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GÊNEROS TEXTUAIS 
DIDÁTICOS E ANÁLISE 
DE MATERIAIS 
DIDÁTICOS DE LETRAS 
Estudo de caso: atividades 
com gêneros textuais 
em materiais didáticos 
de língua inglesa 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever atividades relacionadas a gêneros textuais em materiais 
didáticos de diferentes naturezas.
  Analisar as atividades descritas à luz das propriedades textuais e visuais 
do texto didático e dos fundamentos teórico-metodológicos do ensino 
de língua inglesa. 
  Identificar a construção de atividades em língua inglesa em livros didá-
ticos e avaliações no que se refere ao trabalho com gêneros textuais. 
Introdução
A concepção de linguagem que orienta o ensino de língua inglesa no 
Brasil é a sociointeracionista, ou seja, a linguagem social e dialógica é 
uma forma de ação, situada historicamente, que se realiza por meio do 
discurso e das práticas sociais. Sendo assim, o ensino deve ser voltado 
para o uso da língua, com práticas de linguagem em diferentes situações 
comunicativas. 
A materialização da língua são os enunciados, que, dependendo da 
esfera de atividade humana, são relativamente estáveis, apresentando 
temas, estilos e composição similares. Chamamos a esses enunciados 
gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003). Por exemplo, o gênero carta pessoal 
possui certas convenções como saudação, linguagem informal e despe-
dida. Em outras palavras, os gêneros discursivos se constituem a partir 
de modelos de enunciados, que circulam socialmente. Alguns teóricos, 
como Marcuschi (2008), utilizam os termos “gênero discursivo” e “gênero 
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textual” de forma intercambiável, embora assinalem que o foco pode 
estar na materialidade do texto, suas formas linguísticas e organização, ou 
no discurso, no plano da enunciação e efeitos de sentido na circulação.
Utilizaremos o termo “gênero textual” para discutir e analisar materiais 
didáticos construídos a partir de gêneros diversos. Este capítulo será 
dedicado, portanto, a descrever propostas de atividades com gêneros 
textuais em diferentes tipos de material didático, analisar as atividades 
descritas levando em consideração as propriedades textuais e visuais 
que um texto didático deve apresentar, bem como os fundamentos 
teórico-metodológicos do ensino de língua inglesa, e, por fim, identificar 
nos livros didáticos e avaliações a construção de atividades trabalhadas 
a partir de gêneros textuais. 
1 Atividades com gêneros textuais em materiais 
didáticos de diversas naturezas 
Como você percebeu, o ensino de língua deve se voltar para o seu uso em 
práticas de linguagem, tendo como objeto de ensino gêneros textuais orais e 
escritos que organizam a fala e a escrita. Os usos que fazemos da língua em 
cada esfera social são legitimados por aquela comunidade discursiva (SWA-
LES, 1990). Por exemplo, na esfera acadêmica temos a palestra, a conferência, 
a resenha, o artigo científi co, o relatório, a comunicação em congressos, a 
monografi a, e assim por diante. Portanto, toda situação comunicativa se dá 
por meio de gêneros discursivo-textuais.
Sendo assim, a abordagem didática dos gêneros textuais deve ter como 
objetivos desenvolver a competência discursiva para se usar a língua em 
diferentes contextos e a capacidade de se refletir, conhecer e dominar os 
recursos linguísticos que permitem ao sujeito produzir e compreender textos 
de diferentes gêneros. Os estudantes devem aprender a ler para se informarem, 
apreciarem obras literárias, se atualizarem ao ter acesso a artigos científicos. 
E devem aprender a escrever para divulgarem e publicarem suas ideias e 
pesquisas, reclamarem de algum produto defeituoso e reivindicarem seus 
direitos. Devem falar para se comunicarem com estrangeiros, participarem 
de cursos, entre outros usos do dia a dia. 
Em relação ao trabalho com gêneros textuais na escola, Schneuwly e Dolz 
(2004, p. 51) afirmam que:
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa2
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[…] o trabalho escolar, no domínio da produção da linguagem, faz-se sobre os 
gêneros, quer se queira ou não. Eles constituem o instrumento de mediação 
de toda estratégia de ensino e material de trabalho, necessário e inesgotável, 
para o ensino da textualidade. A análise de suas características fornece uma 
primeira base de modelização instrumental para organizar as atividades de 
ensino que esses objetos de aprendizagem requerem.
