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politicas poblicas 09

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POLÍTICAS PÚBLICAS E 
SOCIAIS
PROF.A JULIANA MOURA DOS SANTOS
REITORIA: 
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
PRÓ-REITORIA:
Profa. Ma. Gisele Colombari Gomes
DIRETORIA DE ENSINO:
Profa. Dra. Gisele Caroline Novakowski
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS:
Diagramação
Revisão textual
Produção audiovisual
Gestão
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 4
1. FEUDALISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA EUROPA E A ERA VARGAS .................................................. 5
1.1 A ERA DE GETÚLIO VARGAS ............................................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................14
BREVE HISTÓRICO DAS 
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS
PROF.A JULIANA MOURA DOS SANTOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS
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INTRODUÇÃO
Para entendermos com mais objetividade a gênese das políticas públicas no Brasil, 
efetuaremos um corte histórico temporal, partindo da economia capitalista – considerando seu 
início por volta do século XV, com o capitalismo mercantil ou comercial (ROLL, 1977) –, com 
o intuito de entendermos e apreendermos o conceito de políticas públicas e sociais, as quais são 
gestadas principalmente em contextos de crise e instabilidade social. 
Para tanto, é necessário acompanhar o nascimento do capitalismo a partir do � nal da 
Idade Média, a qual foi caracterizada pela desagregação do regime feudal. Tal corte se justi� ca 
posto que a situação de desamparo de tais trabalhadores permanecerá na história por muitos 
anos fornecendo um campo de análise para as ciências sociais de uma forma geral, incluindo, 
nesse vasto campo, o estudo de políticas públicas e sociais. 
Abordaremos, além da dissolução do feudalismo, a fase inicial do capitalismo – capitalismo 
liberal, o capitalismo monopolista e a atual fase neoliberal da ordem econômica e social. Veremos 
que, em cada fase, há exploração do trabalhador, expropriação de terras e, consequentemente, 
necessidade de políticas públicas. 
A trajetória das políticas públicas e sociais no Brasil evidencia a construção amalgamada 
entre Estado e sociedade civil, bem como sinaliza a formação de novas relações entre eles, tendo 
como marco a atual Constituição Federal, de 1988.
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1. FEUDALISMO E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA EUROPA E A ERA 
VARGAS 
A base teórica para se entender a problemática das Políticas Públicas e Sociais nos indica 
que devemos partir da ordem econômica conforme o Manifesto do Partido Comunista, publicado 
em 1848, por Marx e Engels. 
Marx nos informa que cada ordem econômica produz relações sociais diferenciadas. A 
ordem econômica é denominada, no marxismo, de modo de produção. Os principais modos de 
produção são: primitivo, antigo, medieval, capitalista, socialista e comunista. 
O marxismo nos indica que a História tem sido a história da luta de classes: na Antiguidade, 
patrícios e plebeus; na Idade Média, senhores feudais e servos; no capitalismo, burguesia e 
trabalhadores. Com o socialismo, classe intermediária entre o capitalismo; e o comunismo, já 
não existem classes dominantes. 
Ainda para o marxismo, os membros das classes dominantes procuram obter o máximo 
de lucro possível. Para tanto, é necessário, por um lado, explorar o trabalho manual por meio 
do aumento da jornada laboral diária e da rapidez no processo de trabalho; por outro lado, pelo 
aumento da produtividade, advindo da inovação tecnológica, além do aumento da oferta de 
trabalhadores, decorrente, por exemplo, da desagregação do feudalismo, o que expulsou milhares 
de trabalhadores dos feudos, criando um estoque de desempregados que Marx denominou de 
exército industrial de reserva (MARX, 1983). 
 Esses desempregados estarão à disposição do sistema (ou seja, dos empregadores) para 
terem sua força de trabalho usada quando necessário ou como uma maneira de ameaça ao indicar 
que sempre haverá alguém desejando seu lugar. 
O elo mais fraco do sistema é o trabalhador. Assim, entende-se aqui que o processo 
histórico do desenvolvimento causa a desigualdade, sempre havendo duas forças oponentes: os 
proprietários dos meios de produção – os patrões –, e os proprietários da força de trabalho – os 
proletários. 
O trabalhador típico, durante toda a Idade Média (os servos da gleba – trabalhadores a 
serviço do senhor feudal), no período da desagregação dos feudos, perdeu a sua ocupação no 
campo, migrando, assim, para o setor urbano das nações que estavam ingressando no capitalismo 
comercial. Via de regra, são as nações da Europa, ainda na fase incipiente da industrialização 
artesanal, que necessitavam de mão-de-obra para ocupar os postos de trabalho nas pequenas 
indústrias do setor urbano (ROLL, 1977). 
Contudo, o número de trabalhadores oriundos dos feudos foi grande, constituindo um 
excedente de mão-de-obra a serviço do capitalismo inicial. Os que não conseguiam empregos 
vagavam pelas ruas das cidades da Europa, especialmente na Inglaterra. Havia falta de tudo para 
sua subsistência: moradia, alimentação, vestimentas, assistência médica etc. 
A jornada de trabalho durava mais de doze horas. Os que conseguiam emprego dormiam 
nas fábricas onde trabalhavam em condições insalubres. Em tal situação, a mortalidade entre 
os trabalhadores era elevada. Mesmo assim, havia um estoque de trabalhadores à disposição do 
capitalismo industrial em ascensão (HEILBRONER, 1992). 
Em tal período, as igrejas, por meio das obras de caridade, prestavam assistência aos 
trabalhadores desamparados pelos estados de então. Na fase mais avançada do capitalismo da 
grande empresa (ou capitalismo monopolista, altamente mecanizado e decorrência da Revolução 
Industrial inglesa), o trabalhador é parcialmente substituído pela máquina, aumentando o que 
Marx denominou de exército industrial de reserva (MARX, 1983). Com isso, o estoque de mão-
de-obra cresceu. 
Nesse período, algumas características de políticas públicas surgem: os sindicatos, já 
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atuando a favor dos trabalhadores, iniciam movimentos que reivindicavam aos empresários 
alimentação, assistência médica e uma formação escolar de caráter técnico que possibilitasse à 
classe operária uma formação pro� ssional e maior aprendizado do processo de trabalho como 
um todo (SMITH, 1983). 
Como foram reivindicações negociadas com os patrões e aceitas pelos governos dos países 
industrializados, vê-se aí um início de políticas públicas. Mas, a partir do capitalismo monopolista, 
as políticas públicas e sociais vão tomando maior vulto na medida em que reivindicações de 
caráter social são incorporadas às negociações entre trabalhadores, patrões e estados. 
No caso brasileiro, as políticas públicas e sociais têm mais efetividade a partir do período 
histórico da Revolução de Trinta, que perdurou de 1930 até 1945, ou seja, durante todo o período 
da Ditadura Vargas. Posteriormente ao governo Vargas, há os períodos da redemocratização (de 
1945 a 1964), dos governos militares (1964 a 1985) e, outra vez, da redemocratização atual. 
Dessa forma, há uma história de políticas públicas e sociais que será resgatada ao longo 
desta disciplina. 
Como foi dito anteriormente, o capitalismo monopolista como forma dominante de 
organização industrial tem efetividade na metade do século XIX nos países industrializados, mas 
com re� exo nos países ainda de base rural, onde predominava o capitalismode características 
comerciais e agrárias, exportadores de produtos essencialmente agrícolas. 
Behring e Boschetti (2011) a� rmam que políticas sociais, como processo social, foram 
criadas a partir da convergência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução 
Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção do Estado e que, não há como 
apontar com exatidão o período especí� co de surgimentos das primeiras ações que possam ser 
reconhecidas como políticas sociais. Contudo, pode-se relacioná-las aos movimentos de massa 
social-democratas e ao estabelecimento dos Estados-nação na Europa ocidental do � nal do 
século XIX e, principalmente, durante o período de transição do capitalismo concorrencial para 
o monopolista, especialmente após a Segunda Guerra Mundial (pós-1945). 
Neste sentido, as autoras citam algumas legislações inglesas, anteriores a 
Revolução Industrial, tais como: Estatuto dos Trabalhadores (1349), Estatuto dos 
Artesãos/Artí� ces (1563), Leis dos Pobres elisabetanas (1531 - 1601), Lei de Domicílio - Settlement 
(1662), Speenhamland Act (1795) e Lei Revisora das Leis dos Pobres ou Nova Lei dos Pobres 
- Poor Law Amendment Act (1834). Essas leis sociais do período pré-capitalista possuíam um 
cunho punitivo, restritivo e convergiam entre a assistência social e o trabalho forçado.
Para entendermos a gênese das políticas públicas e sociais no contexto brasileiro é 
necessário lembrarmos um pouco desta história. 
Segundo Iamamoto (2011), o aparecimento da questão social acontece diretamente 
vinculada a uma época recente (que foi da escravidão), por meio da generalização do trabalho 
livre.
