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1 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA SEPI – PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO GESTÃO DO DESEMPENHO ORGANIZACIONAL Profª Elaine Mandotti São Paulo 2010 2 Gestão do Desempenho Organizacional Apresentação da Disciplina Este material foi preparado com o objetivo para que você, aluno da pós- graduação UNIP, possa se reciclar ou se atualizar em assuntos relacionados à administração. Sempre com a finalidade de melhorar suas competências na arte de administrar organizações, no todo ou em parte, a disciplina Gestão do Desempenho Organizacional visa a abordar conceitos sobre gestão, organização e análise e mensuração do desempenho organizacional. Para atendermos a esse objetivo central, é importante que o aluno compreenda com clareza conceitos de administração de empresas, reflita sobre as teorias de administração, observando a evolução do pensamento em administração, sobretudo os sucessos e insucessos característicos de uma disciplina da área de ciências sociais aplicadas. Assim, resgatamos tais conceitos na primeira e segunda etapas deste trabalho. Além disso, é importante que o aluno compreenda profundamente a dinâmica do ambiente organizacional descrevendo o macro e o microambiente de mercado, enfatizando as relações entre esses ambientes e a organização e como essa relação pode desencadear ameaças, mas também oportunidades de mercado. Para a compreensão do desempenho organizacional, é fundamental que o aluno entenda a relevância do planejamento frente à gestão organizacional. Por fim, o controle, o desempenho organizacional são amplamente discutidos na etapa três, com o propósito de fornecer ao aluno subsídios que lhe possibilitem compreender e aplicar alguns dos modelos apresentados, como BSC, Prisma Performance mas, sobretudo, desenvolver reflexões para que possam desenhar modelos para o seu contexto organizacional. Sabemos que a administração é parte de um conjunto de ciências sociais aplicadas, isto é, em que o campo de estudo é profundamente diverso e as relações humanas configuram o objeto de estudo. Assim, não pretendemos esgotar o assunto Gestão do Desempenho Organizacional, que é de suma importância e equivalentemente complexo. Contudo, pretendemos que nossos alunos sejam capazes de analisar, compreender e refletir, a fim de construírem meios para que melhor satisfaçam seu contexto organizacional. Esperamos contribuir com o crescimento profissional de nosso aluno, o que é compromisso do educador em administração e da Universidade Paulista – Unip. Bons estudos! Profª Elaine Mandotti 3 Parte 1 – Conceitos gerais Esta etapa tem por objetivo introduzir o aluno no ambiente da administração. Assim, faz-se necessária a revisão de alguns conceitos fundamentais da administração de empresas, tais como: Organização é um conjunto de pessoas trabalhando juntas, visando a alcançar um objetivo comum. Trata-se de um fenômeno social singular, que permite aos seus membros executar tarefas que estão além da capacidade de realização individual. Essa descrição se aplica a todo e qualquer tipo de organização. Toda organização compartilha de um propósito amplo: fornecer bens e serviços úteis. Cada uma deve retornar valor à sociedade e satisfazer às necessidades dos clientes, a fim de justificar sua existência. As organizações são sistemas compostos de partes inter-relacionadas que funcionam juntas para atingir um objetivo comum. São sistemas abertos que interagem com seus ambientes em um processo contínuo de transformar recursos que entram em produtos que saem, na forma de bens ou serviços. Fonte: Schermerhorn (2007, p. 9). - Desempenho organizacional: para que uma organização tenha um bom desempenho, seus recursos devem ser bem utilizados e seus clientes, bem atendidos. Nesse contexto, a compreensão do conceito de constituição de valor se faz necessária. Inputs de recursos Pessoas Dinheiro Materiais Tecnologia Informação Outputs de produtos Produtos acabados Bens e/ou serviços Atividades de trabalho transformam recursos em outputs O ambiente fornece O ambiente consome A organização cria Feedback de cliente e consumidor 4 Segundo Kotler (2005), as relações entre clientes e organizações são orientadas pela constituição de valor que é a razão entre o que a organização fornece e o que o cliente recebe. Nessa relação estão implícitos custos (monetário, tempo, energia etc.) e benefícios (funcionais e emocionais) para ambos. Atualmente, uma organização só consegue ter bom desempenho se estiver atenta às necessidades oriundas do mercado. Toda organização deve estar voltada às demandas do mercado e não somente as que lidam com o cliente no dia a dia. Dessa forma, métodos para análise e avaliação do desempenho nortearão o planejamento do gestor. Organizações modernas fazem uso de diversas medidas de desempenho, as quais são fundamentais para a gestão cotidiana da organização. As medidas de desempenho podem ser atribuídas em vários contextos, tais como: medida de satisfação e lealdade do cliente e retenção de colaboradores na organização. É muito comum as organizações medirem a produtividade (quantidade e qualidade de desempenho no resultado do trabalho executado, observando a utilização dos recursos). Uma maneira simples de se medir o desempenho é a imposição de metas. Comumente são atribuídas metas na mão de obra, por exemplo. Por sua vez, as metas devem ser planejadas com propósitos atingíveis/realistas, focadas em não desperdiçar recursos e na alta produtividade. Nesse contexto, tem sido muito comum o uso de terminologias como eficaz e eficiente. A eficiência é a capacidade de realização das atividades da organização, minimizando a utilização de seus recursos, desempenhando corretamente suas tarefas. Basicamente, mede-se a relação entre os resultados alcançados e os recursos consumidos. Já a eficácia é a capacidade de realizar as atividades da organização de modo a alcançar os objetivos estabelecidos. A principal preocupação do gestor é em determinar quais são os objetivos corretos a serem alcançados. Nota-se que há uma relação de dependência entre o que é eficiente e eficaz, pois parece fácil ser eficaz quando se é ineficiente, isto é, quando recursos são desperdiçados. Assim, uma administração de sucesso consiste em obter simultaneamente eficácia e eficiência na utilização de todos os recursos (SOBRAL; PECI, 2008). 