Para trabalhar com gêneros textuais em sala de aula, é preciso conhecer as 
suas especificidades. Segundo Schneuwly e Dolz (2004), deve-se considerar 
o gênero em três dimensões: 
1. os conteúdos que são (que se tornam) dizíveis por meio deles;
2. a estrutura (comunicativa) particular dos textos pertencentes ao gênero;
3. as figurações específicas das unidades de linguagem […] e os conjun-
tos particulares de sequência e de tipos discursivos que formam sua 
estrutura. 
As atividades baseadas em gêneros textuais estão presentes em materiais 
didáticos diversos. Esses materiais podem ser livros didáticos ou materiais 
autênticos, como anúncios, textos literários, vídeos, podcasts, jornais, revis-
tas, músicas e demais gêneros que são produzidos e circulam na sociedade 
contemporânea. Segundo Leffa (2003, p. 15), “[…] a produção de materiais de 
ensino é uma sequência de atividades que tem por objetivo criar um instrumento 
de aprendizagem”. Essa sequência deve envolver análise, desenvolvimento, 
implementação e avaliação. Essas etapas levarão a um novo ciclo, pois a 
avaliação dará início a uma nova análise. 
Na fase de análise deve-se partir das necessidades dos alunos, levando em 
conta o nível de proficiência na língua e o que precisam aprender. Para que 
ocorra a aprendizagem, o material deve estar adequado ao nível de conheci-
mento do aluno e de seu conhecimento do conteúdo. O conhecimento prévio 
dos alunos deve ser acionado para que o novo conhecimento seja construído. 
No desenvolvimento parte-se dos objetivos estabelecidos no levantamento 
de necessidades. A partir daí determinam-se o comportamento que o aluno 
deve demonstrar e os critérios de execução da tarefa. Essa fase é a do “como 
fazer”. Deve-se selecionar os conteúdos de maneira clara, o que exatamente 
o aluno precisa aprender para atingir os objetivos. Além disso, é preciso 
pensar na abordagem a ser utilizada. Segundo Leffa (2003), há seis grandes 
abordagens para o ensino de língua.
3Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
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1. Abordagem estrutural — enfatiza o léxico e estruturas gramaticais 
da língua. 
2. Abordagem nocional/funcional — funções como discordar, pedir des-
culpas, apresentar alguém. 
3. Abordagem situacional — parte de uma situação em que a língua é 
usada, como ida ao médico, check-in no aeroporto, abertura de uma 
reunião de negócios. 
4. Abordagem baseada em competências — a linguagem depende mais 
de competências e processos linguísticos que perpassam diferentes 
situações do que na situação em si. 
5. Abordagem baseada em tarefa — subordina a aprendizagem da língua à 
execução de determinada tarefa. Essa execução é que vai determinar qual 
conteúdo deve ser aprendido. Diferencia-se da abordagem situacional por 
não predeterminar o conteúdo, que pode surgir de modo imprevisível 
durante o desempenho da tarefa. 
6. Abordagem baseada em conteúdo — põe ênfase no conteúdo usando 
a língua que o aluno precisa aprender.
O desenvolvimento de material normalmente faz uso de diferentes abor-
dagens, e, no caso do trabalho com gêneros textuais, pode-se usar todas elas, 
embora as abordagens estruturais e de conteúdo se prestem menos ao propósito 
de trabalhar com situaçõescomunicativas. Mas nada impede, por exemplo, 
que o professor aponte estruturas gramaticais e o léxico mais usados em de-
terminado gênero textual, ou quais conteúdos são normalmente encontrados 
no gênero selecionado.
Ao se produzir materiais deve-se ter uma preocupação com o uso da língua 
no mundo real e o uso de dados linguísticos autênticos. Para isso, desde o início 
da aprendizagem, o aluno deve ser solicitado a realizar tarefas significativas 
e relacionadas ao mundo real (CARROLL, 1990, apud LEFFA, 2003). 
Na preparação das atividades, Leffa (2003) sugere que se tenha em mente 
os seguintes princípios (Quadro 1).
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa4
 Fonte: Adaptado de Leffa (2003). 