O Brasil, nesse período, era um país predominantemente rural, patriarcal, escravocrata 
e de pouca densidade urbana. Isso signi� ca dizer que o mundo econômico, político e social 
gravitava em torno das fazendas, embora houvesse uma nobreza que procurava se assemelhar à 
nobreza europeia. 
A nobreza brasileira vivia dos impostos cobrados dos proprietários do setor econômico 
mais rentável, composto pela produção e exportação de café. No setor urbano, havia um pequeno 
número de trabalhadores brancos, assalariados, militares e funcionários públicos e, assim como 
no setor rural, uma grande quantidade de negros a serviço da nobreza e dos homens que viviam 
do negócio do café.
Dessa forma, a mão-de-obra predominante no período foi a escrava, que vivia em 
condições degradantes, tanto nas fazendas, quanto no setor urbano. Uma pequena rede bancária 
fazia parte das atividades econômicas do Segundo Império. 
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Fazia-se notar, no período, uma incipiente indústria, conhecida como “indústria de 
fundo de quintal”, fundamentalmente de caráter familiar, que produzia peças de reposição para as 
máquinas de bene� ciamento de café e para geradores de energia destinados à iluminação pública 
(nem sempre possível). 
A sociedade imperial se caracterizava pelo apadrinhamento e compadrio. Os empregos 
eram destinados aos familiares da elite; quase sempre, os preferidos eram indicados pelos 
membros dessa elite, ou seja, apadrinhados pelos afortunados (CALDEIRA, 2017).
Conclui-se ser essa uma sociedade desigual e elitista. Quais os elementos indicativos para 
o surgimento de políticas públicas e sociais no período? 
Como a� rmado anteriormente, a mão-de-obra fundamental para o trabalho no Império 
foi a escrava, que vivia em um estado de miserabilidade, chegando perto da escassez de tal mão 
de-obra devido à perseguição internacional ao trá� co de negros, à alta mortalidade dos escravos 
e à diminuição do tempo útil de vida entre os trabalhadores.
Tais fatos � zeram o estoque dessa mão-de-obra escassear com o passar do tempo, 
encarecendo a substituição desses escravos por novos. A par dessas características mais de 
ordem econômica, outras de ordem social somam-se à primeira. O Império promulgou leis cujo 
objetivo era proteger os escravos, porém, sob pressão internacional, notadamente da Inglaterra 
e de alguns notáveis brasileiros denominados de abolicionistas – homens, em geral, dedicados à 
cultura, como o poeta Castro Alves.
Face a tais acontecimentos, a monarquia brasileira, edita, em 13 de maio de 1888, a 
conhecida Lei Áurea, que abole a escravidão em todo o território nacional. 
A Lei de 13 de maio de 1888 pode ser entendida como uma política pública e social, que 
veio para resolver, primeiramente, um problema de caráter público, e, depois, outro de ordem 
social. A queda nos estoques de escravos ocasionou falta de mão-de-obra para a agricultura (aqui 
um problema público) e a desumanidade com um ser humano, o escravo, tratado como animal e 
sem os mínimos direitos políticos (aqui um problema social). 
Logo após a Lei Áurea, em novembro de 1889, o Império cai. Com a Proclamação da 
República, instala-se a Primeira República, que abrange o período de 1º de novembro de 1889 e 
se estende até outubro de 1930.
Contudo, os historiadores nos informam que houve poucas mudanças. As que aconteceram 
foram mais de caráter administrativo, caracterizadas pela forma de organização republicana: os 
títulos de nobreza não foram mais usados; descentralização administrativa, que concedia mais 
poderes às províncias; reforma parcial dos poderes; extinguiu-se o quarto poder, personi� cado 
na pessoa do imperador; breve mudança no direito, adaptando-se à nova era que se iniciava. 
Na Primeira República, no contexto político, temos o domínio de pequenos grupos, ou 
seja, no âmbito local existe a prática do coronelismo, em que proprietários de terras obrigavam 
seus trabalhadores em quem votar, e no âmbito nacional temos a política do café com leite.
Luna e Klein (2016) a� rmam que houve uma concentração nos Estados do Rio de Janeiro, 
de São Paulo e de Minas Gerais na produção de café, e que essa região teve uma supremacia 
política e econômica indiscutível no Brasil, até o ano de 1930.
No que diz respeito ao contexto econômico, os governantes tinham como foco políticas 
voltadas para bene� ciar principalmente os setores burgueses atrelados à agro-exportação, em 
especial os grandes produtores de café. Desta forma, não havia interesse em atender ou minimizar 
as mazelas enfrentadas pela população, tanto no meio rural quanto urbano.
Mais tarde, na Primeira República (que teve início com a deposição do Imperador e que será 
denominada pelos historiadores de “República Velha” por conter os mesmos vícios do Império, 
quais sejam, as condições econômicas, políticas e sociais vigentes no Império), são reproduzidos 
pela República instalada, a partir de novembro de 1889: os cargos públicos na administração 
republicana foram preenchidos pelas indicações políticas; as eleições, na sua totalidade, eram 
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fraudadas; as políticas econômicas produzidas pelo Estado favoreciam os grandes proprietários 
agrários; os impostos foram abusivos para compensar as perdas decorrentes da queda dos preços 
do café no comércio internacional. 
Por outro lado, a população vivia desamparada pelas autoridades públicas. Os 
trabalhadores, agora livres, não tinham garantias trabalhistas. A jornada de trabalho passava de 
dez horas diárias e, no geral, não possuíam o mínimo necessário para subsistência. 
Neste sentido, Behring e Boschetti (2011) a� rmam que o surgimento da política social 
no Brasil não coincidiu com o momento histórico dos países de capitalismo central, ou seja, 
no século XIX, no Brasil havia a escravidão e, neste contexto, não aconteceu lutas operárias, 
principalmente por meio de organizações e sindicatos. Desta forma, foi apenas no século XX, que 
após o � m da escravidão, com os problemas sociais latentes, principalmente pela di� culdade de 
inserção dos recém libertos no mundo do trabalho, que a questão da política veio à tona, após as 
lutas iniciais do proletariadoe as primeiras normativas neste sentido.
No entanto, as autoras e Iamamoto (2011) apontam para o fato de que, anteriormente, na 
década de 1930, houve algumas iniciativas pontuais e super� ciais de proteção social, diante da 
amplitude do problema social, tais como:
Figura 1 – Iniciativas pontuais e super� ciais de proteção social. Fonte: A autora.
Figura 2 – Iniciativas pontuais e super� ciais de proteção social. Fonte: A autora.
O Estado na Primeira República não foi capaz de implantar respostas efetivas à questão 
social, por meio da implantação de políticas públicas e sociais, ou nem sequer reconheceu a 
existência da questão social. Essa situação é demonstrada por Luna e Klein (2016) na área da 
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educação, que era totalmente negligenciada pelos governos estaduais e federal, uma vez que não 
havia consenso sobre quem tinha a responsabilidade principal em prover o investimento para a 
área. Os autores relatam que, o Censo de 1890, apontava o total de 14,8% das pessoas com idade 
superior a 4 anos de idade sabiam ler e escrever, quantidade essa parecida com os dados obtidos 
no primeiro Censo Imperial de 1872, colocando o Brasil com a taxa de analfabetismo entre as 
mais altas das Américas.
No que diz respeito ao crescimento urbano (populacional), alguns centros urbanos 
cresceram de forma extremamente rápida, conforme pode ser veri� cado na � gura a seguir 
(LUNA; KLEIN, 2016), com destaque para duas cidades que no � nal da década de 1890 tinham a 
seguinte população: Rio de Janeiro, meio milhão, e São Paulo tinha 65 mil habitantes; sendo que, 
em 1920, a primeira alcançou a marca de 1,1 milhão de pessoas, enquanto que a segunda, atingiu 
os 579 mil habitantes.
Figura 3 – População das principais capitais brasileiras. Fonte: Luna e Klein (2016).
Iamamoto (2011) apresenta um pouco desta conjuntura especi� camente no Estado de 
São Paulo, demonstrando que, até a década de 1920, o mercado de trabalho urbano era abastecido 
basicamente por europeus, e que após a década de 1930, esta situação começa a mudar, ou seja, 
brasileiros que migram do campo para os centros urbanos.
Tabela 1 – 1. Migrantes entrados no Estado de São Paulo.
1. Migrantes entrados no Estado de São Paulo:
Anos Estrangeiros Nacionais
1881-1920 1.746.321 67.801
1921-1930 486.249 221.378
1931-1946 183.445 659.762
Fonte: Migração rural-urbana. São Paulo, Secretaria de Agricultura de São Paulo (1951) apud IAMAMOTO (2011).
Neste contexto, a repressão social foi a solução utilizada naquela época para os movimentos 
operários que aconteciam, denunciando as degradantes condições de trabalho e atendimento às 
necessidades básicas de sobrevivência (IAMAMOTO, 2011).
1.1 A Era de Getúlio Vargas
Diante do contexto histórico na qual acontece a derrocada da supremacia cafeeira, no 
� nal da década de 1920 e a crise instalada no comércio internacional em 1929, Getúlio Vargas 
assume o governo de forma provisória para o período de 1930 a 1934, após o movimento civil e 
militar conhecido como Revolução de Trinta.
