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W BA 05 11 _V 2. 0 FERRAMENTAS DA QUALIDADE 2 Danilo Albertini da Silva São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 FERRAMENTAS DA QUALIDADE 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Mariana Gerardi Mello Revisor Ana Paula Fernandes Koeke Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Silva, Danilo Albertini da Ferramentas da qualidade / Danilo Albertini da Silva. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 32 p. ISBN 978-65-5356-108-3 1. Qualidade. 2. Ferramentas da qualidade. 3. Softwares de qualidade. I. Título. CDD 005.30287 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O S586f © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Introdução às Ferramentas da Qualidade ___________________ 07 Aplicação das Ferramentas da Qualidade ____________________ 18 Métodos de resolução de problemas ________________________ 29 Softwares e Ferramentas da Qualidade ______________________ 41 FERRAMENTAS DA QUALIDADE 5 Apresentação da disciplina Temas associados a qualidade são tópicos cada vez mais importantes no aperfeiçoamento profissional, especialmente quando pensamos no exercício de funções de nível tático e estratégico nas empresas. A partir da base dos conceitos de qualidade e gestão da qualidade, chegamos à definição de que as ferramentas da qualidade são as aplicações práticas para atingir os objetivos traçados pelo sistema de gestão da qualidade. Partindo do princípio de que é necessário medir para poder ter controle e possibilidades de melhoria nos processos, as ferramentas da qualidade se colocam como recursos importantes na coleta, organização e tratamento das informações seja nas indústrias de transformação, na prestação de serviços e até mesmo no comércio. Nesta disciplina, serão apresentadas as ferramentas da qualidade mais tradicionais elencadas na literatura, desde o fluxograma até as cartas de controle e Diagramas de Pareto e de Ishikawa, explicando sobre a criação de cada uma e descrevendo detalhadamente como e quando usar a partir de uma abordagem prática e direta. Além desses pontos, discutiremos a aplicação das ferramentas da qualidade de forma conjunta sob a forma de Métodos de Resolução de Problemas, incluindo exemplos construídos passo a passo, a fim de que possamos compreender e utilizar a técnica em situações do dia a dia. Como o tempo é um recurso extremamente valioso e pode fazer a diferença quando nos deparamos com um mercado altamente 6 concorrido, estudaremos a utilização de softwares de apoio, como o Excel ou o Minitab, que oferecem grande vantagem em matéria de velocidade de processamento e preparação dos dados. Esse tópico também será abordado de forma empírica e com grande variedade de exemplos de aplicação. Ao final da disciplina, estaremos aptos a definir cada uma das ferramentas da qualidade e, tão importante quanto isso, saber quais devem ser utilizadas em cada situação de modo a identificar e resolver problemas com agilidade, eficiência e precisão. Embarque neste tema e descubra como essas ferramentas podem ser fatores críticos de sucesso e ajudar de forma impactante nos desafios do dia a dia! 7 Introdução às Ferramentas da Qualidade Autoria: Danilo Albertini da Silva Leitura crítica: Ana Paula Fernandes Koeke Objetivos • Resumir os conceitos de qualidade e gestão da qualidade segundo as referências mais tradicionais da literatura. • Apresentar as ferramentas da qualidade mais utilizadas, segundo a literatura. • Entender como as ferramentas da qualidade podem contribuir com a gestão da Qualidade. 8 1. Conceitos de Qualidade A palavra qualidade tem sua origem etimológica no termo do Latim qualitate, utilizado, inicialmente, para distinguir algo em relação às suas características e performance. De acordo com essa definição inicial, entendia-se qualidade como um atributo não necessariamente tangível ou mensurável, mas perceptível a ponto de ser usado como medida de valor para diferenciar produtos com alto grau de distinção, como, por exemplo, as cerâmicas orientais, tapetes persas e especiarias indianas. Esta percepção de qualidade influencia o pensamento popular até os dias de hoje, mas também se torna simplista quando aplicado ao contexto de indústrias ou serviços. Afinal, considerando o princípio da intangibilidade desse primeiro pensamento, como se pode controlar, gerenciar ou melhorar o que não se pode medir? Partindo da necessidade de aprimorar esta visão, o conceito de qualidade, da forma como entendido hoje, começou a ser aperfeiçoado por nomes como doutor Edwards Deming, autor do questionamento acima, e Walter A. Shewhart, que, juntos, foram precursores na identificação da causa raiz de variações no processo de produção a partir do desenvolvimento de métodos estatísticos (SASHKIN; KISER, 1994). Desde então, grandes nomes, conhecidos hoje como os gurus da qualidade, complementaram a construção do conceito a partir de suas contribuições e visões da qualidade, como resume Camargo (2011), no Quadro 1. Quadro 1 – Definições de qualidade Autor Definição Juran. É adequação ao uso por meio da percepção das necessidades dos clientes. Deming. É perseguição às necessidades dos clientes e homogeneidade dos resultados do processo. 9 Crosby. É a conformidade do produto às suas especificações. Feigenbaum. É o conjunto de características incorporadas ao produto, por meio do projeto e manufatura que determinam o grau de satisfação do cliente. Ishikawa. É a rápida percepção e satisfação das necessidades do mercado, adequação ao uso dos produtos e homogeneidade dos resultados do processo. Fonte: adaptado de Camargo (2011). Diante deste contexto, o conceito atual de qualidade consiste na junção dessas definições e deve ser avaliado sob diversas perspectivas (a partir do cliente, do produto ou do processo, por exemplo) para um entendimento completo. A compreensão do conceito é a base inicial para que se possa gerir e medir como serão apresentados nos próximos tópicos. 2. Gestão da Qualidade Entendidos os conceitos de qualidade, delineados pelos precursores do tema, o próximo passo é a aplicação que passa pela gestão da qualidade e se desenvolve em termos práticos com as ferramentas da qualidade. A gestão da qualidade, apresentada por Campos (2016), pode ser definida como a aplicação de estratégias, ferramentas, ações de forma sistêmica e coordenada por parte de uma organização, visando a garantia da conformidade de seus produtos e processos. Estes têm como objetivo atingir os requisitos esperados pelos clientes, assim como a melhoria contínua para geração de valor e redução de falhas e desperdícios. Pensando em complementar esta visão, surgiu o conceito de Gestão da Qualidade Total ou Total QualityControl (TQC), que considera a qualidade sob a perspectiva de diversas dimensões, como apresentado no Quadro 2. 