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1 MANUAL DE ANÁLISE SENSORIAL 2 3 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS MANUAL DE ANÁLISE SENSORIAL Profª. Drª. Márcia Arocha Gularte Pelotas – Rio Grande do Sul - Brasil 2009 4 Obra publicada pela Universidade Federal de Pelotas Reitor: Prof. Dr. Antonio Cesar Gonçalves Borges Vice-Reitor: Prof. Dr. Manoel Luiz Brenner de Moraes Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Prof. Dr. Luiz Ernani Gonçalves Ávila Pró-Reitora de Graduação: Prof. Dra.Eliana Póvoas Brito Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Manoel de Souza Maia Pró-Reitor Administrativo: Eng. Francisco Carlos Gomes Luzzardi Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Prof. Ms. Élio Paulo Zonta Pró-Reitor de Recursos Humanos: Admin. Roberta Trierweiler Pró-Reitor de Infra-Estrutura: Mario Renato Cardoso Amaral Pró-Reitora de Assistência Estudantil: Assistente Social Carmen de Fátima de Mattos do Nascimento CONSELHO EDITORIAL Profa. Dra. Carla Rodrigues Prof. Dr. Carlos Eduardo Wayne Nogueira Profa. Dra. Cristina Maria Rosa Prof. Dr. José Estevan Gaya Profa. Dra. Flavia Fontana Fernandes Prof. Dr. Luiz Alberto Brettas Profa. Dra. Francisca Ferreira Michelon Prof. Dr. Vitor Hugo Borba Manzke Profa. Dra. Luciane Prado Kantorski Prof. Dr. Volmar Geraldo da Silva Nunes Profa. Dra. Vera Lucia Bobrowsky Prof. Dr. William Silva Barros Editora e Gráfica Universitária R Lobo da Costa, 447 – Pelotas, RS – CEP 96010-150 Fone/fax: (53) 3227 8411 e-mail: editora@ufpel.edu.br Diretor da Editora e Gráfica Universitária: Prof. Dr.Volmar Geraldo da Silva Nunes Gerência Operacional: Carlos Gilberto Costa da Silva Impresso no Brasil Edição: 2009 ISBN : 978-85-7192-519-9 Tiragem: 300 exemplares Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional Ubirajara Buddin Cruz – CRB 10/901 Biblioteca Setorial de Ciência & Tecnologia - UFPel G971m Gularte, Márcia Arocha Manual de análise sensorial / Márcia Arocha Gularte. - Pelotas : Ed. da Universidade Federal de Pelotas, 2009. 106p. : il. ISBN 978-85-7192-519-9 1.Análise sensorial. 2.Ciência dos alimentos. 3Alimentos. 4.Consumidor. 5.Qualidade alimentar. 6.Testes sensoriais. I.Título. CDD: 664.07 5 APRESENTAÇÃO A análise sensorial é uma disciplina desenvolvida para o controle de qualidade de produtos e preferências do consumidor. A procura por profissionais nesta área, por parte de indústrias de alimentos e de outros produtos de consumo, tem crescido grandemente. Surgiu então, a necessidade deste manual que resume tópicos importantes e os principais métodos utilizados para aplicação de análise sensorial e destina-se aos alunos dos cursos de graduação e pós-graduação para seu treinamento e aperfeiçoamento, sendo mais um material didático a ser utilizado na disciplina de Análise Sensorial. A Autora 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Fluxograma das etapas dos sentidos ... 16 Figura 2 – Estrutura de uma papila gustativa ......... 20 Figura 3 – Estruturas do sistema olfativo ............... 21 Figura 4 - Estruturas do sistema da visão .............. 24 Figura 5 - Estruturas do sistema auditivo ............... 25 Figura 6 – Exemplo de ficha convite ...................... 34 Figura 7 – Exemplo do gráfico aranha utilizado para representar o perfil de características ............. 56 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Aplicação da análise sensorial .............. 15 Tabela 2 - Relação de propriedades físicas e sensoriais ................................................................ 17 Tabela 3 - Sentidos, estímulos, receptores e sensações ............................................................... 18 Tabela 4 – Temperaturas ideais para avaliação sensorial de odor e sabor ........................................ 31 Tabela 5 – Atributos de aparência, textura e cor .... 40 Tabela 6 - Atributos de odor e sabor ...................... 44 Tabela 7 - Série geométrica das soluções estoque correspondente aos seis gostos primários .............. 46 Tabela 8 – Interpretação estatística com os dados do exemplo do Teste de Ordenação ....................... 54 8 SUMÁRIO Pág. 1 INTRODUÇÃO .................................................... 11 2 DEFINIÇÕES ...................................................... 12 2.1 Definição Análise Sensorial .............................. 12 2.2 Definições de termos empregados em análise sensorial .................................................................. 12 3 APLICAÇÕES ..................................................... 14 4 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS ................................ 16 4.1 Gosto e a língua ................................................ 19 4.2 Olfato e o nariz .................................................. 20 4.3 Tato e receptores do tato .................................. 22 4.4 Visão e o olho .................................................... 23 4.5 Audição e o ouvido ............................................ 24 4.6 Fatores que influenciam nas percepções ......... 25 4.6.1 Adaptação e fadiga olfatória .......................... 25 4.6.2 Idade .............................................................. 26 4.5.3 Fome ou saciado ............................................ 26 4.6.4 Medicamentos e hormônios ........................... 26 4.6.5 Efeito contexto ou contraste .......................... 27 4.6.6 Anomalias olfatórias ....................................... 27 4.7 Fatores que auxiliam nas avaliações ................ 27 4.8 Tipos de erros nas avaliações sensoriais .......... 27 4.8.1 Erro de expectativa ......................................... 27 4.8.2 Erro estimulado ............................................... 27 4.8.3 Erro auréola ..................................................... 28 4.8.4 Erro contraste ................................................. 28 4.8.5 Erro posicional ................................................. 28 4.8.6 Erro de hábito .................................................. 28 4.8.7 Erro lógico ....................................................... 28 5 AVALIAÇÃO SENSORIAL ................................... 28 6 CONDIÇÕES DOS TESTES ............................... 29 6.1 Condições de laboratório .................................. 29 6.2 Amostra ............................................................. 30 6.3 Seleção da equipe ............................................ 33 6.4 Treinamento de equipe ..................................... 35 7 CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS ..................... 37 9 7.1 Aparência .......................................................... 37 7.2 Textura oral e manual ....................................... 37 7.3 Odor e aroma .................................................... 41 7.4 Sabor e gosto ................................................... 41 8. MÉTODOS SENSORIAIS ................................... 44 8.1 Métodos discriminativos 44 8.1.1 Métodos de sensibilidade .............................. 44 8.1.2 Testes dos gostos primários .......................... 45 8.1.3 Testes de reconhecimento de odores ............46 8.2 Métodos Discriminativos ou de diferenças ........ 47 8.2.1 Teste triangular .............................................. 47 8.2.2 Teste duo-trio ................................................. 48 8.2.3 Teste comparação pareada ........................... 49 8.2.4 Teste comparação múltipla ou diferença do controle .................................................................... 50 8.2.5 Teste de ordenação ....................................... 52 8.2.6 Teste de estimativa de magnitude ................. 54 8.3 Métodos descritivos ou analíticos ..................... 55 8.3.1 Análise Descritiva Quantitativa – ADQ (Perfil de características) ................................................... 55 8.3.2 Avaliação de Atributos – Escalas ................... 57 8.3.3 Perfil de sabor ................................................ 57 8.3.4 Perfil de textura .............................................. 58 8.3.5 Perfil livre ........................................................ 61 8.3.6 Tempo-Intensidade ........................................ 62 8.4 Métodos de preferência e aceitabilidade ou afetivos .................................................................... 62 8.4.1 Testes afetivos qualitativos ............................ 63 8.4.1.1 Grupos de foco “focus group” ..................... 64 8.4.1.2 Equipes de foco “focus panels” ................... 64 8.4.1.3 Entrevistas individuais “ono-on-one interviews” ............................................................... 64 8.4.2 Testes afetivos quantitativos .......................... 64 8.4.2.1 Teste de preferência ................................... 65 8.4.2.2 Teste de aceitação ...................................... 66 8.5 Escalas e categorias ......................................... 68 9. DELINEAMENTOS EXPERIMENTAIS ............... 71 REFERÊNCIAS ....................................................... 73 10 Apêndice ............................................................... 75 Anexo 1 – Tabela de significância para o Teste Triangular ................................................................ 98 Anexo 2 – Tabela de significância para o Teste de Comparação pareada direcional e simples e para o Teste Duo-trio .......................................................... 100 Anexo 3 – Tabela de Kramer .................................. 