O pano de fundo da necessária rede� nição da política econômica para continuar 
garantindo a acumulação capitalista, por meio da industrialização, é concomitante com o 
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crescimento expressivo da questão social, bem como a ascensão da organização sindical e 
política do proletariado. Neste sentido, o Estado acaba tomando para si, progressivamente, a 
responsabilidade central de formulação da política social, principalmente por meio de legislação 
sindical e trabalhista, reprimindo intensamente a organização e mobilização dos trabalhadores e, 
ainda dando maior visibilidade ao tema trabalho, ao subordinar a atuação do Conselho Nacional 
do Trabalho, criado em 1925, ao Ministério do Trabalho (sendo instituído por meio dos primeiros 
decretos do Governo Provisório de Getúlio Vargas) (IAMAMOTO, 2011).
Foi no segundo período do governo Vargas, que se estende de 1934 a 1937, que a 
industrialização do Brasil passou a ser política pública do Estado. 
Argumentando que era necessário combater a intentona comunista, Getúlio e as forças 
armadas deram um golpe militar e implantaram uma ditadura que durou de 1937 a 1945. 
A seguir, serão listadas algumas Instituições Assistenciais desenvolvidas a partir do 
Estado Novo (1937):
Figura 4 – Instituições Assistenciais desenvolvidas a partir do Estado Novo (1937) segundo Iamamoto (2011). Fon-
te: A autora.
Getúlio, nesse período (o último de seu governo), teve apoio popular. Retornando ao ano 
de 1942, o governo Vargas elabora um conjunto de leis de apoio aos trabalhadores e de grande 
amparo social, a conhecida Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). A CLT ainda é referência 
legal para as disputas entre patrões e empregados. É um conjunto de políticas públicas e sociais 
de grande relevo para o País. 
No entanto, o governo de Getúlio foi motivado para produzir políticas públicas, porque 
ele almejava apaziguar a relação capital/trabalho, estabelecendo paz entre os empregadores e 
empregados, ou seja, minimizando a luta de classes. Alcançando tal paz, a produtividade do 
trabalhador aumentou, o que foi interessante para o sistema, porque se aumentava a margem de 
lucro. 
Fica evidente que, no período entre 1930 a 1945, o governo federal demonstrou ao 
povo brasileiro uma nova forma de governar, uma força que ainda era desconhecida no cenário 
político, especialmente na � gura do Presidente da República. Neste mesmo período, como citado 
anteriormente, a atenção do Estado brasileiro estava voltada para a questão trabalhista, com isso, 
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o atendimento social aos vulneráveis � cavam sob a responsabilidade especí� ca das entidades 
sociais e das primeiras-damas. Essas entidades � lantrópicas, assistenciais e irmandades religiosas 
executavam atividades geralmente na área da saúde e educação, por meio de recursos � nanceiros 
federais repassados pelo Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS). A � gura do presidente era 
quem decidia o montante de verbas públicas que seriam repassadas. Contudo, a transferências 
desses valores não tinham nenhum critério, planejamento ou diagnóstico que justi� cassem sua 
indicação, ou seja, sem qualquer tipo de participação dos governos estaduais e municipais e nem 
tampouco, do controle social (BRASIL, 2006).
Brasil (2006) a� rma ainda que foi no período de 1946 a 1964, que o governo federal, 
por meio da promulgação da Constituição Federal de 1946, passa por um processo que � cou 
conhecido como redemocratização ou República Populista, ou seja, descentralizou parcialmente 
o poder dando aos governos estaduais uma possibilidade maior de participação na tomada de 
decisões. Neste mesmo período, com base na pressão popular foi garantido o voto universal e 
secreto, e ainda, o Estado se responsabilizou por áreas anteriormente negligenciadas, como a 
educação. Não há como negar que houve um aumento do olhar do governo para a área social, 
em dois grandes contextos, sendo eles: o primeiro foi o atendimento aos pobres por meio das 
instituições � lantrópicas e a isenção de impostos concedidas a elas; o segundo, é o atendimento a 
algumas demandas dos trabalhadores, principalmente por meio do SESI, SENAI e outros órgãos. 
Um destaque que precisa ser feito é que o Estado não tinha, nesta época, a intenção 
de monitorar e avaliar as ações desenvolvidas pelas organizações de caridade, o que não 
acontecia no contexto do trabalhador, na qual sabia exatamente quais os resultados que 
almejava alcançar com seus investimentos. Em outras palavras, garantir que o capital 
tivesse uma grande massa de pessoas com quali� cação pro� ssional, atendendo assim os seus 
interesses de lucro.
A estrutura agrária brasileira caracteriza-se por seu caráterconcentrador de grandes 
propriedades. Apesar da existência das pequenas e médias propriedades, a maioria da população 
não tem acesso à terra. 
Com o processo de modernização acelerado, principalmente a partir das décadas de 1950 
e 1960, a agricultura se converteu, gradativamente, em um setor subordinado à indústria e por 
ela transformada, ocorrendo, assim, a substituição de culturas e a priorização dos maquinários 
em detrimento da mão-de-obra. 
Juntando-se a esses fatores e à ausência de políticas públicas e sociais no campo, esses 
determinantes resultaram num grande êxodo rural no País, invertendo, dentro de quase quatro 
décadas, as populações rural e urbana. 
Esse processo acelerado de urbanização do País, sem modi� cação da estrutura fundiária, 
sacri� cou uma imensa parcela da população rural migrante, que não pôde ser absorvida no 
mercado de trabalho urbano. Acumulou-se nas cidades a imensa população excedente, que 
aprendeu a se defender, recebendo uma minúscula renda gerada no núcleo capitalista, o que 
determinou a conformação de um mercado de trabalho desfavorável aos trabalhadores. 
Nesse período, ocorre uma debilidade do movimento sindical e a ausência de uma política 
salarial, mantendo-se os baixos salários. 
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Figura 5 – Presidente Getúlio Vargas. Fonte: Toca Livros (2021).
Durante o governo de Getúlio Vargas, ele produziu políticas públicas que modernizaram, 
segundo a ótica do governo, tanto o capitalismo nacional quanto as relações trabalhistas. Em 
resumo, as principais características do período Vargas que con� guram políticas públicas e 
sociais foram: a prioridade na política econômica.
Neste período, no Brasil, instalou-se uma política pública e social excludente. Ou seja, 
aos trabalhadores rurais, do mercado informal, aos desempregados, às famílias e às crianças 
pauperizadas caberiam o assistencialismo e a caridade privada. Ao trabalhador com carteira 
assinada caberia o direito aos benefícios instituídos na legislação, como a previdência social. 
Com a Revolução de 1930, o Estado implementou o processo de regulamentação da 
relação capital/trabalho, chamada de cidadania regulada, para designar a forma como os sujeitos 
sociais foram considerados cidadãos e passaram a ter direito aos benefícios do Estado, restritos às 
pro� ssões regulamentadas por lei, ao criar a CLT. A introdução da política social teve a � nalidade 
de abrandar a crise de participação existente e, ao mesmo tempo, desenvolver o modo de se fazer 
política, qual seja, a cultura do pelego, do favor, de sindicatos burocráticos e tutelados.
Se não fossem as lutas e pressões dos movimentos sociais e sindicais, muitas das conquistas 
materializadas nas políticas públicas não teriam sido efetivadas.
O Welfare State, constituído nos países capitalistas centrais no período do pós-guerra, 
desenvolveu um modelo de proteção social que garantiu a todo cidadão a oportunidade de acesso 
a alguns serviços e aos mínimos sociais. 
Esse sistema vigorou no Brasil completamente precário, ou podemos dizer que nem 
chegou a ser implantado, de tal forma que é possível a� rmar a implementação de Estado de 
bem-estar social ocupacional, ou seja, no Brasil, as condições de reprodução social foram 
seletivamente estendidas a estratos ocupacionais a partir de sua importância econômica ou grau 
de organização. 
Assim, as relações de direitos universais foram substituídas pelos direitos contratuais, 
e a combinação entre repressão e assistência evidenciou formas diferenciadas para tratar das 
desigualdades sociais.
 A ideologia neoliberal vem devastando as conquistas sociais neste � nal de século, 
promovendo a substituição dos poucos direitos de cidadania pelos de e� ciência e produtividade, 
num processo que obstrui, cada vez mais, a universalização dos direitos e amplia a segmentação 
dos grupos e das classes sociais.
A pobreza contemporânea tem sido percebida como um fenômeno que atinge não só os 
segmentos da população considerados indigentes, subnutridos e analfabetos, mas também outros 
segmentos que não conseguem se inserir no mercado de trabalho, ou seja, pessoas expulsas desse 
mercado. 
No período do regime liberal-democrático vigente no Brasil de 1951 a 1964, a política 
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social se caracterizou pelo controle da política, constituindo uma estratégia de mobilização e 
de controle das populações empobrecidas. Já no período da ditadura militar, a política social se 
caracterizou como política de controle, constituindo-se na eliminação da política, numa negação 
do ato de poder e de politização (VIEIRA, 1995). 
