fígado que tem vascularização e vias biliares a parte derivadas diretamente da via biliar e da veia porta; veia suprahepática média divide fígado esquerdo e direito; veia porta direita e esquerda divide segmentos superiores e inferiores. Pode ser retirado de 60-75% do fígado, pois ele regenera. Se lesão T1a no pós-op, está curado com colecistectomia. Se T1b no pós-op, reoperar e realizar ressecção em cunha. ● Fígado - CHC Neoplasia primária do fígado mais comum (90%), 3a causa de morte por CA, 60-70 anos, sexo masculino, associada a cirrose em 80-85% pela alteração celular (maior causa de morte entre cirróticos compensados) ou infecção do HBV (2-6%) e HCV (3-5%) em pacientes não cirróticos. Subtipos: variante fibrolamelar acomete jovens. Fatores de risco: cirrose de qualquer etiologia, infecção pelo HBV e HCV, esteato hepatite, hepatite autoimune, álcool, cirrose biliar primária, hemocromatose, deficiência de alfa-1 antitripsina, doença de Wilson, criptogênica. Rastreamento: USG e alfafetoproteína a cada 06 meses. a. Quadro clínico Tríade clássica: dor no quadrante superior, perda de peso (síndrome anorexia-caquexia, hepatomegalia. Outros: icterícia por perda de função, descompensação hepática no cirrótico, ascite, síndrome de Budd-Chiari (hipertensão venosa intrahepática e ascite refratária por trombose das veias suprahepáticas) Síndromes paraneoplásicas: hipoglicemia, trombocitopenia. b. Diagnóstico Definitivo: USG com lesão sólida + AFP > 400 ng/ml Suspeita: USG com lesão sólida + AFP < 400 ng/ml (1) se lesão > 2 cm no USG, solicitar TC ou RNM; (2) se lesão entre 1-2 cm, solicitar TC e RNM; (3) se lesão < 1 cm, complementar com RNM de abdome com contraste hepatoespecífico, e repetir o método de imagem a cada 03 meses (TC ou RNM). TC: realce arterial precoce, wash out na fase portal/equilíbrio. Wash-out: lesão que na fase arterial enche de contraste (branca - hiperdensa) e na fase venosa tem escoamento rápido (preta - hipodensa). RNM: hipersinal em T2 , padrão de realce vascular da TC. 11 LA YA NE SI LV A Layane Silva Biópsia: exceção, deve ser feita se a imagem não fecha em um paciente cirrótico com AFP aumentada OU lesões volumosas (redução tumoral paliativa para tratar síndrome necrótica - lesão liquefeita). c. Avaliação inicial A estabilidade do cirrótico é avaliada por: Função hepática de base: Child-Pugh define gravidade de função, sobrevida em 1 ano e mortalidade cirúrgica. CRITÉRIOS 1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS Bilirrubina (mg/dL) < 2 2-3 >3 Albumina (g/dL) > 3,5 2,8-3,5 < 2,8 INR < 1,7 1,7-2,3 < 2,3 Ascite Ausente Discreta Tensa Encefalopatia Ausente I-II II-IV (A) 5-6 pontos, sobrevida: 100%; mortalidade cirúrgica: 80% (B) 7-9 pontos, sobrevida: 80%; mortalidade cirúrgica: 30% (C) 10-15 pontos, sobrevida: 45%; mortalidade cirúrgica: 10% ESTÁGIOS DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA - CRITÉRIOS DEWEST HAVEN CONSCIÊNCIA INTELECTO COMPORTAMENTO ACHADOS NEUROLÓGICOS 0 Normal Normal Exame normal, testes psicomotores prejudicados 1 Leve perda de atenção Redução na atenção, adição e subtração prejudicadas Tremor ou flapping leve 2 Letárgico Desorientado, comportamento inadequado Flapping evidente, fala arrastada 3 Sonolento, mas responsivo Desorientação severa, comportamento bizarro Rigidez muscular e clônus, hiperreflexia 4 Coma Coma Postura de descerebração Escala MELD: define gravidade da doença hepática crônica, prediz sobrevida e prioriza alocação para transplantes hepáticos, avalia bilirrubina, creatinina e INR. Mortalidade em 3 meses: MELD > 40: 100%; MELD 30-39: 83%; MELD 20-29: 76%; MELD 10-19: 27%; MELD < 10: 4%. Presença de hipertensão portal: pressão alta na porta na tentativa de vencer a pressão intrahepática causa dilatação das tributárias, varizes esofágicas e esplenomegalia, mensurada