102 Anexo 4 – Tabela de Newell e Mac Farlene ........... 103 11 1 INTRODUÇÃO Dos alimentos o que se quer é, além do aspecto nutritivo para suprir as necessidades do organismo, que também apresente características agradáveis de sabor, cor, textura, aroma ... Através da análise sensorial pode-se determinar a aceitabilidade e a qualidade dos alimentos, com auxílio dos órgãos humanos dos sentidos. Para avaliar a qualidade deve- se levar em conta as propriedades sensoriais aceitáveis, como, essenciais no momento da venda e consumo do produto. As avaliações sensoriais iniciam na produção, processamento até chegar ao marketing, sempre visando desenvolver, manter e conquistar mercados consumidores. O que pode acabar com uma indústria não é a crise econômica, ou a recessão e sim, o consumidor por não adquirir-comprar ou esquecer a marca de seus produtos. A avaliação sensorial é efetuada de maneira científica através de testes sensoriais que são aplicados para atingir o consumidor. Estes são utilizados para medir a qualidade dos alimentos através dos sentidos humanos de uma equipe de avaliação, a qual é integrada por um grupo de pessoas, especialmente treinadas para analisar os diferentes atributos ou características destes. Neste manual são abordados temas essenciais para o conhecimento da ciência sensorial, desde as terminologias adequadas, fisiologia humana, estímulos e percepções, técnicas e métodos de aplicação para análise sensorial e ainda a interpretação dos dados para transformar dados subjetivos em objetivos. Com estes conhecimentos serão minimizados os possíveis desvios ou erros de aplicação desta análise. 12 2 DEFINIÇÕES 2.1 Definição de Análise Sensorial Análise sensorial é um conjunto de métodos e técnicas que permitem perceber, mostrar, medir, analisar, identificar e interpretar as reações das propriedades sensoriais dos alimentos mediante os sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição. Para o consumidor não adianta um produto que possua excelentes características químicas, físicas ou microbiológicas, de qualidade, se a característica sensorial deste produto não preencher as necessidades e anseios de quem consumirá. Assim, a qualidade de um produto deve ser definida, também, em termos das percepções do consumidor, o que pode diferir do conceito de qualidade na visão da indústria. A qualidade sensorial não é uma característica própria do alimento, mas sim o resultado da interação entre esse alimento e o homem. É uma resposta individual, que varia de pessoa para pessoa, em função das experiências, de expectativa, do grupo étnico e de preferências individuais. 2.2 Definições de termos empregados em análise sensorial Aceitação: ato de uma pessoa ou população ser favorável ao consumo de um produto; Aceitabilidade: grau de aceitação de um produto favoravelmente recebido por uma determinada pessoa ou população em relação às propriedades sensoriais; Aroma: propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo via retronasal durante a degustação; Atributo: característica perceptível de um produto; Cinestésico: sentido pelo qual se percebe pelos movimentos musculares. Consumidor: pessoa que consome ou utiliza o produto; Degustador: termo em desuso para julgador; 13 Degustação: avaliação sensorial de um alimento na cavidade oral; Descritor: termo que descreve uma característica, atributo ou propriedade sensorial de um produto; Equipe selecionada: é o grupo de pessoas selecionadas que apresenta requisitos essenciais e com potencial para julgar ou avaliar produtos; Hedônico: relativo ao gostar e desgostar; Julgador: pessoa que participa do teste sensorial e avalia os produtos; Julgador selecionado: pessoa escolhida por sua acuidade, reprodutibilidade para realizar os testes sensoriais; Julgador treinado: pessoa selecionada e submetida a um treinamento para determinado teste e produto que apresenta reprodutibilidade em seus julgamentos; Julgador especialista ou perito: julgador que possui grande experiência em um produto específico (vinho, café, cerveja...), sendo capaz de realizar uma descrição detalhada do produto; Nota ou conotação: característica distinta e identificável de um odor ou sabor; Odor: propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo via nasal durante a aspiração, quando certas substâncias voláteis são aspiradas; Organoléptico: termo em desuso utilizado para avaliação sensorial realizada pelos órgãos dos sentidos; Painel: termo em desuso para equipe de julgadores; Preferência: expressão da reação afetiva ou do estado emocional de uma pessoa que o leva a escolher um produto sobre outros; Qualidade sensorial: conjunto de características que diferencia um produto de outro, importante na determinação do grau de aceitação pelo consumidor; Sensação: reação fisiológica de uma pessoa resultante de um estímulo sensorial; 14 Sensorial: relativo à avaliação que utiliza os órgãos dos sentidos e sensações humanas. 3 APLICAÇÃO A análise sensorial é um campo muito importante dentro da Ciência e Tecnologia de Alimentos é uma ferramenta imprescindível para a indústria alimentícia, já que através dela pode-se determinar a qualidade de um determinado produto. É utilizada para: - Avaliar e selecionar matérias-primas; - Estudar os efeitos de diferentes tipos de processos tecnológicos; - Estudara estabilidade durante a armazenagem; - Avaliar a qualidade de um alimento processado ou não; - Correlacionar análise física x química; - Estudar a percepção humana frente aos atributos de um alimento; - Identificar a reação dos consumidores; - Inspecionar o produto processado, antes, durante e após do envase ou acondicionamento; - Determinar a vida útil de um produto; - Avaliar os processos de envelhecimento acelerado ou em condições adversas prever as conseqüências que estas situações podem ocasionar à qualidade sensorial do produto. A análise sensorial também é aplicada para resolver problemas que ocorreram na produção, que podem ser derivados da matéria-prima, do processo, do método de armazenamento, entre outros (tab. 1). 15 Tabela 1 - Aplicação da análise sensorial Campo de aplicação Problema Controle do processo de fabricação 1. matéria-prima 2. mudanças no processo 3. mudanças de ingredientes Controle do produto 1. armazenamento 2. atributos qualidade sensorial 3. limite entre os graus de qualidade 4. seleção de métodos instrumentais Controle de mercado 1. estudos comparativos 2. estudos de aceitação Através do controle de qualidade sensorial podem-se responder várias questões como: - O produto é melhor que dos competidores? - Algumas das formulações são melhores que o produto atual? - O produto tem uma qualidade consistente? - Pode-se trocar ingredientes, fornecedores ou o processamento sem afetar o produto atual? - Quais são as características sensoriais dos produtos competidores? - Qual a máxima ou mínima quantidade de um ingrediente que se usa para produzir um determinado efeito? - Como eliminar testes sensoriais conjuntos e testar cada componente individualmente? - Quais são as características sensoriais do produto? - Os Atributos de sabor, textura, a ordem em que são percebidos e sua intensidade? - Pode-se prever se o consumidor irá gostar do produto com base em suas características sensoriais? - Qual é a população alvo para novos produtos? - O que fazer para que o produto influencie a freqüência de consumo? 16 4 ÓRGÃOS DOS SENTIDOS O homem possui diferentes sentidos, entretanto, para o estudo dos métodos sensoriais através da percepção somato- sensorial utilizam os sentidos da visão, olfação, audição, tato e gustação. A avaliação sensorial é baseada no estímulo, que é qualquer ativador químico ou físico que provoque resposta do receptor. O receptor para cada sentido está condicionado a receber uma determinada classe de estímulo (mecânico, térmico, fótico, acústico, químico, elétrico). Na Figura 1 estão representados as etapas que ocorre a percepção quando os sentidos sofrem um estímulo para haver uma interpretação. Estímulo Órgãos dos sentidos (receptores neuro-sensoriais) Sensação (reflexão) Percepção (interpretação, reconhecimento) Figura 1 – Fluxograma das etapas dos sentidos. Existem determinados receptores, altamente especializados, capazes de captar diversos estímulos. Tais receptores, chamados receptores sensoriais, são formados por células nervosas capazes de traduzir ou converter esses estímulos em impulsos elétricos ou nervosos que serão processados e analisados em centros específicos do sistema nervoso central (SNC), onde será produzida uma resposta (voluntária ou involuntária). 