As estratégias básicas mantidas pelo Estado para o enfrentamento da pobreza foram o 
uso de um regime autoritário e excludente e a implementação de políticas sociais calcadas no 
modelo assistencial. 
Segundo Iamamoto (2011), é neste contexto apresentado anteriormente, de 
mudança na forma de fazer a política nacional, da fi gura do Presidente da República, 
das iniciativas do poder público em ofertar políticas públicas e sociais, entre 
outros fatores, que surgem e se desenvolvem as grandes entidades assistenciais, 
bem como o processo de legitimação e institucionalização do Serviço Social. 
O assistente social surgirá neste contexto como uma categoria profi ssional 
assalariada, que executará as políticas sociais do Estado, por meio das entidades 
sociais e assistenciais.
Por que Getúlio Vargas, que foi Ministro da Fazenda do Presidente Washington 
Luiz, rompe com ele e o derruba do poder, assumindo a Presidência da República?
O desenvolvimento econômico com base na economia cafeeira já havia se 
esgotado na medida em que a renda gerada pela produção e comércio do café 
não correspondia às exigências de um capitalismo mais moderno. No entanto, 
sabia-se que o Presidente Washington Luiz era um político ligado ao setor agrário; 
por outro lado, Getúlio foi um homem ligado à modernização industrial e desejava 
inserir o Brasil no sistema industrial, considerado a mais moderna forma de 
desenvolvimento.
Para melhor entendimento dos mecanismos de políticas públicas e sociais no 
contexto do Serviço Social, consultar a obra: 
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. 9. ed. São 
Paulo: Cortez, 2011. 
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O que foi a Revolução de 1930? Disponível em: https://youtu.be/
z2KlN_kUWaE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Desde o início do capitalismo, há problemas sociais que atingem, em sua maioria, a 
classe trabalhadora, que, por sua vez, para adquirir algum direito e/ou condição mínima de 
sobrevivência, vê na reivindicação coletiva uma saída.
Pelo mundo, em alguns países capitalistas, as políticas sociais surgiram no século XIX, 
enquanto que no Brasil, ela surgiu após a abolição da escravidão, no século XX.
Até o ano de 1930, houve algumas iniciativas pontuais e rasas que foram desenvolvidas no 
contexto de proteção social. Contudo, conforme � cou demonstrado, somente durante o governo 
de Getúlio Vargas, após a década de 30, que houve o surgimento de políticas sociais semelhantes 
às que conhecemos hoje.
Ao analisarmos os determinantes da pobreza e a desigualdade, enquanto resultados do 
processo de construção das relações socio-econômico-políticas e não como de ciência individual, 
constatamos que a sociedade brasileira, a partir da sua história de colonização, patriarcalismo e 
escravidão e do modelo de desenvolvimento capitalista adotado, efetuou um processo de domínio 
e diferenciação pejorativa de determinadas parcelas da população. Portanto, a desigualdade 
apresenta-se em variadas formas: social, política, sexual, geográ� ca, econômica, dentre outras. 
É no movimento contraditório de dominação e resistência, exclusão e inclusão ao longoda nossa história, que vêm sendo construídas as políticas públicas e sociais na atual realidade 
brasileira.
Nessa perspectiva, o Estado deve ser entendido como o mediador entre capital e 
trabalhadores, com a responsabilidade de promover políticas públicas que permitam a constante 
acumulação de capital e políticas sociais que garantam a sobrevivência mínima da classe proletária, 
mantendo-as controladas.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................16
1. ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS .............................................................17
1.1 ESTADO E GOVERNO ..........................................................................................................................................18
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS/SOCIAIS E ORÇAMENTO PÚBLICO ...........................................................................21
1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS/SOCIAIS E PLANEJAMENTO .................................................................................... 24
1.3.1 CONSELHOS, PLANOS E FUNDOS – CPF ...................................................................................................... 25
1.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E INTERSETORIALIDADE ........................................................................................... 28
1.5 O SISTEMA DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL ..................................................... 36
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................................... 37
PRIMEIRO SETOR E POLÍTICAS PÚBLICAS
PROF.A JULIANA MOURA DOS SANTOS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS
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INTRODUÇÃO
É complexa a discussão acerca do Estado, principalmente frente às imensas mudanças 
ocorridas nas últimas décadas, com o processo de globalização da economia e, sobretudo, da 
informação, o que proporcionou uma reorganização do capital e da vida social. Esse processo 
vem modi� cando radicalmente as relações no mundo do trabalho e as relações políticas e sociais 
do mundo capitalista. Nesse contexto, a reforma do Estado e sua relação com a sociedade civil 
têm sido temas centrais.
Na unidade anterior, foi discutido sobre as iniciativas do Estado que estavam com foco no 
trabalhador formal e que as demais demandas sociais não eram alvo de seu olhar, contudo, após 
a Constituição Federal esse quadro sofreu, pelo menos, três alterações signi� cativas.
A primeira é que o Estado é o grande responsável em dar respostas efetivas aos problemas 
sociais, ou seja, é de responsabilidade pública, garantida por lei, atender as necessidades da 
população, seja ela trabalhadora formal ou não. 
O segundo ponto refere-se a autonomia dos entes federados na tomada de decisões, ou 
seja, a descentralização político-administrativa.
E o terceiro que é a participação social nas políticas públicas e sociais.
Nesta unidade, serão apresentados conceitos básicos dos elementos que fazem as políticas 
públicas terem a característica do Estado, ou seja, o processo de planejamento, da elaboração 
do orçamento público, de alguns requisitos mínimos para que os Estados e Municípios possam 
receber recursos federais, a importância da intersetorialidade ou trabalho em rede e o sistema de 
controle da administração pública brasileira.
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1. ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS POLÍTICAS PÚBLICAS E SOCIAIS
Na década de 1980, após a centralização do poder no Brasil, acontece o período 
democrático, principalmente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988. É sabido 
que este processo foi fruto de movimentos sociais, da crise política e econômica que nosso país 
enfrentou. 
Segundo Brasil (2006), foi por motivo das pressões populacionais e pelo processo eleitoral 
de 1982 para governadores que houve o enfraquecimento do poder militar, isso porque, em sua 
maioria dos governadores eleitos, faziam oposição à ditadura, sendo que num segundo momentos 
houve também o posicionamento dos prefeitos em favor dos governadores.
Neste sentido, a CF – 88 a� rmou no art. 18 a descentralização política – administrativa, 
permitindo que os governos estaduais e municipais tivessem autonomia de decisão.
No que diz respeito ao impacto dos movimentos sociais neste processo: 
Ao mesmo tempo, as forças políticas da sociedade civil que já se organizavam 
desde o período militar marcaram forte participação em favor da abertura política 
e da descentralização do poder. O movimento sanitarista na área da saúde, o 
movimento da categoria pro� ssional de assistentes sociais, o movimento sindical, 
movimentos de moradia, movimentos de defesa dos direitos das crianças e dos 
adolescentes e tantos outros foram essenciais para que a descentralização viesse 
acompanhada também pela garantia da participação popular. A força destes 
movimentos da sociedade civil também está marcada na CF - 88:
Artigo 1º - parágrafo único
Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição (BRASIL, 2006).
A Carta Magna trouxe ainda outras revoluções no conceito no campo dos direitos sociais 
ao povo brasileiro. Neste sentido, foi pensado no tripé da Seguridade Social, na qual apresenta dois 
caminhos para acesso a direitos, o primeiro o modelo contributivo e o segundo, não contributivo. 
Figura 1 – Tripé da Seguridade Social. Fonte: A autora.
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Figura 2 – Caminhos da Seguridade Social. Fonte: Adaptado de Brasil (20226).
Dito isto, precisamos, neste momento, conceituar o que são as políticas públicas: 
[...] são programas de ação governamental visando a coordenar os meios à 
disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de objetivos 
socialmente relevante e politicamente determinados. Políticas públicas são metas 
coletivas conscientes e, como tais, um problema de direito público, em sentido 
lato. (...) As políticas públicas devem ser vistas também como processo ou 
conjunto de processos que culmina na escolha racional e coletiva de prioridades, 
para de� nição de interesses públicos reconhecidos pelo direito (BUCCI, 2002 
apud PINHEIRO, 2015).
Para Dye (1972) apud Oliveira e Bergue (2012), as políticas públicas podem ser 
consideradas tudo aquilo que os governos escolhem fazer ou não, sendo que, estão no centro 
de embates por espaços e demandas de poder entre os diferentes grupos existentes na sociedade, 
sendo que este contexto � ca ainda mais complexo quando envolve o controle institucionais, em 
especial o poder Executivo. Este fato � ca claro, pois ocupar cargos estratégicos nos governos pelos 
atores políticos signi� ca ter a possibilidade concreta de incluir ou excluir assuntos na agenda 
governamental, interferindo diretamente na oferta ou não de determinadas políticas públicas e 
sociais, especialmente para minorias e/ou grupos vulneráveis.