5 O processo de Administração e Gestão Henri Fayol, administrador francês do século XX, definiu o que até o momento se define como administração: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Atualmente, as organizações condensaram conceitos de coordenar e comandar para a criação de um novo conceito: o de liderar/dirigir, associado à gestão de pessoas. Para Schermerhorn (2007) a gestão ou processo gerencial é o processo de planejamento, organização, liderança e controle na utilização de recursos, visando-se a atingir metas de desempenho. Essas quatro funções estão presentes o tempo todo no cotidiano da gerência da empresa. • Planejamento: é o processo de se estabelecer objetivos de desempenho e determinar quais medidas devem ser tomadas para alcançá-los. • Organização: é o processo de designar tarefas, alocar recursos e coordenar as atividades individuais e de grupos para implementar o que foi planejado. • Liderar ou dirigir: é o processo de elevar o entusiasmo das pessoas para o trabalho, inspirá-las a cumprir osplanos e atingir os objetivos. • Controle: é o processo de medir o desempenho do trabalho, comparando resultados com objetivos e adotando medidas corretivas quando necessárias. Através do controle os gerentes mantêm o contato com as pessoas durante seu trabalho, coletam e interpretam os relatórios de desempenho e usam essas informações para planejar ações e mudanças construtivas. A Gestão Embora haja diversas teorias sobre administração (que serão abordadas na próxima parte), notamos que cada organização possui suas características, o que torna a aplicação dessas teorias apropriada para sua realidade. Por exemplo, uma empresa pública é muito diferente de uma empresa privada. Existem diversos fatores que podem alterar a forma de gestão, como os níveis organizacionais, os tipos de organização e a dimensão da organização. Níveis organizacionais É possível distinguir os seguintes níveis hierárquicos na estrutura organizacional: o estratégico, o tático e o operacional. A coordenação entre estes níveis organizacionais, que são interligados, é o que garante o sucesso da organização como um todo. 6 Tipos de Organização Existem diferentes tipos de organizações. Essas diferenças consistem em suas estruturas e também em suas formas de medir e avaliar seu desempenho (SCHERMEHORN, 2007). A depender do tamanho da organização, a importância e a intensidade de cada um dos seus níveis pode ser diferente. Por exemplo, um administrador de uma micro ou pequena empresa é mais generalista, já que coordena várias tarefas, exercendo simultaneamente as funções do administrador de topo, gerentes e supervisores. Considerações gerais desta parte Notamos que a gestão organizacional está altamente envolvida com a habilidade de gerenciar os recursos materiais destinados à produção, aos recursos humanos que envolvem toda a organização e à satisfação do consumidor por meio do processo de entrega de valor, em que o cliente percebe que os benefícios são superiores aos custos gerados com a aquisição do bem. O planejamento com objetivos bem definidos e utilização eficiente dos recursos são fundamentais para o sucesso de uma organização. Associada à gestão está à medição, isto é, não se gerencia o que não se mede. Desse modo, o estabelecimento de métricas para a avaliação do desempenho organizacional é fundamental para o sucesso de empresas modernas. No entanto, as diferenças entre as organizações são inúmeras e podemos refletir sobre essas diferenças comparando-as sobre os diferentes tipos de teorias de administração ao longo do tempo, como veremos a seguir. Abrange toda a organização. Nesse nível, define‐ se a estrutura do planejamento, tais como objetivos, metas, políticas da empresa, market share etc. Nível intermediário, responsável pela articulação interna entre o nível estratégico e operacional. Nível responsável pela coordenação do trabalho dos membros da organização (responsáveis pela execução das tarefas). Nível Estratégico Nível Tático Nível Operacional Supervisores, líderes de equipe, coordenadores de projeto responsáveis por pequenos grupos de trabalhadores ou de tarefas. Gestores de topo: presidente, vice‐presidente, membros do conselho administrativo, diretor executivo e outros executivos que pertencem à alta administração. Gerentes ou diretores das unidades de negócio responsáveis pela tradução das políticas e estratégias definidas pelos gestores de topo. 7 Para reflexão: Reflita sobre o seu ambiente de trabalho e compare com o texto acima. Depois, aponte em que a organização onde você trabalha se parece com as descrições acima. 