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◤ LEITE Prof. Hayane Ramires Faculdade Marechal Rondon - FARON ◤ Introdução A obtenção de leite de qualidade implica a necessidade de um manejo de ordenha que reduza a contaminação física, química e microbiológica. Tais medidas de manejo envolvem todos os aspectos da obtenção do leite de forma rápida, eficiente e sem riscos para a saúde da vaca e para a qualidade do leite ◤ A qualidade do leite é muito importante para as indústrias e os produtores, tendo impactos diretos tanto na produção de derivados lácteos quanto na segurança alimentar Por isso, é necessário conhecer alguns conceitos sobre a qualidade do leite referentes às condições higiênico-sanitárias e à sua composição. ◤ LEITE RIISPOA/2017 “Entende-se por LEITE, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas.” ◤ LEITE Alimento de Grande Valor Nutritivo Propriedades nutracêuticas Alimento funcional Importante fonte de Cálcio Proteínas – todos aminoácidos necessários Vitaminas A e D ◤ Produção Nacional de Leite 2015: 34 bilhões de litros Atividade leiteira: 99% dos municípios brasileiros Consumo no Brasil: 170 litros/ano Consumo ideal: 210 litros/ano (OMS) “O leite brasileiro movimenta a economia de pequenas cidades, ajuda na distribuição de renda e gera emprego permanente, principalmente no meio rural”. Fonte: Embrapa gado de Leite ◤ VALOR NUTRITIVO Proteínas: lactoalbuminas, lactoglobulinas e a caseína são as proteínas presentes no soro Carboidratos: lactose – dissacarídeo que se transforma em glicose e galactose pela digestão Lipídios: gordura do leite e é formada principalmente por triacilgliceróis com ácidos graxos saturados e insaturados e colesterol ◤ VALOR NUTRITIVO Vitaminas: A e D Minerais: cálcio (maior quantidade), fósforo, magnésio, potássio e sódio A proporção de vitaminas varia de acordo com a espécie do animal, a sua alimentação, a estação do ano e a época da lactação. ◤ Propriedades do LEITE Características sensoriais e físico-químicas COR SABOR ODOR ASPECTO Sensoriais ACIDEZ PONTO DE CONGELAMENTO DENSIDADE PONTO DE EBULIÇÃO Físico-químicas ◤ Propriedades organolépticas do LEITE Cor Branco-amarelada opaca partículas brancas (micelas de caseína) em suspensão que refletem a luz – cor Presença de riboflavina e caroteno– cor amarelo Gosto do leite (sabor) Suave, agradável e ligeiramente doce Processos de obtenção e refrigeração – conservação do sabor característico ◤ Odor Suave, levemente ácido Lembra mais ou menos o animal que o produziu Aspecto Liquido, homogêneo Formando uma camada de gordura na superfície Não pode conter substâncias estranhas Propriedades do LEITE ◤ Acidez Varia o,12% a 0,23% pH de leite normal 6,4 a 6,8 sanitária e da O pH pode ser um indicador de qualidade estabilidade térmica do Leite. Propriedades do LEITE ◤ Ponto de congelamento Ligado à conc. de solutos na solução – adulteração (leite aguado) Deve oscilar entre -0,52 C e -0,56 C. Ponto de ebulição 100,5 C ◤ Para a obtenção de derivados lácteos de qualidade, além de boas condições de manejo e higiene na produção, o leite deve apresentar características físico-químicas adequadas, as quais vão conferir ao produto final sabor, odor, textura e qualidade desejáveis. ◤ Classificação do LEITE O leite é classificado seguindo: Modo de produção Composição Requisitos físico-químicos ◤ Essas denominações é determinada a partir da contagem de microrganismos presentes no leite. TIPO A TIPO B TIPO C Classificação do LEITE ◤ TIPO A: É o tipo de leite pasteurizado com menor concentração de microrganismos por mL (o valor máximo permitido é de 500/mL). Sua ordenha é feita de apenas um rebanho e não existe contato manual em nenhuma etapa da