Neste momento, é necessário a conceituação de alguns temas intrínsecos ao tema políticas 
públicas com o objetivo de caminharmos no correto caminho de entendimento do planejamento, 
execução, avaliação e monitoramento das mesmas.
1.1 Estado e Governo 
O conceito de “Estado” nesta disciplina tem como base aquele explanado por Dias e Matos 
(2012), ou seja, o conjunto de instituições e pessoas juridicamente organizadas que tem sob seu 
domínio um determinado território. Enquanto que a terminologia “governo”, são aqueles que 
por um prazo determinado comandam as ações do Estado (sejam em âmbito federal, estadual 
ou municipal), tendo como função colocar em práticaas leis e políticas públicas do Estado, por 
meio dos poderes Executivo e Judiciário, e sempre que necessário, ser alteradas e/ou suprimidas 
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por meio do poder Legislativo. Essa gerência dos negócios do Estado é modi� cada a cada quatro 
anos, seja ela, no governo federal, estadual ou municipal.
Pereira (2009) amplia um pouco mais esta discussão, a� rmando a noção diferente entre 
governo e Estado, pois enquanto este último é uma relação de dominação, o primeiro constitui um 
conjunto de pessoas jurídicas e órgãos que exerce, de forma institucional, o poder político ou até 
mesmo a dominação em uma determinada localidade. Desta forma, entende-se por governantes, 
pessoas jurídicas que governam o Estado, enquanto que, governados, são aqueles que estão sob o 
domínio do governo na esfera estatal.
Contudo, cada governo possui a autonomia de propor e executar as chamadas “políticas 
de governo”, ou seja, aquelas ações que terão duração somente enquanto o governo que as criou 
se mantiver no poder, podendo seu sucessor dar continuidade ou não.
Apesar do fato de que, as decisões mais importantes aconteceram dentro do raio de 
atuação do poder governamental, as organizações da sociedade civil/ movimentos sociais detém 
forte in� uência de atuação e proposição de políticas públicas por meio da participação social, 
que acontece por meio das conferências municipais de políticas públicas e de direitos, dos fóruns, 
das audiências públicas, dos conselhos de políticas públicas e de direitos, entre outros (DIAS; 
MATOS, 2012).
Neste sentido, � ca evidente que o Estado não muda, o que muda são as pessoas que 
compõem o governo, que são selecionadas por meio de eleições. Desta maneira, a depender da 
ideologia política e partidária que está vinculado, algumas políticas públicas e/ou sociais terão 
ou não visibilidade de atuação nos governos, ou seja, um poderá dar prioridade para políticas 
econômicas em detrimento às políticas sociais, ou vice-e-versa. 
Como exemplo de programa de governo, podemos citar o “Programa Família 
Paranaense”, instituído pela Lei Estadual nº 17.734, de 29 de outubro de 2013, que, 
posteriormente, foi alterado pela Lei Estadual Ordinária nº 20.548, de 27 de abril 
de 2021, que se transformou em “Programa Nossa Gente Paraná”. 
Apesar da mudança de nomenclatura no programa, segundo a lei publicada em 
2021, pouco da metodologia foi alterada, levando em consideração o referido 
programa :
[...] destina-se à proteção e promoção das famílias/indivíduos 
que se encontram em situação de vulnerabilidade social em 
todo o Estado e efetiva-se através da integração de ações de 
várias áreas, tais como assistência social, habitação, segurança 
pública, agricultura e abastecimento, trabalho, saúde, educação, 
ciência e tecnologia, esporte e lazer, cultura, segurança alimentar 
e nutricional, infraestrutura, meio ambiente e direitos humanos 
(PARANÁ, 2021).
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Neste momento, é necessário clari� car, além de todo o conteúdo até o momento exposto 
nesta disciplina, o fato de que, conforme discorrido por um professor da USP, no vídeo “Aula de 
Políticas Públicas” (disponível na Indicação de Vídeo a seguir) é que “toda política social é uma 
política pública, entretanto, nem toda política pública é uma política social”. 
O professor esclarece sua fala dizendo que há diferentes políticas públicas: política 
públicas de gestão pública, política social, política pública de infra-estrutura e política econômica, 
conforme a � gura a seguir: 
Figura 3 – Tipos de Políticas Públicas. Fonte: Aula de Políticas Públicas - Professor da USP (2014). 
Para mais informações sobre o Programa Nossa Gente Paraná, 
acessar:
Lei Ordinária nº 20.548/2021. Disponível em: https://
leisestaduais.com.br/pr/lei-ordinaria-n-20548-2021-parana-
altera-a-lei-n-17734-de-29-de-outubro-de-2013-que-cria-o-
programa-familia-paranaense-destinado-ao-atendimento-e-
-promocao-de-familias-por-meio-da-oferta-de-um-conjunto-
de-acoes-intersetoriais. Lei nº 17.734/2013. Disponível em: 
https://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/
fi les/migrados/File/familia_paranaense/legislacao/Lei-17734-
alterada-2017.pdf. Guia de Orientação Programa Nossa Gente 
Paraná, 2021 - Secretaria de Estado da Justiça, Família e 
Trabalho - Governo do Estado do Paraná. Disponível em: https://
www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/
documento/2021-08/guia_de_orientacao_nossagente_0.pdf.
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1.2 Políticas Públicas/Sociais e Orçamento Público
Para que as políticas públicas e sociais possam garantir o acesso a direitos, com base na 
Constituição Federal, há a necessidade de planejamento do orçamento da esfera pública, pois não 
há como dar acesso a direitos sem recursos � nanceiros, devidamente planejados e executados, 
levando em consideração que as expressões da questão social são in� nitas e os recursos � nitos.
A compreensão do conceito de “público” é de extrema relevância, como a� rmam Dias 
e Matos (2012). Segundo os autores, a atividade humana na qual considera-se a necessidade de 
interferência do Estado ou na qual ele tenha que agir em prol da comunidade, é considerada 
como algo que está na esfera do “público”, ou seja, áreas que estão para além da vida privada ou 
individual, mas que existe em comum com as demais pessoas. Desta forma, é utilizado muitas 
nomenclaturas para identi� car esse conceito: interesse público; setor público; opinião pública; 
saúde pública entre outros. 
Com isso, qualquer assunto para ser alvo de política pública deve fazer referência a 
interesses comuns a todos e/ou a grupos especí� cos que, por motivo de sua vulnerabilidade, 
necessitam ser alvo de ações planejadas para superação das mesmas.
Qualquer situação deve ser alvo da atuação do estado e governos, desde que ela esteja 
localizada no contexto público, de interesse comum, ou seja, essa é a condição primeira para 
atuação governamental. 
Qualquer que seja a escala, as políticas públicas remetem a problemas que são 
públicos, em oposição aos problemas privados. 
Como vimos, é o governo o principal gestor dos recursos e quem garante a ordem 
e a segurança providas pelo Estado. Assim, o governo é obrigado a atender e 
resolver os problemas e levar adiante o processo de planejamento, elaboração, 
implementação e avaliação das políticas públicas que sejam necessárias ao 
cumprimento – de modo coordenado e permanente – dessa função que lhe 
delegou a sociedade.
A discussão permanente, por parte dos cidadãos, das políticas públicas é 
importante porque o Estado, considerado em quaisquer dos seus níveis, possui 
acesso a um número limitado de recursos que devem ser utilizados para atender 
a um número signi� cativo de demandas da sociedade e que tendem a crescer. 
Deste modo, as funções estatais, para serem exercidas, necessitam de um 
mínimo de planejamento, com a adoção de critérios de racionalidade para que 
as metas e objetivos sejam alcançados de forma e� ciente. Em outras palavras, 
observados os interesses e as demandas da sociedade, as ações devem ser 
planejadas e organizadas, avaliando as possibilidades existentes, estruturando 
sua implementação adequada, além de desenvolver mecanismos para reavaliar 
todo o processo. Isto é , fazendo escolhas sobre em que área atuar, onde atuar, por 
que atuar e quando atuar (DIAS; MATOS, 2012).
Ou seja, a utilização de planejamento é primordial para o processo de implantação e 
execução das políticas públicas.
O vídeo disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=UKw3JFZymgg contém uma exposição de um professor 
da USP, que demonstra os conceitos de políticas públicas e sociais, 
suas diferenças e interfaces.
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Como vimos anteriormente, as políticas públicas e sociais, são fruto da relação 
contraditória entre acumulação do capital e atuação do estado, tendo como pano de fundo as 
questões sociais e processos de reivindicação da classe trabalhadora. 
Desta forma, os gastos públicos precisam ser planejados levando em consideração como 
o orçamento público está organizado no Brasil, ou seja, existe um conjunto leis que possuem 
uma estreita ligação entre elas e que compõem o ciclo orçamentário brasileiro, sendo elas: a Lei 
do Plano Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei do Orçamento Anual 
- LOA.
Orçamento Fácil - Vídeo 01 - A série de animação 
desenvolvida pelo Senado sobre orçamento 
público. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=Bs4hs8tfVHI&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=1.