por oclusão da veia hepática com cateter ou EDA pela visualização de varizes esofágicas. Performance status: ● 1: sintomático ● 2: sintomático, acamado < 50% do dia ● 3: sintomático, acamado > 50% do dia ● 4: acamado, pode necessitar de internação ● 5: morte Estadiamento do próprio tumor: BLCL avalia tamanho da imagem, quantidade de lesões, Child e Performance Status - TNM é pouco utilizado. Critérios de Milão: avalia quantidade e tamanho de lesões na imagem para indicar ou não transplante - paciente cirrótico com: nódulo único < 5 cm; até 3 nódulos < 3 cm; ausência de invasão macrovascular ou metástase. d. Tratamento Child A: ressecção cirúrgica se nódulo único, sem hipertensão portal, MELD < 9. O volume hepático remanescente deve ser de 40% em cirrótico e 25% em nãocirróticos. - Hepatectomia: direita: segmentos 5 + 8 (+ 4); esquerda: segmentos 2, 3 e 4 (+ 5 e 8); divisão primária da tríade portal - Setorectomia: 2-3 segmentos - Segmentectomia: divisão secundária da tríade portal - Manobra de Pringle: controle temporário do fluxo sanguíneo para fígado na cirurgia por 15-30 min de compressão do pedículo hepático (veia porta, artéria hepática e ducto biliar) - Metastasectomia: ressecção não regrada sem oclusão. Child B: transplante hepático se MELD > 9, sem metástase ou invasão vascular, de acordo com critérios de Milão (1 nódulo < 5 cm ou 3 nódulos < 3 cm). Outra opção: radiofrequência, ablação ou injeção de etanol - em tumores < 3 cm, exceto se ascite, plaquetopenia ou coagulopatia. Child C: fase terminal, transplante se MELD favorável e PS < 2. Paliação: terapias transarteriais (quimioembolização, radioembolização e ablação por radiofrequência), Sorafenibe (QT); controle de dor e dos sintomas, suporte nutricional, apoio psicossocial. ● Cólon e reto 4o tumor mais frequente, tem incidência aumentada, igual em homens e mulheres, pico entre 60-70 anos, mas é prevalente em < 50 anos, sendo rastreado aos 45 anos. 12 LA YA NE SI LV A Layane Silva Patologia: adenocarcinomas (> 90%), linfomas, carcinóides, sarcoma, carcinoma de células escamosas. Distribuição: lesões ulceradas, polipóides, anelares ou infiltrativas, mais comum à esquerda (retossigmoide), bem, moderadamente ou mal diferenciados, tem disseminação linfática, hematogênica ou por invasão direta, 20% metastático ao diagnóstico (principais sítios: fígado, pulmão, ossos e cérebro) e 50% curam com cirurgia. CA colorretal com metástase tem tratamento curativo com cirurgia associado a abordagem paliativa! a. Fatores de risco Pólipos adenomatosos (> 70%, pólipos planos, 1,5 cm de diâmetro, tipo viloso, displasia de alto grau), genética (oncogenes K-ras, p53, genes supressores de tumores APC, MCC, DCC), retocolite extensa (> 10 anos), DII (processo inflamatório crônico), história familiar de CA colorretal, mulheres com tumor de mama, útero ou ovário, síndromes familiar (PAF, CA colorretal familiar 10-15%). Riscomoderado: indivíduos sadios sem história familiar ou predisposição genética. Riscomoderadamente alto: história familiar ou pessoal de CA colorretal antes da idade. Risco alto: DII, síndrome de Lynch, PAF PÓLIPOS: neoplásicos (adenomatosos, tubular, tubuloviloso, viloso) ou não (hiperplásicos, hamartosos, inflamatórios); Adenocarcinoma: menos graves: pólipos tubulares; moderados: tubuloviloso; mais graves: pólipos vilosos (progressão mais rápida). Polipose adenomatosa familiar: inicia na adolescência, herança autossômica dominante e APC mutante, múltiplos pólipos adenomatosos no TGI (100) + hiperpigmentação retiniana hipertrófica, necessita de rastreio familiar. Sinais: diarréia, sangramento retal - maioria assintomática. Rastreio: 10-12 anos até 35-40 anos. Tratamento: colectomia total comanastomose ileoanal combolsa ileal (padrão-ouro), substituição da “bolsa de continência” retal por uma bolsa