Buscar

Aprenda_a_investir_na_bolsa_de_valores_p

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 172 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 172 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 172 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APRENDA A
Investir na Bolsa de Valores
Leandro Hirt Rassier
Sílvio Paulo Hilgert
2009
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. Batel – Curitiba – PR 
CEP: 80730-200 – Fone: 0800 708 88 88 
www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
R228 Rassier, Leandro Hirt; Hilgert, Sílvio Paulo. / Aprenda 
a Investir na Bolsa de Valores. / Leandro Hirt Rassier. Sílvio
Paulo Hilgert. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
172 p.
ISBN: 978-85-387-0799-8
1. Bolsa de Valores. 2. Especulação (inanças). 3. Investimentos. 
I. Título. II. Hilgert, Sílvio Paulo.
CDD 332.6
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images / DPI Images
Leandro Hirt Rassier
Sílvio Paulo Hilgert
Mestre em Administração com ênfase em Contabilidade e Finanças pela 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Educação 
Matemática e Administração Financeira. Bacharel em Engenharia Civil pela 
UFRGS. Consultor Financeiro, agente autônomo de investimentos e professor 
universitário em cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Lute-
rana do Brasil (ULBRA) e Pontifícia Universidade Católica (PUC). Autor do livro: 
Organize suas Finanças. Atualmente ministra cursos e palestras na área de mer-
cado de capitais e exerce a função de diretor acadêmico da XP Educação.
Especialista em Desenvolvimento Gerencial pela Universidade do Oeste 
de Santa Catarina (Unoesc). Especialista em Mercado de Capitais pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Administração pela 
Unoesc. Longa experiência no Mercado Financeiro e de Capitais, tendo atuado 
no Banco Bamerindus, HSBC, Sicredi e XP Investimentos Corretora. Atualmente 
atua como coordenador acadêmico, professor e palestrante da XP Educação.
Apresentação
Quando um brasileiro de classe média ouve falar em bolsa de valores, a 
primeira imagem que vem a sua mente é a de cassino ou de casa de apostas. 
A bolsa é vista por muita gente como “ciranda inanceira”, um lugar onde os 
milionários arriscam seu dinheiro de modo destemido e apostam em empresas 
como se fossem cavalos. Também se imagina que investidores recebem dicas 
de ações sussurradas como as barbadas do turfe. O resultado disso costuma ser, 
segundo tal visão, uma espiral de perdas e ganhos. As perdas, em geral para o 
cidadão comum e os ganhos, para aqueles que manipulam as cotações graças 
ao acesso a informações privilegiadas. Essa imagem da bolsa portanto, nunca, 
em toda a história do Brasil, esteve tão distante da realidade.
O espetacular boom do mercado de capitais no Brasil nos últimos anos está 
revolucionando a maneira de pensar, principalmente dos empresários brasileiros. 
Paira no ar a sensação de que negócios bem estruturados podem se viabilizar 
dentro de uma cadeia inanceira inédita no país. Essa sensação liberta um espírito 
empreendedor e capitalista até há pouco tempo desconhecido para os brasileiros. 
Trata-se de um esboço de Brasil novo, mais estável, globalizado e competitivo. Faz 
parte de um modelo de nação mais livre e aberta, que oferece uma alternativa de 
desenvolvimento viável se apoiado por um estado eiciente e justo.
As ações negociadas nas bolsas de valores nada mais são do que pe-
quenos “pedaços” do capital de uma empresa. Quem compra ações na bolsa o 
faz com a expectativa de se tornar sócio da empresa e de obter um bom retor-
no, advindo da lucratividade e do crescimento da companhia. As empresas, ao 
abrirem capital, buscam obter recursos para investir, seja contratando gente, 
seja em equipamento ou inteligência. Em vez de pedir dinheiro emprestado a 
bancos, mais empresas buscam captar dinheiro de novos sócios nas bolsas para 
aperfeiçoarem seus produtos e serviços e, assim, obterem mais lucro. Esse lucro 
é devolvido ao investidor pelos dividendos distribuídos e pela valorização das 
ações, pois as empresas que lucram mais, valem mais.
Até então, o mercado de capitais não exercia seu papel de intermediar a 
poupança e o investimento na economia. Com a estabilização, a privatização e 
a abertura da economia a partir de 1994, o Brasil começou a atrair somas vultu-
osas de Investimento Estrangeiro Direto, ou seja, investimento em empresas ti-
picamente de propriedade ou controladas por empresas estrangeiras. Portanto, 
até 2005 pouco capital estrangeiro veio para investir em empresas brasileiras, 
ou seja, pouquíssimo dinheiro veio para a bolsa de valores.
Ao longo do tempo, no entanto, as coisas começaram a mudar para 
melhor. As leis das Sociedades Anônimas e da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM) foram reformadas dando a CVM melhores condições de exercer seu papel 
de proteção aos acionistas minoritários; os investidores institucionais começa-
ram a ter uma postura mais ativa na gestão das empresas, e a Bolsa de Valores 
de São Paulo criou o Novo Mercado, uma listagem especial que identiica as 
empresas que obedecem a critérios rigorosos de governança corporativa. Além 
disso, a superação da crise de coniança de 2002, a retomada de um processo 
de alta nas principais bolsas de valores do mundo, especialmente as emergen-
tes, assim como a queda nas taxas de juros domésticas, contribuíram para uma 
extraordinária decolagem da nossa bolsa. Foi como um passe de mágica: plan-
tadas as sementes, assim que o tempo melhorou veio uma sensacional colheita. 
Os números falam por si: os lançamentos de ações na bolsa atingiram 14 bilhões 
de reais em 2005, 30 bilhões em 2006 e 70 bilhões em 2007! Esses números são 
expressivos e como proporção do PIB começam a ser relevantes.
Dessa forma, a revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje 
é resultado da modernização de nosso mercado de capitais e está sendo pro-
vocada pela bolsa de valores. Não há crescimento econômico sem crescimento 
das empresas. Portanto, é a hora ideal para o cidadão comum abandonar as 
ideias gastas sobre a bolsa e tentar entender como ela funciona e favorece o 
crescimento da economia.
Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado 
de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas 
e instituições aplicarem suas poupanças.
Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de 
recursos inanceiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando 
a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas 
bolsas de valores. E você, ao adquirir ações, passa a ser também sócio da em-
presa – um acionista.
Com uma movimentação diária em média superior a R$4 bilhões, em 2007, 
e quase 500 empresas inscritas (listadas), a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) 
é o maior polo do mercado de venda e compra de ações da América Latina. Fun-
dada ainda no século 19, a Bovespa tem passado por inúmeras modiicações ao 
longo dos anos e, por causa das instabilidades econômicas históricas mundiais e 
do Brasil, passou por várias oscilações. Esse vai-e-vem de capital especulativo, além 
de assustar o pequeno investidor, sempre mexeu com várias outras áreas da eco-
nomia, por exemplo, as taxas de câmbio. Nos últimos anos, no entanto, o peque-
no investidor tem visto com bons olhos o mercado de ações. Isso ica claro com o 
aumento do número de pessoas físicas investindo na Bovespa. Em 2007, cerca de 
20% dos negociadores tinham o peril de pequeno investidor. É um avanço pois em 
1989 esse investidor representava apenas 3% do total de negociadores. Além disso, 
muita gente tem investido indiretamente nas bolsas quando, por exemplo, coloca 
seu dinheiro em determinado fundo de investimento oferecido pelos bancos de 
varejo e corretoras ou contrata um plano de previdência privada.
De qualquer modo, se você já é um desses investidores ou se interessa 
em ser, é importante conhecer um pouco mais sobre a Bovespa, seus serviços 
e sua história. 
Todo investidor deve buscara otimização de quatro aspectos básicos em 
um investimento: retorno, prazo, proteção e liquidez. Ao avaliá-lo, portanto, deve 
estimar sua rentabilidade, liquidez e grau de risco. A rentabilidade é sempre dire-
tamente relacionada ao risco. Ao investidor cabe deinir o nível de risco que está 
disposto a correr, em função de obter uma maior ou menor lucratividade.
Obter resultados promissores em investimentos de renda variável, como 
a bolsa de valores, requer a constante presença de três aspectos por conta do 
investidor: conhecimento, estratégia e disciplina.
Importante
Este material tem conteúdo meramente informativo e não se caracteriza 
como oferta, solicitação ou recomendação de compra ou venda de qualquer 
ação, ativo ou instrumento inanceiro.
O investimento em ações é uma operação de risco, sendo que, nas opera-
ções com derivativos, pode haver perdas superiores ao valor investido e, nessa 
condição, o investidor pode ser chamado a apontar recursos.
Além disso, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, 
daí porque os percentuais de valorização apresentados neste material não sig-
niicam o potencial futuro de valorização.