17 Assim, os olhos são os receptores do estímulo da luz; o ouvido do som; o olfato do odor; a língua para captar sabores e a pele para a textura e temperatura dos alimentos. A mastigação, além de aumentar a superfície de contato com o alimento e iniciar a digestão, causa um aumento da liberação das substâncias odoríficas, saborizantes e pungentes. Os movimentos mastigatórios empurram os compostos voláteis, os quais passam através da nasofaringe e impregna os receptores celulares via retronasal. Os impulsos nervosos viajam desde os receptores até o cérebro para serem interpretados como sensações. Um estímulo efetivo produz uma sensação cujas dimensões são: qualidade, intensidade, extensão, duração, prazer e desgosto. Os estímulos em todas as seis classes podem ser medidos por métodos físicos ou químicos, enquanto que, as sensações somente através de procedimentos psicológicos (Tab. 2). A avaliação sensorial de um alimento ocorre em vários estágios. O primeiro é sempre visual, ou seja, é o que leva a querer degustar determinado alimento, por sua cor e aparência física. O segundo é através dos quimiorreceptores olfatórios. Antes mesmo de que o alimento seja colocado na boca os odores voláteis se difundem e passam do alimento, através da cavidade nasal, para esses quimiorreceptores e são detectados pelo cérebro. Quando existe uma resposta favorável, o mesmo é colocado na boca e inicia-se o terceiro estágio que é a gustação. Tabela 2 - Relação de propriedades físicas e sensoriais Qualidade do estímulo (físico) Sistema sensorial (psicológico) Sensação humana (comportamento) Energia radiante Vibração, tom Temperatura Viscosidade Densidade Umidade Superfície abrasiva Irritante químico ¹ pH solubilidade pressão de vapor Visual Audição Sistema térmico Cinestésico, aptidão Cinestético, aptidão aptidão, térmico aptidão, dor nervo terminal livre gustação, dor gustação olfação cor, aparência som ² Quente, frio Espessura Transparência, pesado, leve Seco, úmido Rugoso, áspero pungência, dor Ácido, cortante áspero sabor, odor ¹ representado por compostos como amônia, capsiacina, piperina, etc. ² sons dos alimentos associados com a textura. 18 Os estímulos podem ser medidos por métodos físicos e químicos, já a sensação (resposta do estímulo) é medida por processos psicológicos. Na tabela 3 estão apresentados os estímulos, os receptores sensoriais, o órgão do sentido envolvido para percepção da sensação causada pelo respectivo estímulo. Tabela 3 - Sentidos, estímulos, receptores e sensações Sentido Estímulo Receptores Sensação Visão Energia radiante Bastões e cones (retina) Cor, brilho, textura... Audição Vibrações mecânicas Ouvido interno Som Gosto Compostos químicos Botões gustativos Gosto Tato Mudança de temperatura Pressão mecânica Pele Pele Quente/frio Contato/pressão Olfação Compostos químicos Células olfativas Odor Cinestésico Pressão mecânica Nervos terminais, tendões, músculos e junções Peso e pressão O gosto e o olfato são denominados órgãos químicos comuns, porque detectam e diferenciam substâncias químicas. Em um alimento raramente se percebe um único gosto, mas um complexo de sensações que fornecem o sabor. O sabor contribui grandemente para a aceitabilidade de um alimento, é usado como critério de qualidade. O sabor é a experiência mista, mas unitária, de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação. O sabor é influenciado pelos efeitos táteis, térmicos, dolorosos e/ou cinestésicos. As sensações bucais (notas) são mistas e ocorrem na cavidade bucal. Estão associadas às propriedades físicas e químicas dos produtos. São exemplos: 19 - Alcalina: sensação escorregadia devido à alcalinidade, por exemplo, do bicarbonato de sódio; - Metálica: sensação de metal na mucosa da boca; - Adstringente: sensação complexa resultante da contração da mucosa da boca, de “trava” de banana verde ou caqui verde, por exemplo; - Fresca: sensação provocada por produtos mentolados; - Picante: sensação de ardor na cavidade oral provocada por produtos como a pimenta; - Pungente: sensação de dor causada, por exemplo, pelo gás carbônico em bebidas carbonatadas ou cheirar ácido acético (2 – 5%). A sensação de quente ou frio pode também ser causada por substância como o álcool (quente), mentol (frio). A sensação de frescor causada pelo mentol pode ser neutralizada com água a 50ºC. A sensação de frio e dorcausada pelo óleo de eucalipto pode ser neutralizada com caramelos. Bebidas carbonatadas, cebola e raiz forte e algumas especiarias como as pimentas causam sensação de queimadura e dor, a manteiga neutraliza essa sensação. Pode-se neutralizar a adstringência do chocolate amargo e do suco de limão com leite. 4.1 Gosto e a língua O gosto inicia-se pelo contato de uma solução química aquosa, percebida pelos receptores localizados na boca, mais concentrados na língua, porém também estão localizados no palato duro, amígdalas e epiglote na garganta, mucosa dos lábios, nas bochechas e superfície inferior da boca. Para que uma substância produza gosto é, necessário que seja solúvel em água, e a menor mudança na estrutura química, proporciona uma mudança no gosto. A transmissão da sensação gustativa se ativa quando estimulado pelas substâncias químicas solúveis que se difundem pelos poros e alcançam as células receptoras, que estão conectadas a uma fibra nervosa que transmite a sensação ao cérebro. 20 Existem quatro tipos de papilas encontradas na língua, a foliada, circunvalada, fungiforme e a filiforme. As filiformes apresentam a função tátil (sem gemas gustativas) e estão distribuídas nos 2/3 anteriores da língua; nas papilas fungiformes as gemas se encontram na superfície e se distribuem nas regiões laterais da língua, medindo de 0,8 a 1,0mm de diâmetro e 1,0 a 1,5mm de altura; as papilas foliadas, geralmente não são bem desenvolvidas no homem e apresentam pouca função, se localizam no terço posterior da língua e as gemas, assim como, nas papilas circunvaladas se encontram nas ranhuras; já as circunvalares são dispostas em V na base da língua e medem 1,5mm de diâmetro e 2mm de altura, com 1 a 1,5mm de profundidade. Nas papilas se encontram as gemas gustativas, onde estão as células receptoras, responsáveis pela percepção do gosto e variam de 33 a 508 por papila, mas em média se encontra 250 gemas. Na figura 2 está representada a estrutura de uma papila gustativa utilizada para a sensação de gosto. Figura 2 – Estrutura de uma papila gustativa. 4.2 Olfato e o nariz O odor dos alimentos provém de substâncias voláteis que, quando se desprendem, passam pelas narinas e estimulam os quimiorreceptores olfativos e são percebidos pelo sentido do olfato. Os odores são percebidos somente na fase gasosa e o olfato é um sentido de alerta e prazer, fazendo uma seleção entre o agradável e o desagradável. 21 A mucosa olfatória humana está localizada no dorso posterior superior do teto da cavidade nasal e existem 2 vias de acesso: - via nasal direta: inspiração pelo nariz. A sensação é denominada olfação estrita e depende da riqueza de vapores aromáticos existentes no alimento, assim como da força de inspiração (quando se inspira de forma leve, também os odores serão sentidos desta forma). - via retronasal: percebido por liberação das substâncias voláteis durante a mastigação. O alimento é aquecido na boca, as substâncias voláteis se desprendem e são enviadas para a cavidade nasal, devido aos movimentos mastigatórios que as empurram para dentro da cavidade. O olfato reconhece e classifica os produtos voláteis das moléculas difundidas no ar, com a condição indispensável de que sejam solúveis na mucosa olfatória e estejam presentes em concentrações acima do limiar de percepção olfatória. Na fig. 3 estão apresentadas as estruturas do sistema olfativo. Figura 3 – Estruturas do sistema olfativo. A mucosa do nariz humano possui milhares de receptores nervosos (epitélio olfatório possui cerca de 3 milhões de células receptoras) e o bulbo olfativo está ligado no cérebro a um “banco de dados” capaz de armazenar, em nível psíquico, os odores sentidos durante toda a vida. 22 As substâncias voláteis desprendidas e aspiradas são solubilizadas pela secreção aquosa que recobre as terminações ciliadas, que em contato com os receptores nervosos produzem impulsos elétricos. Estas substâncias quando chegam ao cérebro, são reconhecidas que, comparadas aos padrões armazenados se encaixam como num sistema de “chave-fechadura”. O ser humano pode distinguir de 2000 a 4000 impressões olfativas distintas 4.3 Tato e receptores do tato A textura dos alimentos é identificada em parte pela audição e visão, porém é mais fácil avaliar quando se toca um alimento ou se coloca na boca. Através da mastigação se identifica se um produto é suave, duro, suculento, arenoso ou oleoso. Esta propriedade sensorial é muito importante para a aceitação dos alimentos. Muitas pessoas dão preferência a este atributo sobre o sabor e a cor. Para determinados produtos certas texturas são esperadas e estes são rejeitados quando apresentam outras, como: crocância de biscoito ou batata palha, efervescência de bebidas carbonatadas. Os receptores do tato variam de 20 a 25 de diâmetro. A sensação de textura depende, principalmente, da deformação de um alimento quando lhe é aplicado uma pressão e/ou de determinadas propriedades superficiais estimuladas pela visão e tato. Os processos de mastigação e deglutição adquirem um lugar predominante na percepção fisiológica da textura, cujos sons ou ruídos são reconhecidos pela quebra e mordida entre os dentes e o borbulhar de bebidas. Os órgãos que intervêm no processo de avaliação da textura são de três tipos: - os da estrutura superficial da boca (palato, língua); - os que envolvem os dentes e as gengivas (membrana periodontal), e - os músculos e tendões utilizados na mastigação. As sensações produzidas quando são ingeridos os alimentos não são percebidas apenas por um único sentido, 23 mas sim, por uma mistura de diferentes estímulos e diferentes sistemas nervosos que operam como respostas a estes estímulos. Por exemplo, bebendo uma xícara de café, no momento de provar percebe-se seu aroma (sentido do olfato), sua qualidade gustativa de amargor (sentido do gosto), sensação de quente ou frio, grau de adstringência, sua textura (sentido do tato), e ao deslizar pela garganta, as partículas odoríficas penetram pela parte posterior do nariz resultando na sensação do sabor. Ao tocar o alimento com as mãos ou com a boca é facilmente avaliada a textura, mais do que quando utiliza a visão e a audição. A textura, considerada como o grau da dureza, é definida como a força requerida para romper um alimento entre os dentes molares (sólidos) ou entre a língua e o palato (semi-sólidos e líquidos). 