8 Parte 2 - A evolução do pensamento em administração Esta etapa tem por objetivo estimular o aluno a refletir sobre as formas de gestão desenvolvidas ao longo do tempo. Abaixo, relacionamos algumas razões para o desenvolvimento dessa reflexão: • As teorias influenciam a prática, servindo como guia para as decisões da administração; • As teorias influenciam a forma como enxergamos as pessoas, as organizações e o meio em que elas estão inseridas; • As teorias servem como fonte de compreensão e/ou previsão de práticas observadas nas organizações. Para esta etapa, faremos uso de diversos autores como Motta e Vasconcelos (2002), Chiavenatto (2004), Sobral e Pecci (2008) e Schermerhorn (2007). A abordagem clássica A abordagem clássica decorre da Revolução Industrial e com o surgimento do Capitalismo. Surgiram desafios caracterizados pelos novos espaços e relações de trabalho, presentes principalmente nas fábricas. O crescimento da produção era limitado pela existência de uma força de trabalho desqualificada. A abordagem clássica é formada por correntes das escolas da administração científica e clássica. Destacamos suas ideias centrais: • Desenvolver novos métodos científicos de trabalho em lugar dos velhos métodos rotineiros; • Selecionar o melhor trabalhador para cada tarefa. Em seguida, treiná- lo, formá-lo e motivá-lo, criando um “homem de primeira classe” (first class man); • Criar um espírito de cooperação entre a direção e os trabalhadores; • Aperfeiçoar a divisão do trabalho, combinando a “seleção científica” e a ciência o trabalho. Já na abordagem clássica, percebia-se que as empresas eram muito diferentes umas das outras. Sendo assim, sugeria-se que, para cada indústria e processo, uma técnica deveria ser estudada e desenvolvida individualmente. Outra característica importante deste tipo de abordagem refere-se ao trabalho humano. Alguns autores abordam essa característica do período como “o homem visto como máquina”. Isso porque o trabalho humano era metodicamente analisado. Os movimentos humanos eram cronometrados a fim de se observar e estabelecer tempo para cada uma das atividades. atua esp des func isso adm Adm 191 Essa almente pecializaçã scritas tecn cionários. o surgem o A abor ministração ministraçã Iniciada 15); • Origem mensu • Homus orienta • A org proces • A adm não em • Planeja • Ciência • Ênfase • Estudo • Remun iniciativa conhecida ão do fun nicamente A remune os primeiro rdagem cl o: Taylor, F ão científi a pelo eng m do nom ração) aos s economi ado por mo anização ssos; inistração mpiricamen amento no a no lugar e nas técni o dos temp neração dif permitiu as nas o cionário p , facilitand ração equ os conceito ássica env Fayol e Fo ca genheiro a e: aplicaç s problema icus: ser h ovimentaçõ é consid e a organi nte; o lugar da i do empiris cas de rac pos e movim ferenciada que foss organizaçõ para a fun do os proc ivaleria à os de salár volve refle rd. americano ção de mé as encontra humano es ões materia derada um zação dev mprovisaç smo; cionalizaçã mentos; a conforme sem esta ões. 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Autoridade (de linha) e responsabilidade – fazer uso do direito de mandar e do poder e estabelecer responsabilidades via recompensa ou sanção; 3. Disciplina – estabelecer convenções entre a empresa e seus agentes com o objetivo de incentivar obediência e assiduidade; 4. Unidade de comando – fazer com que um agente possa receber ordens somente de um chefe; 5. Unidade de direção – especificar só um chefe ou só um programa para um conjunto de operações; 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais – fazer com que o interesse de um agente não prevaleça sobre o interesse da empresa, do Estado, da família ou qualquer outra organização social; 7. Remuneração do pessoal – premiar e recompensar os serviços prestados por meio de pagamento por tarefa, por dia, por peça, prêmios e participação nos lucros; 8. Centralização – especificar a importância do superior e do subordinado; 9. Hierarquia – estimular via hierarquia a comunicação e a unidade de comando; 10. Ordem – ordem material com o objetivo de equilíbrio constante entre as necessidades da empresa e os recursos humanos; 11. Equidade – tratar o pessoal de forma benevolente e justa; 12. Estabilidade de pessoal – manter as pessoas na mesma função o tempo necessário para desempenhá-la bem; 13. Iniciativa – promover nos subordinados a liberdade de propor, conceber e executar; 11 14. Espírito de equipe – Incentivar o espírito de equipe e harmonia do pessoal. Teoria das relações humanas Surge no final dos anos 30, em oposição aos tratados da Teoria Clássica. A partir dos trabalhos da Escola das Relações Humanas, a Teoria da Administração passa a apresentar novos pontos. Vários dos pesquisadores envolvidos com pesquisas na área de administração eram cientistas sociais, influenciados pelo desenvolvimento nas disciplinas de sociologia e psicologia. A abordagem comportamental (ou behaviorista) salienta a presença das ciências do comportamento humano, busca soluções mais humanas e flexíveis para os problemas organizacionais. Baseia-se ainda no entendimento do comportamento organizacional por meio do comportamento individual das pessoas, focando o estudo da motivação humana. Os behavioristas identificaram a necessidade do administrador em conhecer o comportamento humano para uma melhor qualidade de vida dentro das organizações. O pensamento das relações humanas influenciou as organizações nos anos 50 e 60. A premissa era a de que os gerentes que promoviam boas relações humanas obtinham maior produtividade. Um dos principais estudos é o de Hawthorne, conduzido por Elton Mayo, que pretendia verificar como os incentivos financeiros e as condições físicas do ambiente de trabalho afetavam a produtividade dos trabalhadores. Após vários experimentos, concluiu-se que fatores psicológicos imprevisíveis interferiam. Outros aspectos positivos foram extraídos dos estudos de Hawthorne como o de que as pessoas tendem a se comportar da maneira como se espera que se comportem quando recebem uma atenção especial, por causa das expectativas criadas pela situação. Homo social O homem não pode ser reduzido a esquemas mecanicistas, é fruto do sistema social; todo homem possui necessidades, como segurança, afeto etc. Grupo informal Surgem reflexões acerca do desenvolvimento de técnicas sociométricas e dinâmicas de grupo. Participação nas decisões Estruturas mais horizontais: essa linha de pensamento relacionava moral e produtividade. Organização informal Dá-se na formação de um conjunto de relações sociais não previstas em regulamentos ou organogramas. 