Orçamento Fácil - Vídeo 02 - Importância do 
orçamento - Tributos: impostos, taxas e contribuições. 
Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=u37F1fBwvEU&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=2.
Orçamento Fácil - Vídeo 03 - Sistema orçamentário 
brasileiro ( leis orçamentárias ): PPA, LDO e 
LOA. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=OKsr6mdR1bc&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=3.
Plano Plurianual – PPA:
[...] constitui um documento de planejamento estratégico por 
excelência, pois inclui diretrizes, objetivos e metas de investimento 
(despesas de capital) e de ações de duração continuada para 
quatro anos. [...] Uma vez implantado o PPA vale até o fi nal do 
primeiro ano do próximo governo. Portanto, quando um prefeito 
ou governador inicia o mandato, está em vigência o Plano 
Plurianual aprovado na legislatura anterior e em execução pelo 
seu antecessor (UNICEF et al, 2007).
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Orçamento Fácil - Vídeo 04 - O que é o PPA - Plano Plurianual 
- Orçamento Público. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=hG1Vd_SsgCc&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=4. 
Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO:
Foi concebida para que o Poder Executivo antecipe critérios que 
deverão nortear a elaboração da Lei Orçamentária Anual - LOA e o 
seu conteúdo (UNICEF et al, 2007).
Lei Orçamentária Anual – LOA:
[...] É obrigação do Poder Executivo elaborar todo ano a Lei 
Orçamentária Anual (LOA), estabelecendo a previsão de receitas 
e a programação de despesas para o ano seguinte. Ela representa 
o grande momento de todo o ciclo orçamentário, pois todo o 
processo de planejamento e priorização de ações deve ser 
traduzido nesse instrumento (UNICEF et al, 2007).
Orçamento Fácil - Vídeo 06 - O que é a LDO, Lei de 
Diretrizes Orçamentárias - Processo Orçamentário. 
Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=Q66ZSkBLKr0&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=6. 
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São estes os documentos principais em que se formalizam o planejamento, metas, 
objetivos, indicadores de avaliação e monitoramento das políticas públicas.
1.3 Políticas Públicas/Sociais e Planejamento 
Neste subtópico, apresentaremos alguns conceitos e formas de planejamento, 
principalmente o social, levando em consideração que o Estado executa políticas públicas e 
sociais por meio de governos estabelecidos para um período especí� co, tendo como base o ciclo 
orçamentário brasileiro, apresentado anteriormente.
Como explicado anteriormente, cada governo pode estabelecer as prioridades de atuação 
que dará um norte para a construção, ampliação ou redução de políticas públicas e sociais.
Baptista (2015) a� rma que o planejamento, sendo um processo contínuo de ação num 
determinado momento da história, pressupõe uma série de decisões ordenadas, tendo como 
base conhecimentos teóricos, cientí� cos e técnicos. Este planejamento é considerado como um 
processo político, pois decide estratégias a serem executadas, baseado numa dada realidade. 
Partindo do princípio de que as políticas sociais são respostas à questão social, de 
responsabilidades do Estado e que se efetivam por meio de políticas especí� cas (saúde, educação, 
assistência social, habitação, segurança alimentar, entre outros), o planejamento social é o 
instrumento que indica a direção para a formulação, execução e avaliação dessas políticas, ou 
seja, esse processo também pode ser classi� cado como gestão social (COSTA, 2011). 
Quando falamos em gestão social, estamos nos referindo à gestão das ações 
públicas. A gestão do social é, em realidade, a gestão das demandas e necessidades 
dos cidadãos. A política social, os programas sociais, os projetos são canais e 
respostas a estas necessidades e demandas (CARVALHO, 1999 apud COSTA, 
2011).
É por meio deste planejamento que é possível que as políticas sociais, em qualquer esfera 
de governo, podem melhorar, atendendo de fato às necessidades da população alvo.
Neste sentido, qualquer política social, requer a construção de documentos, em especial 
os Planos Nacionais, Estaduais e Municipais que cumpram a metodologia proposta por Baptista 
(2015): de re� exão (conhecimento da realidade/dos fatos sociais), de decisão (escolha de 
alternativas de atuação, de� nição de prazos etc.), de ação (momento de execução das decisões 
tomadas), e de retomada da re� exão (análise crítica dos processos realizados anteriormente, 
tendo como objetivo ter embasamento para ações posteriores). 
Um ponto relevante ainda neste processo é a produção legislativa que possui relação 
com os arts. 23 e 24 da Constituição Federal de 1988, ou seja, são promulgadas leis que tem 
como objetivo de� nir princípios, diretrizes, regras, metas, resultados especí� cos e competências 
administrativas. Desta forma, são sistemas legais instituídos para que os entes federados conheçam 
Orçamento Fácil - Vídeo 08 - O que é LOA Lei 
Orçamentária Anual - Receitas e Despesas 
Orçamentárias. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=CWUNV7wOwYo&list=PLHBXKJ0khYi5pPIvCdotJrjS_
iihBYbsM&index=8.
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suas responsabilidades, como a Lei nº 11.343/2006, que cria o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas Sobre Drogas, a Lei nº 11.771/2008, que instituiu a Política Nacional de Turismo, a Lei 
nº 11.445/2007, que organizou as diretrizes nacionais de saneamento básico (FONTE, 2021).
1.3.1 Conselhos, planos e fundos – CPF
A execução das políticas públicas e sociais comumente seguem uma mesma linha de 
atuação. Neste sentido, citamos, neste tópico, o conhecido C.P.F (Conselho, Plano e Fundo). 
Estes, geralmente, são critérios mínimos para que as políticas estejam de fato implantadas no 
âmbito federal, estadual, municipal e no distrito federal, inclusive, para recebimento de recursos 
provenientes do governo federal, para co� nanciamento das ações. 
Figura 4 – Requisitos mínimos para recebimento de recursos da União. Fonte: A autora.
A seguir, serão apresentados os Conselhos, Planos e Fundos Municipais de algumas 
políticas sociais, contudo, salientamos que eles também existem nas esferas federal e estaduais.
→ Conselho, Plano e Fundo Municipal de de Educação: o plano é obrigatório conforme 
preconiza a Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação - PNE;
→ Conselho, Plano e Fundo Municipal de Assistência Social: é obrigatório a existência 
dos três para recebimento de recursos, segundo a Lei nº 8.742/ 1993 (LOAS);
→ Conselho, Plano e Fundo Municipal de Saúde: é obrigatório, segundo a Lei nº 
8.142/1990 (entre outros critérios);
→ Conselho, Plano e Fundo Municipal/ Local de Habitação de Interesse Social:
obrigatório apenas para municípios que aderiram ao Sistema Nacional de Habitação de 
Interesse Social (SNHIS), conforme a Lei nº 11.124/2005).
Para ampliar o conhecimento em planejamento social, acessar:BAPTISTA, M. V. 
Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras Editora, 
2015
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Em nível municipal, em que a maioria dos pro� ssionais assistentes sociais se encontra 
atuando, o processo de elaboração desses planos tem possibilitado, mesmo com todas as suas 
di� culdades e limites, a ampliação da participação da sociedade civil e que é também fundamental 
à apropriação da política de assistência social. 
O plano de� ne objetivo, foco e intencionalidade às ações e permite a articulação 
antecipada de consequências e resultados, possibilitando, assim, a antevisão do Estado ou situação 
que se quer conquistar. Garante ainda racionalidade à ação, inter-relacionando procedimentos, 
estabelecendo metas e compatibilizando recursos, tempo, métodos e técnicas a � m de obter 
e� cácia e efetividade (RAICHELIS, 1998). 
Assim, os planos devem contemplar alternativas para o desenvolvimento de ações 
articuladas entre as três esferas de governo e a sociedade civil, proporcionando um intercâmbio 
de experiências e responsabilidades que contribuam para a efetividade das políticas sociais nos 
âmbitos municipal, regional e estadual. 
Os pressupostos, princípios, objetivos e diretrizes da metodologia buscam quali� car o 
trabalho social como componente necessário à inclusão social e ao fortalecimento das famílias 
como sujeito de direitos. As estratégias, procedimentos e instrumentos, fundamentados em uma 
visão participativa, valorizam o protagonismo das famílias e procuram dar sustentabilidade à sua 
participação na sociedade. 
A gestão é de� nida como a responsabilidade de dirigir um sistema municipal, estadual 
ou federal. É uma competência exclusiva do poder público, que implica o exercício das funções 
de coordenação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento, controle e avaliação. 
No processo de elaboração dos planos municipais, por exemplo, os conselheiros devem 
se reunir com os seus respectivos segmentos, iniciando pelas necessidades, prioridades e 
construindo um planejamento, com propósitos que marcam uma caminhada alternativa. Sabemos 
que a maioria dos grupos ainda não visualiza uma proposta integrada e orgânica dos serviços 
e programas, prevalecendo, no geral, a disputa entre os interesses de cada grupo. Entendemos 
que essa limitação pode ser superada com um trabalho de formação continuada, que subsidie a 
construção de uma gestão democrática e inovadora para a implementação das políticas sociais. 