produção. Ela é 100% mecânica e enviada diretamente para a pasteurização e envase é oriundo de um controle mais rigoroso na produção e higienização do leite. Classificação do LEITE ◤ TIPO B: Esse tipo de leite tem um volume um pouco maior de microrganismos por mL (chegando a 40.000) e pode ser colhido de rebanhos diferentes A ordenha, por sua vez, pode ser mecânica ou manual, desde que respeite o volume bacteriano máximo. O leite aguarda por até 48h em ambiente refrigerado para passar pelo processo de pasteurização. Classificação do LEITE ◤ TIPO C: O leite tipo C tem o mesmo tipo de ordenha e rebanho do tipo B, porém com uma única diferença: ele não passa por um processo de refrigeração após a sua coleta. Esse leite é transportado, imediatamente após a ordenha, em tanques para o local onde será pasteurizado. Essa pasteurização é feita pela indústria que será responsável por sua comercialização. Esse é também o tipo de leite que chega a maior concentração de microrganismos por mL de bebida: máximo de 100.000/mL. Classificação do LEITE Pag 79 Composição do leite ◤ LEITE Composição varia de acordo com: Espécie Raça Idade Alimentação Estação do ano Decreto nº 9.013/2017 - RIISPOA ◤ COMPOSIÇÃO DO LEITE Água: 86 a 88% Constituinte mais importante quantitativamente Dissolve, dispersa ou emulsiona os demais componentes Afeta a produção de leite ◤ COMPOSIÇÃO DO LEITE Lactose: Principal carboidrato do leite Açúcar [] relativamente constante – média de 5% Sintetizada no úbere a partir de glicose e galactose ◤ Deficiência da enzima lactase no trato digestivo Inabilidade de digerir lactose Organismo não absorve toda lactose disponível Intolerância à lactose ◤ COMPOSIÇÃO DO LEITE Proteínas: [] de proteína no leite: 3 a 4% [] varia com a raça e proporção da quantidade de gordura no leite. Quanto + ↑ a gordura, +↑ a proteína. 2 grupos principais: Caseína: cerca de 80% das proteínas Proteínas do soro: 20% ◤ COMPOSIÇÃO DO LEITE Gordura: 3,5 a 4,5% Triglicerídeos formados pela ligação de glicerol e ácidos graxos Varia entre as raças de gado e práticas alimentares Ração rica em concentrado – ñ estimula ruminação – teor de gordura 2 a 2,5% Serve como veículo para substâncias lipossolúveis – Vit. A,D, E, K, colesterol e carotenoides. ◤ COMPOSIÇÃO DO LEITE Enzimas Atividade influenciada pela condições do meio – Tº, pH, acesso ao substrato. São alteradas pelo processamento térmico do leite. Lipase: Hidrólise da gordura, inativada pela pasteurização Catalase: Presente no colostro e em úberes enfermos, inativada a 75ºC/60s Fosfatase alcalina: Termo lábil, inativada a 70-75ºC (pasteurização) Peroxidade: Inativada a 85º (Leite UHT) ◤ LEITE DE QUALIDADE Parâmetros: Baixa Contagem Bacteriana Total – UFC/mL Ausência de patógenos Ausência de resíduos antibacterianos Valor nutricional e características sensoriais normais Baixa Contagem de Células Somáticas – CCS/mL ◤ QUALIDADE DO LEITE Atendimento à regulamentação Ampliação de mercados internacionais Sanidade e padrões internacionais de qualidade Consumidor cada vez mais esclarecido Deve ser estabelecida em toda a cadeia produtiva ◤ QUALIDADE DO LEITE Fatores que influenciam: Fatores zootécnicos Manejo, alimentação e potencial genético dos rebanhos Obtenção do produto Qualidade microbiológica do leite Tº <10ºC Ordenha e no Transporte Tempo de vida útil Condições de higiene ◤ QUALIDADE DO LEITE Contaminações: Fazendas: durante ou após ordenha Água de má qualidade Higienização deficiente de ambiente e utensílios Dificuldade de transporte adequado Falhas nos processos de beneficiamento e estocagem Leite ao sair do úbere: 500 a 1000 bactérias/mL ◤ QUALIDADE DO LEITE Leite sem riscos: Obtido higienicamente Resfriado