12 Teoria sobre motivação e liderança Posterior às pesquisas de Hawthorn, percebeu-se que a relação entre a satisfação das necessidades dos empregados e o aumento da produtividade não era direta e muitas vezes uma gestão participativa tendia a “atrapalhar” a produtividade. Surge o conceito de homem complexo. A partir deste conceito, surgiu a Teoria de Motivação e Liderança, que aborda, em linhas gerais, que o homem possui necessidades múltiplas. A ação humana é incerta e imprevisível e os indivíduos, difíceis de serem controlados. Diante desse contexto, várias foram as teorias que emergiram. Dentre elas, citamos Maslow, com a hierarquia das necessidades; Mcgregor, com as teorias X e Y; Herzberg, com os fatores higiênicos; Likert; McClelland. Paralelamente, como referência em gestão participativa e liderança, surge o toyotismo, com os seguinte componente: gerência democrática e participativa; maior integração horizontal dos diversos setores da organização por meio do estabelecimento de processos de produção transversais; maior mobilidade dos empregados por meio do estabelecimento de critérios claros de promoção e planos de carreira; e criação de valores e de ética relacionados ao conceito de cidadania. Também surgiram, a partir do toyotismo, proposições técnicas como o Kanban e o Just in time (estoque zero). Teoria do estruturalismo Essa teoria defende que as partes e o todo possuem profunda interdependência. Vários sociólogos foram fundamentais para a construção do estruturalismo, como Durkheim e Levi Strauss. As organizações são parte de um sistema amplo, o sistema social, e só podem ser entendidas a partir da compreensão das leis gerais dessa mesma sociedade. Dessa forma, o indivíduo desenvolve diversos papéis para atuar nesse sistema, formado de diferentes, porém interdependentes, partes. Alguns nomes também foram fundamentais ao estruturalismo: Estruturalismo fenomenológico (Max Weber): a compreensão é que norteia os estudos fenomenológicos. Assim, a ideia central é a de que as condutas dos indivíduos permitem a compreensão das suas intenções. Para esta observação, a instrumentalização é fundamental, a fim de que se possa observar meios e fins. Estruturalismo dialético (Karl Marx): sustenta que a análise que descobre as partes força a preparar seu surgimento ao longo do desenvolvimento do todo, como um episódio de sua história. 13 Teoria da burocracia A teoria da burocracia surgiu a partir das reflexões de Max Weber e foi aplicada à administração por volta de 1940. Segundo Weber, uma das características da sociedade moderna é a burocracia, na qual qualquer sistema de organização (por exemplo, igreja, partidos políticos, estado etc.) apresenta a seguinte estrutura: • A racionalização do direito, que passa a ser escrito e organizado com base em ordenamentos jurídicos, em vez dos costumes e tradições não escritos; • A centralização do poder estatal propiciada pela crescente facilidade de comunicação e transporte, antigamente isolados; • Surgimento e consolidação das indústrias nas cidades. Os princípios da burocracia: • Divisão do trabalho: funções bem definidas, subdivididas racionalmente em tarefas simples e rotineiras; • Impessoalidade: os membros da organização têm direitos e deveres definidos por regras; • Hierarquia: a organização dos cargos obedece ao princípio da hierarquia; • Profissionalismo: o recrutamento é feito por regras previamente estabelecidas; • Padronização e formalização: existe um sistema de regras e procedimentos escritos, padronizados e formalizados; • Autoridade: a fonteda autoridade é a regra; • Separação de domínios público e privado: os membros do quadro administrativo devem estar completamente separados da propriedade dos meios de produção e administração. A abordagem quantitativa A abordagem quantitativa, também conhecida como pesquisa operacional, refere-se ao uso das técnicas matemáticas e quantitativas para a análise e criação de modelos complexos, que possam facilitar a solução de problemas da administração. Na prática, esta abordagem consiste na criação de equipes mistas, formadas por especialistas de diferentes disciplinas para analisar determinados problemas e propor estratégias de ação à administração. As técnicas dessa abordagem têm contribuído concretamente para as atividades de planejamento e controle, o desenvolvimento da estratégia de produtos, a programação de produção, a administração de fluxos de caixa, entre outras. Os modelos criados facilitaram (e facilitam) os modelos do processo da tomada de decisão. Por outro lado a complexidade das técnicas 14 matemáticas e as limitações humanas são as principais limitações desta abordagem. As organizações como sistemas De acordo com a definição formal, um sistema é uma coleção de partes inter-relacionadas que funcionam juntas para atingir um objetivo comum. Já um subsistema é um componente menor de um sistema maior. Barnar, em 1938, desenvolveu uma pesquisa que posteriormente deu origem ao livro Funções do Executivo, no qual descreve as organizações como um sistema cooperativo, em que cada indivíduo