Sumário
Como funciona o mercado de ações................................. 15
O que é uma ação ..................................................................................................................... 15
Governança corporativa ......................................................................................................... 20
Processos de abertura de capital (IPOs) 
e remuneração dos acionistas ............................................. 31
Abertura de capital ................................................................................................................... 31
A importância do mercado de ações para o desenvolvimento 
da economia e do Brasil .......................................................................................................... 35
Formas de negociação de ações .......................................................................................... 38
Remuneração dos acionistas................................................................................................. 42
Eventos sobre as ações ............................................................................................................ 45
Direitos dos acionistas ............................................................................................................. 45
Participantes do mercado de capitais ............................... 49
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ............................................................................ 49
Corretoras ..................................................................................................................................... 50
Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) ............................................. 51
Bolsa de valores ......................................................................................................................... 53
Formação de preços das ações, 
home broker e risco .................................................................. 63
Pregão da bolsa.......................................................................................................................... 63
Processo de negociação de ações ...................................................................................... 64
Home broker ................................................................................................................................ 67
Controles do investidor .......................................................................................................... 71
Custos operacionais ................................................................................................................ 75
Tributação ................................................................................................................................... 76
Índices de ações ........................................................................................................................ 79
Outros índices ............................................................................................................................ 81
Riscos ............................................................................................................................................ 83
Texto complementar ............................................................... 85
Escolas de análise de investimentos ................................. 95
Escola fundamentalista ........................................................................................................... 95
Escola técnica............................................................................................................................101
Texto complementar .............................................................114
Alternativas de investimento, 
mercado de opções e mercados futuros (BM&F) ........119
Coletivamente ..........................................................................................................................119
Individualmente ......................................................................................................................122
Estratégias operacionais ......................................................137
Muitos não sabem o que fazem .......................................................................................137
A importância da estratégia ................................................................................................138
Tendências .................................................................................................................................139
Indicador de médias móveis .............................................................................................142
Aplicações com as médias móveis ...................................151
Mercado a termo .....................................................................................................................151
Aluguel de ações ...................................................................................................................153
Montagem e gerenciamento de carteira ........................................................................160
Referências ................................................................................165
O que é uma ação
Ações são títulos nominativos, negociáveis, que representam uma 
fração do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação o inves-
tidor se torna sócio da empresa, ou seja, de um negócio. Passa a correr o 
risco dos lucros e prejuízos como qualquer empresário.
O
 a
u
to
r.
Empresa
Ação
Quem compra uma ação na bolsa de valores está levando uma pe-
quena parte de uma empresa de terceiros e passa a ser chamado de 
acionista minoritário. Ser sócio de uma empresa listada na bolsa de valo-
res traz algumas vantagens, por exemplo, enquanto a entrada ou saída 
na sociedade de uma empresa limitada ou de capital fechado requer 
um processo burocrático de alterações de contratos sociais, comprar ou 
vender uma ação de uma empresa listada em bolsa é um ato feito ele-
tronicamente com poucos clicks. A liquidez do mercado acionário per-
mite ao investidor ter a opção de se retirar da sociedade e migrar para 
outro negócio mais atraente.
Como funciona o mercado 
de ações
16 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
A forma mais segura de conseguir bons retornos investindo em ações 
é comprar papéis de empresas bem geridas, que apresentem lucros sóli-
dos e crescentes, e não ter pressa de vendê-los. O investidor deve buscar 
critérios de avaliação de empresas para analisar seus fundamentos e não 
se preocupar com as oscilações de curto prazo das cotações das suas 
ações (volatilidade). O risco no investimento em ações é justamentevender por preços “injustos” seus papéis num momento de volatilidade, 
o que é normal em um mercado que contém liquidez.
No longo prazo, os bons fundamentos das empresas devem preva-
lecer e a valorização acontecerá. Uma empresa com histórico de cres-
cimento contínuo terá sempre grande demanda por suas ações, fazen-
do com que elas sejam negociadas em grandes quantidades e a preços 
crescentes. Identiicá-las é o desaio do investidor.
Tipos de ações
 Ações Ordinárias (ON) – é o tipo de ação que concede o direto 
de voto nas assembleias da companhia ao seu detentor. No en-
tanto, na maioria das vezes ele não tem poder de veto. O direito 
de voto ganha relevância nos casos em que há divergências entre 
os acionistas controladores. Veja, por exemplo, o caso de uma em-
presa que tenha três sócios no controle e um deles discorda sobre 
determinado assunto na assembleia. Esse sócio pode, dependen-
do da circunstância, vir a ter direito de veto ao se juntar a outros 
minoritários detentores de ações ON.
O que torna as ações ordinárias ainda mais interessantes, contudo, 
para o investidor é o tag along. A Lei das Sociedades Anônimas deter-
mina que todo acionista com ações ON tenha direito de participar do 
17Como funciona o mercado de ações
prêmio de controle. Pela lei, esses acionistas possuem o direito de rece-
ber por suas ações no mínimo 80% do valor pago para o controlador em 
caso de venda da empresa.
Em função da evolução do Novo Mercado, que é um segmento de 
listagem de empresas negociadas no Bovespa e que se comprometem 
voluntariamente a adotar práticas de governança corporativa, a maioria 
das empresas que tem realizado a abertura de seu capital tem optado por 
esse segmento. A principal exigência desse mercado é de que o capital 
social da empresa seja composto somente por ações ordinárias ou ON.
 Ações Preferenciais (PN) – as ações preferenciais nominativas 
são aquelas que menos protegem o acionista minoritário, porque 
não lhe dá o direito de votar em assembleia e ainda, em caso de 
venda da empresa, a lei não lhe garante o direito de participar do 
prêmio de controle. São ações típicas do mercado brasileiro. Não 
há ações com essas características em mercados mais desenvolvi-
dos, como o americano, por exemplo.
No Brasil, no entanto, são as ações PN as que geralmente têm maior liqui-
dez, porque permitem a empresa emitir ações, sem precisar ter sócios com 
direito a voto, não correndo assim, risco de perder o controle da empresa.
A nova Lei das Sociedades Anônimas limitou a emissão de ações PN. 
Atualmente, ao constituir uma nova empresa, para cada ação ON, a empre-
sa pode emitir apenas uma ação PN. Antes essa relação era de duas ações 
PN para uma ação ON. As empresas que já existiam antes da entrada em 
vigor da nova lei podem continuar emitindo ações pela regra antiga.
Os acionistas preferencialistas, como são chamados os detentores 
de ações PN, contudo, têm preferência no recebimento dos dividendos 
18 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
pagos pela empresa quando ela tem lucro. A legislação estabelece divi-
dendo mínimo obrigatório para as ações PNs, e se a empresa não pagar 
dividendos por três anos consecutivos, as PNs adquirem direito a voto.
Algumas empresas estão alterando seus estatutos com o objetivo de es-
tender às ações PN o tag along que é o direito de participar do prêmio de 
controle pago ao acionista controlador da empresa quando da sua venda. 
No Novo Mercado, que é um segmento de listagem de empresas negocia-
das no Bovespa que se comprometem voluntariamente a adotar práticas de 
governança corporativa, são admitidas apenas empresas com ações ON.
Códigos das ações
Ações Ordinárias (ON) – é representada pelo número “3” depois das 
quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR3.
Ações Preferenciais (PN) – é representada pelo número “4” depois 
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: PETR4.
Ações diferenciadas por classes
As companhias podem emitir diferentes classes de ações para os tipos 
ON e PN. As classes geralmente recebem classiicação A, B, C, ou alguma 
outra letra. Cada classe corresponde a uma característica diferente, por 
exemplo, valores diferenciados de dividendos. As características de cada 
classe devem ser veriicadas no estatuto da companhia.
 Preferenciais classe A – é representada pelo número “5” depois 
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: USIM5.
19Como funciona o mercado de ações
 Preferenciais classe B: é representada pelo número “6” depois 
das quatro letras do código do ativo. Exemplo: ELET6.
Obs.: As ações diferenciadas por classe podem ir até a letra “Z”.
Exemplos de códigos de ações
Empresa Código Setor
Natura ON NATU3 Cosméticos
Petrobras PN PETR4 Petróleo
Gerdau PN GGBR4 Siderúrgico
Vale do Rio Doce PNA VALE5 Mineração
Eletrobras PNB ELET6 Elétrico
Perdigão ON PRGA3 Alimentos
BrasilTelecom PN BRTO4 Telecomunicações
Localiza ON RENT3 Aluguel Automóveis
Cyrela ON CYRE3 Imobiliário
ALL UN ALLL 11 Logística
Braskem PNA BRKM5 Petroquímico
Ações diferenciadas por níveis
 blue chips ou de 1.ª linha – são ações de grande liquidez e procura 
no mercado de ações por parte dos investidores, em geral de em-
presas tradicionais, de grande porte/âmbito nacional e excelente 
reputação, cujos preços elevados reletem esses predicados;
 de 2.ª linha – são ações um pouco menos líquidas, de empresas 
de boa qualidade, mas de maior risco se comparadas com as blue 
chips. Em geral são empresas de grande e médio porte, tradicionais 
20 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
ou não; seus preços são mais baixos e costumam ser mais sensíveis 
aos movimentos de mercado de baixa que aos de alta (isto é, so-
bem depois das blue chips e caem antes);
 de 3.ª linha – são ações com pequena liquidez, em geral de com-
panhias de médio e pequeno portes – porém não necessariamen-
te de menor qualidade e maior risco relativamente às de 2.ª linha 
– cuja negociação caracteriza-se pela descontinuidade.
 de privatização – são ações de companhias colocadas no mer-
cado através de leilões do Programa Nacional de Desestatização 
(PND). Algumas das companhias em processo de privatização 
podem já ter suas ações negociadas em bolsas de valores, antes 
mesmo daquele ser completado, tendendo a incrementar sua li-
quidez após a conclusão do mesmo.