10 Quadro 2 – Dimensões da Qualidade Total Dimensão Descrição Qualidade Dimensão de valor do cliente interno ou externo quanto à percepção de satisfação da necessidade esperada. Custo. Dimensão mensurada pela relação de custo versus benefício entregue pelo produto ou serviço contratado. Entrega. Dimensão obtida pela composição dos índices OTIF (on time in full)–prazo e precisão de quantidades na entrega. Moral. Dimensão que mede o nível de satisfação de um grupo de pessoas com a empresa (exemplo: índice de turnover ou ações trabalhistas numa fábrica) Segurança. Dimensão que avalia segurança oferecida pelo produto ou processo à sociedade e à empresa Fonte: adaptado de Campos (2016). Considerando a necessidade de se mensurar e atuar em cada dimensão, foram elaboradas ferramentas com alto poder e grande versatilidade de aplicação, como será apresentado posteriormente. 3. Ferramentas da Qualidade As ferramentas da qualidade podem ser consideradas como aplicações práticas para atingir os objetivos traçados pelo sistema de gestão da qualidade. Partindo do princípio de que é necessário medir para poder ter controle e possibilidades de melhoria nos processos, as ferramentas da qualidade desempenham importantes papéis na coleta, organização e tratamento das informações. Autores como Brassard (1988) e Cesar (2011) resumem as principais ferramentas conforme apresentado na Figura 1. 11 Figura 1 – Ferramentas da Qualidade Fonte: elaborada pelo autor. 3.1 Fluxograma O fluxograma é uma forma universal de representação gráfica de processos, por meio de formas simples, com significados pré-definidos. Tem como característica principal a facilidade de se desenhar e visualizar processos, viabilizando, assim, o mapeamento de fluxos e a identificação da sequência de trabalho passo a passo, podendo ser observado no exemplo apresentado na Figura 2. Figura 2 – Exemplo de fluxograma Fonte: https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Desenho-vetorial-de- fluxograma/13651.html. Acesso em: 25 abril 2022. https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Desenho-vetorial-de-fluxograma/13651.html https://publicdomainvectors.org/pt/vetorial-gratis/Desenho-vetorial-de-fluxograma/13651.html 12 3.2 Cartas de Controle As cartas de controle foram elaboradas, inicialmente, por Walter Shewhart, especialista em estatística, na década de 1920, nos EUA. A ferramenta, também conhecida como Carta de Shewhart, é utilizada para acompanhamento gráfico das variações que ocorrem durante a execução de processos. As cartas de controle são apresentadas graficamente por uma linha central, composta pela especificação nominal e limites inferiores e superiores definidos com base nas especificações, como mostra a Figura 3. Os pontos encontrados ao longo do processo são registrados na carta, gerando uma visualização gráfica que permite ver com facilidade os desvios do processo em relação ao objetivo desejado. Esse registro é fundamental para documentação da variabilidade dos processos, ação necessária para identificação e tratativa de falhas (CESAR, 2011). A utilização dessa ferramenta é a base para a implementação do Controle Estatístico de Processo (CEP). Figura 3 – Carta de Controle Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:C_control_chart.svg. Acesso em: 25 abril 2022. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:C_control_chart.svg 13 3.3 Diagrama de Ishikawa O Diagrama de Ishikawa foi criado na década de 1940 e carrega o nome de seu criador, Kaoru Ishikawa. Também conhecido como Diagrama de Espinha de Peixe, Diagrama de Causa-Efeito ou Diagrama 6M, a ferramenta foi criada para mapear e investigar possíveis causas de um problema específico. O diagrama conta, por padrão, com seis categorias principais de causas: materiais, método, mão de obra, matéria-prima, meio ambiente e medida. Cada causa identificada pode ser desdobrada em subcausas e as categorias podem ser flexibilizadas e renomeadas, dependendo da profundidade da análise e complexidade do problema (CESAR, 2011). A Figura 4 mostra a estrutura do diagrama. Figura 4 – Diagrama de Ishikawa Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diagrama-de-Ishikawa.png. Acesso em: 25 abril 2022. 3.4 Folha de Verificação A Folha de Verificação consiste em um formato padronizado, que permite o lançamento do número de ocorrências de determinado evento em categorias pré-definidas, como, por exemplo, um modo de falha em uma linha de produtos. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diagrama-de-Ishikawa.png 14 Folhas de verificação podem ser disponibilizadas e apresentadas como documentos de apoio à produção ou até mesmo quadros na fábrica. As informações levantadas, por meio da ferramenta, servem como base para tratamentos estatísticos e gráficos de ferramentas, como o Histograma e Gráfico de Dispersão (JAWARE et al, 2018). A Figura 5 mostra um exemplo da folha de verificação. Figura 5 – Folha de Verificação Fonte: elaborada pelo autor. 3.5 Histograma O Histograma foi inventado ano de 1833, por André Michel Gerry, estatístico francês, para uma finalidade bem particular: estudo de ocorrências criminais em Paris. A ferramenta, que utiliza gráficos de barras para representar a distribuição de frequências de eventos ou fatores, é amplamente utilizada para resumir graficamente grandes conjuntos de dados, mostrar os desvios e variações frente a uma medida central (BRASSARD, 1988). O gráfico é composto por dois eixos, apresentando a distribuição das amostras e a frequência de cada uma, conforme exemplo apresentado abaixo. 15 Figura 6 – Histograma Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cumulative_vs_normal_histogram.svg. Acesso em: 25 abril 2022. 