Garanta atenção Inicie despertando a curiosidade do aluno para o 
tópico da atividade. Conte uma história, mostre 
uma ilustração, faça uma analogia, conte uma 
anedota, cite um pensamento interessante.
Informe os 
objetivos
Deixe claro para os alunos o que eles aprenderão: 
“No fim dessa atividade, vocês saberão como…”. 
Crie uma expectativa através dos objetivos.
Apresente o 
conteúdo
Mostre os pontos mais importantes, use técnicas 
variadas para manter a atenção e aumentar a 
compreensão. Use ilustrações, fotos, objetos.
Facilite a 
aprendizagem
Ajude os alunos a seguir no processo de aprendizagem, 
orientando, esclarecendo e dando exemplos.
Acione o 
conhecimento 
prévio
Faça os alunos pensarem sobre o que eles já 
sabem. Relacione a atividade nova a situações 
e conhecimentos que lhes são familiares.
Solicite 
desempenho
Mantenha a participação ativa dos alunos. 
Peça para que executem tarefas relacionadas 
ao que estejam aprendendo. Envolva-os 
perguntando, discutindo e demonstrando.
Forneça feedback Deixe claro para os alunos como eles estão 
acompanhando a atividade, ajudando com 
mais esclarecimento quando necessário. 
Tente produzir o material de aprendizagem 
de modo a poder inserir feedback.
Avalie o 
desempenho
Verifique a aprendizagem dos alunos pela 
observação, perguntas. Na produção de materiais, 
abra espaço para avaliação contínua.
Ajude na retenção 
e transferência
Faça com que os alunos lembrem o que estão aprendendo 
e ajude-os a aplicar seus novos conhecimentos.
 Quadro 1. Princípios a seguir na preparação das atividades 
A implementação do material variará dependendo da situação, visto que, se 
for utilizada pelo professor que preparou o material, este explicará oralmente 
aos alunos como devem proceder. Se o material será usado por outro professor, 
ele deve conter instruções de como ser apresentado e trabalhado com os alunos.
A fase de avaliação de materiais pode ser feita de modo informal pelo 
professor, que prepara exercícios, aplica-os a seus alunos e observa como 
5Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
funciona, reformulando para usar uma segunda vez, e assim por diante, com 
diferentes grupos de alunos. Em escala maior, como a publicação de um livro 
didático, os materiais são, normalmente, pilotados. A pilotagem mostra o que 
pode permanecer como está e o que pode ser melhorado (Quadro 2).
 
Descrição de atividades
1. Atividade no livro didático com o gênero textual anúncio publicitário, para 
que o aluno identifique a situação comunicativa, o propósito da comunicação 
e a audiência. Depois, em pares, os alunos devem discutir as características da 
linguagem utilizada, e a correção é feita coletivamente sob a moderação do 
professor. No momento da correção, ampliam-se as opções de vocabulário 
para anúncios publicitários (verbos utilizados, expressões idiomáticas). Como 
desdobramento, os alunos devem escolher um produto e criar um anúncio 
direcionado a determinado público. Por exemplo: anúncio da Starbucks. Imagem 
de bebida refrescante e a frase “Refresh your mind”. A situação é uma propaganda 
cujo objetivo é persuadir o cliente a comprar. A audiência é o público da cafeteria, 
e o apelo (“Refresh your mind”) sugere uma pausa no trabalho para espairecer.
2. Atividade com material autêntico, um vídeo breve chamado “Coronavirus: Virus 
deepens struggle for migrants”. Antes de apresentar o vídeo, o professor faz uma 
atividade prévia, verificando se os alunos têm conhecimento da notícia que será 
mostrada no vídeo. Uma breve discussão é feita com os alunos para que eles façam 
inferências a respeito do que pode ser mostrado no vídeo. O professor distribui uma 
folha com quatro perguntas sobre o conteúdo do vídeo antes de mostrá-lo. Depois 
de assistirem três vezes, o professor faz a correção das perguntas e discute com os 
alunos a situação comunicativa, os propósitos, a audiência e as características do 
gênero textual notícia e do suporte utilizado para a veiculação — vídeo em um site.