executa sua tarefa sempre com um objetivo comum. As organizações fazem parte de um sistema aberto que interage com o meio ambiente, transformando recursos extraídos deste (inputs) em produtos (outputs). Abaixo, ilustramos uma organização como um sistema aberto: As organizações são altamente dependentes do ambiente externo, ou seja, não são auto-suficientes, pois os insumos são extraídos do ambiente externo. Desse modo, os diversos elementos que fazem parte ou representam o sistema da organização (como acionistas, fornecedores, consumidores locais, agências reguladoras etc.) devem ser estudados. Com essa base se desenvolve a teoria dos stakeholders. A teoria dos stakeholders surgiu em 1963, partindo do pressuposto de que as organizações são subsistemas e há um grupo de outros subsistemas sem os quais elas não existiriam. Desse modo, a teoria dos stakeholders defende que as decisões sejam tomadas para equilibrar e satisfazer os interesses de todos os públicos envolvidos com a corporação. Nessa lista estariam inclusos acionistas, empregados, clientes, fornecedores, credores e a sociedade. Rede organizacional de subsistemas Inputs ‐ fornecedores Outputs ‐ Clientes Sistemas de compras e estoque Sistema de Marketing Vendas e Distribuição Sistema de geração de operações e serviços Sistemas financeiros e Contábeis Sistemas de tecnologia e informação 15 A teoria dos stakeholders vem se desenvolvendo dentro de quatro linhas distintas de pesquisa da administração de empresas nos últimos vinte anos. São elas: Planejamento Corporativo, Teoria de Sistemas, Responsabilidade Social Corporativa e Teoria Organizacional. Na linha do Planejamento Estratégico, surge a concepção de que estratégias de sucesso são aquelas que integram os interesses de todos os stakeholders, ao invés de maximizarem a posição de um único grupo em detrimento dos demais. Já na linha da Teoria de Sistemas e da Teoria Organizacional, enfatiza-se a ideia de que as empresas são sistemas abertos que se relacionam com diversas partes externas a eles, tornando-se necessária, portanto, a elaboração de estratégias coletivas, que otimizariam o sistema como um todo, além do reconhecimento de todos os relacionamentos dos quais as empresas dependem para sobreviver em longo prazo. Finalmente, a linha da Responsabilidade Social Corporativa não poderia ser considerada um grupo teórico formalizado, mas uma série de abordagens de casos empresariais e de testes empíricos que buscariam enfatizar e demonstrar a importância da construção de relacionamentos fortes e confiáveis e de uma boa reputação com todos os grupos externos à organização para o sucesso de uma administração. A gestão baseada nos stakeholders argumenta, principalmente, que atenção simultânea deve ser dada aos stakeholders mais importantes, tanto no estabelecimento da estrutura organizacional como nas políticas gerais e na tomada de decisões. O pensamento contingencial Surgindo a partir dos principais conceitos da teoria dos sistemas, surge o enfoque contingencial. A frase “não existe uma única melhor maneira de administrar e organizar” marca a perspectiva organizacional. Isso ocorre porque o pensamento contingencial procura ajustar as práticas de gestão às demandas situacionais, sendo tarefa do administrador analisar essa situação e suas circunstâncias específicas, em dado momento, para identificar quais técnicas trariam os melhores resultados sob as condições daquela situação. Desse modo, o gestor não deve limitar suas análises ao ambiente interno, mas, sobretudo, observar cuidadosamente o ambiente externo. Naturalmente, o ambiente externo caracteriza-se por ser incontrolável, isto é, a organização pouco pode fazer para administrar esse ambiente. Pense nas legislações estabelecidas pelo Estado, nos fenômenos ambientais, na volatilidade da economia global, todos esses fatores são chamados de elementos macroambientais. Para o gestor, antecipar-se às tendências desse ambiente é de suma importância para a condução do planejamento. Com base nesse 16 pressuposto, a teoria contingencial lança dois modelos de contextos organizacionais para conduzir as ações do gestor: Modelo Mecânico: adequado a situações relativamente estáveis de mercado e tecnologia. Apresenta uma divisão administrativa, na qual cada indivíduo executa uma tarefa; uma hierarquia clara de controle; a valorização da comunicação e interação vertical entre superiores e subordinados; e a valorização da lealdade à empresa e da obediência aos superiores. Sistema orgânico: adequado a situações vulneráveis às modificações do mercado. Esse modelo caracteriza-se por: sofrer ajustes contínuos e uma redefinição das tarefas correspondentes; institucionalização da mudança como um elemento natural; valorização da expertise, do técnico de alto nível que detém o conhecimento especializado; criação de um ambiente gerencial que favoreça a criatividade e inovações; administração descentralizada; autonomia controlada; possibilidade de interações e comunicações a qualquer nível; alto grau de envolvimento e compromisso com os fins da organização como um todo. Pensamentos contemporâneos Peter Drucker: é considerado um dos gurus da administração por ter desenvolvido pensamentos sobre novas práticas de administração. Suas principais ideias foram: • A gestão é uma prática suscetível de ser sistematizada e aprendida; • Os gestores tornaram-se um grupo importante na sociedade industrial e um tipo especial de classe média ascendente e detentora de conhecimento; A gestão é o órgão social específico da empresa encarregado de tornar produtivos os recursos; • Na organização, a inovação deve ser altamente difundida; • O lucro é a condição de sobrevivência da empresa, necessário para o cumprimento das funções sociais e econômicas, é o “prêmio” por manter a organização em operação e fonte de capitais para os empregos de amanhã. Essas ideias centrais delinearam três conceitos muito comuns à gestão contemporânea: 1) Descentralização: baseada na teoria dos sistemas, a organizaçãoé composta de subsistemas que interagem entre si. No entanto, deveriam ser gerenciados como empresas autônomas pertencentes a um sistema maior, desenvolvendo, portanto, uma administração própria. As atividades eram desenvolvidas com o princípio funcional. Cada “empresa” possui tarefas pertencentes ao sistema maior e ao sistema menor simultaneamente. Essas ações “liberam” a alta 17 administração para a concepção do planejamento e estratégia além de conceber uma comunicação vertical e horizontal mais eficaz. 