3.6 Diagrama de Dispersão O Diagrama de Dispersão foi descrito, inicialmente, pelo matemático e estatístico inglês Francis Galton, em meados do século XIX. A ferramenta é utilizada para verificar a existência de correlação entre variáveis distintas, como renda bruta e porcentagem de gastos com saúde, como mostra o exemplo da Figura 7. As correlações podem ser apresentadas como diretamente proporcional (correlação positiva) ou inversamente proporcional (correlação negativa). Além do sentido, as correlações podem ser fracas, fortes ou perfeitas, dependendo da proximidade entre os pontos. O gráfico, representado na Figura 7, mostra o exemplo de uma correlação: negativa, linha com tendência para baixo, ou seja, quanto maior a renda mensal, menor a porcentagem gasta com saúde; e forte, pois os pontos estão próximos, o que significa que as amostras possuem comportamento semelhante. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cumulative_vs_normal_histogram.svg 16 Figura 7 – Diagrama de Dispersão Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Renda_x_Gastos_em_sa%C3%BAde.svg. Acesso em: 25 abril 2022. 3.7 Diagrama de Pareto O diagrama de Pareto leva o nome de seu criador, Vilfredo Pareto, economista italiano que desenvolveu o método para mostrar graficamente a desigualdade da distribuição de renda entre a população no século XIX. Segundo seus estudos, 80% das riquezas disponíveis na época estavam acumuladas com apenas 20% da população. Visualizando as possibilidades de aplicação dessa regra 80/20 na qualidade, Juran estabeleceu que a aplicação dos esforços em 20% das ocorrências mais frequentes de defeitos poderia resultar na solução de 80% dos problemas. O diagrama de Pareto se apresenta, então, como a forma gráfica de identificar esses 20% dos fatores com 80% de impacto, combinando as ocorrências representadas por meio de barras em um eixo, e uma curva com a representatividade percentual acumulada em outro eixo, como mostra a Figura 8. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Renda_x_Gastos_em_sa%C3%BAde.svg 17 Figura 8 – Diagrama de Pareto Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pareto_Chart_example.png.Acesso em: 25 abril 2022. Aliado a outras ferramentas como a folha de verificação, por exemplo, o diagrama de Pareto pode ser usado como uma das principais formas de se iniciar trabalhos de melhoria. Nota-se que, além das possibilidades individuais de cada ferramenta, também é possível utilizá-las de forma combinada. A aplicação prática e aprofundada de cada uma delas, bem como sua utilização de forma combinada serão assuntos dos próximos temas desta disciplina. Referências BRASSARD, M. The Memory Jogger: a Pocket Guide of Tools for Continuous Improvement. Methuen, MA, EUA: GOAL/QPC, 1988. CAMARGO, W. Controle da Qualidade Total.. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 2011. CAMPOS, V. F. TQC–Controle da Qualidade Total no estilo japonês. Belo Horizonte: Falconi, 2014. CESAR, F.I.G. Ferramentas Básicas da Qualidade., 1. ed. São Paulo: Biblioteca 24 horas 2011. JAWARE, A. et al. Seven quality tools a review. Int. Res. J. Eng. Technollogy, v. 5, n. 5, p. 2796-2798, 2018. SASHKIN, M.; KISER, K. J. Gestão da Qualidade Total na prática: o que é TQM, como usá-la e como sustentá-la a longo prazo. Recife: Campus, 1994. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pareto_Chart_example.png 18 Aplicação das Ferramentas da Qualidade Autoria: Danilo Albertini da Silva Leitura crítica: Ana Paula Fernandes Koeke Objetivos • Entender em quais situações e para quais objetivos se utilizam as ferramentas da Qualidade. • Apresentar exemplos práticos da utilização de ferramentas da qualidade. • Compreender a metodologia de aplicação das ferramentas da qualidade. 19 1. Aplicação das ferramentas da Qualidade As ferramentas da Qualidade foram elaboradas com o intuito de viabilizar uma série de atividades, desde a identificação e correção de falhas até o mapeamento e análise estatística de processos. Conhecer como essas ferramentas são aplicadas é um passo que não pode ser negligenciado quando se pretende gerenciar processos, afinal, como definido por Deming (apud BRASSARD, 1988), só se pode controlar e melhorar aquilo que se pode mensurar. Autores como Brassard (1988) e Cesar (2011) resumem as principais ferramentas: Figura 1 – Ferramentas da Qualidade Fonte: elaborada pelo autor. Cada uma das ferramentas tem suas aplicações próprias e seu método de utilização, como apresentado na sequência. 1.1 Fluxograma Os fluxogramas são diagramas utilizados para descrever, estudar, documentar e comunicar processos complexos utilizando formas fáceis de entender representadas sob a forma de um fluxo. É amplamente utilizado em diversas áreas, desde a elaboração de softwares até a prestação de serviços, sendo ideal que seja elaborado na etapa de planejamento de novos projetos e mapeamento de processos já existentes. 20 Como resumido por Ensmenger (2016), existem muitas representações diferentes, mas a simbologia mais comum contém a representação do início ao fim do processo produtivo, percorrendo os processos, a decisão e o sentido da linha de produção, conforme pode ser observado na Figura 2. Figura 2 – Símbolos do fluxograma Fonte: elaborada pelo autor. A construção do fluxograma começa pela representação da atividade inicial do processo, em que o nome de cada atividade ou etapa do processo deve constar dentro de cada bloco. O processo deve seguir um fluxo contínuo, cujo sentido é mostrado pelas setas direcionais apresentadas ao longo do fluxograma. As etapas de decisão devem ser dispostas de forma específica, conforme pode ser observado na Figura 3, pois, nessa etapa a linha produtiva, pode possuir caminhos e/ou fluxos diferentes para cada resposta e/ou possibilidade que se deseja obter. A Figura 3 apresenta um exemplo da representação de um fluxograma, onde a etapa de inspeção é também uma etapa de decisão. Figura 3 – Fluxograma de processo produtivo com inspeção Fonte: elaborada pelo autor. 21 1.2 Cartas de Controle A Carta de Controle é um gráfico para acompanhamento das variações e desvios que ocorrem durante a execução de processos. É utilizado, normalmente, em processo fabris seriados e é necessário para aferição da estabilidade dos processos e identificação de falhas (CESAR, 2011). O gráfico é construído por uma linha central, composta pela especificação nominal e limites inferiores e superiores definidos com base nas especificações, como mostra a Figura 4. Os pontos encontrados ao longo do processo são registrados na carta, gerando uma visualização gráfica que permite ver com facilidade os desvios do processo em relação ao desejado. Pode-se citar, como exemplo, a seguinte situação: considere que temos um parafuso cuja medida de comprimento no projeto seja de 10mm, havendo uma tolerância de mais ou menos 1mm de comprimento. Ao elaborarmos a presente carta, o centro da especificação (linha central) fica definido como 10mm (tamanho ideal do parafuso), enquanto a linha superior fica estabelecida em 11mm (variação de 1mm para mais), e a linha inferior passa a ser de 9 mm (variação de 1mm para menos). Durante um turno de produção foram colhidas amostras com intervalos de uma hora e foram medidos os dados expressos no Quadro 1: Quadro 1 – Medidas apuradas para elaboração da carta de controle Hora Amostra Medida Hora Amostra Medida 06:00 Peça 1 10,5 11:00 Peça 6 11,8 07:00 Peça 2 10,3 12:00 Peça 7 9,8 08:00 Peça 3 10,2 13:00 Peça 8 9,6 09:00 Peça 4 10,4 14:00 Peça 9 9,9 10:00 Peça 5 10,7 Fonte: elaborado pelo autor. 