Governança corporativa
Pode ser deinida como o esforço contínuo em alinhar os objetivos da 
administração das empresas aos interesses dos acionistas. Isso envolve 
as práticas e os relacionamentos entre os acionistas/cotistas, o conselho 
de administração, a diretoria, uma auditoria independente e até mesmo 
um conselho iscal.
A boa governança corporativa permite uma administração ainda 
melhor e a monitoração da direção executiva da empresa. A empresa 
que opta pelas boas práticas de governança corporativa adota como 
linhas mestras a transparência, a prestação de contas (accountability) e 
a equidade.
21Como funciona o mercado de ações
Com a preocupação de incentivar o aumento do volume de negócios, 
a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estabeleceu princípios de go-
vernança corporativa a serem seguidos pelas empresas, deinindo níveis 
diferenciados de transparência de informações e cláusulas de respeito 
ao acionista minoritário. A adesão à iniciativa é voluntária e deve ser 
assinada entre os administradores das companhias e a Bovespa. Foram 
ixados dois níveis, proporcionais ao compromisso assumido.
Nível 1
As empresas do nível 1 comprometem-se a manter em circulação ao 
menos 25% do capital total e, em caso de emissão de novas ações, usar 
mecanismos de oferta pública que favoreçam a pulverização do capi-
tal. As informações contábeis devem ser divulgadas trimestralmente, de 
forma consolidada, assim como eventuais acordos de acionistas. Há ainda 
a necessidade de adoção de um calendário de eventos corporativos.
Nível 2
Para ser classiicada no nível 2 da Bovespa, a empresadeve adotar 
todas as obrigações previstas no nível 1, mais um conjunto ampliado 
de princípios de governança corporativa. É uma espécie de “preparató-
rio” para o Novo Mercado. A empresa precisa estabelecer mandato de 
um ano para o conselho de administração, publicar o balanço segundo 
as regras do Generally Accepted Accounting Principles in the United States 
(USGaap) e facultar o direito de voto aos acionistas preferencialistas em 
questões como cisão, incorporação ou fusão, e também em contratos 
22 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
entre empresas do mesmo grupo. Atuar no nível 2 implica ainda esten-
der os mesmos direitos dos controladores aos minoritários ordinaristas 
(ou 70% desses direitos para os preferencialistas) em caso de troca de 
controle da empresa. As empresas que integram o nível 2 devem assu-
mir perante o mercado que, em caso de fechamento de capital, se com-
prometem a fazer oferta pública de compra de todas as ações em circu-
lação pelo valor econômico.
Novo Mercado
A Bovespa criou, em 2001, o Novo Mercado. Trata-se de um segmento 
de listagem, uma classiicação composta por empresas que se compro-
metem, voluntariamente, a praticar uma boa governança corporativa e 
uma política de disclosure (transparência de informações estratégicas e 
inanceiras), para além do que é exigido pela legislação. Com a novidade, 
a bolsa busca atrair investidores, exigindo que as companhias tratem os 
acionistas com mais respeito, resguardando seus direitos e oferecendo 
uma gama maior de informações, cuja divulgação não é obrigatória por 
lei. Para ingressar nesse ambiente diferenciado, as empresas precisam 
cumprir uma série de regras. A principal delas é a proibição de emissão 
de ações preferenciais (PN), ou seja, todo o capital deve ser dividido em 
ações ordinárias (ON), que dão direito a voto.
Os conceitos da boa governança corporativa podem parecer um 
tanto subjetivos, mas fazem a diferença ao longo dos anos. Entre eles, 
a formação de conselhos de administração proissionalizados tem eli-
minado as estruturas de poder quase totalitário, antes comuns em em-
presas de controle familiar. Outro destaque é a abertura de informações 
inanceiras gerais, tanto do balanço como de operações controladas ou 
23Como funciona o mercado de ações
coligadas. A governança reza que as empresas devem realizar reuniões 
periódicas com analistas de investimentos e divulgar as operações com 
ações de quem detenha mais de 5% do capital total.
A melhoria dos níveis de governança corporativa depende de uma 
mudança de comportamento dos agentes do mercado, através de ins-
trumentos de autorregulação estabelecidos por entidades associativas 
dos vários segmentos. As alterações legislativas recentes visam a incen-
tivar e induzir essa mudança de comportamento.
A iniciativa da Bovespa de criar o Novo Mercado e o índice de gover-
nança corporativa, níveis 1 e 2, foi um passo decisivo na direção desse 
objetivo.
É importante, entretanto, estar atento a certas circunstâncias para 
que não se criem distorções que venham a anular o objetivo maior de 
estabelecer relações mais equitativas.
Para ingressar no Novo Mercado, é exigido que a companhia tenha ex-
clusivamente ações ordinárias e conceda a todos os acionistas a opção de 
vender suas ações nas mesmas condições obtidas pelos controladores.
Já para ingressar no nível 2 da governança corporativa, a companhia 
precisa atribuir idêntica opção aos detentores de ações ordinárias e 
também aos detentores de ações preferenciais, só que, nesse caso, por 
preço equivalente a 80% do preço pago aos controladores (tag along).
Pela ótica das empresas, aquelas que se enquadrarem às regras do 
Novo Mercado deverão conseguir melhor preciicação de suas ações, con-
seguindo com isso menores custos de captação. Isso deverá acontecer, 
24 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
tendo em vista que os investidores estão dispostos a pagar um prêmio 
para as empresas que adotam melhores práticas de governança corpora-
tiva e apresentam maior grau de transparência.
Pela ótica dos investidores, o Novo Mercado representa a oportunidade 
de comprar um “produto ação” diferenciado. No Novo Mercado são nego-
ciadas apenas ações com direito a voto (ordinárias), o que permite ao in-
vestidor participar e acompanhar de perto a evolução da companhia. Além 
disso, elevados padrões de governança corporativa e o maior grau de trans-
parência, associados à existência de uma câmara de arbitragem para a reso-
lução de conlitos, trazem maior segurança aos investidores.
Câmara de arbitragem é um órgão instituído pela Bovespa com o 
objetivo de solucionar conlitos e controvérsias relacionados ao Regula-
mento de Listagem. As empresas do Novo Mercado e aquelas designa-
das como companhia nível 2 deverão, obrigatoriamente, aderir à câmara 
de arbitragem.
A governança corporativa teve de ser desenvolvida e moldada nos termos de uma 
empresa moderna, com participação de minoritários e funcionando de uma maneira 
muito transparente. Tudo isso levou a empresa a aumentar seu nível de agilidade, de 
eiciência, de modernidade e, sem dúvida, foi uma transformação muito benéica 
à empresa. A CCR foi a primeira empresa a aderir ao Novo Mercado, exatamente 
pela percepção clara da importância do tratamento ao minoritário nessas novas 
perspectivas do mercado acionário brasileiro. (EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR 
RODOVIAS, 2009)
25Como funciona o mercado de ações
Texto 
complementar
Ofertas de ações – 2 em 1
Mais simples e líquidas, as units conquistam as companhias 
que desembarcam no nível 2 da Bovespa
(LACHINI, 2006)
O aumento das exigências dos investidores com relação à governan-
ça corporativa e à liquidez das ações está solidiicando uma tendência 
no mercado de capitais brasileiro: a existência de ações com os mesmos 
direitos e a mesma negociabilidade na bolsa. Devido às peculiaridades 
do nosso mercado, no entanto, isso não signiica necessariamente que 
todas as empresas passarão a emitir apenas ações ordinárias. 
Mesmo as companhias que se listaram no nível 2, por meio da oferta 
de papéis preferenciais, encontraram formas de concentrar a liquidez 
em apenas um tipo de ação e de estender o direito mais valorizado pelos 
investidores – o tag along de 100% – para todos os acionistas. A principal 
delas foi a emissão de units, que podem ser traduzidas como certiicados 
de depósitos de ações ordinárias e preferenciais. As units estão se consa-
grando como instrumento preferido das companhias que lançam ações 
no nível 2, e foram utilizadas em todas as ofertas públicas iniciais (IPOs) 
feitas em 2006 nesse nível de governança corporativa – Vivax, Equatorial 
Energia, Santos Brasil e Terna. Além dessas, também negociam units a 
ALL e o Unibanco, primeiros a adotar o certiicado. 
26 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Para compensar a não-listagem no Novo Mercado, as empresas costu-
mam estender para as ações preferenciais (portanto, para todas as units) o 
tag along de 100%. No caso do Novo Mercado, só são admitidas ações or-
dinárias. Já no nível 2, são permitidas as ações preferenciais, que devem ter 
tag along de 80%. As companhias que fazem IPOs nesse segmento, contu-
do, têm assegurado o tag along de 100% também para os preferencialistas. 
Mas, por que algumas empresas optam por listar duas espécies de 
ações no nível 2, e criam um recibo para representá-las, se dão o tag 
along de 100% para os preferencialistas? Não seria mais simples partir 
para a listagem direta no Novo Mercado, já que o direito mais importan-
te dado aos investidores é o mesmo? Vale lembrar que o direito a voto, 
concedido a todos os acionistas no Novo Mercado e forte candidato a 
responder a essa pergunta, também é conferido aos preferencialistas do 
nível 2 em matérias como incorporação, cisão ou fusão. 