3. Atividade com material autêntico, letra de música selecionada pelos alunos. Antes 
de colocar a música para ser ouvida, o professor verifica com os alunos a situação 
comunicativa, o propósito e a audiência do gênero, além de suas características, 
mostrando tratar-se de poesia — chama a atenção dos alunos para a prosódia e 
apresenta o sistema de rimas e métrica de forma simplificada. Depois, coloca a 
música para ser ouvida e distribui aos alunos a letra com algumas lacunas para 
serem preenchidas. Depois de algumas vezes, os alunos sentam-se em grupos para 
verificar suas escolhas de palavras e expressões. O professor corrige coletivamente 
as palavras e abre a discussão para conversarem sobre o tema e demonstrar como 
o esquema de rima da letra influencia o ritmo da música. Como desdobramento, 
os alunos devem escolher uma música em casa, anotar as características, 
verificar propósitos e audiência, tema da música e esquema de rima e ritmo.
4. Atividade no livro didático, jogo de equipes, com situações comunicativas, 
objetivos e audiência, a serem encenadas por grupos de alunos. Os participantes 
recebem cartões com sugestões de estruturas gramaticais e lexicais para 
fazerem suas escolhas. O professor funciona como mediador, e a pontuação 
varia de acordo com o grau de elaboração da atuação dos grupos.
 Quadro 2. Descrição de algumas atividades para se trabalhar a língua inglesa por meio 
de gêneros textuais 
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa6
Para aprofundar seus conhecimentos sobre preparação de atividades com gêneros 
discursivos em diferentes materiais didáticos, examine o artigo “Uma proposta de 
planejamento de ensino de língua inglesa em torno de gêneros textuais”, de Cristovão 
et al (2010). O artigo traz atividades didáticas propostas por um grupo de professores 
pesquisadores da linha Interacionista Sociodiscursiva para o ensino de língua inglesa 
para o Ensino Fundamental II. 
2 Atividades à luz das propriedades do texto 
didático e dos fundamentos teórico-
-metodológicos do ensino de língua inglesa 
A concepção sociointeracional da linguagem defende que:
[…] somos constituídos pela linguagem ao mesmo tempo em que a constituímos 
em nosso convívio social. Assim, a linguagem é predominantemente social 
e decorrente das interações, que permitem a aprendizagem e a apreensão de 
regras de convívio social, das formas de agir no mundo à nossa volta, bem 
como a construção de nossas representações do mundo (BRONCKART, 2006, 
apud CRISTOVÃO et al., 2010, p. 193). 
Ou seja, é por meio da interação que o ser humano se desenvolve e constrói 
suas representações de mundo, e a materialização da linguagem se estabelece 
nas trocas sociais, mediadas pelos gêneros textuais. 
Portanto, uma atividade que esteja em consonância com os fundamentos 
teórico-metodológicos do ensino da língua inglesa trará benefícios para os 
alunos, pois disponibilizará práticas de linguagem de acordo com o uso con-
textualizado da língua em diversas situações e objetivos comunicativos, como 
na vida real. Cristóvão et al. (2010, p. 194–195) afirmam que as capacidades 
de linguagem a serem desenvolvidas peloaluno se dividem, didaticamente, 
conforme a seguir.
Capacidade de ação — Conhecimentos relacionados ao contexto de produção 
que contribuem para reconhecimento do gênero, adequação ao contexto e 
mobilização de conteúdo. Pode ser desenvolvida por meio de atividades que 
levem o aluno a: 
7Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
  realizar inferências sobre: quem escreve o texto, para quem ele é di-
rigido, o assunto, quando o texto foi produzido, onde foi produzido, 
com qual objetivo; 
  avaliar o que é necessário para um texto estar adequado à situação na 
qual se processa a comunicação; 
  compreender vocabulário na sua relação com aspectos sociais e/ou 
culturais; 
  compreender a relação entre textos e a forma de ser, pensar, agir e 
sentir de quem os produz. 
Capacidade discursiva — Conhecimentos relacionados à organização do 
conteúdo em um texto e sua forma de apresentação. Pode ser desenvolvida 
por meio de atividades que levem o aluno a: 
  reconhecer a organização do texto como layout, linguagem não verbal 
(fotos, gráficos, títulos, formato do texto), etc.;
  identificar as características do texto que podem fazer o autor parecer 
mais distante ou mais próximo do leitor; 
  entender a função da organização do conteúdo naquele texto; 
  perceber a diferença entre formas de organização diversas.