22 Analisando os pontos plotados na carta de controle da Figura 4, a partir dos dados do Quadro 1, é possível analisar os desvios e a hora em que foram identificados os erros durante a linha de produção. Sendo assim, é possível observar que, às onze horas, ocorreu um desvio acima do limite superior tolerado, o que facilita a localização e neutralização da falha. Figura 4 – Carta de Controle Fonte: elaborada pelo autor. 1.3 Diagrama de Ishikawa O Diagrama de Ishikawa é utilizado para mapear e identificar possíveis causas para um problema previamente identificado (CESAR, 2011). Para a construção prática, o primeiro passo consiste em descrever o problema na cabeça do peixe do diagrama e, depois, por meio de técnicas como o brainstorm (chuva de ideias) escrever as possíveis causas dentro de cada categoria dos 6M’s: máquina, método, mão de obra, material, meio ambiente e medida. Vamos para outro exemplo prático? Considere a investigação da ocorrência de muitos produtos com defeito em uma linha de produção. A equipe responsável pela elaboração do diagrama, analisa cada um dos 6M, identificando possíveis causas para determinada falha. Posteriormente, as causas identificadas no diagrama devem ser 23 analisadas utilizando técnicas para resolução de problemas. A Figura 5 mostra o diagrama construído durante a investigação do caso proposto acima. Figura 5 – Diagrama de Ishikawa Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Diagrama_de_causa_e_ efeito_-_Ishikawa_-_6M.gif. Acesso em: 25 abril 2022. 1.4 Folha de Verificação A Folha de Verificação consiste em um formato padronizado, que permite o lançamento do número de ocorrências de determinado evento, em categorias pré-definidas, como um modo de falha em uma linha de produtos, por exemplo (JAWARE et al., 2018). Tem como objetivo facilitar a coleta e apontamento de dados e é considerada, normalmente, como a primeira ferramenta para observação de erros, uma vez que é muito simples de ser implementada e utilizada. Sua construção parte do resumo dos possíveis modos de falhas a serem encontrados em determinado processo. Essa síntese deve ser feita pelo time de qualidade em conjunto com a produção, mapeando, assim, todas as possíveis falhas encontradas. Posteriormente, os responsáveis pela alimentação dos dados devem ser treinados para instrução sobre o preenchimento correto. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Diagrama_de_causa_e_efeito_-_Ishikawa_-_6M.gif https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2a/Diagrama_de_causa_e_efeito_-_Ishikawa_-_6M.gif24 Exemplo: considere um produto que possua duas características mensuráveis, sendo a primeira o diâmetro do produto e a segunda, o comprimento. Um calibrador passa não passa (dispositivo Poka-yoke que possui geometria equivalente aos limites da especificação do produto) foi desenvolvido para facilitar a inspeção e identificação dos possíveis modos de falha. A ficha de verificação foi construída contemplando cada um deles e os apontamentos são reportados, como mostra a Figura 6. Figura 6 – Folha de Verificação Fonte: elaborada pelo autor. 1.5 Histograma O Histograma é um gráfico de barras com dois eixos, representado pelo grupo amostral no eixo horizontal e frequência no eixo vertical. É utilizado para representar a distribuição de frequências de eventos ou fatores, sendo capaz de resumir graficamente grandes conjuntos de dados, assim como mostrar os desvios e variações frente a uma medida central (BRASSARD, 1988). Para sua construção, geralmente, são utilizados softwares como o Microsoft Excel ou o Minitab, para processamento de bases de dados previamente levantadas. A construção via software será conduzida com mais detalhes ao longo do tema 4 desta disciplina. Neste exemplo, foram aferidos os diâmetros de 200 unidades de parafusos, utilizando uma carta de controle. A Figura 7 representa o histograma criado com a distribuição das frequências por faixas de diâmetro encontrado ao longo da análise realizada. Podemos perceber que a maior parte das amostras 25 se concentra entre as medidas de 10,44 mm e 10,70 mm (56 peças encontradas nessa faixa). A partir do gráfico, são avaliados parâmetros estatísticos como centralidade, amplitude e simetria dos dados para que ações corretivas ou de melhoria sejam tomadas. Figura 7 – Histograma de medição de parafusos Fonte: elaborada pelo autor. 1.6 Diagrama de Dispersão O Diagrama de Dispersão é um gráfico que utiliza coordenadas cartesianas XY para representação simultânea de duas variáveis quantitativas distintas. A ferramenta é utilizada para verificar a existência de correlação entre as duas variáveis comparadas. As correlações podem ser apresentadas como diretamente proporcional (correlação positiva) ou inversamente proporcional (correlação negativa). Além do sentido, as correlações podem ser fracas, fortes ou perfeitas, dependendo da proximidade entre os pontos (CAMPOS, 2014). Para sua construção, normalmente, se utilizam softwares como o Microsoft Excel ou o Minitab, para processamento de bases de dados previamente levantadas. Como exemplo, considere a aplicação de um produtor de frutas que deseja avaliar a correlação entre o número das frutas por árvore e o peso de cada uma. Para tanto, os dados foram coletados e resumidos no 26 gráfico expresso na Figura 8. O gráfico mostra o peso em gramas no eixo vertical e a quantidade de frutas por árvore, no horizontal. Nesse exemplo, com a utilização do diagrama, é possível notar que quanto maior o número de frutas por árvore, menor o peso de cada fruta (correlação negativa). Figura 8 – Diagrama de Dispersão Fonte: elaborada pelo autor. 