ileal que irá simular o reto; colectomia subtotal + anastomose ileorretal, necessita de retossigmoidoscopia anual e tem 100% de risco de CA após 40 anos; colectomia total + ileostomia. Tratamento curativo para PAF é colectomia! Síndrome de Turcot: associada a tumores do SNC (meduloblastoma, glioblastoma e ependimoma) + PAF, causa hipertrofia congênita do epitélio retiniano Síndrome deGardner: mais grave, relacionada a tumores ósseos (osteomas), tumores de tecidos moles (epidermóides, lipomas), tumores hepatobiliares, tireoide e suprarrenal + polipose adenomatosa colorretal. Síndrome de Lynch: CA hereditário não polipóide, autossômico dominante (inativação de MSH2 e MLH1), pode ser Lynch 1 (histórico familiar de CA colorretal precoce) ou Lynch 2 (CA colorretal, endométrio, ovário, intestino delgado, SNC, estômago, TUS, biliar). Rastreio: colonoscopia bianual dos 20-35 anos, após 35 anos realizar rastreamento anual; pesquisa de sangue oculto no SU; mulheres: curetagem a vácuo, USG transvaginal, CA-125. CRITÉRIOS CLÍNICOS PARACACOLORRETAL HEREDITÁRIO NÃO POLIPÓTICO (CCNPH) Critérios de Amsterdã (1991) Pelo menos 03 parentes com CA de cólon e todos os seguintes: - Uma das pessoas afetadas é um parente em primeiro grau das outras 02 pessoas afetadas - 02 gerações sucessivas afetadas - < 01 caso de CA de cólon diagnosticado antes dos 50 anos - Exclusão de polipose adenomatosa familiar Critérios de Amsterdãmodificados (1998) Mesmos critérios de Amsterdã, exceto que o câncer deve ser associado a CCNPH (cólon, endométrio, intestino delgado, ureter, pelve renal) em vez de especificamente a CA de cólon Critérios revisados de Bethesda (2003) Um dos seguintes critérios deve ser encontrado: - CA colorretal diagnosticado antes os 50 anos - Tumores colorretais sincrônicos ou metacrônicos e outros relacionados com o CCNPH (inclui estômago, bexiga, ureter, pelve renal, trato biliar, cérebro - glioblastoma, adenomas de gândulas sebáceas, ceratoacantomas e carcinomas de intestino delgado), sem considerar a idade - CA colorretal com elevada instabilidade de microssatélites diagnosticado antes dos 60 anos - História familiar de 01 ou mais parentes de primeiro grau com CA colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH. Um dos diagnósticos sendo feito antes dos 50 anos (inclui adenomas que podem ter sido diagnosticados antes dos 40 anos) - CA colorretal com 02 ou mais parentes com CA colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH, sem considerar a idade. Síndrome de Peutz-Jeghers: síndrome de polipose hamartomatosa não cancerígeno, mas aumenta a chance de CA em qualquer órgão. b. Manifestações clínicas 13 LA YA NE SI LV A Layane Silva Insidioso, obstrução (mais comum no intestino grosso), perfuração, dor abdominal, alteração de hábito intestinal e sangramento, perda de apetite, emagrecimento, diarreia constipação, tenesmo, muco nas fezes, distensão abdominal, aumento dos gases, vômitos, anemia, e massa palpável. Abdomeagudo: dor abdominal, não traumática, súbita, de intensidade variável, que necessita de diagnóstico e conduta terapêutica imediata. AA obstrutivo: solicitar TC (principal) e Rx (única indicação no AA) - não usar colonoscopia. - Sinais de obstrução alta: empilhamento de moedas, nível hidroaéreo em posição central, volvo com grão de café e ausência de gás no reto; - Sinais de obstrução baixa: haustrações periféricas e ausência de gás no intestino distal Principal causa de obstrução intestinal são bridas, se cirurgia prévia/recente + obstrução alta, faz tratamento conservador. AAhemorrágico: perda ponderal e hematoquezia, solicitar colonoscopia (hemorragia baixa) ou EDA (hemorragia alta). AAperfurativo: pneumoperitônio entre fígado e diafragma no Rx de tórax sem contraste (sinal de Jobert). c. Rastreamento Alto risco: (1) CCRHNP (Lynch): colonoscopia