Transportado rapidamente até a indústria Processado corretamente Higiene: Único recurso eficaz na fonte de produção que garante prolongar o processo de conservação ◤ PERDAS DE PRODUÇÃO Perdas em função da ocorrência de MASTITE no rebanho:Brasil não possui dados oficiais dos prejuízos causados pela mastite, mas estima-se 10% do faturamento das fazendas EUA aponta perdas anuais de US$ 2 bi Fonte: Embrapa, 2018 ◤ MASTITE Prejuízos econômicos ↓produção 70% Descarte de leite e de animais Perdas de vacas abatidas precocemente Gastos com tratamentos, medicamentos e MV Microrganismos indicadores de higiene ◤ Psicrotróficos Aeróbios mesófilos Coliformes totais Bolores e leveduras S. aureus ◤ Fontes de Contaminação do Leite Até 7 – 10ºC – Psicrotóficos Entre 10-15ºC Proteolíticos (leite viscoso/amargo) Acidificantes (Streptococcus sp) Entre 15-30ºC – Rápido crescimento Streptococcus sp >acidez De 30-40ºC Coliformes e lactobacilos – gás/acidez De 40-50ºC Leveduras e lactobacilos (termófilos) ◤ Psicrotróficos Principais Bactérias Psicrotróficas: Pseudomonas spp; Bacillus spp; Listeria spp; Yersinia spp; Corynebacterium spp; Clostridium spp. É o principal agente de deterioração de leite cru refrigerado e de seus derivados Problema: Alteração de sabor, coagulação, baixo rendimento Principais fontes: água, solo, animais e em vasilhames que não foram lavados adequadamente ◤ Em condições adequadas de manipulação, este grupo de microrganismos representa geralmente 10% da microbiota do leite cru, quando ordenhado em condições precárias de higiene, as contagens de psicrotróficos podem atingir mais de 75% da microbiota total do leite Leites com Psicrotróficos podem ter gelificação do leite UHT, modificações na consistência e textura, sabores e odores desagradáveis Psicrotróficos ◤ ◤ Medidas de Controle de Psicrotróficos Ordenha higiênica Manter leite no máx. 4ºC Eliminar equipamentos de difícil limpeza Água destinada a limpeza dos equipamentos – Hiperclorada Enxugar equipamentos/utensílios com solução sanitizante de cloro Enxugar criteriosamente os tetos após lavados ◤ Aeróbios mesófilos Contaminação da matéria-prima Processamento insatisfatório Armazenamento inadequado Se multiplicam entre 10 – 45ºC – TºC ideal 30ºC Não crescem apenas bactérias Inclui a maioria dos contaminantes dos alimentos de origem animal, podendo atingir altas contagens quando o alimento é mantido à temperatura ambiente ◤ Coliformes Totais Escherichia, Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella spp. Indicadores: Processamento inadequado Recontaminação Fermentam lactose, podem ser Psicrotróficos Produção de ácido e gás (estufamento de queijos) Sabor amargo/estragado Indicam qualidade higiênico-sanitária do alimento ◤Impacto de Resíduos ATB no Leite Toxicológicos: Cloranfenicol, sulfametazina: ação carcinogênica e mutagênica Tecnológicos: Acidificação irregular Inibição de cultivos lácteos Odores desfavoráveis Zoonoses que podem ser transmitidas pelo consumo de leite ◤ Tuberculose Mycobacterium bovis Eliminação – Fervura ou pasteurização Bact. viável em produtos lácteos produzidos com leite cru Gatroenterites Staphylococcus aureus Vacas portadoras de mastite Consumo de leite cru ou derivados contaminados Eliminação - Fervura ou pasteurização, mas enterotoxinas são termorresistentes ◤ Gatroenterites Campylobacter jejuni Consumo de leite cru ou derivados contaminados Diarreia, febre e cólicas Contaminação do leite – matéria fecal Síndrome de Guillain-Barré Gatroenterites Bacillus cereus Diarreia, cólica, dor abdominal, náusea e vômito Contaminação do leite – microrganismos ambientais Tº ideal de multiplicação 7ºC
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