Além destes conselhos, planos e fundos, existem ainda outros conhecidos como políticas 
sociais setoriais ou de grupos especí� cos, conforme segue.
Na área da criança e do adolescente, temos o Conselho e o Fundo Municipal dos Direitos da 
Criança e o Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente, que obedecem a orientações 
e normativos do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA e do 
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.
Na área do idoso, temos o Conselho, Plano e Fundo Municipal dos Direitos da Pessoa 
Idosa, que cumpre as normativas expedidas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa 
- CNDPI e o Estatuto da Pessoa Idosa.
Indiscutivelmente, as discussões em torno da política direcionada a crianças e adolescentes 
estão in� nitamente à frente em relação às demais áreas especí� cas, apesar dos esforços em ampliar 
os olhares para as demais temáticas, sejam elas, idoso, mulheres, pessoas com de� ciência, entre 
outros.
Essas áreas seguem a mesma lógica para o co� nanciamento, ou seja, para que os municípios 
possam receber recursos � nanceiros dos demais entes federados, como dos Conselhos Nacional 
e Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, CONANDA e CEDCA, respectivamente, 
devem possuir conselho, plano e fundo.
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A partir do exposto anteriormente, reiteramos que há diversos temas/áreas que são alvos 
de políticas públicas e sociais. Neste sentido, podemos citar a obra de Schindler (2014), que trata 
sobre política pública de turismo, na qual faz a seguinte de� nição:
O turismo, assim como outras áreas da economia, também conta com políticas 
públicas em nosso país, Desse modo, podemos entender como política pública 
de turismo o conjunto de decisões e ações tomadas pelo Estado com o intuito 
de iniciar e/ou desenvolver a atividade turística em determinada localidade, 
buscando benefícios tanto para a comunidade autóctone quanto para quem a 
visita (SCHINDLER, 2014).
No referido livro, a autora apresenta a evolução desta política no Brasil, com destaque 
para os governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousse� .
Outro exemplo, é o trabalho escrito por Salineiro (2016), no qual discorre sobre políticas 
públicas de segurança no Brasil, perpassando por temas que estão diretamente relacionados às 
áreas como a valorização dos agentes de segurança, a elaboração de planos estratégicos, as ações 
de prevenção e enfrentamento à violência, os fatores sociais do crime, os sistemas penitenciários, 
entre outros.
Mais adiante, será discorrido sobre a participação da sociedade no processo de construção, 
execução, avaliação e monitoramento das políticas públicas e sociais. Contudo, neste tópico, é 
imprescindível dizer que, para que estes planos re� itam a realidade vivenciada pelas pessoas, são 
necessários que todos (representantes dos governos, conselhos municipais de políticas públicas, 
organizações da sociedade civil, e especialmente, usuários dessas mesmas políticas) contribuam 
ativamente/efetivamente neste planejamento, denominado como planejamento participativo 
(GANDIN, 2013).
Para mais informações sobre os Conselhos Nacionais, legislação, resoluções, 
planos nacionais, entre outras informações acessar o seguinte link: https://
www.gov.br/participamaisbrasil/colegiados. Neste site do governo federal, você 
encontrará informações sobre os seguintes Conselhos Nacionais: Direitos da 
Criança e do Adolescente; Assistência Social; Direitos da Mulher; Direitos da 
Pessoa Idosa; Povos e Comunidades Tradicionais; Direitos Humanos; Direitos 
da Pessoa com Defi ciência; Combate à Discriminação; Juventude; Promoção 
da Igualdade Racial; Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; Consultivo 
do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal; Deliberativo da Política do 
Café; Estratégico do Programa Nacional de Bioinsumos; Aquicultura e Pesca; 
Desenvolvimento Rural Sustentável; Previdência Complementar; e Previdência 
Social.
Levando em consideração que a Constituição Federal de 1988 elevou a patamares 
nunca vistos antes, no que diz respeito ao direitos dos cidadãos participarem 
ativamente da formulação, planejamento, execução, avaliação e monitoramento 
das políticas públicas e sociais, pense se você, pessoas do seu convívio particular, 
comunidade estudantil, religiosa, entre outros, participaram ou foram convidados 
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1.4 Políticas Públicas e Intersetorialidade
Os problemas sociais que a sociedade enfrenta são extremamente complexos, considerando 
o contexto de relação contraditória entre a acumulação do capital e trabalho, na qual desencadeia 
nas expressões da questão social.
Diante disso, esclarecemos que nenhuma política pública, inclusive a social, não 
conseguirá atender todas as necessidades das famílias e indivíduos. 
A Constituição Federal de 1988, no art. 194, assegura que a seguridade social compreende 
um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (grifo nosso).
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia 
de:
(...) VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,por meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde (grifo nosso) (BRASIL, 1988).
 
Desta forma, está estabelecido constitucionalmente e em outras legislações que as políticas 
públicas e sociais devem reunir esforços para um atendimento integrado. Neste sentido, podemos 
citar alguns artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e ainda da Carta Magna: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à pro� ssionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma 
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).
a participar de momentos de planejamento de alguns Planos.
Anteriormente, foram citados alguns planos de que você poderia ter participado 
de sua construção. Mas ainda podemos citar o Plano Municipal de Mobilidade 
Urbana (obrigatório para municípios com população superior a 20 mil habitantes) 
e o Plano Diretor (obrigatório para municípios que apresentem uma das situações 
previstas no art. 41 da Lei Federal nº 10.257/2001 conhecida como Estatuto da 
Cidade).
Perguntas norteadoras:
• Caso tenha participado: você foi ouvido em seus apontamentos? Os 
horários das reuniões/ofi cinas de discussão foram acessíveis?
• Caso não tenha participado: qual motivo para não ter participado das 
discussões realizadas pelo poder público? A divulgação do evento foi 
ampla?
Para mais informações sobre modelo de planejamento, acessar: FROSSARD, S. O 
planejamento na gestão de organizações que atuam com políticas sociais. 1. Ed. 
Curitiba: Appris, 2020.
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Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica 
e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a 
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores 
e alunos.
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças 
e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais 
linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança (grifo nosso) (BRASIL, 
1990).
 Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar 
de forma articulada na elaboração de políticas públicas e na execução de ações 
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante 
e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo 
como principais ações: 
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e 
a elaboração de planos de atuação conjunta focados nas famílias em situação de 
violência, com participação de pro� ssionais de saúde, de assistência social e de 
educação e de órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e 
do adolescente (grifo nosso) (BRASIL, 1990).
 Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
IX - formação pro� ssional com abrangência dos diversos direitos da criança e 
do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e 
do adolescente e seu desenvolvimento integral; (grifo nosso) (BRASIL, 1990).
Fica evidente que uma mesma pessoa necessitará e deverá ser atendida por diferentes 
políticas públicas e sociais, cabendo ao poder público fomentar estratégias para que essa ação seja 
realizada de forma intersetorial.
Na política de saúde vemos um claro exemplo de instrumental que requer trabalho 
intersetorial, que é a realização do Projeto Terapêutico Singular – PTS, que é agrupamento 
de propostas de atuação terapêutica proposta por uma equipe interdisciplinar para uma 
pessoa/coletivo/família, podendo ser utilizado em diferentes unidades de saúde, apesar de ser 
habitualmente utilizado nos espaços de atenção à saúde mental (BRASIL, 2007).
No documento elaborado pela UFSC (2012), que trata sobre o PTS, é a� rmado que 
haverá casos atendidos em que os pro� ssionais envolvidos no atendimento ao usuário exigirão, 
além de conexões com outros níveis de atenção à saúde, a interlocução intersetorial, buscando 
alternativas que contribuam para a solução dos problemas. 
Na política de assistência social, temos o exemplo do Plano Individual de Atendimento 
– PIA, utilizado, por exemplo nos casos de atendimento a crianças e adolescentes em serviços de 
acolhimento (institucional ou familiar), conforme preconiza o ECA. O PIA é um instrumento 
que vai conduzir todas as atividades que serão realizadas com o objetivo de garantir a proteção 
integral, a reinserção familiar e comunitária e a autonomia das crianças e adolescentes acolhidos. 
No sentido de nortear e padronizar a utilização deste instrumental, o governo federal, 
por meio do Ministério do Desenvolvimento Social – Secretaria Nacional de Assistência Social 
– MDS/SNAS (2018) elaborou um manual especí� co para tratar sobre o assunto. No modelo 
proposto, a� rmou com muita clareza que este documento deve ser preenchido numa ação 
conjunta entre o acolhido, a família (quando possível), os pro� ssionais do serviço de acolhimento 
e outros pro� ssionais da rede de atendimento, delegando, inclusive, quando for o caso, a indicação 
expressa de alguns dados do pro� ssional responsável pela ação, nas diferentes políticas, como o 
nome, a pro� ssão/cargo e o local de trabalho (por exemplo: Laura Camargo, assistente social do 
CREAS; � iago Figueira, coordenador CAPs; Firmino Campos, conselheiro tutelar).