1.7 Diagrama de Pareto O diagrama de Pareto é um gráfico que combina barras (número de ocorrências de um determinado evento ou fator) com uma linha que representa a frequência acumulada (soma das ocorrências medidas pelas barras). O objetivo é identificar os eventos mais importantes, utilizando a métrica 80/20, e, a partir desse contexto, focar os esforços para resolução dos problemas de forma mais eficiente e efetiva (CAMARGO, 2011). Considere uma empresa fabricante de produtos alimentícios que tem recebido diversas reclamações por parte do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e precisa identificar quais serão as frentes priorizadas para direcionar os recursos e evitar a perda de vendas. 27 O processo consiste em organizar as ocorrências em bases de dados (utilizando as folhas de verificação, por exemplo) e elaborar a curva. Para sua construção, normalmente, se utilizam softwares como o Microsoft Excel ou o Minitab. Para elucidar o presente exemplo, a Figura 9 mostra que o principal problema está nas embalagens danificadas, seguido por produtos com quantidade discrepantes das propostas ao consumidor. Com esses resultados, podemos entender que centralizar os esforços na linha de embalagens trará resultados positivos para até 80% das reclamações mais frequentes. Figura 9 – Diagrama de Pareto Fonte: elaborada pelo autor. Como mostrado nesta leitura, as ferramentas são muito versáteis. A combinação das ferramentas em pares, como a folha de verificação e o Diagrama de Pareto, por exemplo, é apenas uma demonstração de como sua combinação pode se tornar um recurso poderoso, tanto na resolução de problemas quanto na melhoria contínua. Referências BRASSARD, M. The Memory Jogger: a Pocket Guide of Tools for Continuous Improvement. Methuen, MA, EUA: GOAL/QPC, 1988. 28 CAMARGO, W. Controle da Qualidade Total.. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 2011. CAMPOS, V. F. TQC–Controle da Qualidade Total no estilo japonês. Belo Horizonte: Falconi, 2014. CESAR, F.I.G. Ferramentas básicas da Qualidade.: 1. ed. São Paulo: Biblioteca 24 horas, 2011. ENSMENGER, N. The multiple meanings of a flowchart. Information & Culture, v. 51, n. 3, p. 321-351, 2016. JAWARE, A. et al. Seven quality tools a review. Int. Res. J. Eng. Technology, v. 5, n. 5, p. 2796-2798, 2018. 29 Métodos de resolução de problemas Autoria: Danilo Albertini da Silva Leitura crítica: Ana Paula Fernandes Koeke Objetivos • Entender o que são métodos para resolução de problemas. • Compreender a origem, objetivo e a metodologia de aplicação do 8D. • Identificar possibilidades de aplicação das ferramentas da qualidade nos métodos de resolução de problemas. 30 1. Métodos de resolução de problemas O domínio sobre os temas relacionados à gestão da qualidade é essencial para o exercício de funções de nível tático e estratégico, tanto nos setores de produção quanto na prestação de serviço. Conhecer as ferramentas da qualidade e suas aplicações é o primeiro passo e requisito fundamental, mas saber como podemos utilizá-las de forma associadas e focada na resolução de problemas é um importante fator de diferenciação no mercado. Os conjuntos compostos por ferramentas da qualidade atreladas a estratégias focadas em correções de falhas são chamados de métodos para resolução de problemas (VARGAS, 2017). As metodologias para resolução de problemas surgiram como uma forma de consolidar as ferramentas já existentes em padrões pré- definidos de utilização. Entre os mais populares na literatura, como relacionam Alexa e Kiss (2016), temos o Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) ou Modos de Falha e Análise de Efeitos e o Método das 8 disciplinas, também conhecido como método 8D. Enquanto o FMEA é utilizado para prever possíveis modos de falhas no sistema produtivo, o método 8D é utilizado para tratar os problemas depois da sua identificação. Considere que após um levantamento feito com folhas de verificação, foi identificado um erro ou modo de falha específico. Nesse caso, o 8D é sugerido como método a ser utilizado para correção e remediação imediata da falha. Dadas as vastas possibilidades de aplicação, a metodologia 8D é utilizada por várias empresas ao redor do mundo com o objetivo de identificar as não conformidades apresentadas ao longo da linha de produção. 31 Entendendo, então, a importância do método, poderemos compreender melhor a sua origem e funcionamento para que possamos estar aptos para aplicá-lo na prática. 1.1 O Método 8D O Método 8D é um conjunto de ferramentas cuja essência é um processo padronizado com ênfase em fatos. O método concentra-se na origem do problema e na determinação de sua causa raiz. Conhecido como Global 8D, o método tem como propósito identificar, corrigir e eliminar problemas ou não conformidades recorrentes, se configurando como umapoderosa ferramenta para melhoria de produtos e processos (BEHRENS et al., 2007). Utilizado, inicialmente, pela Ford Motor Company, teve sua origem em 1987, como Team-Oriented Problem Solving Manual, ou método TOPS 8D, e veio ao encontro das indústrias automotivas com intuito de encontrar uma forma eficaz de eliminar problemas recorrentes (KRAJNC, 2012). Após ter se consagrado pelos resultados positivos no segmento, o método 8D se popularizou como uma abordagem abrangente e estruturada para a resolução de problemas. Seus principais benefícios para a linha de produção são os seguintes: • Identificação rápida das causas raiz e aplicação de ações corretivas permanentes. • Prevenção de reincidência. • Melhoria de processos por conta das ações de abrangências. • Aprendizagem por meio de informações compartilhadas para serem reutilizadas e auxílio na implantação da cultura de qualidade. 32 A Figura 1 resume os passos necessários para a implementação da ferramenta em determinada linha de produção. Figura 1 – Passo a passo do Método 8D Fonte: elaborada pelo autor. Nos próximos tópicos, serão detalhados os procedimentos a serem utilizados em cada passo. 1.2 Passo a passo para elaboração Como o próprio nome sugere, o método 8D é constituído por oito passos que serão explicados ao longo do presente tópico. D1 – Introdução e construção da equipe: A primeira etapa do trabalho é a definição do time encarregado da condução da investigação. É considerado fator de sucesso que pelo menos uma pessoa de cada área envolvida no problema esteja participando da investigação. 