De fato, a solução do Novo Mercado seria bem mais adequada. Mas as 
empresas que optaram pelo nível 2 geralmente encontraramrestrições legais 
ou regulatórias que impediam uma eventual tomada de controle acionário 
em bolsa de valores – situação a que a companhia está sujeita quando tem o 
capital composto apenas por ordinárias e pulveriza suas ações. 
Desde que o mercado de capitais brasileiro iniciou o forte movimento 
de ofertas de ações, em 2004, até outubro de 2007, foram registrados 37 
IPOs, sendo que apenas um deles – o do UOL – foi realizado no nível 2 sem 
que houvesse um empecilho regulatório para a listagem no Novo Mer-
cado. Todas as outras que optaram pelo nível 2 encontraram restrições 
legais, pois operam com concessões de serviços públicos. Elas estavam 
impedidas de vender uma quantidade maior de ações ordinárias porque 
isso poderia diluir o controle, o que é vedado no caso das concessões. 
27Como funciona o mercado de ações
“O ideal é que exista apenas uma espécie de ações em negociação, 
e que a oferta seja feita no Novo Mercado. Ele está mais forte do que 
nunca”, diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse. Hoje o Novo 
Mercado é hegemônico quando se trata de IPOs. E os investidores só 
costumam aceitar ofertas em outros segmentos se existir uma boa razão 
para isso, além, é claro, do tag along integral para os preferencialistas. 
Já a opção pelas units tem sido vista como algo natural para as em-
presas que listam seus papéis em outro segmento: “É muito difícil ter 
duas classes de ações negociando com a mesma liquidez”, diz Olympio. 
A tendência é simpliicar a estrutura de capital e concentrar a liquidez 
em uma única classe. “Na prática, não importa qual seja o instrumento 
utilizado. O importante é que os direitos consagrados sejam conferidos”, 
diz Alexandre Bettamio, diretor do banco de investimentos do UBS. 
Preferencial turbinada – “Os investidores têm aceito bem as units 
porque estão mais preocupados com o tag along do que com a obtenção 
de direitos políticos”, airma um proissional de um banco de investimen-
tos. Para o executivo, se as ações preferenciais incluírem o tag along de 
100%, os investidores estão dispostos a aceitá-las no lugar das ordinárias. 
Ainal, eles sabem que terão o direito de voto em situações relevantes para 
a companhia e, segundo o especialista, não têm tanto interesse assim em 
exercer direitos relacionados à administração da companhia, como a pos-
sibilidade de trocar o seu corpo diretivo. 
A Equatorial Energia (antiga Cemar), que realizou uma oferta de 
ações em abril deste ano, foi uma das companhias que encontraram 
restrições regulatórias para listar suas ações no Novo Mercado e acaba-
ram concentrando a liquidez nas units. Como já tinha ações ordinárias 
e preferenciais, uma alternativa era fazer a troca e icar apenas com as 
28 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
primeiras. Mas essa não foi a opção adotada devido à possibilidade de 
enfrentar problemas junto ao órgão regulador do setor, a Agência Na-
cional de Energia Elétrica (Aneel). O contrato de concessão estipula que 
as concessionárias devem ter um controlador deinido, que detenha 
50% das ações com direito a voto mais uma ação. 
“A migração para ações ordinárias seria um processo demorado e 
complicado, mas consideramos que ir para o Novo Mercado é algo natu-
ral”, diz Leonardo Duarte Dias, Diretor de Relações com Investidores da 
Equatorial Energia. A solução encontrada foi listar os papéis no nível 2, 
com o tag along especial. 
O UOL, que listou ações no nível 2 mesmo sem encontrar restrições 
na regulamentação do seu setor, também estendeu o tag along de 100% 
para as ações preferenciais. De acordo com o diretor de Relações com 
Investidores da companhia, Paulo Narcélio, para listar os seus papéis no 
Novo Mercado a empresa teria de mudar o acordo de acionistas com a 
Portugal Telecom, que faz parte do grupo de controle. Narcélio consi-
dera que os investidores entenderam bem a operação, e que por isso 
não aplicaram um desconto sobre o preço das ações na época do IPO. 
No caso do UOL, a listagem de units não fazia sentido porque apenas as 
ações preferenciais são negociadas em bolsa. 
ONs e PNs? – A oferta de dois tipos de ações (ordinárias e preferen-
ciais) permite que seja alocada maior quantidade de papéis ao mercado 
e, consequentemente, que sejam captados mais recursos sem acarretar a 
perda de controle. Ou seja, permite a chamada alavancagem de controle. 
29Como funciona o mercado de ações
Desde a reforma da Lei das S.A.s em 2001, as novas companhias aber-
tas devem ter pelo menos 50% do capital composto por ações ordinárias. 
Neste formato, é possível obter o controle de uma empresa com 25% do 
seu capital total (metade dos 50% das ações ordinárias), ofertando ao 
mercado a totalidade de preferenciais e metade das ordinárias. 
Caso uma empresa emita somente ações ordinárias, seria preciso 50% 
(mais uma ação) para se ter o controle deinido. Ou seja, caso o controla-
dor queira se manter neste posto, ele tem menos espaço para captação 
se tiver o capital composto apenas por ordinárias. Por isso, diz-se que os 
papéis preferenciais alavancam o controle. 
A composição de cada unit depende da estrutura de capital da em-
presa. Nas companhias cujas ações preferenciais correspondem a 2/3 do 
total, as units geralmente são formadas por quatro preferenciais e uma 
ordinária. É esse o caso das units da ALL e da Santos Brasil. Naquelas cujo 
capital é composto por metade de ações preferenciais e metade de or-
dinárias, as units são compostas por uma ordinária e duas preferenciais. 
Nessa situação estão as units da Vivax, Equatorial Energia e Terna. 
O detentor da unit possui os mesmos direitos assegurados por lei às 
ações ordinárias e preferenciais comuns, ou seja, as primeiras têm direi-
to a voto e as segundas fazem jus ao recebimento prioritário de dividen-
dos. Tanto o direito de voto como o recebimento dos dividendos são 
proporcionais à participação de cada papel na unit. 
Abertura de capital
No cenário econômico atual, no qual predomina o uso intensivo de 
tecnologia, a grande competição entre as empresas e a globalização, as 
empresas não podem depender única e exclusivamente dos recursos 
próprios para inanciar sua expansão. Nesse sentido, uma alternativa 
disponível para as empresas se capitalizarem é a abertura de capital. Me-
diante a subscrição de ações novas, as empresas se suprem de capital.
Abrir capital signiica tornar-se uma companhia de capital aberto, 
ou seja, estar autorizada pela CVM a realizar emissões públicas, como 
debêntures, ações e bônus de subscrição. A empresa em fase de cresci-
mento necessita de recursos para inanciar seus projetos de expansão. 
Mesmo que o retorno oferecido pelo projeto seja superior ao custo de 
um empréstimo, o risco do negócio recomenda que se faça um balan-
ceamento entre recursos de terceiros e recursos próprios. Estes são ob-
tidos pela emissão de novas ações que serão subscritas (compradas) 
pelos atuais ou por novos acionistas.
Financiamento do crescimento
Parceria no risco do negócio
+
Parceria no lucro do negócio
Novos sócios
Processos de abertura de 
capital (IPOs) e remuneração 
dos acionistas
32 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
O processo de abertura de capital da empresa sempre é um processo trabalhoso, 
desaiante e muito estimulante, porque ele exige uma série de adaptações e 
mudanças a esse novo contexto de empresa de capital aberto. Para a empresa, 
houve a necessidade de mobilizar toda a sua estrutura no sentido de atender a essas 
necessidades do mercado. O mercado está muito soisticado e tem uma capacidade 
muito grande de analisar as empresas e de escolher aquelas que realmente merecem 
o interesse dos investidores, e a empresa tem de corresponder a isso. Então, foi 
necessário criar modiicações na estrutura da empresa, no sentido de corresponder 
mais às necessidades dos minoritários em termos de informações, de transparência, 
de controles, e isso foi uma coisa que teve de serfeita sistematicamente. Além 
disso, houve uma inluência muito grande no sistema de governança da empresa. 
(EDUARDO BORGES ANDRADE, CCR, 2009)
Vantagens para a empresa 
na abertura de capital
 Ampliação da base de captação de recursos inanceiros e de seu 
potencial de crescimento.
 Maior lexibilidade estratégica – liquidez patrimonial.
 Imagem institucional – maior exposição ao mercado.
 Reestruturação societária.
 Gestão proissional.
Quais são as razões disso (abertura de capital)? Principalmente, no caso da Natura, é 
uma visão de futuro, de pensar em como perenizar a empresa. A gente tem um sonho, 
a gente saiu de um fundo de quintal. É uma empresa que cresceu baseada em valores 
e que tem uma função social que transcende os interesses dos seus fundadores. Ela 
passou a ser um instrumento de desenvolvimento social e econômico, e a abertura 
de capital está ligada a isso, a um processo fundamentalmente de perenização dessa 
cultura, desses valores que a têm trazido desse fundo de quintal até o momento 
presente. Então, queremos os nossos sócios como aliados na preservação dessa 
cultura de compromisso com o desenvolvimento econômico, mas também com o 
desenvolvimento social e ambientalmente responsável. (GUILHERME PEIRÃO LEAL, 
NATURA, 2009) 
33Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Desvantagens para a empresa 
na abertura de capital
 Divulgação de informações.