Neste PIA, no item “Plano de Ação”, são indicadas, inclusive, algumas áreas mínimas para 
encaminhamento e atendimento, tanto da criança ou adolescente acolhido, quanto de sua família.
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Para não restar dúvida sobre como deve acontecer o atendimento intersetorial à população 
usuários dos mais variados serviços ofertados pelas políticas sociais, a seguir serão elencados 
exemplos de encaminhamentos que devem/podem ser realizados para crianças e adolescentes 
em Serviços de Acolhimento da política de assistência social, bem como as famílias de origem 
e/ou família extensa e/ou família acolhedora e/ou família adotiva. Salientamos que, os referidos 
encaminhamentos dependerão do nível de organização e oferta de serviços de cada município e 
estado:
Educação:
• Encaminhamento para unidades de ensino, inclusive para educação de jovens e adultos;
• Encaminhamento para cursos pré-vestibular ofertados por unidades públicas e/ou por 
organizações da sociedade civil parceiras, quando possível;
• Viabilização de participação em vestibulares em universidades públicas;
• Entre outros.
Saúde:
• Encaminhamentos para realização de consultas e exames em clínico geral e/ou especialista 
para consultas de rotina e/ou veri� cação de situações especí� cas;
• Encaminhamento para atendimento odontológico;
• Encaminhamento para atendimento psicológico clínico (uma vez que os psicólogos das 
políticas de assistência social e educação não podem realizar este tipo de atendimento);
• Entre outros.
Mundo do trabalho:
• Encaminhamento para programas de aprendizagem;
• Encaminhamento para locais que ofertam vagas de emprego;
• Encaminhamento para unidades que ofertam cursos pro� ssionalizantes;
• Entre outros.
Documentação:
• Encaminhamento para acesso a documentação (RG, CPF, certidões de nascimento, 
casamento etc., título de eleitor, carteira de trabalho etc.).
Situação jurídica:
• Encaminhamento da família para defensoria pública e/ou assistência jurídica do 
município;
• Entre outros.
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Esporte cultura e lazer:
• Encaminhamento para projetos/atividades ofertados no município;
• Entreoutros.
Assistência Social:
• Encaminhamento para acesso a programas de transferência de renda dos entes federados 
(município, estado e união) (exemplo: Programa Auxílio Brasil - PAB, Benefício de 
Prestação Continuada – BPC etc.);
• Encaminhamento para acesso à benefícios eventuais;
• Encaminhamento para CRAS, CREAS, serviços de convivência e fortalecimento de 
vínculo;
• Entre outros.
Habitação:
• Encaminhamento para programas de habitação;
• Encaminhamento para programas de aluguel social;
• Encaminhamento para programas de reforma;
• Encaminhamento para programas de regularização fundiária;
• Entre outros.
Outras áreas que poderão acontecer encaminhamentos: delegacias, ministério público, 
centros de atendimento especializados, conselho tutelar, polícia civil e militar, entre outros. 
Figura 5 – Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. Fonte: Dr. Murillo José Digiácomo (2009).
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Assim, entendemos que todos os atendimentos são indispensáveis à articulação com 
várias outras políticas públicas e a formação de uma rede ampla e complexa de serviços, capaz de 
planejar ações articuladas para o atendimento das diversas demandas a serem atendidas. 
A articulação com outras políticas objetiva a estruturação de uma rede de proteção social 
que seja capaz de proteger as famílias das diversas violações de direitos que possam vir a acontecer, 
tais como: abuso infantil, violência doméstica, falta de moradia ou vivência em moradia precária, 
falta de emprego e renda, falta de atendimentos na saúde, sejam eles especializados, de acesso 
a medicamentos e procedimentos cirúrgicos, às pessoas com de� ciência, às pessoas idosas, em 
saúde mental, entre outros. 
Trata-se de enorme desa� o decifrar e demonstrar que no Brasil as políticas 
sociais estão longe de alcançar a universalidade e de reduzir a desigualdade 
estrutural provocada pela concentração de renda e propriedade, embora sejam 
as únicas alternativas da classe trabalhadora para acessar a educação, a saúde, 
o transporte subsidiado e os benefícios que asseguram certo rendimento na 
ausência do trabalho (previdência, assistência social, seguro-desemprego 
(BOSCHETTI, 2017). 
A Política Nacional de Assistência Social – PNAS destaca que “[...] as linhas de atuação 
com as famílias em situação de risco devem abranger desde o provimento de seu acesso a serviços 
de apoio e sobrevivência, até sua inclusão em redes sociais de atendimento e de solidariedade” 
(BRASIL, 2005). 
A primeira grande articulação, que é bem comum nos atendimentos no âmbito da 
proteção social da política de assistência social, é com a política de saúde. A Atenção Básica 
de Saúde, operacionalizada pelas Unidades Básicas de Saúde especialmente, tem papel crucial 
na proteção das famílias, pois tem o potencial de atender in loco as realidades e demandas das 
famílias e condições de formar vínculos por meio do trabalho que, dos agentes comunitários 
de saúde, que são importantes aliados no reconhecimento das famílias atendidas, podendo ser 
agentes disseminadores de informações importantes, de prevenção a doenças e diversas formas 
de violências.
Quanto menor a renda familiar mensal, tende a ser maior a utilização do SUS, tanto para 
atendimentos ambulatoriais quanto para internação. Entretanto as ocupações dos seus usuários 
principais estão empregadas domésticas e sem carteira, e os trabalhadores por conta própria. Em 
suma, aqueles setores mais desprotegidos do mercado de trabalho que não possuem vínculo de 
trabalho privilegiados que os façam usufruir de vantagens salariais e de benefícios, entre os quais 
se destacam, na realidade brasileira, os planos de saúde (MENICUCCI, 2006). 
Para compreender de forma prática sobre a importância do trabalho 
do Programa Estratégia de Saúde da Família, assista ao vídeo 
Enfrentamento da Violência Doméstica pela Estratégia de Saúde da 
Família, do Ministério Público do Estado de São Paulo, disponível 
em: https://youtu.be/QSQekx-xY-8.
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Figura 6 – Atendimento integral - Intersetorialidade é igual a integralidade. Fonte: A autora. 
Para o atendimento às populações em situação de rua (que, no âmbito da política de 
assistência social, estão atendidas diretamente pela proteção social especial de média complexidade 
por meio dos serviços de abordagem de rua e, na proteção social de alta complexidade, pelas casas 
de passagem, albergues e repúblicas, ainda, na política de saúde, pelos serviços de Consultório na 
Rua), serão priorizados os serviços que possibilitem a organização de um novo projeto de vida, 
visando a criar condições para adquirirem referências na sociedade brasileira, enquanto sujeitos 
de direito (BRASIL, 2005). Diante disso, compreendemos até aqui que a obtenção de tais metas 
não é possível com um trabalho isolado de determinada política ou serviço. 
Utilizando-se ainda do exemplo da população em situação de rua, faz-se necessário 
que haja: (I) a articulação entre serviços não só no âmbito da política de assistência social, 
mas também de saúde e saúde mental, considerando a possibilidade da existência de doenças 
mentais e/ou dependência química, ainda, de setores que providenciem documentação civil, 
considerando ser comum a perda de documentações nessas condições; (II) a articulação com 
políticas que atuem direta e indiretamente com geração de trabalho e renda, sendo que é cada 
vez mais comum encontrarmos pessoas em situação de rua em decorrência direta de perda 
de emprego; (III) e, ainda, articulação com políticas de moradia popular e educação, visando 
especialmente à promoção social desses indivíduos e à criação de novas oportunidades, também 
compreendendo que a falta de moradia, o analfabetismo e o analfabetismo funcional são fortes 
características desses grupos, embora não sejam uma regra. 
Você sabia que o Programa Auxílio Brasil – PAB (antigo Programa Bolsa Família – 
PBF) preconiza a ação intersetorial das políticas de assistência social, educação 
e saúde? Neste programa, cada política possui responsabilidades de atuação 
com as famílias benefi ciárias, devendo prestar contas periodicamente ao governo 
federal de suas ações de orientação e acompanhamento delas.
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Diante de tudo o que estamos estudando, é visível a importância da interlocução entre 
os diversos setores e políticas para a integralidade na atenção à população. Nisso, a PNAS ainda 
destaca que: 
Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o sistema de garantia 
de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão mais complexa e compartilhada 
com o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações do Executivo 
(BRASIL, 2005). 
Cabe aqui destacar o que prevê o artigo 4º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e 
demonstrar também a importância da interlocução entre diversos setores para a proteção integral 
desse grupo: 
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à pro� ssionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária (BRASIL, 1990). 
Nos casos especí� cos de crianças vítimas de violência sexual, Fávero (2012) destaca a 
exigência da: 
[...] formação e capacitação continuada, teórica técnica e ética — especialmente 
dos agentes que atuam nas áreas de educação, saúde, assistência social e justiça 
— para desenvolverem a capacidade de reconhecer os sinais da violência contra 
a criança e o adolescente, denunciá-la e enfrentá-la, numa atitude coletiva e 
proativa de proteção (FÁVERO, 2012). 
O reconhecimento