Capacidade linguístico-discursiva — Conhecimentos relacionados ao do-
mínio das operações de linguagem (coesão e coerência, por exemplo). Pode 
ser desenvolvida por meio de atividades que levem o aluno a: 
  uma proposta de planejamento de ensino de língua inglesa em torno 
de gêneros textuais;
  compreender os elementos que operam na construção de textos, pará-
grafos, orações; 
  dominar operações que contribuem para a coerência de um texto (or-
ganizadores, por exemplo); 
  dominar operações que colaboram para a coesão nominal de um texto 
(anáforas, por exemplo); 
  dominar operações que cooperam para a coesão verbal de um texto 
(tempo verbal, por exemplo);
  expandir vocabulário que permita melhor compreensão e produção 
de textos; 
  compreender e produzir unidades linguísticas adequadas a sintaxe, 
morfologia, fonética, fonologia e semântica da língua; 
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa8
  tomar consciência das (diferentes) vozes que constroem um texto; 
  notar as escolhas lexicais para tratar de determinado conteúdo temático; 
  reconhecer a modalização (ou não) em um texto; 
  identificar a relação entre os enunciados, as frases e os parágrafos de 
um texto, entre outras muitas operações que poderiam ser citadas.
Essas capacidades se articulam e podem funcionar ao mesmo tempo para 
os mais variados propósitos comunicativos. 
Como você verificou, as atividades podem ser trabalhadas a partir de ma-
teriais autênticos, ou seja, gêneros que são produzidos e circulam em esferas 
comunicativas da vida real, ou por meio de textos didáticos, que possuem 
características textuais e visuais voltadas ao objetivo pedagógico de ensinar 
ao leitor o conteúdo que apresenta. Em relação ao texto, é preciso que ele seja 
impessoal, claro e objetivo e que não dê margem a mais de uma interpretação 
e conclusão. Todos os leitores precisam entender o assunto ali exposto de 
maneira exata. A linguagem usada deve respeitar a norma culta, e a língua 
deve ser adaptada ao nível de conhecimento prévio do aluno. Não se usam 
metáforas, e as estruturas complexas de linguagem são simplificadas para 
melhor compreensão do leitor. 
Os elementos visuais como imagens, gráficos, tabelas, diagramas, foto-
grafias, quadros, desenhos e cores são usados para atrair a atenção do leitor, 
equilibrar a quantidade de texto verbal e facilitar o entendimento. A linguagem 
não verbal é um discurso que, agregado à linguagem verbal, constrói signifi-
cados para o assunto discutido no material e, dependendo de sua composição 
e temática, desvenda a intencionalidade do autor. As tirinhas e as charges, por 
exemplo, utilizam o humor para expressar valores, crenças, práticas sociais 
das culturas representadas. 
A partir desses critérios estabelecidos, analise as atividades descritas na 
seção anterior.
1. A atividade 1 trabalha com o gênero textual anúncio publicitário, sua 
composição, propósitos comunicativos, linguagem utilizada. Trabalha 
com as capacidades de ação, discursiva e linguístico-discursiva. A 
interação entre alunos e professor e aluno-aluno também são desta-
cadas. A atividade apresenta variedade, é dinâmica e motivadora. Ao 
se desdobrar em atividade criativa, incentiva a aplicação do que foi 
aprendido e amplia o repertório linguístico e cultural do aluno. 
2. A atividade 2 utiliza situações reais da língua com o uso de material 
autêntico. Utiliza os gêneros notícia e o suporte vídeo e suas carac-
9Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
terísticas. Trabalha as capacidades de ação, discursiva e linguístico-
-discursiva. A interação entre professor e alunos está presente, bem 
como o compartilhamento entre os alunos. 
3. A atividade 3 é muito dinâmica e atraente para os alunos. Trabalha 
o gênero discursivo letra de música, suas características, propósito 
comunicativo e audiência. Expande o conhecimento dos alunos para o 
gênero poesia, trabalha com a apreciação artística ao colocar a música 
para os alunos ouvirem, trabalha a escuta, o vocabulário, a leitura. A 
interação entre os alunos é destacada, a correção coletiva e a discus-
são pós-escuta ampliam os conhecimentos do gênero e da língua. O 
desdobramento permite a ampliação dos conhecimentos adquiridos. 