2) Administração por objetivos: é um método no qual as metas são definidas em conjunto pelo administrador e seu superior; as responsabilidades são especificadas para cada posição em função de resultados esperados, que passam a integrar os padrões de desempenho sob os quais os gerentes são avaliados. Analisando o resultado final, o desempenho do gerente pode ser objetivamente avaliado e os resultados atingidos são comparados com os resultados esperados. 3) A organização como um sistema social: a organização é um fenômeno social e humano, onde a essência da corporação é social e é organização humana. Desse modo, há uma forte preocupação com a formação dos trabalhadores, dando origem à próxima reflexão. 4) Trabalho Humano e o conhecimento: as mentes dos trabalhadores deveriam envolver o trabalho, não apenas as mãos, buscando sempre atualizações para o alcance da excelência profissional. O trabalhador tem responsabilidade com o sucesso/insucesso do produto e não apenas a organização. Modelo de administração estratégica Inspirada na teoria contingencial, o modelo de administração estratégica surgiu em meados da década de 60, com o início do uso da estratégia como forma técnica de adequar o ambiente e o sistema de planejamento como resposta ao obsoletismo dos processos tradicionais de planos a médio e longo prazos. A premissa é a de que as organizações podem realizar sua adequação à turbulência e às mudanças de forma simples e compacta, escolhendo prioridades de acordo com o contexto, a partir de cada uma das seguintes etapas: 1) Diagnóstico: permite um posicionamento e uma revisão de atitudes. A empresa pode optar por uma ou mais das seguintes ações de diagnóstico: administração de resistência e conflitos, diagnóstico, desenvolvimento estratégico, sistemas de informações estratégicas, desenvolvimento estratégico e treinamento em administração estratégica. 2) Administração do processo: elaborar cronogramas e cumprir prazos observando sempre evolução da execução. A empresa pode optar por uma ou mais das seguintes formas de administração por processo: Administração de eventos, Administração do processo, Administração de projetos. 3) Estabelecimento do orçamento: regula o fluxo de fundos, análise possibilidade de recursos a fim de manter o equilíbrio dos recursos operacionais e estratégicos. 18 Modelo de Administração Participativa Seu principal pressuposto é o de que cada operário está preparado para cumprir tarefas variadas. Suas ideias centrais são: • Democratização; • Redução dos níveis hierárquicos; • Desaparecimento das especializações funcionais; • Coenvolvimento do sindicato; • Espaço para surgimento de novos líderes efetivos; Para o sucesso da gestão participativa, é fundamental o comprometimento de todos, desde a alta gerência a funcionários de chão-de- fábrica. Assim, certos sistemas formais e hierárquicos da empresa passam a ser extintos no ambiente organizacional. Mesmo com a participação de todos, deve existir um interesse comum a ser atingido. Esses objetivos são delineados pelos líderes que surgem naturalmente dos grupos sociais. Por sua vez, esses objetivos devem estar alinhados com os planos e objetivos da corporação e daí optar pelo melhor formato de implementação da ideia participativa. Ou seja, táticas diferentes para objetivos diferentes. Esse modelo foi muito criticado em vários aspectos: • Mudança drástica cultural para sustentar as ideias centrais, o que é difícil na maior parte das organizações. • Má interpretação do elemento participação dos resultados, que acabam sendo considerados apenas participação nos lucros. • A legislação brasileira dificulta a implantação deste modelo. • A administração participativa não tem muita base teórica. Modelo de administração empreendedora Surgiu em meados da década de 80. Com o surgimento de novos concorrentes, as empresas precisam adotar mudanças rápidas e muitas vezes drásticas. O sucesso dessas mudanças se dá por meio do talento empreendedor. Baseado nos fundamentos de Peter Drucker, o pensamento empreendedor prioriza o incentivo à capacidade individual e em grupo. Há uma descentralização das ideias e das inovações, todos estão aptos a criar e inovar. Esse modelo cria unidades independentes de negócios, em que cada departamento e/ou divisão passa a atuar como uma pequena empresa. Este é um fato inovador, que rompe com o tradicional formalismo gerencial, 19 diminui os degraus hierárquicos e dá mais autonomia a todas as pessoas que compõem o sistema. Também é incentivado o espírito de equipe empreendedor, ou seja, formam-se grupos de pessoas sempre liderados por um gerente que detêm o espírito empreendedor. Esses grupos buscam encontrar novas oportunidades de negócios e caminhos a serem traçados pela corporação. Envolve o funcionário com a resolução de problemas da empresa e adapta os objetivos das pessoas