 Distribuição de dividendos a acionistas.
 Inluência de novos acionistas em decisões estratégicas.
 Acréscimo nos custos administrativos, auditores, demonstrações 
inanceiras etc.
Etapas da abertura de capital
 Análise preliminar sobre conveniência da abertura.
 Escolha de auditoria independente. 
 Escolha de intermediário inanceiro.
 Estudos técnicos para a deinição de preço e volume da operação.
 Adaptação dos estatutos e outros procedimentos legais.
 Contratos de coordenação e distribuição (underwriting).
 Assembleia Geral Extraordinária deliberativa da operação e perío-
do de preferência.
 Processo de obtenção de registros na CVM.
 Processo de registro da empresa em bolsa(s) de valores.
 Formação de pool de distribuição.
34 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Pool de distribuição: conjunto de corretoras, distribuidoras, bancos 
e demais agentes que participam do processo de comercialização das 
ações numa abertura de capital, com o objetivo de distribuir de forma 
pulverizada e satisfatória as ações disponíveis.
Eu acho que é muito importante a deinição dos objetivos. Ao analisar a abertura de 
capital, a empresa tem de avaliar exatamente quais são seus objetivos, porque isso 
exige uma mudança de comportamento que tem seus custos e seus benefícios. A 
abertura de capital não está vinculada ao fato de a empresa ser maior ou menor. Eu 
diria que é essencialmente um debate de aonde a empresa quer chegar, que tipo de 
empresa eu quero ter. (JORGE GERDAU JOHANNPETER, GERDAU, 2009)
Initial Public Offering – IPO
IPO é uma sigla de um termo do mercado acionário americano, Ini-
tial Public Ofering, ou Oferta Pública Inicial. É o primeiro lançamento de 
ações de uma empresa ao público.
O que avaliar em IPOs
 Identiicar o setor da empresa e suas características: 
 o que e para quem vende;
 como se compõem seus custos;
 pontos fortes e fracos; 
 riscos e perspectivas de consolidação (fusões e aquisições).
 Conferir a proporção da oferta: 
 Se oferta primária, os recursos vão para o caixa da empresa? Se 
secundária, irão para os acionistas vendedores?
35Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
 quanto maior a parte primária, mais fôlego de investimento 
terá a empresa.
 Veriicar em que nível de governança corporativa será listada a 
empresa: 
 quanto maior, melhor;
 quem são os atuais sócios e administradores e qual o seu histó-
rico de transparência e relacionamento com o mercado?
 Comparar os múltiplos da empresa:
 analise a evolução das receitas, lucros, custos, ativos e passivos.
 Ver se é um setor estreante ou pouco representado na Bovespa. 
 ou, ao contrário, se há muitas empresas listadas do mesmo se-
tor; quanto mais, provavelmente menor será a demanda.
A importância do mercado 
de ações para o desenvolvimento 
da economia e do Brasil
A revolução capitalista vivida pela economia brasileira hoje é resultado da 
modernização de nosso mercado de capitais, que está sendo provocado pela 
bolsa de valores. Não há crescimento econômico, sem crescimento das em-
presas. O Brasil chegou à era do capitalismo com capital. Empresas com bons 
projetos, mas sem capital próprio, vão à bolsa em busca de sócios. Em vez de 
pedir dinheiro emprestado aos bancos, mais empresas buscam captar dinhei-
ro de novos sócios nas bolsas para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e, 
36 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
assim, obter mais lucro. Esse lucro é devolvido para o investidor pelos dividen-
dos distribuídos e pela valorização das ações, pois as empresas que lucram 
mais valem mais. Fecha-se assim um ciclo virtuoso, o ciclo do capitalismo.
Torna-se mais evidente a cada dia a contribuição positiva do mercado 
de capitais e, especiicamente, o destacado papel do mercado acionário 
para o desenvolvimento econômico. Nas economias desenvolvidas os 
mercados acionários, claramente, são alavancadores de emprego e cres-
cimento da economia real. De acordo com dados divulgados pelo Banco 
Mundial, foi encontrado um alto grau de correlação entre os indicadores 
dos mercados acionários e o crescimento econômico. A conclusão foi de 
que o mercado acionário não apenas inanciou o crescimento econô-
mico, mas proporcionou os meios para prognosticar as taxas futuras de 
crescimento do capital, da produtividade e da renda per capita.
O mercado de ações incentiva não apenas a formação da poupança in-
terna, mas, particularmente, a geração de poupança de longo prazo. É ine-
gável a relação entre a formação de poupança com os processos de cresci-
mento autossustentado e a manutenção do desenvolvimento econômico. 
Por sua vez, um mercado eiciente proporciona uma ampla gama de 
alternativas de inanciamento, isoladamente ou pela combinação entre 
as diversas opções, reduzindo custos inanceiros, o que contribui decisi-
vamente para a saúde inanceira das empresas, com consequente valo-
rização do capital investido pelos acionistas. 
Um mercado acionário desenvolvido, com bom volume, liquidez e ade-
quada regulamentação, facilita os negócios de mudança de controle/pro-
priedade e privatização, o que tem contribuído para o aumento da produti-
vidade econômica nos últimos anos, em nível global. 
37Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
A demanda por informações e demonstrações inanceiras de quali-
dade, e a transparência por parte do mercado acionário, é um fator que 
estimula a cultura de investimentos por parte dos agentes econômicos. 
O mercado acionário relete a opinião dos principais agentes sobre 
a conjuntura econômica doméstica e internacional e suas perspectivas, 
constituindo-se também em importante formador de opinião. Final-
mente, cabe destacar o papel fundamental de um mercado de ações 
eiciente e desenvolvido para atrair, maximizar e consolidar a presença e 
permanência do capital externo. 
Portanto, investimentos através do mercado acionário geram novos 
empregos e a expansão do setor privado, possibilitando a reorienta-
ção dos recursos do setor público para as camadas e setores menos 
favorecidos.
Nós entramos na Bolsa em 1978. Tínhamos, na ocasião, dois mil funcionários, e hoje 
nós temos dez mil (cinco vezes mais); nós produzíamos três mil ônibus por ano, 
e hoje nós produzimos 15 mil (cinco vezes mais). E isso tudo pressupôs que nós 
teríamos recursos para isso, e realmente tivemos capitais graças à participação dos 
acionistas da Bolsa. Mais do que isso, eu acho que o importante não foi só crescer 
cinco vezes nesse período, que foram 25 anos; éque nós conseguimos passar por 
todos os planos econômicos dos diversos governos que passaram por aí. (PAULO 
BELLINI MARCOPOLO, 2009) 
Ciclo virtuoso
Só com as bolsas funcionando de forma plena, o capitalismo pode 
demonstrar sua força. Na bolsa, o dinheiro não tem partido político 
nem preferência ideológica. Ele só quer gerar mais dinheiro. Premia na-
turalmente as empresas mais bem administradas, mais lucrativas, que 
geram mais negócios e mais empregos. O mercado de ações é, por isso, 
38 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
a melhor ferramenta já inventada para promover a distribuição de rique-
za; ele favorece tão-somente o mérito.
Como funciona o mercado de ações
ge
ra
 c
re
sc
im
en
to 
de
 ren
da
co
ns
om
e e
 po
up
a valoriza o capital
compra ações da
investe
gera lucro
dis
trib
ui 
div
id
en
do
s
i n
an
cia
V 
O 
C 
Ê
PAÍS
A bolsa impulsiona as 
empresas, gera poupan-
ça para o investidor e 
crescimento para o país
BOLSA
E 
M 
P 
R 
E 
S 
A 
O
 a
u
to
r.
Formas de negociação de ações
Com relação ao momento da negociação de ações, o mercado classi-
ica-se em mercado primário e mercado secundário.
Mercado primário
No mercado primário, se dá o lançamento de novas ações. Quem 
vende as ações é a companhia, captando recursos para se inanciar. 
39Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários, dis-
poníveis aos poupadores, para o inanciamento das empresas, por meio 
da colocação (venda) inicial dos títulos emitidos. No mercado primário 
as empresas buscam, mais efetivamente, os recursos necessários para 
a consecução de seu crescimento, promovendo, a partir do lançamen-
to de ações, a implementação de projetos de investimentos e o conse-
quente incremento da riqueza nacional.
Mercado secundário
Não ocorre o lançamento de um novo ativo inanceiro, mas a rene-
gociação de ativos inanceiros já existentes. No mercado secundário são 
estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos dos títulos 
adquiridos no mercado primário. Os recursos provenientes das negocia-
ções realizadas nesse mercado não são transferidos para o inanciamen-
to das empresas, sendo identiicados como simples transferência entre 
os investidores. A função essencial do mercado secundário é dar liquidez 
ao mercado primário, viabilizando o lançamento de ativos inanceiros.
A existência do mercado secundário é fundamental para o merca-
do primário, pois a demanda pelas ações recém-emitidas das empresas 
seria menor se não houvesse a opção de vendê-las no futuro em um 
mercado organizado. Em suma, no mercado primário, quem vende as 
ações é a companhia, captando recursos para se inanciar. No merca-
do secundário, o vendedor é o investidor que se desfaz das ações para 
reaver o seu dinheiro.
