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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: DNU0054 - ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS Profª(s): Dra. Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Dra. Amanda de Castro Amorim Serpa Brandão WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO TESTE TRIANGULAR TERESINA - PI JUNHO - 2023 WAYLLA CAROLINE SENA MACHADO TESTE TRIANGULAR Estagiárias docentes: Kaline Elisa dos Santos Rayssa Maria de Sousa Silva TERESINA - PI JUNHO - 2023 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………….4 2. METODOLOGIA……………………...…………………………………………………..5 3. RESULTADOS…………………...……………………………...……………………..…..6 4. DISCUSSÃO………………………………………………………………………………..9 5. CONCLUSÃO………………...…………………………………………………………..11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………………..12 LAUDO……………………………...………………………………………………………..13 4 1. INTRODUÇÃO A análise sensorial trata da avaliação de atributos organolépticos de um produto através dos sentidos. Para tanto, é necessário ter uma equipe que faça o julgamento e descrição de todos esses aspectos de forma clara e objetiva e isso só é possível através de seleção e treinamento criteriosos, que constituem as etapas de formação dos denominados painéis de análise sensorial (PAULA; FERREIRA, 2019). Esse treino pode levar até três meses para ser concluído. Nesse intervalo de tempo, os avaliadores irão entrar em contato e se familiarizar com os testes, fichas, escalas, amostras, métodos de avaliação da amostra, atributos e termos utilizados. É preciso ter cuidado com os horários marcados para os treinamentos, pois não devem coincidir com horários próximos às refeições, para que haja o mínimo de influência fisiológica de fome ou saciedade nas análises. Também é preciso ter cuidado com o tempo de duração desses treinamentos, para evitar a fadiga sensorial (VICARI; GULARTE; SANTOS, 2021). Dentro dos diversos tipos de teste disponíveis, tem-se os testes de diferença ou discriminação, que servem para estabelecer se os candidatos são capazes de detectar diferenças entre as amostras e qual o grau de diferença entre esses estímulos semelhantes. Os testes mais utilizados nesse sentido são o teste triangular, o teste de comparação pareada e o teste duo-trio (OLIVEIRA; ANDRADE; REZENDE, 2022). Paula e Ferreira (2019) descrevem o teste triangular da seguinte maneira: “Em cada ensaio do teste triangular são apresentadas duas amostras iguais e uma diferente. Então, pede-se ao avaliador que identifique a amostra diferente. A probabilidade de o avaliador selecionar corretamente a amostra é 1/3 e de selecionar incorretamente é 2/3. Por isso, se em n ensaios o candidato acertar a uma proporção de 1/3, significa que ele não está identificando corretamente a amostra e o acerto é ao acaso. No entanto, se ele acertar a uma proporção maior que 1/3, ele está identificando corretamente a amostra diferente” (PAULA; FERREIRA, 2019, p. 3) Isso significa que, para que os resultados sejam confiáveis, o teste precisa ser repetido algumas vezes com os mesmos avaliadores, para eliminar a probabilidade de acertos ao acaso. No Brasil, o teste triangular possui regulamentação pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, que especifica o procedimento para determinar se existe uma diferença perceptível ou similaridade sensorial entre duas amostras usando o procedimento de escolha forçada (ABNT, 2023). O objetivo das práticas aqui descritas foi demonstrar a execução de um teste triangular de duas formas para verificar se os avaliadores conseguem identificar as diferenças entre duas amostras de um mesmo alimento. 