33 Isso significa que se for um problema com uma peça específica, o engenheiro responsável pelo seu projeto deve participar. Caso seja um problema de produção, o supervisor da área e o operador devem estar envolvidos. Não é adequado ou eficiente que o 8D seja conduzido estritamente pela equipe da qualidade, sem a participação dos demais envolvidos na produção de determinado produto. Figura 2 – Sugestão de formulário para definição de time Fonte: elaborada pelo autor. D2 – Descrição da falha: Após a escolha do time, as informações referentes ao problema encontrado devem ser coletadas utilizando o maior nível de detalhamento possível. A falha deve ser descrita com precisão, utilizando, por exemplo, fotos e um resumo das especificações esperadas versus especificações encontradas. É imprescindível que a coleta das evidências seja baseada em fatos e que traga dados, como o lote, a quantidade de peças não conformes, a origem e a representatividade do erro dentro do lote de produção. A Figura 3 raz uma sugestão de formulário para apontamento da falha. 34 Figura 3 – Sugestão de formulário para descrição da falha Fonte: elaborada pelo autor. D3 – Definição da ação de contenção: Após descrever e evidenciar os problemas mapeados, é hora de iniciar as ações propriamente ditas. As ações de contenção visam minimizar os impactos do problema enquanto a solução definitiva está em desenvolvimento. Essas ações são importantes quando as falhas impactam na qualidade, segurança dos produtos ou serviços que estejam sendo afetados pelas não conformidades. Além das ações de contenção, são indicadas inspeções mais aprofundadas com critérios pré-estabelecidos para investigação da extensão das falhas com maior nível de detalhe. Recomenda-se que os lotes afetados pela não conformidade tenham seus planos de amostragem suspensos e sejam cem por cento inspecionados. 35 A Figura 4 traz uma proposta de formulário que pode ser utilizada para o registro dos critérios e resultado da inspeção e das ações de contenção a serem tomadas. Figura 4 – Sugestão de formulário para definição das ações de contenção Fonte: elaborada pelo autor. D4 – Análise de causa raiz: Após a tomada das ações de contenção, inicia-se a fase de investigação da origem do problema. Nesse momento, sugere-se realizar uma reunião com o time de resolução do problema e levantar todas as possíveis causas que podem ter interferido na não conformidade do produto acabado. A ferramenta utilizada para essa análise é o Diagrama de Ishikawa. Nesta etapa, não devem ser feitas verificações no processo para saber se as possíveis causas são pertinentes, pois todas as possibilidades devem ser levantadas hipoteticamente e preenchidas neste diagrama. 36 Após levantadas as possibilidades, uma verificação no processo deverá ser realizada para verificar quais delas realmente podem ter ocorrido. Nesta etapa, a indicação é utilizar a ferramenta dos 5 Porquês para encontrar a causa raiz do problema. Esse método é amplamente utilizado para investigação aprofundada das causas. Nessa ferramenta, devem ser questionados cinco vezes seguidas o porquê de cada causa para, enfim, se conhecer a raiz de cada uma. A Figura 5 traz uma sugestão de formulário para análise da causa raiz, utilizando o Diagrama de Ishikawa e os 5 Porquês. Figura 5 – Sugestão de formulário para análise de causa raiz Fonte: elaborada pelo autor. 37 D5 – Planejamento de ação de correção: As causas raízes, ou seja, as causas que realmente geraram a não conformidade, são os últimos porquês de cada possível causa levada ao 5 Porquês. Após essa determinação, feita pela equipe do projeto, é possível eleger as ações de correção efetivas a longo prazo. Podem ser escolhidas e tomadas mais de uma ação, mas é fundamental que se mantenha a diligência de acompanhamento dos prazos, atribuindo responsáveis e datas para monitoramento de cada ação. Figura 6 – Sugestão de formulário para análise de causa raiz Fonte: elaborada pelo autor. D6 – Implantação de ação corretiva e verificação de eficácia: Após o planejamento das ações, é o momento de implantar e acompanhar cada uma delas. É fundamental que todo o time e a liderança das áreas envolvidas estejam empenhados na execução, uma vez que, normalmente, as ações adotadas são interdisciplinares. Indicadores podem ser dimensionados para o acompanhamento da eficácia de cada ação e, dessa forma, se torna possível mensurar a evolução de cada processo. 38 Caso a ação tomada não tenha alcançado o objetivo na resolução do problema, sugere-se que retorne ao passo D4 para nova investigação da causa raiz. Esse passo pode ser refeito quantas vezes forem necessárias, mas a assertividade do passo D4 é imprescindível para minimizar o número de repetições. A Figura 7 mostra um exemplo de formulário para acompanhamento e verificação de eficácia das ações, contendo a descrição da ação, o responsável, a data da implementação, uma coluna de resposta binária (sim ou não) para registro de eficácia e resultado da ação. Figura 7 – Sugestão de formulário para verificação de eficácia Fonte: elaborada pelo autor. D7 – Abrangência e tomada de ações preventivas: Após verificada a eficácia, é importante analisar a abrangência e replicar as mesmas ações nos produtos e processos similares que podem apresentar a mesma não conformidade e não foram contemplados no plano de ação anterior. É comum que, após a resolução do problema, as próximas etapas do plano (D7 e D8) sejam proteladas, mas melhorias reais apenas ocorrem quando as lições aprendidas são aplicadas em outras áreas para prevenção de problemas futuros. Podem ser tomadas ações como atualização do processo de inspeção ou auditoria nas áreas relacionadas à falh,a ou mesmo a introdução de 39 dispositivos Poka-yoke, ou antifalha, em processo de alto risco. A Figura 8 traz o exemplo de um formulário para registro e acompanhamento de ações de abrangência. Figura 8 – Sugestão de formulário para registro de ações de abrangência Fonte: elaborada pelo autor. D8 – Discussões finais, encerramento e gratificação: Nessa etapa, as discussões sobre as ponderações finais do trabalho são feitas pela equipe e o encerramento do 8D é formalizado. Elaborar um breve resumo é indicado antes de arquivar o processo. Também é importante que o processo seja revisado na íntegra parachecar se alguma ação ainda ficou em aberto, como mostrado no campo inferior da Figura 9. Figura 9 – Sugestão de formulário para finalização do 8D Fonte: elaborada pelo autor. 