40 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Mercado primário e secundário
Ações
Recursos
Dividendos
Sócios iniciais
Novos sócios
O
 a
u
to
r.
Portanto, o mercado primário compreende o lançamento de novas 
ações no mercado, de origem da língua inglesa, o famoso IPO (Initial 
Public Ofering). A abertura de capital de uma empresa se caracteriza 
pelo lançamento inicial de ações no mercado. Uma vez que as ações 
já se encontram negociadas no mercado, chamamos este mercado de 
mercado secundário. Este compreende mercados de balcão – organiza-
dos ou não – e bolsas de valores, e tem como função básica a de forne-
cer liquidez aos títulos emitidos no mercado primário. Operações como 
a colocação inicial, junto ao público, de grande lote de ações detido por 
um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exi-
gindo registro na CVM, porém apesar da semelhança com o mercado 
primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor (e não 
para a companhia), determinando, portanto, uma distribuição no mer-
cado secundário. Podemos chamar essas operações de block trade. 
41Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
As ofertas públicas, sejam no mercado primário ou secundário, re-
querem o registro na CVM e o cumprimento de um ritual de procedi-
mentos na elaboração de seu prospecto preliminar e, geralmente, são 
conduzidas por bancos de investimento, que recebem uma comissão 
pelos serviços proporcional ao valor da operação.
A abertura de capital não se restringe apenas às grandes empresas. 
O inanciamento por meio da emissão de ações, ou seja, do aumento do 
capital próprio e admissão de novos sócios é uma fonte de recursos que 
não possui limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis e rentá-
veis, os investidores terão interesse em inanciá-los.
 A abertura de capital representa uma excepcional redução de risco 
para a empresa. Também, diferentemente de empréstimos, não exigem 
rendimento deinido: o retorno dos investidores depende do desempe-
nho da empresa. Assim, uma companhia aberta é muita menos afetada 
pela volatilidade econômica.
Captação de recursos inanceiros para investimento – possibilita 
crescimento via fusões e aquisições e reestruturação de passivos. Nas 
empresas que têm certo grau de endividamento, a abertura de capital 
confere equilíbrio à estrutura de capital, balanceando o uso do crédito 
e do capital próprio.
Imagem institucional e proissional – com um custo de capital 
menor, o retorno de projetos que anteriormente poderia não ser atra-
tivo passa a superar o custo do inanciamento, abrindo um leque muito 
maior de oportunidades de investimento. 
42 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Remuneração dos acionistas
Dividendos
É a parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acio-
nistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela 
Lei das Sociedades Anônimas (S.A.), deverá ser distribuído um dividen-
do de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinhei-
ro (moeda corrente). Os dividendos podem ter periodicidade diversa: 
mensal, trimestral, semestral, anual etc., desde que conste no estatuto 
da empresa o período determinado. A Assembleia Geral Ordinária (AGO) 
é quem determina a parcela a ser distribuída como dividendo, de acordo 
com os interesses da empresa, através da manifestação de seus acionis-
tas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de 
ações emitidas pela empresa, de forma a garantir a proporcionalidade 
da distribuição.
Algumas companhias têm lucros interessantes e/ou têm a política de 
distribuir mais do que o mínimo exigido, como forma de atrair inves-
tidores. Os analistas icam de olho nisso, e podem montar carteiras de 
empresas que sejam boas pagadoras de dividendos. Esse é um dinheiro 
que vai para a conta do investidor. É escolha dele reaplicar os dividen-
dos, comprando novas ações, ou sacar o dinheiro, dependendo da pe-
riodicidade com que a empresa deposite os dividendos. Dessa forma, o 
investidor é remunerado pelo recebimento de dividendos e pela valori-
zação da ação.
43Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Distribuição dos lucros
 Uma parte do lucro é incorporado ao patrimônio da empresa.
 O restante é distribuído em forma de dividendos.
2007 2008 2009
O
 a
u
to
r.
Juros sobre Capital Próprio (JCP)
Remuneração sobre o capital investido na empresa paga ao acionis-
ta, substituindo total ou parcialmente o dividendo.
Para o acionista, a grande diferença é que ele tem que pagar 15% de 
imposto de renda na fonte, de forma que sempre é preciso icar atento 
se o valor anunciado é o bruto (sem impostos) ou líquido (já descontan-
do os impostos).
44 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Para a empresa, muitas vezes o uso de JCP é vantajoso do ponto de 
vista iscal. Desde sua criação, o pagamento de JCP permite que a empresa 
remunere seus acionistas até o valor da Taxa Juros de Longo Prazo (TJLP), 
com o valor sendo considerado como despesa inanceira. Com isso, ele 
reduz o lucro tributável,diminuindo o IR a ser pago pela empresa.
A TJLP é calculada trimestralmente tendo como base a meta da inla-
ção, ixada pelo CMN, mais um prêmio de risco. É a taxa de juros aplicada 
aos inanciamentos concedidos pelo BNDES. 
A grande vantagem é que a empresa pagaria impostos maiores sobre 
o lucro, na faixa de 25%, do que os acionistas, que pagam 15% sobre os 
JCP. Assim, ela pode oferecer JCP, que mesmo após o pagamento de IR, 
podem ser maiores do que seriam na forma de dividendos, em função 
da diferença nas alíquotas de tributação.
Cálculo da rentabilidade retorno 
do investimento
Retorno =
+
–1 . 100
Preço atual 
da ação
Dividendos 
recebidos
Preço inicial 
da ação
Retorno =
Retorno = 29,21% de 04 de abril/06 a 10 de outubro/07
+
Bradesco
04/06 a 10/07
–1 . 100
R$46,51 R$2,33
R$37,80
45Processos de abertura de capital (IPOs) e remuneração dos acionistas
Eventos sobre as ações
Desdobramento (split)
Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade de ações em circu-
lação, sem alterar o capital social da empresa, reduzindo o valor unitário 
para aumentar a liquidez da ação no mercado.
Grupamento (inplit)
É o processo inverso ao split. É a redução da quantidade de ações 
em circulação, sem alterar o capital social da empresa, elevando o valor 
unitário da ação.
Direitos dos acionistas
Bonificação
Distribuição gratuita, aos acionistas, de novas ações decorrentes de 
aumento de capital, por incorporação de reservas, lucros em suspenso 
ou reavaliação do ativo. É um direito que não prescreve. As boniicações 
serão sempre proporcionais às ações já possuídas.
A boniicação aos acionistas, em raros casos, pode ser realizada 
também com o pagamento em dinheiro. Normalmente isso ocorre 
quando há distribuição de reservas até então não incorporadas ao capi-
tal. Não confundir com dividendo.
46 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
Subscrição
Representa um direito dado aos acionistas para que eles adquiram novas 
ações com preço e prazo predeterminados. A subscrição pode surgir como 
um benefício aos acionistas caso o preço de subscrição seja inferior ao preço 
de mercado, de forma que está sendo dada uma espécie de “desconto” para 
os acionistas. A subscrição de novas ações será proporcional a quantidade 
de ações já possuídas da referida companhia.
GUARDA DAS AÇÕES
O
 a
u
to
r.
Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM)
O principal órgão regulador do mercado de ações é a Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), autarquia subordinada ao Ministério da Fa-
zenda, conhecida como o “xerife” do mercado inanceiro. Ela tem a in-
cumbência de normatizar, iscalizar e punir irregularidades, tanto das 
empresas abertas como dos agentes inanceiros, corretoras, operadores 
e auditores independentes. Criada em dezembro de 1976 pela Lei 6.385, 
ela cuida de todos os títulos emitidos pelas empresas com vistas a captar 
recursos destinados ao inanciamento de suas atividades. Desde maio 
Participantes do mercado 
de capitais
50 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
de 2002, a CVM responde também pelos derivativos negociados sobre 
outros ativos que não sejam considerados valores mobiliários, pelo mer-
cado de futuros e por toda a indústria de fundos.
Corretoras
As corretoras são instituições inanceiras, credenciadas pelo Banco 
Central e pela CVM, e iscalizadas pela Bovespa. Sua principal função é 
promover, de forma eiciente, a aproximação entre compradores e ven-
dedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade 
adequada através de operações realizadas em recinto próprio (pregão das 
bolsas de valores). Dessa forma, as sociedades corretoras exercem o papel 
de uniicadoras do mercado, dando segurança ao sistema e liquidez aos 
títulos transacionados. Suas principais atividades são as seguintes:
 operar com exclusividade na bolsa de valores da qual é membro, 
com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada;
 comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de 
terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de un-
derwriting); operar com a conta “Margem”, que é uma norma de nego-
ciação de ações que possibilita ao investidor obter, em uma sociedade 
corretora, inanciamento para compra dos títulos e/ou empréstimo 
dos papéis para venda. Essas operações são feitas no mercado à vista 
de bolsa. O custo e liquidação do inanciamento, bem como a remu-
neração do empréstimo dos títulos e sua devolução, são pactuados 
diretamente entre o investidor e a corretora;
 administrar carteiras de valores e custodiar títulos e valores mobiliá-
rios; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimen-
tos; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento 
51Participantes do mercado de capitais
de cautelas, recebimentos de juros, dividendos ou encarregar-se da 
subscrição de títulos e valores mobiliários etc;
 intermediar a compra e venda de moeda estrangeira nas ativida-
des de importação e exportação, bem como no mercado lutuan-
te de moeda estrangeira;
 operar no mercado aberto (open market).