4.4 Visão e o olho A visão é um fenômeno complexo e baseia-se num sinal luminoso que incide sobre a retina e as alterações provocadas nesta, produzem impulsos elétricos (estímulos) que são conduzidos pelo nervo e trato ópticos até o cérebro, no qual a sensação visual é percebida e interpretada. O olho humano possui cerca de 130 milhões de receptores luminosos (cones e bastonetes) que enviam suas impressões ao cérebro e através dele se pode avaliar importantes qualidades nos alimentos. Na cor é avaliada a intensidade, o tom ou a matiz, a vivacidade, a saturação ou grau de pureza e a luminosidade ou brilho e na aparência as formas ou formatos e contornos. A cor dos alimentos e outros aspectos de aparência fornecem a primeira impressão e ajudam o consumidor na decisão sobre aceitação ou rejeição do produto. As cores são percebidas pelo indivíduo fisiologicamente normal quando a energia radiante da região visível do espectro (380 a 760nm) atinge a retina. Na figura 4 estão representadas as estruturas do olho que fazem parte da percepção visual. 24 Alguns pesquisadores têm demonstrado que incorporando uma variedade de sabores em xaropes incolores, em geral, as pessoas não conseguem identificar corretamente o sabor. Entretanto, quando os xaropes são coloridos com sua cor característica os sabores são facilmente identificados. Figura 4 - Estruturas do sistema da visão. 4.5 Audição e o ouvido Quando osalimentos são mastigados, originam alguns sons que são característicos ao consumidor. Por exemplo, é muito diferente o som produzido pela mastigação de uma batata frita e de um pedaço de queijo. Outros sons que influenciam, são os sons das bolhas de gás de bebidas refrescantes, dos vinhos espumosos, pois da mesma forma que as cores, certos sons são esperados, para associá-los com determinado alimento. Na figura 5 estão representadas as estruturas do ouvido envolvidas na percepção sensorial dos sons. 25 Figura 5 - Estruturas do sistema auditivo. 4.6 Fatores que influenciam nas percepções As pessoas utilizadas para a análise sensorial são influenciadas por fatores fisiológicos e psicológicos. Nos fatores fisiológicos são considerados a adaptação do organismo a um estímulo (fadiga), a intensificação, que pode ser causada pela sinergia ou supressão, devido serem percebidos por vários estímulos simultâneos provocados pelo alimento (produto). Já nos fatores psicológicos são considerados os erros de tendência nos resultados. No entanto, muitas influências são devidas a personalidade e atitude do julgador, como as pessoas que apresentam tendência de se concentrar em detalhes, as que avaliam os atributos como um todo, as que somente indicam diferença com absoluta certeza e as pessoas que informam mais detalhes do que percebem. 4.6.1 Adaptação e fadiga olfatória Os sentidos mostram uma adaptação frente a uma estimulação prolongada. Desta forma, apresenta respostas cada vez mais atenuadas em presença contínuas de um estímulo, chegando algumas vezes a limites sublimiares. Esta adaptação pode-se chamar fadiga, como por exemplo, quando após certo tempo de exposição ao mesmo odor, este 26 passa a não ser percebido, já que ocorre uma adaptação a nível cerebral, mesmo que as células olfatórias continuem enviando estímulos ao sistema nervoso central. 4.6.2 Idade Com o envelhecimento o decréscimo da sensibilidade acontece em todos os sentidos humanos, devido à própria degeneração celular. Em relação à olfação estima-se que haja uma perda em torno de 1% dos neurônios dos receptores olfatórios a cada ano de vida ao iniciar a fase de maturidade. Por isso, a cada ano se torna mais insensível, sensorialmente falando. Geralmente, a faixa etária entre 18 e 50 anos possuem alto potencial de consumo e seus hábitos alimentares já estão formados, porém para análises com doces, balas, achocolatados, sorvetes, biscoitos e outros desenvolvidos para a faixa de 4 a 12 anos é a mais adequada e para refrigerantes, sucos, salgadinhos e similares, a de 20 a 35 anos. 4.6.3 Fome ou saciado Pessoas com fome apresentam uma sensibilidade aumentada, assim como, quando plenamente saciadas, os sentidos são percebidos como uma sensação menos agradável. 4.6.4 Medicamentos e hormônios Antialérgicos que são vasoconstrictores afetam a sensibilidade, principalmente olfatória, assim como, antibióticos histamínicos, radioterapia, quimioterapia, hormônios reprodutivos. Estes hormônios se relacionam às mulheres que em função das taxas de estrogênio, possuem maior sensibilidade olfatória que os homens. Entretanto, as grandes empresas preferem homens como julgadores, porque como as taxas hormonais variam ao longo do ciclo feminino, as mulheres apresentam uma sensibilidade igualmente variável, segundo seu nível de estrogênio, atingindo um máximo no ciclo. Já a variação dos hormônios androgênios é muito pequena, não afetando, portanto, a sensibilidade 27 olfatória masculina. Esta é uma das razões porque, geralmente os julgadores de vinho, café, cerveja,... são homens. 4.6.5 Efeito contexto ou contraste Alimento salgado pode parecer mais salgado quando avaliado com outros de baixo teor de sal. Um dia de inverno com 15ºC é percebido como ameno, mas no verão é frio, como exemplo. 4.6.6 Anomalias olfatórias Hiposmia: capacidade olfatória diminuída; disosmia: distorções olfatórias; anosmia: perda temporária ou permanente da capacidade olfatória; criptosmia: obstrução nas passagens nasais; hemianosmia: perda do olfato em uma das narinas; hiperosmia: resposta olfatória excessiva; merosmia: perda de alguns odores; cacosmia: percepção persistente de odores desagradáveis. 4.7 Fatores que auxiliam nas avaliações - Memória do julgador; - Experiência do julgador; - Preparo e apresentação de amostras, concentração das soluções; - Equipamentos, Lay-out de laboratório; - Condições experimentais (horário do teste, idade dos julgadores, fumo, cafezinho, perfumes, etc...). 4.8 Tipos de erros nas avaliações sensoriais 4.8.1 Erro de expectativa – quando o julgador tem impressão preconcebida sobre as amostras. Este erro é comum quando se utiliza uma codificação seqüencial das amostras, o julgador sempre espera que a amostra nº 1 ou a letra A tenha a melhor qualidade, sendo uma avaliação pré-concebida. 4.8.2 Erro estimulado – o julgador pode ser influenciado por características que não tem relação entre si. Quando 28 avalia o grau de doçura, tenta comprovar as diferenças com cor, textura, tentando mascarar. 4.8.3 Erro auréola – quando avalia mais de um fator em uma única amostra, se a pontuação das primeiras foi boa, as últimas tendem ser melhores do que se julgadas individualmente. Recomenda-se avaliar uma característica de cada vez. 4.8.4 Erro contraste – quando amostras de boa qualidade são avaliadas antes de outras de má qualidade ou ao contrário. Recomenda-se homogeneizá-las. 4.8.5 Erro posicional – quando amostras estão colocadas em posições intermediárias induzindo a considerá-las de qualidade também, intermediária às demais. Recomenda-se homogeneizá-las. 4.8.6 Erro de hábito – quando o julgador segue registrando a mesma resposta, mesmo quando ocorre mudança gradual do estímulo, como no controle de qualidade de rotina. Recomenda-se variar o produto ou apresentar alternando amostras. 4.8.7 Erro lógico – quando as características dos produtos estão associadas na mente do julgador. Por exemplo, um iogurte de morango mais escuro, dará a falsa idéia de estar oxidado e o julgador avalie pela cor mesmo que sua percepção não demonstre oxidação. Recomenda-se a uniformização das amostras e utilizar lâmpada colorida na cabine. 5 AVALIAÇÃO SENSORIAL Vários fatores que incidem sobre a qualidade de um determinado alimento, só podem ser medidos através dos métodos sensoriais. Assim, quando pessoas são utilizadas como instrumento de medida, é necessário controlar 29 cuidadosamente cada uma das condições e métodos de avaliação, para reduzir os erros causados pelos fatores psicológicos e fisiológicos. O estudo dos alimentos é muito complexo, pois existem variações entre cada julgador, assim como, entre a matéria- prima utilizada no produto a ser avaliado. Devem-se incluir no plano da avaliação sensorial os seguintes aspectos: - Definição dos objetivos do teste sensorial; - Elaboração de fichas para registro das respostas dos julgadores; - Seleção, treinamento e condução da equipe sensorial (recrutamento, procedimentos, critérios, como: interesse, disponibilidade, prontidão, saúde, experiência sensorial, idade, tabagismo, sexo, perfumes, etc.); - Aspectos de interesse na apresentação das amostras (informação sobre raça, tratamento e temperatura, uniformidade, número máximo, codificação, tamanho e quantidade); - Seleção do tipo de teste. 6. CONDIÇÕES DOS TESTES Para realização dos testes sensoriais são necessárias quatro condições. A primeira é o ambiente de aplicação dos testes, ou seja, o laboratório; a segunda condição é o preparo adequado da amostra; a terceira é a seleção da equipe de julgadores e a quarta condição é o treinamento, propriamente dito, sendo a condição que pode provocar maiores problemas, pois é a fase de transformação de dados subjetivos (obtidos das percepções humanos) em objetivos(como se fossem equipamentos de medida) e se os julgadores não adquirirem conhecimento e treinamento suficiente os resultados pode não serem reais. 