4. A atividade 4 é lúdica, trabalha diversos gêneros textuais, já que esta-
belece situações comunicativas a serem encenadas pelos estudantes, 
que entenderão o propósito e a audiência a que se destinam as atuações. 
A competência linguística é acionada para escolher dentre as estru-
turas gramaticais e lexicais as que serão usadas na representação das 
situações, pois a pontuação variada é um estímulo a uma elaboração 
mais complexa. A interação entre as equipes é destacada. 
Ao analisar uma atividade para uso em sala, é preciso estar atento para as instruções 
a serem passadas aos alunos, e deve-se buscar integrar diversos aspectos de eixos da 
oralidade, escrita, leitura, conhecimentos linguísticos e dimensão intercultural (eixos 
presentes na Base Nacional Comum Curricular). Além disso, o trabalho com gêneros 
textuais e situações de uso da língua devem fundamentar a elaboração dos materiais 
didáticos. 
3 Gêneros textuais — atividades em livros 
didáticos e em avaliações 
O livro didático é um texto fechado onde os sentidos são únicos e já estabe-
lecidos pelo autor para ser reconhecido pelos leitores. Em muitos casos, é o 
único material disponível de apoio para o professor. Este deve refl etir sobre 
a efi cácia do livro didático a partir de seus conhecimentos metodológicos 
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa10
e linguísticos, verifi cando as propostas, abordagens, métodos, técnicas e 
atividades presentes no material. Muitas vezes devem-se adaptar atividades 
e criar materiais complementares para que o processo ensino-aprendizagem 
se torne mais enriquecedor. 
No caso das escolas públicas, os livros didáticos de língua inglesa são 
distribuídos gratuitamente pelo Programa Nacional do Livro Didático, desde 
2011. Além dos livros propriamente, é publicado um Guia de Livros Didáticos, 
que traz resenhas e informações acerca de cada uma das obras aprovadas no 
Programa, facilitando a escolha por parte dos professores e das escolas. O Guia 
apresenta análises, reflexões e orientações quanto ao conteúdo e à estrutura de 
cada obra aprovada no programa do ano. Os livros de língua inglesa trazem, 
muitas vezes, material de áudio como recurso para que se trabalhe a escuta, e 
exercícios nopróprio livro, pois ao contrário de outras áreas, o livro de inglês 
fica com o aluno e é reposto anualmente. 
Deve-se analisar se as atividades estão de acordo com os fundamentos 
teórico-metodológicos e as características de textos didáticos, mencionados 
na seção anterior, e ter em mente que as atividades devem ter um propósito 
e ser significativas para os alunos. Em muitos casos, pequenas modificações 
são suficientes para transformar as atividades propostas em situações co-
municativas mais próximas de contextos autênticos, e criar oportunidades 
para o uso de gêneros textuais variados. Nos textos presentes no livro, por 
exemplo, pode-se trabalhar com os alunos inferências sobre o contexto de 
produção e circulação do texto, seu propósito comunicativo, sua audiência, 
quem produziu o texto, qual o seu lugar de fala, de onde veio, e verificar a 
composição daquele gênero discursivo, sua organização textual, linguagem 
verbal e não verbal, além de verificar se o texto é mais ou menos pessoal a 
partir da escolha de determinadas estruturas linguísticas que produzem um 
ou outro efeito, e identificar as vozes presentes no texto. 
Para enfatizar o caráter interacional discursivo da língua, pode-se promover 
a interação entre os estudantes, por exemplo, organizando a execução das 
tarefas em pares ou em grupos, bem como as correções coletivas. Outro ponto 
relevante para a orientação dos alunos em qualquer atividade é a pré-atividade, 
na qual se acionam os conhecimentos prévios dos alunos, se incentiva a in-
ferência e se prepara para a execução da tarefa. Essa etapa é importante para 
que o estudante se concentre no propósito da atividade que terá de executar 
e mantenha o foco no que é esperado dele. Por fim, tem-se a pós-atividade, 
que pode ser a correção, com ampliação do assunto e compartilhamento de 
conhecimentos. 
11Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
Um desdobramento da atividade é desejável, para que o aluno aplique 
o novo conhecimento, experimente e possa até mesmo identificar as áreas 
em que apresenta dificuldades não percebidas de imediato. Um bom livro 
didático normalmente oferece exercícios de reforço e de fixação que podem 
ser usados para esse fim. 