a cada 2 anos a partir de 20 anos, após 35 anos, anual, (2) PAF: sigmoidoscopia flexível, anual, a partir de 10-12 anos; (3) DII: colonoscopia a cada 1 -2 anos após 8 anos de doença. Riscomoderadamente alto: (1) ressecção curativa de CA: colonoscopia no 1o ano e após 3 anos; (2) parente de 1o grau com CA antes de 60 anos: colonoscopia a partir de 40 anos ou < 10 anos do primeiro caso; (3) pólipo: adenomas tubulares ou displasia de baixo grau: colonoscopia a cada 5 anos após polipectomia, adenomas viloso ou displasia de alto grau: colonoscopia a cada 3 anos. A quantidade de pólipos altera o intervalo de colonoscopia. Riscomédio: inicia aos 50 anos ou 45 anos (negros) com sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos + colonoscopia a cada 10 anos + anatomopatológico e avaliação do cólon. d. Estadiamento É uma víscera oca (submucosa, muscular própria, subserosa, serosa) que utiliza o TNM e estadiamento de DUKES. DUKES: A: apenas submucosa; B: muscular própria, subserosa e serosa; C: estádio B + linfonodo. Exames: TC de tórax e abdome total, CEA - se sintomático, TC de cabeça e cintilografia óssea. CA 72-4:marcador tumoral para diagnóstico. CEA: usado apenas para prognóstico (> 10: metástase) e acompanhamento. e. Tratamento Polipectomia com margens negativas, bem diferenciado, sem invasão. Cólon: colectomia com margens 5-10 cm, ligaduras vasculares na origem + linfadenectomia (pelo menos 12). Tumor sincrônico: colectomia total + anastomose ileorretal. Reto: neoadjuvância, com margens 5-10 cm proximal e 2 cm distal (< 1 cm de extensão), ligaduras vasculares na origem (mesorreto) + linfadenectomia até reto superior. Colectomia direita: apêndice vermiforme, ceco, cólon ascendente, flexura hepática, cólon transverso direita. Colectomia direita ampliada: cólon ascendente + parte do transverso (tumor no ângulo hepático) Transversectomia: cólon transverso médio. Colectomia esquerda: cólon transverso esquerdo, flexura esplênica, cólon descendente proximal, sigmóide superior. Colectomia esquerda ampliada: lado esquerdo + parte do transverso (tumor no ângulo esplênico). Retossigmoidectomia: cólon sigmóide distal, reto superior e médio - cirurgia Hartmann (retossigmoidectomia + colostomia proximal + amputação distal). Ressecção abdominoperineal: reto distal. Não fazer anastomose primária em paciente chocado ou perfurado com peritonite! Multimodal: TNM II (cirurgia com margens comprometidas, linfonodos insuficientes, T4, pouco diferenciada, obstrutivos ou perfurados), TNM III (QT adjuvante folfox ou xeloda), TNM IV, e retal (neoadjuvância com QT e radioterapia). ● Radioterapia e paliação Uso de radiação ionizante (ondas eletromagnéticas com energia para alterar a estrutura da matéria, retirando elétrons) para inibir/destruir o crescimento celular anormal em regiões específicas, pode ser paliativa, exclusiva, adjuvante, neoadjuvante ou concomitante. Equipamentos: dosímetro (tempo de exposição), proteção e blindagem pela CNEN. - 2D: aplicabilidade em urgências e emergências, acelerador linear de partículas, uso de blocos de colimação, tratamento local, efeitos colaterais graves. 14 LA YA NE SI LV A Layane Silva - 3D: TC no planejamento, blocos de colimação ou lâminas, acelerador linear de partículas, tratamento regional. - IMRT: acelerador linear de partículas, TC no planejamento, regional, uso de lâminas. - VMAT: moderno e rápido, regional, TC no planejamento, radioterapia em acelerador linear de partículas. Exposição: terapêutico, ocupacional, diagnóstico e acidental. - Ocupacional: Geiger, dosímetro, EPI, profissionais e limites de doses preconizados. - Diagnóstica: Rx, PET, cintilografia, mamografia. - Terapêutica: paciente em tratamento com radiação ionizante, iodoterapia e radioterapia. Efeitos colaterais: neoplasia tardia e radiodermite - erro