5 2. METODOLOGIA 2.1 Materiais ● Amostras de biscoito ● Copinhos descartáveis ● Água ● Fichas para registro das observações dos avaliadores 2.2 Método A prática foi realizada no Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos - LASA, localizado nas dependências do curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí - UFPI, campus Ministro Petrônio Portella, na cidade de Teresina - PI. As amostras foram preparadas pelas estagiárias docentes e pela técnica responsável pelo laboratório. Os alunos entraram em grupos de 9 ou 10 indivíduos para o teste, tendo um tempo para colocação de novas amostras nas cabines entre os grupos. Cada aluno recebeu três amostras, sendo que duas eram iguais, ou seja, consistiam em biscoitos do mesmo fabricante, e uma era diferente, ou seja, era um biscoito de outro fabricante. Essas amostras foram fornecidas em copinhos identificados com códigos de três dígitos aleatórios. Inicialmente, foi aplicado o teste triangular mais simples, no qual os alunos deveriam anotar em suas fichas os códigos das amostras e assinalar a que fosse de sua preferência, inserindo também a justificativa. Em seguida, foi feito o teste triangular modificado, no qual os assessores deveriam registrar qual era a amostra diferente e quais eram as iguais, bem como o grau dessa diferença detectada, além de, novamente, ser solicitada a preferência. 6 3. RESULTADOS Do total de 31 alunos participantes, 25 foram capazes de identificar a amostra diferente e 6 não foram, conforme descrito no gráfico 1 abaixo. Gráfico 1. Número total de alunos capazes de identificar ou não a amostra de biscoito diferente. Fonte: Dados da autora (2023) Gráfico 2. Percentual total de alunos capazes de identificar ou não a amostra de biscoito diferente. Fonte: Dados da autora (2023) Nos gráficos 3 e 4 a seguir, é possível ver a performance de cada turma separadamente. A maioria dos erros do total veio da turma 01. 7 Gráfico 3. Total de alunos da turma 01 capazes de identificar ou não a amostra de biscoito diferente. Fonte: Dados da autora (2023) Gráfico 4. Total de alunos da turma 02 capazes de identificar ou não a amostra de biscoito diferente. Quanto à diferença entre amostras, a maioria foi descrita como média diferença. Em segundo lugar, está a parcela de alunos que considerou a diferença grande e, por fim, uma pequena parte dos alunos considerou a diferença pequena, conforme o gráfico 5 abaixo. 8 Gráfico 5. Percentual do grau de diferença percebido pelos participantes de ambas as turmas em relação às amostras analisadas utilizadas na prática. Fonte: Dados da autora (2023) Em relação à preferência pelas amostras iguais ou pela diferente, a maioria expressou preferir as iguais, conforme o gráfico 5 abaixo. Gráfico 5. Percentual de preferência de ambas as turmas entre as amostras iguais e a diferente. Fonte: Dados da autora (2023) Além desses achados numéricos, alguns alunos relataram alterações de textura e crocância em algumas amostras. 9 4. DISCUSSÃO No Brasil, biscoitos simples, como os apresentados, são amplamente consumidos em todas as fases da vida e regiões do país, tanto por sua praticidade quanto pelo baixo custo, além da grande aceitabilidade. A escolha por esse alimento como amostra pode ser justificada, portanto, pelo conhecimento prévio e consolidado quase geral dos alunos com ele. Os julgadores devem estar familiarizados não somente com os métodos, mas também com os produtos a serem analisados (LIMA et al, 2006). É natural, portanto, que houvesse a massiva porcentagem de acertos, porém, cabe uma reflexão sobre os possíveis fatores que podem ter influenciado nos erros detectados. Embora o teste fosse especificamente direcionado para o sabor dos biscoitos, algumas amostras apresentaram outras alterações sensoriais, conforme mencionado. Os açúcares nesses biscoitos, normalmente, são os de granulometria fina, os tornando mais firmes e crocantes e deixando o produto final com menor quantidade de água, contudo, se expostos à umidade, o que pode ter sido o caso, tanto a textura quanto o sabor irão se alterar pelas novas quantidades de água (PIETA, 2015). Lopez et al (2011) descrevem que: “Variáveis intrínsecas e extrínsecas interagem entre si formando a percepção global em relação ao alimento. A percepção das variáveis intrínsecas é influenciada pelo estado de saúde dos indivíduos. A percepção do sabor dos alimentosvaria dependentemente do fluxo salivar, da composição proteica da saliva, pH, do número de botões gustativos, entre outros. Já a percepção das variáveis extrínsecas é mais complexa e depende de fatores psicológicos, ambientais, culturais e do nível educacional.” (LOPEZ et al, 2011, p.70) Isso significa que há diversas variáveis não somente nos erros mas nos graus de diferença detectados e nas amostras preferidas. Embora haja um consenso, parte considerável