aos da corporação. Todos devem inovar e crescer de maneira conjunta. Os funcionários passam a também ter participações nos resultados globais da empresa. O modelo gerencial deixa de ser estruturado na controladoria e passa a focalizar os resultados e objetivos alcançados. O modelo empreendedor não exige exclusividade quanto à abordagem ou estilo de gestão, podendo ser usado de maneira conjunta, complementando outros estilos e/ou modelos de gestão. As empresas, ao adotarem esse estilo empreendedor, devem criar condições internas para que as mudanças possam ocorrer, é preciso desenvolver uma nova cultura organizacional que absorva as novas práticas de gestão (conceitos tradicionais de autoridade e responsabilidade passam a ser confusos). Elas também devem preparadas, já que a cultura empreendedora exige tolerância a eventuais fracassos. Modelo de Administração Holística A administração holística é fruto das mudanças tecnológicas que transformaram a sociedade e as organizações. O movimento holístico vem ganhando força nos últimos anos e também vem influenciando sensivelmente as ciências administrativas. A visão holística é uma das abordagens destes novos paradigmas das ciências, inclusive da Administração. A administração holística procura integrar os objetivos pessoais (auto- realização) aos da corporação, evitando esforços que caminham para objetivos diferentes. A estrutura formal da organização passa a não ser relevante, a estrutura passa a ser “policelular” (células autônomas de produção). As pessoas focam no resultado e tendem a ter conhecimento global do sistema, passando a agir de acordo com sua percepção do conjunto do processo. Os colaboradores devem “saber o que fazer, como fazer e porque fazer”. Esse conjunto de informações, conhecimento e ganhos de competência possibilitam a polivalência do trabalhador. Para a aplicabilidade, a administração holística necessita de alto comprometimento das pessoas. São necessários desenvolvimentos de habilidades técnicas (polivalência) e mudanças de características pessoais. São características da gestão holística: • Eliminação da hierarquia piramidal; • Fim dos departamentos, diretorias, setores; • Fim das associações de funcionários; 20 • Fim dos cargos e da disputa por eles; • Fim do controlee da autoridade; • Redução dos funcionários de tempo completo; • Fim da lotação do funcionário; • Desmobilização ao máximo (livrar-se da matéria; • Contratos temporários; • Produtos exclusivos (individualização). Corporação Virtual Com o desenvolvimento de sistemas de computação e TI (Tecnologia da Informação), um novo modelo de corporação se destaca: a Corporação Virtual. Esse modelo é visto atualmente como sendo a “empresa do futuro”, fundamentando-se no uso substancial de sistemas de informação e ganho de flexibilidade. Assim como a maior parte dos novos modelos gerenciais, a corporação virtual tende a ganhar flexibilidade minimizando (ou até mesmo acabando) com a estrutura formal das organizações. Surgem novos métodos de trabalho, sempre calcado no uso da informática e da automação. A corporação reduz a necessidade de recursos físicos e torna os processos e produtos cada vez mais intangíveis. São priorizadas parcerias e a integração horizontal, através da tecnologia de informação, formando-se assim redes de valor (networks). Agrega-se valor aos processos pelas parcerias e a ineficiência tende a ser eliminada. A corporação virtual e suas metodologias passam a ser um modelo emergente de gestão empresarial e, num horizonte curto de tempo, tornaram- se fundamentais para a vida das empresas. A administração virtual tende para a máxima flexibilidade. Consegue agir rápido e globalmente e oferece produtos específicos (pessoais). Agrega valor aos produtos, tornando eficiente o processo. Consegue envolver toda a cadeia produtiva e clientes na melhoria e desenvolvimento de produtos. Mantém informações completas e atualizadas sobre toda a cadeia produtiva e integra a rede de clientes e fornecedores criando networkings. Sugere a desvinculação de poder e contínua transmutação da empresa, o que permite novos ambientes de trabalho (até mesmo ambientes virtuais – tele-trabalho). A abordagem da administração virtual utiliza outras práticas gerencias e filosofias já consolidadas como JIT, Kaizen, TQC, CAD, entre outros. Assim como qualquer outro novo modelo gerencial, a administração virtual, antes de ser implantada, requer envolvimento completo da corporação, investimentos em TI e mudança cultural da empresa, melhorando a interface “pessoas x tecnologias”. 21 Considerações finais desta etapa Como são organismos compostos por pessoas, não é possível compararmos as atuais realidades organizacionais com exclusivamente uma das teorias citadas. O mais provável é que as organizações atuais tenham sido influenciadas pela maior parte destas teorias administrativas. Algumas inclusive foram transformando sua forma de gerenciar ao longo do tempo, atualizando-se com frequência. Outras pouco mudaram e, até o momento, podemos fazer a leitura em seu cotidiano da abordagem clássica em muitos sistemas fabris, por exemplo. Mas o mais importante é compreender os enfoques dessas teorias atentando para os acertos e erros passíveis de qualquer experimento a fim de aprimorar o ambiente organizacional. Para exercitar: Descreva a forma de gestão da sua organização comparando-a com cada uma das teorias da administração. 