40 Após a finalização do trabalho, um passo para a consolidação de uma cultura de qualidade é o reconhecimento da equipe, seja com bonificações, oportunidades, ou até mesmo com moções de agradecimento nas reuniões e murais de comunicação interna. Como mostrado nesta leitura, a combinação das ferramentas pode resultar em recursos poderosos, como o método 8D. Entender esses métodos e conhecer como aplicá-los de forma efetiva é fundamental para que se possa obter ganhos reais de qualidade e produtividade, afinal, a resolução de problemas é parte do cotidiano de todos os segmentos de trabalho. Referências ALEXA, V., KISS, I. Complaint analysis using 8D method within the companies in the field of automotive. Analecta Technica Szegedinensia, v. 10, n. 1, p. 16-21, 2016. BEHRENS, B.; WILDE, I.; HOFFMANN, M. Complaint management using the extended 8D-method along the automotive supply chain. Production Engineering, v. 1, n. 1, p. 91-95, [s. l.], 2007. KRAJNC, M. With 8D method to excellent quality. Journal of Universal Excellence, v. 3, n. 10, p. 118-129. Reino Unido, 2012. VARGAS, D. L. Resolução de problemas utilizando a metodologia 8D: Estudo de caso de uma indústria do setor sucroalcooleiro. Anais… IX SIMPROD, p. 464-477. Sergipe, 2017. 41 Softwares e Ferramentas da Qualidade Autoria: Danilo Albertini da Silva Leitura crítica: Ana Paula Fernandes Koeke Objetivos • Entender quais ferramentas da qualidade podem ser utilizadas em conjunto com softwares. • Apresentar exemplos práticos da utilização softwares para aplicação das ferramentas da qualidade. • Compreender a metodologia de aplicação das ferramentas da qualidade. 42 1. Softwares para aplicação de ferramentas As ferramentas da qualidade possuem uma diversidade de aplicações distintas e, para algumas delas, é necessário trabalhar com grandes volumes de dados (CAMARGO, 2011). O tempo de consolidação e processamento desses dados pode ser considerado como uma variável importante, principalmente, quando se trata da resolução de problemas, afinal, quanto mais rápido for o diagnóstico e tratativa dos problemas, menor é a extensão dos danos e retrabalhos necessários (BASS, 2007). É nesse ponto que entra a utilização dos softwares como assistência computacional na aplicação das ferramentas da qualidade. Existe, no mercado, uma série de programas que cumprem essa função e entre os mais conhecidos, estão o Excel e o Minitab (MATHEWS, 2005). Utilizados mundialmente, esses softwares possuem grande leque de aplicações e, por conta de sua versatilidade, são empregados em diversas áreas. Além desses programas, existem ferramentas gratuitas similares, como o Google Sheets, ferramenta do Google que roda nativamente no navegador e dispensa instalações adicionais, o LibreOffice, desenvolvido, inicialmente, para plataforma Linux, mas já disponível para Windows e Mac OS, ou o OnlyOffice, também gratuito e com versões para desktop e navegador. Nesse tópico, serão apresentadas indicações de software de apoio para execução de cada uma das ferramentas da qualidade com uma abordagem dirigida, considerando que as opções apresentadas não esgotam as possibilidades de aplicação existentes no mercado. 43 1.1 Fluxograma Os fluxogramas não apresentam cálculos em sua execução e, tampouco, trabalham com grandes bases de dados, mas nem por isso podem ser ignoradas as possibilidades de utilização de softwares para auxílio em sua elaboração. Considerando que os fluxogramas representam processos, por meio de símbolos pré-definidos, programas que já possuem padrões de formas podem ser grandes aliados nessa tarefa. O Excel dispõe de dois modos para criação de fluxogramas, como mostra a Figura 1. O primeiro é a partir da inserção manual das formas e setas, seguindo o caminho Inserir/Formas. Nesse caso, é necessário dimensionar, nomear e ligar as formas manualmente. O segundo, consiste na utilização do recurso SmartArt para criação automática das formas e conexões, a partir da digitação dos nomes dos processos. A limitação, nesse caso, se dá pelos modelos disponíveis com personalização reduzida, mas, ainda assim, útil para expressar fluxos simplificados. Figura 1 – Modos de elaboração de fluxograma no Excel Fonte: adaptada de Microsoft Excel. 44 Além do Excel, existem ferramentas on-line, como a LucidChart e Infograph, que disponibilizam, por meio do navegador, opções gratuitas para a elaboração de fluxogramas. Adicionalmente, é ideal que os fluxogramas, dentro de uma mesma organização, obedeçam a um padrão de identidade visual, mantendo as proporções e esquemas de cores e, por isso, se deve utilizar uma ferramenta de produção padronizada. 1.2 Cartas de Controle A Carta de Controle é feita em duas etapas, sendo a primeira o levantamento e organização dos dados em formato de tabela e a segunda, a construção do gráfico propriamente dito. Para realizarmos as duas ações, podemos utilizar o Excel ou o Minitab. O Quadro 1 foi utilizado para a construção dos gráficos, tanto no Excel quanto no Minitab. Quadro 1 – Medidas apuradas para elaboração da carta de controle Hora Amostra Medida Hora Amostra Medida 06:00 Peça 1 10,5 11:00 Peça 6 11,8 07:00 Peça 2 10,3 12:00 Peça 7 9,8 08:00 Peça 3 10,2 13:00 Peça 8 9,6 09:00 Peça 4 10,4 14:00 Peça 9 9,9 10:00 Peça 5 10,7 Fonte: elaborado pelo autor. Para o gráfico, adotaremos que os eixos na posição horizontal representam o momento de aferição com intervalos a cada hora, enquanto no eixo da posição vertical serão expressos o centro de especificação (linha central), como 10mm (tamanho ideal), a linha superior fica estabelecida em 11mm (variação de 1mm para mais) e linha inferior passa a ser 9mm (1mm para menos). 45 Para que o gráfico expresse todas as medidas, o caminho mais simples é elaborar o qaudro informando os limites superiores e inferiores a cada ponto, como mostrado na Figura 2. Depois, seleciona-se todo o intervalo e, mantendo a seleção, segue-se o caminho Inserir, Gráfico de Linhas, Linhas com marcadores. Figura 2 – Elaboração da carta de controle no Excel Fonte: adaptada de Microsoft Excel. Finalizada a operação, será exibido um gráfico com as quatro linhas: linha central, limite superior, limite inferior e os respectivos pontos de aferição em cada momento da aferição, como mostra a Figura 3. Depois de gerado, é possível seguir com a formatação dos eixos e das cores das linhas para melhoraria de visibilidade, como mostra também o gráfico à direita da Figura 3. Figura 3 – Carta de controle elaborada pelo Excel Fonte: elaborada pelo autor. 