6.1 Condições de laboratório A área de preparo deve ter os equipamentos e utensílios de uma cozinha para o preparo das amostras, que são: forno, fogão, refrigerador, freezer, microondas, liquidificador, 30 processador, misturador, cafeteira, batedeira, faca elétrica, talheres, louças, panelas de aço inoxidável, termômetros, banho-maria, controlador de temperatura, relógio timer, balanças, vidrarias de laboratório (béquer, proveta, balões volumétricos), filtro dágua, armários, pia, exaustores, utilização de pequena pressão positiva, lixeiras e etc. Neste ambiente deve ter cabines para individualizar os julgadores e é recomendado cuspideiras para descarte de amostras líquidas O ambiente desejável para aplicação das avaliações sensoriais inclui alguns aspectos, descritos a seguir: - Local confortável e privado para que o julgador realize o teste (cabines); - Sala de teste onde deve haver uma mesa ao redor da qual os julgadores possam discutir as características das amostras; - Sala livre de ruídos e confusões para aplicação dos testes; - Sala livre de odores estranhos, tais como, substâncias químicas ou cigarro, fumaça; - A iluminação deve ser uniforme, essencialmente de luz natural ou fluorescente natural, controlada em cores, como azul ou vermelho, para mascarar a cor de certos produtos; - Neste local devem ser evitadas conversações entre os julgadores; - A temperatura ideal do ambiente é de 22ºC, e a umidade relativa do ar entre 50 e 60%; - As paredes das cabines e da sala devem ser de cores claras e neutras. 6.2 Amostras Os julgadores são influenciados por todas as características do material do teste, consequentemente as amostras deverão ser preparadas e servidas o mais uniforme possível. Essas precauções são para evitar pré-julgamentos ou alterações nas respostas dos julgadores. A temperatura das amostras deve ser igual à de consumo, deve-se evitar temperaturas superiores a 68ºC, pois pode queimar a superfície da boca, assim como, abaixo de zero. O controle da temperatura de consumo é um importante 31 fator de variação na percepção do odor e do sabor. Vários produtos podem ser avaliados em temperatura ambiente. Na tabela 4 constam algumas faixas de temperaturas, usualmente empregadas para avaliação de odor e sabor de alguns alimentos. Tabela 4 – Temperaturas ideais para avaliação sensorial de odor e sabor Produto Temperatura (ºC) Água Alimentos preparados quentes Bebida carbonatada Café Cerveja Chá Leite Licores destilados Manteiga e margarina, Maionese Óleos comestíveis Pão Sopa Sorvete Vinho 20 – 22 35 – 45 06 – 10 68 – 71 04 – 05 68 – 71 07 - 10 20 – 22 20 – 22 40 – 43 20 – 22 68 – 71 10 – 12 20 – 22 ou gelado Fonte: IAL, 2008. Para avaliação de odor e aroma deve-se seguir a técnica de aproximar a amostra da narina e provocar aspiradas curtas, evitando longas inalações que cansem o olfato pela adaptação. O cansaço olfativo pode ser amenizado se cheirar a pele do próprio pulso ou braço ou ainda, cheirar outro aroma que neutralize o anterior, um exemplo são os grãos de café. Nesta avaliação, pode-se fazer comparações com padrões de referência conhecidos, que serão identificados e descritos pelos seus odores ou aromas específicos. Alimentos com atributo muito intenso não devem ser avaliados diretamente (normalmente sabor), por causar sensações desagradáveis, como margarina, manteiga, edulcorantes, essências entre outros. Neste caso são 32 utilizados veículos, que são alimentos utilizados como suporte para o produto, normalmente são utilizados biscoitos água e sal para geléias, manteiga; batata para óleos e azeites; arroz para caldo de carne e etc. O uso de veículos deve ser utilizado somente quando necessário, pois podem ocorrer erros de tendência ou estímulo. Assim, os veículos são recomendados para alguns produtos em análises com consumidores, não treinados e a escolha do veículo deve ser de uso comum do hábito popular. As amostras devem ser colocadas em recipientes próprios ou os comumente utilizados nas refeições. De preferência de cor branca, como: recipientes de vidro, porcelana ou plásticos descartáveis, desde que não exalem odores. Para avaliação quando necessário, talheres que sejam adequados, descartáveis ou não, guardanapos, toalhas absorventes e vasilhames para o descarte de resíduos. Todos os recipientes devem estar bem limpos, secos e livres de odores estranhos e codificados com números aleatórios, geralmente de 3 dígitos, para evitar adivinhações. Cada julgador deve receber amostras idênticas ou muito similares em aparência, formato, espessura, temperatura, tamanho, etc., pois poderá haver influência sobre as respostas. Durante o preparo, determinadas variações físicas devem ser controladas com utilização de cronômetros, termômetros ou termopares. Preparar as amostras de forma idêntica, estimando tempos mínimos e máximos de espera até a apresentação das amostras. Na repetição dos testes, deve-se trocar a codificação e posição das amostras, pois os julgadores podem lembrar das avaliações anteriores. O número de amostras a ser avaliado dependerá da fadiga que esta pode provocar, normalmente até 5 amostras ao mesmo tempo pode ser analisado. Alimentos muito condimentados ou gordurosos podem ser avaliados em até duas amostras por análise. Se os atributos avaliados forem pelo sentido da visão pode ser analisado um número grande de amostras (20 a 30). Caso a análise for com julgadores 33 treinados pode ser avaliado mais amostras que com julgadores não treinados (consumidores). A quantidade de amostra deve ser padronizada, sendo recomendado cerca de 15mL para amostras líquidas, 10g massas, 10 a 15g cereais cozidos, 20g frutas ou vegetais cozidos, 30g frutas in natura. Porém pode depender do tipo de teste utilizado. Recomenda-se padronizar o procedimento de avaliação como limpar a boca com água, pão, biscoito ou maçã entre uma amostra e outra, seguir uma ordem da esquerda para direita, sendo que todos julgadores devem receber as amostras também, na mesma ordem. 6.3 Seleção da equipe Por razões econômicas e escolha de uma equipe de julgadores deve ser feita entre os membros da própria indústria, incluindo pessoal da produção, laboratório e administrativo. As pessoas que preparam as amostras ou que estejam envolvidas na elaboração dos produtos, assim como, aquelas que apresentam aversão pelos mesmos, não deverão fazer parte da equipe. A seleção deve começar com uma entrevista ou ficha convite, na qual se obterá dados sobre a saúde do candidato (hipertenso, alérgico, intolerâncias, etc.), uso de prótese dentária, aparelho dentário corretivo, percepção visual e outros, sendo que alguns destes dados são observados e outros coletados pela ficha convite (Fig. 6). 34 Convido você a participar de uma equipe de análise sensorial. Gostaria saber da sua disponibilidade de horários, por isso responda ao questionário abaixo e entregue na secretaria. Nome: _________________________ Fone: _______________ Faixa etária: <18 anos 19 a 30 anos 31 a 45 anos 46 a 55 anos > de 56. Em qual destes horários possui maior disponibilidade para realizar as análises? Pela manhã, das 8 às 10h Das 10 às 11:30h Pela tarde, das 14 às 16h Das 16 às 18h Você é fumante? Sim Não Você toma cafezinho com freqüência? Sim Não Você é diabético? Sim Não Você é hipertenso? Sim Não Possui algum tipo de intolerância alimentar? Sim Não Se sim, é intolerante a que tipo? ________________________Toma algum tipo de medicamento de uso contínuo? Sim Não Se sim, que tipo?_______________________________ Você conhece mirtilo? Sim Não Você consome sucos de frutas? Sim Não Se sim, que tipo: Natural Industrializado Artificial Desidratado Não sabe Com que freqüência você consome estes sucos? raramente, menos de uma vez por mês uma vez por mês uma vez por semana duas vezes ou mais por semana diariamente Figura 6 – Exemplo de ficha convite. Uma cuidadosa seleção de candidatos para o treinamento é essencial para a formação de uma equipe sensorial analítica efetiva (fixo). A seleção é uma avaliação dos candidatos em potencial que deverão participar do treinamento, a partir de algumas qualificações básicas, como: acuidade sensorial, interesse por análise sensorial, habilidade em discriminar e reproduzir resultados, comportamento apropriado de cooperação, motivação, disponibilidade, prontidão, entre outros. Deve ser baseada em atributos sensoriais e na capacidade potencial em desempenhar testes 35 específicos, os quais serão essenciais para obter o conhecimento da fisiologia (receptores sensoriais, sistema nervoso), psicologia (relação estímulo-resposta) e sociologia (idade, sexo, etnia, hábitos alimentares, grau de instrução, poder aquisitivo...). O teste seqüencial é uma técnica estatística e pode ser utilizado para seleção de candidatos a julgadores. Deve-se formular uma regra para a tomada de decisão para aceitar o candidato, rejeitar ou continuar o teste para seleção. Os candidatos são selecionados conforme seu desempenho no teste de diferença, como o triangular e cada candidato avalia vários triângulos do teste, um por vez, e com os dados é construído um gráfico, onde se observa as condições do candidato para aceitá-lo ou rejeitá-lo. 6.4 Treinamento da equipe Basicamente em análise sensorial são utilizados três tipos de equipe de pessoas para realizar os testes. Os chamados julgadores que são treinados (calibrados) para aprenderem as técnicas de análise; os julgadores experts ou muito experientes em um único alimento, por exemplo, vinho, cerveja e, os consumidores que são pessoas que não devem conhecer as técnicas sensoriais, ou seja, sem treinamento, para avaliarem sem tendências de individualizarem atributos. Após a seleção, o treinamento pode levar de 10 ou mais semanas. Assim, a equipe estará apta a realizar os testes e suas respostas serão dignas de confiança, similares aos instrumentos analíticos. Treinamento são fases que podem ser estabelecidas para aumentar a eficiência, pela qual o julgador assimila um novo conhecimento e novas técnicas. As orientações específicas devem ser informadas, orientar sobre terminologia e outras que podem ser necessárias, de maneira que o julgador saiba exatamente o que está buscando e como registrar a informação desejada. Estas informações são essenciais para a motivação dos julgadores, mantendo assim, o interesse em participar, melhorando seu desempenho nas avaliações. 