dos alunos considerou a divergência entre os biscoitos pequena. Isso está relacionado com a forma com que o sabor é entendido por cada um. Para uma discussão mais aprofundada em torno dessa compreensão, seria necessário perguntar de maneira mais detalhada e pessoal sobre cada amostra. É preciso considerar, ainda, a possibilidade de erros e acertos ao acaso. Retomando o que já foi dito anteriormente, é interessante que o teste seja feito mais de uma vez e que a equipe seja treinada e selecionada adequadamente. Margon et al (2015), em seu estudo com malte, observaram diminuição significativa de palpites isolados ou não inerentes à amostra, em uma equipe mais preparada, assim como Rafael (2017), em seu estudo com produtos à 10 base de tomate, mostrou que uma equipe mais preparada e motivada tem resultados mais precisos. 11 5. CONCLUSÃO A prática teve sucesso ao demonstrar a execução de um teste triangular, tanto sua versão simples quanto a modificada e verificar se os avaliadores conseguem identificar as diferenças entre duas amostras de um mesmo alimento. A busca na literatura permitiu um entendimento mais aprofundado dos princípios do teste, contexto de aplicação, fatores que podem alterar os resultados e como contorná-los. Os resultados não são considerados confiáveis, pois o teste foi feito uma única vez. Recomenda-se uma nova aplicação futura para diminuir os erros e confirmar os resultados, contudo, para efeitos de prática para compreensão, novamente, foi bem sucedido. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 4120: Análise sensorial — Metodologia — Teste triangular. Rio de Janeiro, 2023 LIMA, C. H. A. M. de, et al. Seleção e treinamento de painel sensorial para avaliação de diferentes cultivares de arroz. Anais do Congresso brasileiro da cadeia produtiva de arroz. Santo Antônio de Goiás, Embrapa Arroz e Feijão, 2006. LOPEZ, Ana CM et al. Percepção de sabor: uma revisão. Visão Acadêmica, v. 12, n. 1, p.65-73, 2011. MACHADO, Mateus et al. Elaboração, processamento e análise sensorial de iogurte de leite de cabra com pinha (Annona squamosa L.). Enciclopedia biosfera, v. 8, n. 15, 2012. MARGON, R. A. et al. Perfil de sabor para diferentes tipos de malte utilizando técnicas descritivas de análise sensorial. Blucher Chemical Engineering Proceedings, v. 1, n. 3, p. 1761-1767, 2015. OLIVEIRA, Cláudia Aparecida de; ANDRADE, Patrícia Lopes; REZENDE, Thaís Karine de Lima. Controle de qualidade em análise sensorial: uma revisão. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 11, p. 3043-3054, 2022. PAULA, Iasmine Queiroga de; FERREIRA, Eric Batista. Análise sensorial de alimento: uma comparação de testes para a seleção de potenciais provadores. Caderno de Ciências Agrarias, v. 11, p. 1-8, 2019. PIETA, Adriana. Influência da granulometria do açúcar na textura e cor de biscoitos rosca sabor leite. Dissertação de Mestrado - Mestre em Tecnologia de Alimentos. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina, 2015 RAFAEL, Ana Cláudia dos Remédios. Formação de um painel sensorial para avaliação de produtos à base de tomate. 2017. Dissertação de Mestrado - Mestre em Engenharia Alimentar. Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2017 VICARI, Lucila; GULARTE, Márcia Arocha; SANTOS, Roberta Bascke. Princípios da Análise Sensorial. In: Descomplicando a Análise Sensorial: Grãos e Derivados. Pereira A.M., Ávila B.P., Souza E.J.D. de, Gularte M.A. (Orgs.).Mérida Publishers, 2021 13 LAUDO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS LAUDO Nº 02 /2023 PRODUTO: Biscoito doce AMOSTRA: 2 amostras EMPRESA: - TESTES APLICADOS: Teste triangular Nº DE ASSESSORES: 31 DATA DAS ANÁLISES: 02\06\2023 RESULTADOS: Houve percentual geral de 80,6% de acertos quanto à identificação da amostra diferente e 20,4% de erros. A maior parte dos acertos veio da turma 02. CONCLUSÃO A prática teve sucesso ao demonstrar a execução de um teste triangular, tanto sua versão simples quanto a modificada e verificar se os avaliadores conseguem identificar as diferenças entre duas amostras de um mesmo alimento. TERESINA, 15 de junho de 2023. _________________________________________________________ RESPONSÁVEL TÉCNICO
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