do volume causa ação irritativa, inflamatória e fibrocicatricial. Efeitos adversos agudos: Pele: radiodermite (I: hiperemia; II: ferida úmida; III: com sangramento; IV: ulceração - I e II: corticoide tópico; III e IV: corticoide tópico e oral); Cabeça: encefalite, otite, uveíte; Pescoço: xerostomia, esofagite, disaugia, mucosite, disfagia; Tórax: esofagite, pneumonite; Pelve: cistite, retite. Efeitos adversos tardios: 2a neoplasia primária - quanto menor a idade de exposição, maior o risco. Pele: cicatrizes, fibrose; Cabeça: amnesia, catarata; Pescoço: cicatrizes, fibrose, fístulas, hipotireoidismo; Tórax: fibrose pulmonar, derrame pleural, fístulas, alterações cardíacas e coronarianas; Pelve: cistite, retite, fístulas, aderências, fibrose, infertilidade, impotência RT paliativa: controle de dores oncológicas, controle parcial ou total da dor, tratamento rápido (1-5 aplicações), alto poder vasoconstrictor em lesões neoplásicas (controle de sangramentos neoplásicos), controle de compressões (síndrome da VCS e obstrução da via aérea). ● Sedação e extubação paliativa Sedação paliativa: uso monitorado de medicamento para induzir estado de consciência diminuída ou ausente para aliviar a carga de sofrimento intratável de maneira que seja eticamente aceitável para paciente, familiar e profissionais. Indicações: tratamento padrão ineficaz, benefícios não alcançados em tempo suficiente, tratamento mais maléfico do que benéfico, sintomas intoleráveis de fim de vida (dor, delirium, dispneia e sororoca), sintomas refratários, sofrimento psicológico ou existencial. Tipos: intermitente ou contínua; leve, moderada ou profunda; - Sedação proporcional: usar o mínimo possível para alívio. - Sedação profunda: se urgência, casos graves com grande sofrimento, iminente processo ativo de morte. PALIATIVA EUTANÁSIA Intenção Aliviar sofrimento de sintoma grave e refratário Provocar a morte Método Mínima dose suficiente Uso de doses letais Resultado Evolução natural da doença Morte imediata Pré-sedação: confirmar refratariedade do sintoma, explicar procedimento para família e paciente, avisar e acolher, dar espaço a resolução de demandas, registrar prontuário. Medicação: (1) Midazolam 2-5 mg, EV ou HDC, repetir de 1/1 hora, conforme controle de sintoma; (2) Clorpromazina 12,5 mg EV a cada 4-12 horas, infusão contínua 3-5 mg/h - máximo de 150 mg/h; (3) Propofol 2-3 mg/kg, EV, infusão contínua 1-2 mg/kg/h, EV. ESCALA RASS + 4 Combativo Violento, perigo imediato para equipe + 3 Muito agitado Agressivo, remove tubos e cateteres + 2 Agitado Movimentos não intencionais frequentes, assincronia com ventilador + 1 Inquieto Ansioso, inquieto, não agressivo 0 Alerta e calmo - 1 Sonolento Contato visual ao estímulo verbal por > 10s - 2 Sedação leve Acorda rápido - 3 Moderada Movimento ou abertura ocular - 4 Profunda Sem resposta ao estímulo verbal - 5 Coma Sem resposta ao estímulo verbal e físico Extubação paliativa: suspensão da ventilação mecânica no contexto de doença grave e irreversível, se sua persistência não fizer sentido ou apenas prolongue o processo de morte causando sofrimento ao paciente e a família. Hemodiálise, drogas vasoativas e ventilação mecânica podem prolongar o tempo de vida ou de morte (distanásia). Fatores de pior desfecho: gênero masculino, cor não branca, FiO2 > 70% (altos parâmetros ventilatórios), uso de droga vasoativa, multicomorbidade, internação cirúrgica - intervalo entre extubação e óbito de 1 hora. 15 LA YA NE SI LV A Layane Silva Sintomas: dispneia, sororoca, agitação e estridor. Procedimento: alinhamento de condutas da equipe; otimizar medidas de conforto; zerar balanço hídrico; medicamentos para controle de dispneia, ansiedade e náusea, e reduzir secreções respiratórias; suspender bloqueio neuromuscular por período maior que a meia-vida para não