36 Todos os preparativos para a avaliação da equipe devem ser elaborados com antecedência (codificação dos recipientes, seleção de fichas, quantidade de materiais que serão utilizados nos testes, etc.). Os dias dos testes devem ser pré-estabelecidos (2 ou 3 vezes por semana) e o tempo adequado de cada teste para o julgador é em média de 10 minutos. Amostras representativas e quando se achar necessário, deve ser acompanhada de uma amostra de referência ou padrão, similar, de mesma procedência, marca e/ou fabricante, que possa servir como comparação para aumentar a eficiência ao treinamento. Deve-se manter o julgador motivado, provocar interesse, motivar explicando o projeto, mostrar resultados parciais e gerais, elogiar, criticar e recompensar pelo seu empenho com prêmios (balas, bombons, sucos, dinheiro, etc...). O horário dos testes deve ser de duas horas antes ou depois das refeições, fumantes inveterados são menos sensíveis aos testes, é aconselhável que não fume ou tome cafezinho uma hora antes do teste. Uma equipe de laboratório deve variar entre 10 a 30 membros, sendo desaconselhável a participação inferior a 10 membros, por induzir à pequena significância estatística. O objetivo do treinamento é familiarizar o julgador com os procedimentos dos testes, aperfeiçoar a habilidade em reconhecer e identificar atributos, melhorar a capacidade de memória, reproduzir resultados, aumentar a forma de expressão, adquirir habilidade verbal e vocabulário próprio que possa definir e descrever adequadamente os atributos sensoriais. A função do líder da equipe é fazer que o candidato entenda a importância da análise, motivar para participação, onde a cooperação é valorizada, proporcionar concentração sem conversas paralelas, com respostas próprias e independentes e melhorar a memória sensorial, orientar para evitar odores fortes pelo menos 1 hora antes dos testes (chiclete, doces, cosméticos, loções perfumadas, remoção de batom), quando for teste de odor orientar para lavar as mãos 37 com sabonete neutro, orientar para o bem estar e dispensar dos testes os julgadores com indisposição, congestão nasal, alergias, dor de cabeça, mau humor, uso de medicamentos ou que atrapalhe o conforto do julgador. 7. CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS A maneira de definir os atributos sensoriais é descrever as propriedades dos produtos e basicamente são derivados da aparência, do odor, gosto, aroma, sabor e textura oral e manual, devido à opinião e interpretação dos efeitos do estímulo sensorial, de acordo com as impressões percebidas pelos órgãos dos sentidos. 7.1 Aparência Refere-se às características avaliadas pela visão, sendo os atributos de superfície, como: o aspecto, cor, transparência, brilho, opacidade, formatos, formas, consistência, tamanho, espessura, grau de efervescência ou carbonatação. Ainda às características referentes ao tamanho e forma (dimensão, geometria), à texturas superficiais (maciez, aspereza), à interação entre partículas e fragmentos (viscosidade, aglomerado, partícula solta). Ainda nas sensações táteis e superficiais, a aparência pode sofrer mudanças visuais durante o uso do produto, sendo percebidos os atributos de polido ou lustroso, brancura ou pálido, macilento ou emaciado, pontiagudo. A cor se refere o matiz, croma, tonalidade, luminosidade, uniformidade, profundidade e saturação ou pureza. Pode ser derivada de cores primárias, secundárias e terciárias. 7.2 Textura oral e manual Refere-se às propriedades reológicas e estruturais (geométricas e de superfície) dos produtos. Pode ser percebida por quatro sentidos: os receptores mecânicos, táteis e, os visuais e auditivos. Relaciona-se com a sensibilidade térmica e cinestésica. 38 Na textura manual as percepções mecânicas são evidentes quando existe reação à força e pressão: dureza e firmeza; força de compressão ou extensão ou tensão; elasticidade, volta à posição ou forma original após compressão. Geométricos e/ou tamanho se refere à forma e orientação das partículas da composição dos produtos apresentando-se áspero, arenoso, floculoso, frisado, nervuras ou com listas. Quando existe presença e absorção de umidade nos produtos apresentam-se secos, dessecados, oleosos, untuosos, embebidos. Na textura oral os atributos mecânicos são perceptíveis para a reação à força e pressão apresentando-se nos produtos como: firmeza, viscosidade, deformação e fraturabilidade. Os geométricos e/ou tamanho, forma e orientação das partículas, os produtos são arenosos, granulosos, fibrosos, floculosos. A umidade e gordura e/ou presença e absorção de água, óleo e gordura estes são aguados ou úmidos, suculentos, ensopados, untuosos ou besuntados. Nas sensações táteis e superficiais os atributos mecânicos de reação à força e pressão são percebidos a densidade, espessuraou grossura, lisa ou escorregadiça, elasticidade ou expandida, distendida, espalhada, estendida. Nos atributos de umidade, gordura e/ou presença de absorção de água, óleo ou gordura são percebidos sensações de aguado ou umedecido, ensopado, oleoso, untuoso ou besuntado, seco ou secura ou dessecado. Nos atributos geométricos e/ou tamanho, forma e orientação das partículas táteis após contato são percebidos o arenoso, floculoso ou espumoso. A textura nos alimentos sólidos é avaliada pelo corte, compressão, relaxação, penetração, cisalhamento, dobramento, entre outros. Para avaliação deve-se utilizar a pele da mão, da face e/ou da boca (cavidade bucal e dentes). Quando avaliado pela boca pode ser definido como sensação bucal, utilizando-se também atributos como: adstringente, metálico, quente, frio, etc. Algumas sensações são também nasais, como: pungente, refrescante, etc. Uma listagem de 39 termos próprios pode ser utilizada para melhor definição das propriedades de textura, como: - consistente = propriedade de fluxo detectada pela estimulação dos receptores mecânicos e táteis, especialmente na cavidade oral, e que varia com a textura do produto; - cristalino = relativo à forma e orientação das partículas ou cristais de um produto, como o açúcar cristal; - crocante = produto duro que ao ser quebrado produz som característico, como da batata frita “chips”; - efervescente = desprendimento de gás carbônico na superfície, observado em bebidas gaseificadas ou carbonatadas; - esfarelenta = que esfarela ou desintegra, como exemplo o bolo-de-fubá; - fibrosa = percepção da forma e presença de partículas, como fibras do palmito e manga espada; - gomosa = energia necessária para desintegrar um produto semi-sólido para ser ingerido, resultado de pouca dureza e alto grau de coesão, como flocos de aveia bem cozidos; - líquido, ralo, untuoso, viscoso = propriedade de resistência ao escoamento, como a água (baixa), leite (média-baixa), creme de leite (média), cuja correspondência pode ser a viscosidade; macio, firme, dura = força necessária para produzir uma deformação, penetração e/ou cizalhamento, como o queijo cremoso (macio - baixa resistência); azeitona (firme - média resistência); bala (dura - alta resistência); - translúcida = substância que permite a passagem da luz, mas não permite a distinção de uma imagem distinta; - transparente = substância que permite a passagem da luz e o aparecimento de uma imagem nítida. Na tabela 5 são citados alguns exemplos de atributos usuais e comuns para aparência, textura e cor que caracterizam as percepções dos produtos. 40 Tabela 5 - Atributos de aparência, textura e cor Aparência / Textura Cor Abaulada Aderente Adsorvida Afilada Aglomerada Alongada Amanteigada Amassada Amolecida Aquosa Áspera Avariada Bastão Bastonete Barra Borbulhante Borrachenta Brilhosa Butirosa Calcinada Caldo Caramelada Coagulada Cobertura Cominuída Compacta Comprimida Com cortes Com depósito Com fragmentos Com furos Com partículas Com polpa Com precipitado Com riscas Congelada Consistente Cozida Creme Cremosa Cristal Cristalino Cristalizada Crocante Crosta Crua Drágea Deformada Derretida Dessecada Desintegrada Depositada Dura Efervescente Elástica Embolorada Entremeada Esfarelenta Esférica Esmigalhada Espessa Espumante Exsudato Fatiada Fermentada Fibrosa Filete Fina Firme Floco Floculosa Fluído Fresca Friável Fundida Gasosa Gaseificada Gelatinosa Gomosa Gordurosa Grão Granulada Granulosa Grossa Grumosa Grudenta Heterogênea Homogênea Íntegra Irregular Lâmina Limo Limosa Líquida Límpida Macia Manchada Massa Maturada Mofada Moída Mole Oleosa Ondulada Pasta Pastilha Pastosa Pegajosa Película Pó Porosa Polpa Precipitada Prensada Pulverulenta Quebradiça Rachada Rala Recheada Recheio Repicada Resíduo Ressecada Resistente Retalhada Rija Rodela Seca Sedimentada Semidura Semente Sólida Solta Suculenta Tenra Translúcida Transparente Tolete Turva Uniforme Úmida Untuosa Viscosa Xarope Acromática Alaranjada Alaranjado-claro Alaranjado-escuro Amarela Amarelo- alaranjado Amarelo-âmbar Amarelo-claro Amarelo-cinzento Amarelo-escuro Amarelo- esverdeado Amarelo-fosco Amarelo-ouro Amarelo-pálido Amarelo-palha Amarelo- pardacento Amarelo-torrado Âmbar Âmbar-escuro Argentada Azul Azul-celeste Azul-claro Azul-escuro Azul-esverdeada Bege Branca Branco-de-giz Branco-amarelado Branco-marfim Branco-pérola Brilhante Brilho-metálico Castanha Cinza Cinzenta Cor opaca Cor uniforme Cor pálida Creme Dourada Incolor Marrom Marrom- amarelado Marrom- avermelhado Marrom-acinzentado Marrom-claro Marrom-escuro Marrom-esverdeado Rosada Róseo-avermelhado Róseo-claro Róseo-escuro Róseo-purpúreo Róseo-violáceo Ocre Parda Pardacenta Perolada Prateada Preta Roxa Verde Verde-abacate Verde-acinzentado Verde-amarelado Verde-azulado Verde-claro Verde-escuro Verde-folha Verde-garrafa Verde-musgo Verde-oliva Vermelha Vermelho- alaranjado Vermelho-arroxeado Vermelho-cereja Vermelho- pardacento Vermelho-rosado Vermelho-rubro Vermelho-violáceo Vinho Violeta Violeta-avermelhado Violeta-azulado Violeta-claro Violeta-escuro Fonte: IAL, 2008. 