46 No Minitab, a operação é muito semelhante. Transpõe-se para o programa os mesmos dados do Quadro 1. Posteriormente, utiliza- se o caminho “Estat”, Cartas de Controle e Cartas de Variáveis para Subgrupos, para gerar o gráfico da Carta de controle, como mostra a Figura 4. Figura 4 – Caminho para elaboração da carta de controle no Minitab Fonte: elaborada pelo autor. O gráfico gerado pelo Minitab apresenta uma visualização mais limpa, não havendo necessidade de formatações suplementares para melhor visualização. A execução mais detalhada e os gráficos do Minitab serão apresentados diretamente nos slides dessa disciplina. 1.3 Diagrama de Ishikawa Assim como o Fluxograma, o Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta que dispensa a realização de cálculos e a plotagem de gráficos. Nesse caso, pode ser elaborado um template padrão, utilizando as formas do próprio Excel, como mostrado na Figura 1, deixando os campos prontos para o preenchimento das possíveis causas do problema em cada um dos 6M’s. 47 Além das ferramentas do Office, há diversas outras opções de geradores de template on-line, como o LucidChart e Infograph.Venngage, como apresentado na Figura 5 Figura 5 – Template on-line de Diagramade Ishikawa Fonte: https://infograph.venngage.com. Acesso em: 25 abril 2022. 1.4 Folha de Verificação A Folha de Verificação é basicamente um formulário padronizado de apontamento de modos de falhas e levantamento de informações a respeito de um processo sequenciado (JAWARE et al., 2018). Sua elaboração pode ser feita com qualquer software capaz de produzir textos e tabelas organizados, como os presentes nas suítes Microsoft Office, OnlyOffice e LibreOffice. A Figura 6 mostra o exemplo de uma folha de verificação construída a partir do Excel: https://infograph.venngage.com 48 Figura 6 – Folha de Verificação Fonte: elaborada pelo autor. 1.5 Histograma Para construção do histograma, é necessário, inicialmente, utilizar uma tabela para organizar os dados aferidos de todo o grupo amostral. Nesse exemplo, foram aferidos os diâmetros de 200 unidades de parafusos e utilizou-se do Excel para consolidar os dados, organizando- os em duas colunas, sendo: referência da peça e medida aferida. A partir da elaboração da tabela, seleciona-se todo o intervalo de dados e segue- se o caminho Inserir, Gráficos, Histograma. A Figura 7 apresenta a tabela e o caminho para geração do gráfico no Excel. Figura 7 – Caminho para elaboração de Histograma no Excel Fonte: elaborada pelo autor. 49 1.6 Diagrama de dispersão Assim como nas ferramentas anteriores, o primeiro passo para elaboração do Diagrama de Dispersão está na confecção e organização dos dados em tabelas. Para esse exemplo, foram coletados os dados referentes a plantação de um produtor de frutas que deseja avaliar a correlação entre o número das frutas por árvore e o peso de cada uma. O Quadro 2 mostra os dados da maneira como foram organizados, no Excel: Quadro 2 – Medidas apuradas para elaboração da carta de controle Muda Nº de Frutos Peso dos Frutos (gramas) 1 5 42 42 43 43 46 2 6 32 33 35 36 36 37 3 7 31 32 32 32 33 34 35 4 8 25 26 28 28 29 33 35 38 5 9 23 25 28 28 31 32 32 35 37 6 10 20 21 24 26 27 29 29 29 31 35 7 11 18 19 20 22 25 27 28 29 32 32 32 8 12 16 21 23 23 25 24 25 26 26 29 31 34 9 13 13 14 16 19 21 21 22 22 23 23 24 26 27 10 14 13 15 17 19 19 20 21 21 21 23 24 24 26 26 Fonte: elaborado pelo autor. 50 Com a tabela devidamente preenchida, inicia-se a etapa de confecção do gráfico. Diferente dos exemplos anteriores, não basta simplesmente selecionar todo o intervalo e gerar o gráfico. Como os diagramas de dispersão possuem os eixos X e Y com variáveis distintas, é importante verificar se os valores estão sendo destinados corretamente, caso contrário, podem gerar gráficos incorretos. Dessa forma, a construção desse gráfico será detalhada passo a passo na videoaula desse tema. O gráfico resultante das informações da Tabela 2 plotado no Excel está expresso na Figura 8. Figura 8 – Diagrama de Dispersão Fonte: elaborada pelo autor. 1.7 Diagrama de Pareto A elaboração do Diagrama de Pareto deve partir da organização dos dados coletados em uma tabela. Caso a plataforma de execução seja ao Excel, é ideal que os dados sejam sumarizados em categorias, utilizando recursos como a tabela dinâmica ou as funções SOMA-SE ou CONT-SE, como mostra a Figura 9 com os dados do exemplo de investigação de modos de falha: 51 Figura 9 – Organização dos dados no Excel Fonte: elaborada pelo autor. Após a sumarização por categorias, seleciona-se o intervalo que contém os dados resumidos e segue-se o caminho Inserir, Gráfico, Histograma, Pareto, como mostra a Figura 10. A coluna, localizada à esquerda da seleção de valores, será a responsável por nomear os rótulos no eixo horizontal, logo, caso queira utilizar o nome da categoria por extenso, selecione apenas até essa coluna. Figura 10 – Captura da tela para criação do Diagrama de Pareto Fonte: elaborada pelo autor. 52 Como mencionado anteriormente, é importante lembrar que os gráficos podem ser formatados e personalizados conforme necessidade, não se limitando aos exemplos mostrados ao longo deste tema. A versão do Excel, utilizada para elaboração dos gráficos, está disponível no Office 365, podendo apresentar pequenas diferenças quando comparada com versões anteriores do programa. Considerando o Minitab como um software menos conhecido e ligeiramente mais complexo, as instruções contendo o caminho para elaboração das ferramentas Carta de Controle, Histograma, Diagrama de Dispersão e Diagrama de Pareto serão demonstradas com maior nível de detalhe nas videoaulas que compõem este tema. Referências BASS, I. Six sigma statistics with Excel and Minitab. New York: McGraw-Hill, 2007. CAMARGO, W. Controle da Qualidade Total.. Curitiba: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, 2011. JAWARE, A. et al. Seven quality tools a review. Int. Res. J. Eng. Technology, v. 5, n. 5, p. 2796-2798, [s. l.], 2018. MATHEWS, P. G. Design of Experiments with MINITAB. USA: ASQ Quality Press, 2005. 53 Sumário Apresentação da disciplina Introdução às Ferramentas da Qualidade Objetivos 1. Conceitos de Qualidade 2. Gestão da Qualidade 3. Ferramentas da Qualidade Referências Aplicação das Ferramentas da Qualidade Objetivos 1. Aplicação das ferramentas da Qualidade Referências Métodos de resolução de problemas Objetivos 1. Métodos de resolução de problemas Referências Softwares e Ferramentas da Qualidade Objetivos 1. Softwares para aplicação de ferramentas Referências
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