Em relação às avaliações, para que estejam de acordo com os fundamentos 
aqui discutidos, devem ser vistas como um processo contínuo e formativo, 
que pode se dar pela observação do envolvimento dos alunos na execução 
das atividades propostas. Deve-se observar as dificuldades em relação aos 
gêneros trabalhados e aplicar estratégias para superar essas dificuldades por 
meio de reforço de conceitos ou maior prática do gênero em questão. Trata-se 
de um momento de reflexão crítica do professor sobre a sua prática docente. 
Como instrumento de avaliação, o portfólio é bastante recomendado por 
ter as seguintes características, segundo Fina (1992, apud CRISTÓVÃO et 
al., 2010, p. 197):
a) ser uma coleção — sistemática, significativa e guiada por objetivos — 
dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos; 
b) poder ser desenvolvido por alunos de todas as idades, os quais sele-
cionam trabalhos feitos por eles próprios para fazer parte do portfólio, 
assim como os critérios de seleção; 
c) poder incluir observações e ser guiado por professores, pais, respon-
sáveis, pares, entre outros; 
d) refletir as atividades de aprendizagem diárias do aluno; 
e) ser contínuo durante um determinado período de tempo para possibilitar 
a observação dos esforços, progressos e conquistas do aluno. O uso 
do portfólio como instrumento de avaliação deve ser acordado entre 
professores e alunos, e a atribuição de notas deve obedecer a critérios 
construídos, preferencialmente, junto com os alunos. 
Ao final de cada unidade, pode-se pedir que o aluno faça uma avaliação 
sobre o que aprendeu, as áreas que domina e as que tem alguma dificuldade. 
Essa autoavaliação traz maior envolvimento do aluno com a própria apren-
dizagem e permite uma conscientização de aspectos que precisam ser mais 
bem estudados ou ter as dúvidas esclarecidas pelo professor.
As avaliações tradicionais, como testes, provas e trabalhos podem ser 
usados trabalhando gêneros textuais, abordando seu contexto, condições de 
produção e circulação, propósito comunicativo, audiência e aspectos linguís-
tico-discursivos característicos de cada gênero. 
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa12
Neste capítulo, você foi apresentado brevemente aos fundamentos teórico-
-metodológicos que embasam o ensino de língua inglesa, e a relevância dos 
gêneros textuais como instrumentos de ensino. Examinamos a descrição de 
atividades baseadas nesses princípios e orientações sobre a maneira que os 
materiais didáticos de diferentes naturezas devem ser construídos para que 
estejam alinhados e esses fundamentos. Em seguida, vimos, à luz dos funda-
mentos e das características textuais e visuais dos textos didáticos, as atividades 
descritas na primeira seção do capítulo e as capacidades desenvolvidas em 
cada uma delas. Por fim, algumas informações sobre livros didáticos e ava-
liações, levando-se em consideração os gêneros textuais, foram apresentadas. 
Para aprofundar o seu conhecimento do assunto, sugestões de leituras estão 
disponíveis ao final do capítulo.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRONCKART, J.-P. Os gêneros de textos e os tipos de discurso como formatos das 
interações propiciadoras de desenvolvimento. In: MACHADO, A. R.; MATENCIO, M. 
L. M. (org.). Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Campinas: 
Mercado de Letras, 2006.
CARROLL, J. M. The Nurnberg Funnel: designing minimalist instruction for practical 
computer skill. Cambridge, MA: MIT Press, 1990.
CRISTÓVÃO, V. L. L. et al. Uma proposta de planejamento de ensino de língua inglesa em 
torno de gêneros textuais. Letras, v. 20, n. 40, p. 191–215, jan./jun. 2010. Disponível em: 
https://periodicos.ufsm.br/letras/article/download/12152/7546. Acesso em: 30 abr. 2020.
FINA, A. A. Portfolio assessment: getting started. New York: Professional Books, 1992.
LEFFA, J. V. (org.). Produção de materiais de ensino: teoria e prática. Pelotas: Educat, 2003.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Pa-
rábola, 2008. 
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de 
Letras, 2004.
SWALES, J. M. Genre analysis: english in academic and research settings. Cambridge, 
MA: Cambridge University Press, 1990.
13Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Estudo de caso: atividades com gêneros textuais em materiais didáticos de língua inglesa14

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