41 7.3 Odor e aroma São atributos perceptíveis por sensações olfativas (floral, frutado, pútrido, baunilha) e sensações nasais (frescor, quente, pungente) quando algumas substâncias voláteis são aspiradas e o aroma, percebido via retronasal durante a mastigação. 7.4 Sabor e gosto O sabor é percebido pelos sentidos da gustação e olfação, também influenciados pelos sentidos táteis, térmicos, dolorosos e/ou cinestésicos, quando o produto é degustado. Nas sensações olfativas são percebidos os atributos: floral, frutado, cacau ou chocolate, pútrido, rançoso; nas sensações gustativas são percebidos os atributos de doce, salgado, ácido, amargo, umami e nas sensações orais, os atributos frio, quente, adstringente, metálico, queimado. Nestas sensações gustativas, os gostos primários (doce, salgado, ácido, amargo, umami e metálico) podem ser percebidos devido aos reagentes químicos que estimulam as papilas gustativas e normalmente o local de percepção na língua depende da localização da papila, por tanto, os locais definidos de percepção podem ser variáveis, conforme a fisiologia de cada pessoa. Alguns reagentes químicos e os locais de percepção são descritos a seguir: - ácido: é a mais simples das sensações e seu ativador são os íons H+. Normalmente, quanto maior a concentração de íons H+ dissociados, mais ácido será a solução. Confere gosto ácido os sais ácidos, ácidos, lactonas, fenóis e demais substâncias que liberem íons de hidrogênio em meio aquoso. O gosto ácido depende de alguns fatores: natureza do grupo ácido, pH, acidez titulável, efeito tampão. É sentido nas bordas laterais posteriores da língua; - amargo: muitos compostos químicos orgânicos e inorgânicos têm sabor amargo, especialmente os alcalóides (quinino, cafeína, estricnina, glicosídios, benzamidas, alguns aldeídos, cetonas, ésteres, nitritos). O amargo pode ser um atributo de qualidade: chás, vinhos, cervejas, coquetéis, água de quinino. Este gosto é sentido no ápice da língua; 42 - doce: os compostos que produzem esta sensação normalmente são os compostos alifáticos, porém hidroxilados não ionizados, como: álcoois, glicóis, açúcares e derivados, todos os açúcares possuem a característica de ter gosto doce e seu poder edulcorante é diferente em cada caso, porém existem outros compostos químicos que também produzem esta mesma sensação como os sais de chumbo, ciclamatos, alguns amino ácidos, etc. É sentido na ponta da língua; - salgado: o cloreto de sódio (NaCl) é o composto que define com mais pureza esta sensação, mas pode-se citar o Cl, Br, I, sulfato,nitrato, cloreto de potássio. É sentido nas bordas antero laterais da língua; - umami: em japonês significa o gosto característico dos compostos de glutamato monossódico (GMS) e do 5‟- ribonucleotídeo. Estas substâncias são potenciadores do sabor e sua ação ainda não está totalmente esclarecida, acredita-se que elas aumentam a sensibilidade dos receptores da língua ou que promovam um prolongamento da acuidade sensorial do sabor natural do alimento. Alguns pesquisadores acreditam que o GMS diminui a percepção para alguns sabores desagradáveis, indesejáveis, como, por exemplo, o sabor amargo dos vegetais enlatados. Existem duas classes de substâncias umami: os derivados dos 1- -amino ácidos, tendo como representante principal o GMS e os derivados dos 5‟-ribonucleotídeos; - metálico: é o gosto característico do sulfato ferroso e apesar de ter sido considerado como gosto básico ou primário, ainda, existem poucos estudos. Quase sempre o gosto metálico está associado com sensações táteis ou pungentes, como as produzidas pelas capsiacinas da pimenta. A interação de gostos é o resultado de um complexo de sensações constituídas de dois ou mais gostos básicos. Uma lista de termos próprios pode ser utilizada para definição das propriedades de odor e sabor, como: - acre = odor e sabor picante, irritante e áspero, como o do alho, fósforo e solução de ácido fórmico a 90% (p/v); 43 - agre = sensação gustativa com predomínio ácido, se relacionam a um processo de fermentação (acético ou láctico); - adstringente = sensação produzida pela contração da mucosa da boca de solução aquosa diluída de alguns taninos, como do caqui ou banana verde; - alcalino = sensação escorregadia devido à alcalinidade, como solução de bicarbonato de sódio; - azedo = sensação olfativa e/ou gustativa devido aos ácidos orgânicos. Entretanto não pode ser usado como sinônimo de gosto primário ácido; - bouquet = características olfativas específicas, como vinho, licores; - cúprico = com sabor de cobre, áspero e penetrante; - estranho = odor ou sabor não característico do produto; - inodoro = produto que não apresenta odor; - insosso = ou “flat”, produto sem sal, sem tempero; - metálico = sensação de metal na mucosa da boca; - pungente = sensação de dor causada, por exemplo, ao cheirar uma solução de ácido acético (2 - 5%); - sápido = produto que produz sabor; - insípido = falta de sabor, ou que possui aroma e sabor típicos, mas em níveis inferiores ao que poderia conter o produto (sinônimo de insosso). Na tabela 6 são citados alguns exemplos de atributos usuais e comuns para odor e sabor que caracterizam as percepções dos produtos. 44 Tabela 6 - Atributos de odor e sabor Odor e Sabor Ácido Acre Acético Achocolatado Açucarado Adamascado Adoçado Adocicado Adiposo Adstringente Adulterado Afumado Agradável Agre Agridoce Aguado Alcalino Alcoólico Aliáceo Alterado Amargo Amargoso Amanteigado Amendoado Amiláceo Amoniacal Anormal Ardente Ardido Apimentado Aromático Atípico Artificial Azedo Azeitonado Balsâmico Benzênico Bouquet Butírico Cacau Café-com-leite Cafeinado Caramelado Característico Cáustico Carbonatado Condimentado Cúprico Defumado Desagradável Desodorante Diluído Doce Enfumaçado Enjoativo Envelhecido Estragado Estranho Etéreo Fermentado Ferruginoso Fétido Floral Frutado Frutoso Gorduroso Graxo Impróprio Impuro Inadequado Inodoro Irritante Insípido Insosso Insuportável Horrível Láctico Leve Licoroso Maresia Maturado Medicinal Melado Mentolado Metálico Mofado Natural Normal Nauseante Odorífico Picante Penetrante Perfumado Próprio Pungente Putrefato Pútrido Rançoso Refrescante Remanescente Repulsivo Salgado Salino Sápido Saponáceo Suave Sulfuroso Oxidado Queimado Velho Fonte: IAL, 2008. 8. MÉTODOS SENSORIAIS Os métodos sensoriais servem tanto para testar a eficiência do treinamento dos julgadores, como também para avaliar os produtos. Os métodos são baseados nas respostas aos estímulos sensoriais e podem ser classificados, conforme seu objetivo: 8.1 Métodos discriminativos 8.1.1 Métodos de sensibilidade Utilizado para avaliar a sensibilidade dos gostos. Os testes de sensibilidade são indicados para determinar o limite mínimo detectável de concentração de uma substância (limiar de detecção ou absoluto) ou de alteração nesta concentração na qual um gosto específico pode ser reconhecido (limiar de reconhecimento), é o limite de concentração em que o julgador ainda pode perceber alguma diferença de um determinado estímulo. Para haver uma percepção são necessários estímulos externos a uma intensidade mínima 45 que é denominada limiar. Existem basicamente 4 tipos de limiares: - Limiar de detecção: intensidade mínima de um estímulo necessária para produzir uma sensação; - Limiar de reconhecimento: intensidade mínima de um estímulo necessária para identificar a sensação percebida; - Limiar de diferença: menor diferença perceptível na intensidade de um estímulo; - Limiar terminal: intensidade mínima de um estímulo, abaixo da qual nenhuma diferença pode ser percebida. Existem alguns fatores que influenciam na percepção do gosto, como: - Temperatura: o máximo de sensibilidade e habilidade sensorial para o gosto ocorre entre 10ºC e 35ºC. Com o aumento da temperatura, há um aumento na sensibilidade para o gosto doce e diminuição para o salgado e o amargo. Por isso recomenda-se testar um produto na temperatura em que é consumido; - Meio de dispersão: o grau de diluição de uma substância com a saliva determina a sua velocidade de percepção. Uma solução de sacarose a 50% pode ser percebida extremamente doce, no entanto, balas com aproximadamente 100% de sacarose não o são; - Interação de gostos: pode haver influência na percepção de um gosto devido a outro. Por exemplo: o ácido cítrico em pequena quantidade potencializa a percepção de doçura da sacarose. Porém, à medida que aumenta a quantidade de ácido, a intensidade do gosto doce diminui. 