Open market – instrumento muito ágil de política monetária, utili-
zado pelo governo a im de regular o luxo monetário da economia e 
inluenciar os níveis de taxas de juros a curto prazo. Portanto, essas ope-
rações permitem um controle permanente da liquidez do sistema eco-
nômico. Na prática, sempre que houver necessidade de elevar a liquidez 
e reduzir as taxas de juros, a autoridade monetária resgata títulos públi-
cos em poder dos agentes econômicos. De modo contrário, ao desejar 
limitar a liquidez do mercado inanceiro e elevar as taxas de juros no 
curto prazo, a autoridade monetária emite e coloca em circulação novos 
títulos da dívida pública.
Companhia Brasileira de Liquidação 
e Custódia (CBLC)
Foi criada a partir de uma reestruturação patrimonial da Bolsa de Va-
lores de São Paulo – BOVESPA, ocorrida em fevereiro de 1998.
O nascimento da CBLC representou uma resposta à necessidade do 
mercado brasileiro de uma estrutura moderna e eiciente, que compre-
endesse atividades relacionadas à compensação, à liquidação, à custódia 
52 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
e ao controle de risco para o mercado inanceiro. A constituição da CBLC 
representou o início de uma nova fase na história do mercado de capi-
tais brasileiro.
De um lado, a CBLC foi organizada de modo a permitir a participa-
ção de uma grande variedade de instituições fortes e tecnicamente es-
truturadas. De outro lado, a CBLC trabalhou no sentido de constituir-se 
na empresa depositária central do mercado de ações no Brasil, objetivo 
alcançado quando assumiu o controle da Câmara de Liquidação e Cus-
tódia – CLC em abril de 2000.
Atualmente, a CBLC é a responsável pela liquidação de operações de 
todo o mercado brasileiro de ações.
Veja no quadro abaixo alguns números da CBLC:
A CBLC em números
(C
B
LC
, 2
00
9)
Data: Janeiro (dados referentes à liquidação de janeiro/2009).
Volume médio liquidado diariamente 3,59 (R$ bilhões)
Média diária de operações realizadas 265.971
Média diária de títulos processados 10.902.508.781
Volume em custódia R$682.143.848.723,69
Quantidade de ativos em custódia 2.200.836.000.075
A CBLC é uma sociedade anônima tendo como objetivo social a pres-
tação de serviços de compensação e liquidação física e inanceira de ope-
rações realizadas nos mercados à vista e a prazo da Bovespa e de outros 
mercados, bem como a operacionalização dos sistemas de custódia de 
títulos e valores mobiliários em geral.
53Participantes do mercado de capitais
Bolsa de valores
As bolsas de valores são instituições administradoras de mercados. 
No caso brasileiro, a Bovespa é a principal bolsa de valores, administran-
do os mercados de Bolsa e de Balcão Organizado. A diferença entre esses 
mercados está nas regras de negociação estabelecidas para os ativos re-
gistrados em cada um deles.
As bolsas de valores são tambémos centros de negociação de valores 
mobiliários, que utilizam sistemas eletrônicos de negociação para efetuar 
compras e vendas desses valores. No Brasil, atualmente, as bolsas são or-
ganizadas sob a forma de sociedade por ações (S/A), reguladas e iscaliza-
das pela CVM. As bolsas têm ampla autonomia para exercer seus poderes 
de autorregulamentação sobre as corretoras de valores que nela operam. 
Todas as corretoras são registradas no Banco Central do Brasil e na CVM.
A principal função de uma bolsa de valores é proporcionar um am-
biente transparente e líquido, adequado à realização de negócios com 
valores mobiliários. Somente através das corretoras, os investidores têm 
acesso aos sistemas de negociação para efetuarem suas transações de 
compra e venda desses valores.
As companhias que têm ações negociadas nas bolsas são chamadas 
companhias “listadas”. Para ter ações em bolsas, uma companhia deve 
ser aberta ou pública, o que não signiica que pertença ao governo, e 
sim que o público em geral detém suas ações. A companhia deve, ainda, 
atender aos requisitos estabelecidos pela Lei das S.A. (Lei 6.404, de 15 de 
dezembro de 1976) e pelas instruções da CVM, além de obedecer a uma 
série de normas e regras estabelecidas pelas próprias bolsas.
54 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
No passado, o Brasil chegou a ter nove bolsas de valores, mas atual-
mente as duas principais são a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a 
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A Bovespa é a maior bolsa de va-
lores da América Latina e uma das maiores do mundo. Nela são negocia-
das ações das companhias abertas e títulos privados de renda ixa, entre 
outros valores mobiliários. A BM&F se destaca entre as maiores bolsas de 
mercadorias e futuros do mundo e nela são negociados contratos deriva-
tivos agropecuários (commodities) e derivativos inanceiros.
Funções das bolsas de valores
Os mercados de capitais são mais eicientes em países onde existem 
bolsas de valores bem estruturadas, transparentes e líquidas. Para que elas 
desempenhem suas funções, o ambiente de negócios do país tem que ser 
livre e as regras claras. Nestes contextos, as bolsas podem beneiciar todos 
os indivíduos da sociedade e não somente aqueles que detêm ações de 
companhias abertas. Veja, a seguir, quais são os benefícios gerados pelas 
bolsas de valores para a economia e a sociedade como um todo.
 Levantando capital para negócios – as bolsas de valores forne-
cem um excelente ambiente para as companhias levantarem ca-
pital para expansão de suas atividades através da venda de ações, 
e outros valores mobiliários, ao público investidor.
 Mobilizando poupanças em investimentos – quando as pesso-
as investem suas poupanças em ações de companhias abertas, isto 
leva a uma alocação mais racional dos recursos da economia, porque 
os recursos – que, de outra forma, poderiam ter sido utilizados no 
consumo de bens e serviços ou mantidos em contas bancárias – são 
mobilizados e redirecionados para promover atividades que geram 
55Participantes do mercado de capitais
novos negócios, beneiciando vários setores da economia, tais como: 
agricultura, comércio e indústria, resultando num crescimento eco-
nômico mais forte e no aumento do nível de produtividade.
 Facilitando o crescimento de companhias – para uma com-
panhia, as aquisições e/ou fusões de outras empresas são vistas 
como oportunidades de expansão da linha de produtos, aumento 
dos canais de distribuição, aumento de sua participação no mer-
cado etc. As bolsas servem como um canal que as companhias 
utilizam para aumentar seus ativos e seu valor de mercado através 
da oferta de compra de ações de uma companhia por outra com-
panhia. Essa é a forma mais simples e comum de uma companhia 
crescer através das aquisições ou fusões. Quando feitas em bolsas, 
as aquisições e fusões são mais transparentes e permitem uma 
maior valorização da companhia, pois as informações são mais di-
vulgadas e há uma maior interação dos agentes envolvidos, tanto 
compradores quanto vendedores.
 Redistribuindo a renda – ao dar a oportunidade para uma grande 
variedade de pessoas adquirir ações de companhias abertas e, con-
sequentemente, de torná-las sócias de negócios lucrativos, o mer-
cado de capitais ajuda a reduzir a desigualdade da distribuição da 
renda de um país. Ambos os investidores – casuais e proissionais 
– , através do aumento de preço das ações e da distribuição de di-
videndos, têm a oportunidade de compartilhar os lucros nos negó-
cios bem sucedidos feitos pelos administradores das companhias.
 Aprimorando a governança corporativa – a demanda cada vez 
maior de novos acionistas, as regras cada vez mais rígidas do go-
verno e das bolsas de valores têm levado as companhias a me-
lhorar cada vez mais seus padrões de administração e eiciência. 
Consequentemente, é comum dizer que as companhias abertas 
56 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
são mais bem administradas que as companhias fechadas (com-
panhias cujas ações não são negociadas publicamente e que ge-
ralmente pertencem aos fundadores, familiares ou herdeiros ou a 
um grupo pequeno de investidores). Os princípios de governança 
corporativa estão, cada vez mais, sendo aceitos e aprimorados.
 Criando oportunidades de investimento para pequenos in-
vestidores – diferentemente de outros empreendimentos que 
necessitam de grandes somas de capital, o investimento em ações 
é aberto para quaisquer indivíduos, sejam eles grandes ou peque-
nos investidores. Um pequeno investidor pode adquirir a quanti-
dade de ações que está de acordo com sua capacidade inanceira, 
tornando-se sócio minoritário (mesmo tendo participação per-
centual ínima no capital da companhia), sem que tenha que icar 
excluído do mercado de capitais apenas por ser pequeno. Dessa 
forma, a bolsa de valores abre a possibilidade de uma fonte de 
renda adicional para pequenos poupadores.
 Atuando como termômetro da economia – na bolsa de valores, 
os preços das ações oscilam dependendo amplamente das forças 
do mercado e tendem a acompanhar o ritmo da economia, rele-
tindo seus momentos de retração, estabilidade ou crescimento. 
Uma recessão, depressão ou crise inanceira pode eventualmen-
te levar a uma queda (ou até mesmo uma quebra) do mercado. 
Dessa forma, o movimento dos preços das ações das companhias 
e, de forma ampla, os índices de ações são bons indicadores das 
tendências da economia.