mascarar sintomas; honrar ritos religiosos/culturais. Minutos antes: posicionamento adequado, remover monitorização fútil, facilitar presença da família, prescrever drogas para controle imediato de dispneia (morfina), agitação (Midazolam) e sororoca (Escopolamina) e suspender nutrição artificial. Após: observar, avaliar e tratar sintoma de desconforto, fornecer apoio - se sobreviver, organizar alta da UTI e articular rede assistencial na enfermaria ou em casa. Prontuário: registrar doença progressiva e incurável, consenso de ineficácia e desproporcionalidade, concordância familiar, manutenção de cuidados paliativos. Oncologia pediátrica: Ambiente: agradável, calmo e acolhedor, usar brincadeiras, explicação lúdica dos processos, ser verdadeiro. Família: acompanhamento psicológico e acolhimento. ● Prescriçãomédica/Esperança e luto Prontuáriomédico: documento elaborado pelo profissional, onde consta de forma organizada e concisa, os dados relativos ao paciente (HF, anamnese, descrição e evolução de sintomas e exames), tratamentos e prescrições. Obrigações: esclarecer ao doente ou seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada condição; fundamentar e registrar decisão em prontuário. Sigilo: médico deve manter sigilo quanto às informações confidenciais de que tiver conhecimento no desempenho de suas funções, exceto nos casos em que o silêncio prejudique ou ponha em risco a saúde do trabalhador ou comunidade. Posse: prontuárioé do paciente, que tem direito ao acesso, cópia, e receber explicações necessárias à compreensão, salvo quando há riscos ao paciente ou terceiros - ao médico e estabelecimento cabe elaboração e guarda. Quem pode solicitar: plano de saúde, judicial, policial ou seguro com autorização do paciente ou responsável legal - se judicialização, solicitar equipe de perícia médica. Construção: individual, deve ter informações de fácil acesso e entendimento para outros profissionais, incluir indicação de consulta, diagnóstico, idade + ECOG, precedência, acompanhamento, dados pessoais, HMA, exames complementares, antecedentes, medicamentos em uso, alergias e conduta. Luto: experiência dolorosa a ser vivida pelo processo de elaboração de perdas, que abrange mortes concretas ou simbólicas (rompimento de vínculos), e anseio intenso pelo objeto perdido. Processo dinâmico com oscilações, permeado por aspectos socioculturais, sem fases. Dimensões: intelectual, física, emocional, espiritual, social. Luto antecipatório: inicia antes do falecimento, se for intervido pode prevenir complicações após a morte, deve-se prevenir/antever o luto prolongado/patológico. Avaliar sobrecarga do cuidador, intervenções com demais membros da família e sensibilização para a divisão de tarefas, observar sentimentos ambíguos (afastamento). Luto patológico: contínuo que impede a volta à vida normal. - Variáveis de atenção: sem causa específica, qualidade da relação, papel do paciente no sistema sociofamiliar, experiências anteriores com perdas, questões não resolvidas, possibilidade de comunicação sobre terminalidade/morte, pendências espirituais. - Diagnóstico: isolamento social, insônia, desejo veemente que a pessoa volte, perda de interesse por suas atividades rotineiras, afastamento de tudo que traz lembrança da pessoa que se foi, alucinações com a pessoa falecida. SUPORTES PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA Para? Todos com perda Alto risco de complicação Complicação no luto Quem? Voluntários, profissionais Profissionais da saúde mental Psicólogos e psiquiatras Objetivo Informar, validar, compartilhar Alívio de risco, reduzir isolamento Organização cognitiva Ações Folhetos, grupos, programas Grupos, psicoterapia Psicoterapia e medicação Quando? Pré e pós-perda Até 1 ano após Primeiros anos Função Prevenção e suporte Tratamento 16
Compartilhar