22 Parte III Ambiente organizacional, planejamento e controle Iniciamos este capítulo com uma pergunta que desencadeou as reflexões envolvendo essa disciplina: quais são os fatores que influenciam o desempenho organizacional? Há dois tipos de visões que podem responder a esta questão. A primeira é a visão onipotente, em que o administrador detém de todo o controle e poder à frente da organização sobre o ambiente organizacional. A outra visão é a simbólica, em que as organizações estão sujeitas às transformações ambientais. Devemos considerar que a ação gerencial é fruto de uma equalização destas duas visões, isto é, o gestor deve estar à frente da organização, fazendo uso de oportunidades e minimizando os riscos de ameaças oriundas do ambiente externo. Segundo Sobral e Peci (2008), a prática organizacional sugere uma síntese destas duas visões, em que o gerente opera condicionado pelas restrições impostas pelos ambientes externo e interno da organização, mas mesmo assim tem espaço para a ação gerencial e, mesmo com as restrições ambientais, pode influenciar no desempenho e nos resultados de sua organização. O ambiente organizacional Independentemente da estrutura organizacional, o ambiente é uma força poderosa que pode resultar no sucesso ou insucesso organizacional, devendo ser constantemente monitorado e analisado. Esta ação do gestor pode identificar tanto oportunidades como ameaças que venham a surgir. O ambiente externo é composto pelos elementos macroambientais e microambientais. Abaixo, relacionamos os elementos macroambientais: 1) Fatores econômicos. Ex.: crise econômica americana. 2) Fatores socioculturais. Ex.: culturas e subculturas populares. 3) Fatores político-legais. Ex.: mudanças na legislação. 4) Fatores demográficos. Ex.: envelhecimento da população no mundo. 5) Fatores tecnológicos. Ex.: Os avanços em TI. 6) Fatores naturais. Ex.: impactos do aquecimento global. Já o microambiente é formado por: 23 1) Fornecedores. 2) Clientes. 3) Grupos de interesse – stakeholders. 4) Concorrentes. É interessante notar que, embora possa parecer que todos esses elementos fazem parte de um mesmo setor, cada um deles pode exercer maior ou menor influência de acordo com o perfil da organização, seus propósitos de valores e como deseja construir sua vantagem competitiva. Essa singularidade da organização é caracterizada por sua estrutura interna associada à cultura organizacional, esta última entendida como conjunto de significados compartilhado pelos membros da organização, expressos e produzidos por meio de histórias, lendas símbolos etc. (SOBRAL; PECI, 2008). Além disso, influi diretamente nessa estrutura em como a organização pretende alcançar sua vantagem competitiva (que a permite lidar melhor com o mercado e com as forças do ambiente do que seus concorrentes). Criação de Valor e os stakeholders Uma empresa típica de sistema aberto, que precisa administrar os interesses de diversos grupos de stakeholders que, por sua vez, possuem envolvimento com a administração da organização, precisa, com frequência desenvolver métricas de desempenho para analisar se estão satisfazendo seus stakeholders por meio da criação de valor. Criação de valor significa produzir valor para os membros de toda a cadeia do processo de entrega de uma organização (desde os inputs até os outputs). Conforme mostra a figura a seguir: Fornecedores Benefícios/Custos Comunidades Cidadania. Colaboradores Salários, satisfação no emprego, qualidade de vida e trabalho. Clientes Preço, qualidade, proprietários, lucros e perdas. Criação de valor para Stakeholders. Feedback Entrada de Insumos (inputs) Saída de Produtos (outputs) Processo de Transformação 24 Análise dos stakeholders Já sabemos que os stakeholders são indivíduos ou grupo de pessoas que estão direta ou indiretamente relacionados com a organização. Outra característica importante dos stakeholders é que podem ser externos ou internos. Os denominados como externo são os consumidores, fornecedores, competidores, mídia, instituições financeiras etc. Já os stakeholders internos incluem grupos como empregados, acionistas e a diretoria da empresa e todos eles influenciam suas atividades ou são influenciados por elas (SOBRAL; PECI, 2008). Com frequência as organizações precisam administrar suas relações com os stakeholders. Para isso,precisam desenvolver as seguintes ações: 1) Identificar os stakeholders da organização; 2) Determinar a importância e o impacto de cada stakeholders para a organização; 3) Determinar quais são os stakeholders críticos para a organização; 4) Desenvolver uma abordagem diferenciada para cada um dos stakeholders de acordo com sua relevância e características específicas. Incerteza do ambiente A incerteza do ambiente significa que não há informações suficientes sobre os fatores ambientais, tornando difíceis ações de prevenção. Novamente, é importante que o gestor analise quais elementos do macro e do microambiente são mais relevantes para determinar o grau da complexidade do ambiente diante de suas incertezas. Do mesmo modo, algumas incertezas merecem maior ou menor atenção de seus gestores durante o monitoramento do ambiente externo, e, portanto, um planejamento de adaptação mais ou menos flexível: Alto Baixo Muitos Poucos Ritmo da mudança Número de Fatores do ambiente Baixa incerteza: empresas sujeitas a poucos fatores ambientais que conseguem, satisfatoriamente, obter informações para seu monitoramento. Nível moderado-baixo de incerteza: empresas nesse contexto, apesar de sofrerem bastante influência do ambiente, conseguem monitorá-lo com certa tranquilidade. Alta incerteza: empresas sujeitas a muitas ações do ambiente externo e não conseguem ter informações deste. Empresas nesse contexto devem ser mais flexíveis a adaptação. Nível moderado-alto de incerteza: empresas nesse contexto precisam ser flexíveis caso sofram alguma interferência de seu ambiente.
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