 Ajudando no inanciamento de projetos sociais – os governos 
federal, estadual ou municipal podem contar com as bolsas de va-
lores ao emprestar dinheiro para a iniciativa privada para inanciar 
57Participantes do mercado de capitais
grandes projetos de infraestrutura, tais como estradas, portos, sa-
neamento básico ou empreendimentos imobiliários para camadas 
mais pobres da população. Geralmente, esses tipos de projetos ne-
cessitam de grande volume de recursos inanceiros, que as empre-
sas ou investidores não teriam condições de levantar sozinhas sem 
contar com a participação governamental. Os governos, para levan-
tarem recursos, utilizam-se da emissão de títulos públicos. Esses tí-
tulos podem ser negociados nas bolsas de valores. O levantamento 
de recursos privados, por meio da emissão de títulos, elimina a ne-
cessidade (pelo menos no curto prazo) dos governos sobretaxarem 
seus cidadãos e, dessa maneira, as bolsas de valores estão ajudando 
indiretamente no inanciamento do desenvolvimento.
Histórico da Bovespa
Em 1890, um grupo de agentes liderado por Emílio Rangel Pestana 
inaugura a Bolsa Livre, que seria a semente da Bolsa de Valores de São 
Paulo. A Bolsa Livre é fechada já em 1891, em decorrência da Política do 
Encilhamento, mas em 1895 é fundada a Bolsa de Fundos Públicos de São 
Paulo, dando continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro.
Nessa época, as negociações de títulos públicos e de ações de bancos 
e de empresas eramregistradas em enormes quadros-negros de pedra, 
para que todos pudessem acompanhar. Devido a isso, esse período ini-
cial da história da bolsa icou conhecido como “Idade da Pedra”.
A bolsa se desenvolve e, em 1934, se instala no Palácio do Café. No 
ano seguinte, ganha o nome de Bolsa Oicial de Valores de São Paulo.
58 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
As negociações nesse período eram feitas em um enorme balcão 
central em torno do qual se reuniam os corretores. Os negócios eram 
realizados em ordem alfabética: o diretor do pregão anunciava o nome 
de cada empresa e a negociação tinha um tempo determinado para 
acontecer.
Na década de 1960, com as reformas sofridas pelo sistema inanceiro 
nacional, a bolsa passa a assumir a característica institucional, deixando 
de ser subordinada ao Secretário da Fazenda do Estado, com autono-
mia administrativa, inanceira e patrimonial. Em 1967, passa a se chamar 
Bolsa de Valores de São Paulo.
Também em 1967, o cargo de corretor oicial deixa de existir e são 
formadas as sociedades corretoras, constituídas por ex-corretores oi-
ciais e por corretores autorizados pelo Banco Central. É nesse momento 
que surge a igura do operador de pregão, pessoas que realizavam os 
negócios, sob as ordens das sociedades corretoras, por meio de gritos e 
gestuais que se tornariam a marca da bolsa de valores.
Na década de 1970, os boletos que eram utilizados para realizar as 
negociações são substituídos por cartões perfurados e os negócios 
passam a ser registrados de forma eletrônica.
Em 1972, A Bovespa é a primeira bolsa brasileira a implementar o 
pregão automatizado, com a disseminação de informações on-line e em 
real-time, através de uma ampla rede de terminais de computador.
No im da década de 1970, a Bovespa é ainda pioneira na introdução 
de operações com opções sobre ações no Brasil.
59Participantes do mercado de capitais
Em 1990, são iniciadas as negociações através do Sistema de Nego-
ciação Eletrônica Computer Assisted Trading System (CATS), que operava 
simultaneamente com o sistema tradicional de pregão viva voz. Atual-
mente, a Bovespa realiza negócios apenas no sistema eletrônico.
Em 1997, é implantado um novo sistema de negociação eletrônica 
em substituição ao CATS, o Mega Bolsa. Além de utilizar uma plataforma 
tecnológica altamente avançada, o Mega Bolsa amplia o volume de pro-
cessamento de informações.
No im da década de 1990, são lançados o Home Broker, que permite 
que o investidor, por meio do site das corretoras, transmita sua ordem de 
compra ou de venda diretamente ao sistema de negociação da bolsa; e o 
After-Market, outra inovação da Bovespa, pioneira em termos mundiais, 
que oferece a sessão noturna de negociação eletrônica. Ambos os meios 
facilitam a participação do pequeno e médio investidor no mercado.
No ano 2000, é realizada a integração das bolsas de valores brasilei-
ras, que uniu as bolsas de valores de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Mi-
nas-Espírito Santo-Brasília, do Extremo Sul, de Santos, da Bahia-Sergipe- 
-Alagoas, de Pernambuco e da Paraíba. Em 2005, é incorporada a Bolsa 
do Paraná e em 2006, a Bolsa Regional, concluindo a integração.
A Bovespa passa, então, a concentrar toda a negociação de ações do 
Brasil. As bolsas regionais mantêm, por sua vez, as atividades de desen-
volvimento do mercado e de prestação de serviços às praças locais.
Em 2006, a Bovespa implanta uma nova infraestrutura de Tecnolo-
gia da Informação, desenvolvida em parceria com HP, Intel e Microsoft. 
60 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
A solução propiciou, entre outros benefícios, redução de custos de ma-
nutenção, retorno de investimento e uma maior lexibilidade de adap-
tação ao aumento de volume de transações no mercado de capitais.
Em 28 de agosto de 2007, em uma reestruturação societária, a Bovespa 
deixou de ser uma instituição sem ins lucrativos e se tornou uma socie-
dade por ações (S/A). Nessa reestruturação societária foi criada a Bovespa 
Holding, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São 
Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de 
balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia 
(CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia.
Atualmente, a Bovespa é o único centro de negociação de ações do 
Brasil e o maior da América Latina. Hoje, as negociações realizadas na 
Bovespa são feitas exclusivamente por meio de seu sistema eletrônico, 
o que proporciona maior agilidade e segurança nas transações. A Bo-
vespa é dotada de uma base tecnológica comparável à dos mercados 
mais desenvolvidos do mundo e o Brasil, por sua vez, é hoje um centro 
de excelência em infraestrutura do mercado inanceiro e de capitais, 
tornando-se referência mundial.
A Bolsa de Valores de São Paulo mantém ainda um papel de desta-
que perante os mercados internacionais, atuando na World Federation 
of Exchanges (WFE), na Federação Ibero-americana de Bolsas (FIAB) e na 
International Organization of Securities Commission (IOSCO).
Pregão da bolsa
O pregão viva-voz era a forma tradicional de negociação, na qual os 
operadores de pregão recebiam as ordens das mesas de operação das 
corretoras e as ofertavam em uma sala de negociações dentro da Boves-
pa. Fechado o negócio, era preenchido um boleto informando as espe-
ciicações desse negócio. A im de aumentar a transparência e o aperfei-
çoamento do trabalho, o pregão viva-voz foi extinto em 2005.
Atualmente, o pregão é eletrônico. As ordens são colocadas pelos 
operadores de mesa nas corretoras através de terminais conectados 
com a bolsa, ou ainda pelos sistemas de home broker das corretoras, que 
canalizam as ordens provenientes da internet. Todas essas ordens são 
encaminhadas a um servidor central que se encarrega de fechar os ne-
gócios e informá-los às corretoras.
Horários de negociação 
Pregão regular: das 10h às 17h
After-market: das 17h45 às 19h
* Horário de verão
Pregão regular: das 11h às 18h
After-market: das 18h45 às 19h30
Formação de preços das ações, 
home broker e risco
64 Aprenda a Investir na Bolsa de Valores
After-market
É uma sessão noturna de negociação de ações, após o horário regu-
lar do pregão e de forma eletrônica. Além de atender os proissionais 
do mercado, esse mecanismo também é interessante para os pequenos 
e médios investidores, pois permite o envio de ordens após o horário 
regular e seu fechamento de forma on-line. A totalidade de ordens en-
viadas tem um limite de R$100.000,00 por investidor e os preços das 
ordens enviadas nesse período não poderão exceder à variação máxima 
positiva ou negativa de 2% em relação ao preço de fechamento do 
pregão diurno.
Processo de negociação de ações 
Como enviar uma ordem 
Enviar uma ordem é o ato mediante o qual o cliente determina a uma 
corretora que essa compre ou venda ativos ou direitos em seu nome, nas 
condições especiicadas. Devem ser informados: o ativo a ser compra-
do ou vendido, a quantidade, o preço para execução da referida ordem 
bem como seu prazo de validade.
A realização do negócio no mercado requer a intermediação de uma 
sociedade corretora que esteja credenciada a executar as ordens de seus 
clientes no pregão.
65Formação de preços das ações, home broker e risco
Livro de ofertas 
Um livro de ofertas é um recurso que ilustra todas as ofertas de com- 
pra e de venda para um determinado ativo, em um dado momento.
O preço da ação é formado pelos investidores do mercado que, 
dando ordens de compra ou venda de ações às corretoras das quais são 
clientes, estabelecem o luxo de oferta e procura de cada papel, fazendo 
com que se estabeleça o preço justo. A oferta ou procura por determi-
nada ação inluencia o processo de valorização ou desvalorização desta. 
Essa movimentação pode ser inluenciada por notícias sobre o mercado, 
divulgação do balanço da empresa (com dados favoráveis ou desfavo-
ráveis), notícias

Continue navegando