8.1.2 Testes dos gostos primários Os membros da equipe sensorial devem ter sensibilidade e percepção. A percepção mais conhecida envolve quatro gostos primários: doce, salgado, ácido e amargo, sendo utilizado para percepção destes gostos as soluções de sacarose, de NaCl, de ácido cítrico e de cafeína, respectivamente para cada gosto, podendo também ser utilizado o umami (glutamato monossódico) e o metálico (sulfato heptahidratado de ferro II), as concentrações e 46 diluições utilizadas para os limiares estão apresentados na tabela 7. Podem ser utilizadas estas soluções e mais uma ou duas amostras duplicatas ou água (previne adivinhações). Neste teste são exigidos 100% de acertos. Tabela 7 - Série geométrica das soluções estoque correspondente aos seis gostos primários Ácido Amargo Salgado Doce Umami Metal Cód. Dilui ções v mL P g/L v mL p g/L v mL p g/L v mL p g/L v mL p g/L v mL p g/L v mL 1000 1.2 1000 0.54 1000 4.00 1000 24.00 1000 2.00 1000 0.016 16.00 D1 500 0.60 500 0.27 500 2.00 500 12.00 500 1.00 500 0.0080 8.00 D2 400 0.48 400 0.22 350 1.40 300 7.20 350 0.70 350 0.0058 5.8 D3 320 0.38 320 0.17 245 0.98 180 4.32 245 0.49 245 0.0039 3.9 D4 256 0.31 256 0.14 172 0.69 108 2.59 172 0.34 172 0.0027 2.7 D5 205 0.25 205 0.11 120 0.48 65 1.56 120 0.24 120 0.0019 1.9 D6 164 0.20 164 0.09 84 0.34 39 0.94 84 0.17 84 0.0013 1.3 D7 131 0.16 131 0.07 59 0.24 23 0.55 59 0.12 59 0.0009 0.9 D8 105 0.13 105 0.06 41 0.16 14 0.34 41 0.08 41 0.0007 0.7 Razão geométrica R = 0.8 R = 0.5 R = 0.7 R = 0.6 R = 0.7 R = 0.7 Fonte: ISO 3972/79, 3972/90. 8.1.3 Teste de reconhecimento de odores É utilizado para determinar a capacidade do julgador em identificar e descrever em torno de 20 diferentesodores, 15 normalmente utilizados diariamente encontrados e 5 raros. As amostras devem ser servidas em recipientes adequados e os mesmos só deverão ser abertos na hora do teste. No início do treinamento o número de odores deve ser limitado entre 5 a 10 por sessão para não ocasionar fadiga olfatória no julgador. Primeiro deve-se apresentar os odores familiares, em seguida os complexos. No método de sensibilidade pode também ser avaliado o poder de discriminação dos indivíduos para as texturas, apresentando para o reconhecimento alguns produtos de diferentes graus de dureza, como, por exemplo: a amêndoa (dura), a azeitona (firme), o requeijão (mole), etc. 47 8.2 Métodos Discriminativos ou de diferenças Utilizado para determinar se existem diferenças sensoriais entre produtos (amostras). São utilizados testes para detectar variações sensoriais em alimentos, resultantes de alterações físicas e químicas e, no treinamento de julgadores. As informações que estes testes fornecem podem ser utilizadas no desenvolvimento de programas de controle e padrões de qualidade. 8.2.1 Teste Triangular Tem o objetivo de verificar diferenças significativas entre duas amostras que sofreram tratamentos diferentes, assim como verificar se mudanças de ingredientes, processamento, embalagem ou estocagem, altera o produto. Este teste limita- se a produtos que sejam homogêneos em todas as características, exceto aquela em estudo, serve para detectar pequenas diferenças e por este motivo é utilizado antes de outros testes, porque não avalia o grau, nem caracteriza os atributos responsáveis pela diferença e é também utilizado para treinar julgadores. O teste triangular tem a vantagem de apresentar menor probabilidade de acertar ao acaso e a desvantagem de ser pouco prático quando se tem um número grande de amostras, pois aumentam as inter-comparações e pode ser afetado pela fadiga sensorial, principalmente com amostras de sabor forte. Recomendam-se 20 a 40 julgadores, mas 12 podem ser utilizados em casos mais simples. Os julgadores não necessitam de treinamento específico, apenas uma sessão de orientação é suficiente. Três amostras são apresentadas simultaneamente aos julgadores, sendo duas delas idênticas. Detecta-se a amostra diferente e podem ser apresentadas em 6 diferentes arranjos: AAB, ABA, BAA, BBA, BAB, ABB. A análise dos resultados é realizada pelo número de respostas corretas necessárias para estabelecer diferenças significativas ou baseadas no teste 2. 48 Exemplo de aplicação do teste triangular: Geléias de morango, sendo uma formulação com sacarose convencional e outra com sacarose de baixo custo, tendo sabor equivalente a atual geléia convencional. Aplicação do teste com 12 julgadores e 5 repetições. Número total de respostas: 60 Número de respostas indicando a amostra de baixo custo como diferente: 19 No Anexo 1, na coluna de 5% para nível de significância e na linha de 60 julgamentos (nº total de respostas), obtém-se o número „27‟. Então se pode concluir que não há diferença entre as geléias, já que „19 seleções corretas‟ é menor que o número (tabelado) mínimo „27‟, necessário para significância a 5% de probabilidade. 8.2.2 Teste Duo-trio Objetiva determinar se existe diferença sensorial entre uma dada amostra e um padrão, especialmente quando o padrão é bem conhecido pelo julgador. Utilizado quando as duas amostras têm suas características desconhecidas e estas características devem ser apresentadas como referência. O número de julgadores deve ser no mínimo de sete julgadores especialistas ou no mínimo de 15 julgadores selecionados. Apresenta como vantagens o menor número de avaliações, simplicidade de aplicação e pode ser com produtos de sabor forte e a desvantagem de não identificar a intensidade do atributo e é estatisticamente menos eficiente quando comparado ao teste triangular. Três amostras são apresentadas, sendo uma delas o padrão (P) e as demais codificadas, uma idêntica a padrão. Detecta-se a amostra igual a P. Devem ser apresentadas amostras casualizadas nas combinações AB e BA (para P = A) e AB e BA (para P = B). Para análise dos resultados utiliza- se teste estatístico de distribuição binomial, com a probabilidade de acertos de 50%. 49 Exemplo de aplicação do teste duo-trio: Legumes minimamente processadas, sendo uma amostra convencional e outra colocada em banho de 2% de ácido cítrico. Aplicação do teste com 15 julgadores em 4 repetições. Número de julgamentos totais: 60. Número de julgamentos selecionados: 33. No Anexo 2, na coluna de 5% para nível de significância e na linha de 60 julgamentos (número de julgamentos totais), obtém-se o número 37. Então se pode concluir que não há diferença entre as amostras, ou seja, é imperceptível o ácido cítrico nas cenouras, já que „33 seleções corretas‟ é maior que o número (tabelado) mínimo 37, necessário para significância a 5% de probabilidade. 8.2.3 Teste Comparação pareada Tem o objetivo de determinar uma diferença ou estabelecer uma preferência entre duas amostras e também para seleção e treinamento de julgadores. Apresenta a vantagem de facilidade de aplicação e menor fadiga e desvantagem quando o número de amostras aumenta as inter-comparações. Amostras são apresentadas aos pares para comparação ou detecção de diferença em ordem balanceada ou ao acaso nas permutações AB e BA. Podem ser simples (identifica se duas amostras podem ser diferenciadas, sendo mais indicado para teste de preferência) e direcional identifica características marcantes (difere da comparação simples somente na pergunta aos julgadores, sendo que são solicitados para indicar quais das duas amostras apresentam maior intensidade de um determinado atributo específico de qualidade sensorial, como doçura, acidez, amargo, salgado, consistência, etc.). O teste unilateral é utilizado quando existe diferença entre amostras e se deseja saber se esta diferença é perceptível sensorialmente. O teste bilateral é empregado quando não existe diferença entre amostras ou na avaliação da preferência. 50 O teste de comparação pareada é baseado no simples ato de fazer uma escolha entre alternativas. É utilizado em controle de qualidade para garantir que amostras ou lotes de produções diferentes sejam semelhantes; para determinar se a substituição de ingredientes, a mudança no processamento, a seleção de nova fonte de matéria-prima, dentre outros, resultam em diferença detectável na qualidade sensorial do produto. Os julgadores devem ser treinados para os gostos primários e, preferencialmente, para o atributo a ser analisado. O número de julgadores selecionados deve ser no mínimo 15, porém com equipe altamente treinada pode-se utilizar 8 a 9 julgadores. Exemplo de aplicação do teste comparação pareada: Compotas de pêssego, sendo uma amostra convencional e outra com 5% menos sacarose com objetivo de diminuir custos de produção. Aplicação do teste com 15 julgadores em 2 repetições. Número de julgamentos totais: 30. Número de julgamentos selecionados como mais doce: 18. No Anexo 2, na coluna de 5% para nível de significância, teste unilateral, na linha de 30 julgamentos (nº de julgamentos totais), obtém-se o número 20. Então se pode concluir que não há diferença entre as amostras, ou seja, é possível diminuir 5% de sacarose na formulação das compotas, já que „18 seleções corretas‟ é menor que o número (tabelado) mínimo „20‟, necessário para indicar diferença significativa. 8.2.4 Teste Comparação múltipla ou diferença do controle Este teste pode ser utilizado em desenvolvimento e melhoramento de produtos (substituição de ingredientes, de materiais de embalagens), mudanças nos processos ou de condições e tempo de estocagem, controle de qualidade e estabilidade de armazenamento. É uma técnica adequada para as discriminações visuais em que a fadiga
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