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Nutrição de Ruminantes Lipídeos Os lipídeos são moléculas orgânicas formadas a partir de ácidos graxos e álcool. Nos alimentos estão presentes como ácidos graxos livres ou então combinados a molécula de glicerol formando mono, di ou triglicerídeo. São ricos em energia e constituídos por moléculas de C, H e O. Como ocorrem os processos de digestão e absorção de lipídeos em animais ruminantes? Nos alimentos, os lipídeos são encontrados na forma de triglicerídeos, os microrganismos ruminais, através da lipólise, quebra os ácidos graxos produzindo glicerol (que pode ser convertido em ácido propiônico) que será utilizado pelo animal. Os ácidos graxos insaturados são convertidos em saturados através de um processo chamado de biohidrogenação ou saturação (ocorre no rúmen). Parte dos AG insaturados podem passar, já no intestino delgado as células dos enterócitos vão unir o ácido graxo + glicerol formando o triglicérides que depois cairá nos vasos linfáticos. Os microorganismos agem nos lipídeos realizando dois processos, o de lipólise e o de biohidrogenação. O processo de lipólise, é um processo rápido e é feito por bactérias como também por protozoários, onde é quebrado a ligação de esterificação. Após o processo de lipólise os microorganismos fazem o processo de biohidrogenação, que é colocar uma molécula de hidrogênio nessas duplas ligações, fazendo com que a molécula se torne linear. Esse é um processo mais lento e é apenas feito por bactérias. Isso é importante porque o lipídeo tem efeito tóxico no rúmen. Portanto, o animal ruminante precisa ter presente na alimentação o lipídeo, embora essa quantidade deve ser reduzida porque o ruminantes tem uma complexidade muito grande na digestão desse lipídeo, devido aos microorganismos ruminais. Mas como se dá esse processo? Dependendo da dieta, chega no rúmen os triaglicerídeos, lipídeos esterilizados (galactolipídeos e fosfolipídeos). Estes são liberados da matriz e as enzimas microbianas vão aderir a partícula e começar a liberar as enzimas microbianas, ou seja, começando a hidrólise desses compostos, o que irá separar galactose-glicerol-ácidos graxos. Esses ácidos graxos podem ser saturados ou insaturados. Entretanto, para entrar na célula microbiana, precisa estar saturado. Então, os ácidos graxos insaturados sofrem biohidrogenação pela microbiota ruminal (que consiste na adição de hidrogênio nas duplas ligações). Sendo utilizados para a formação dos lipídios microbianos. Logo, não serão utilizados como fonte de energia e sim, para a formação da membrana lipoproteica, para a construção do lipídio microbiano. A galactose e o glicerol são fermentados pela microbiota ruminal gerando ácidos graxos de cadeia curta, o propionato, que será utilizado pelo animal. Uma parte desse triacilglicerol pode escapar dessa fermentação e chegar no duodeno e no intestino delgado. Esses triacilglicerois que escapam da fermentação, são chamados de lipídios by pass ou lipídios sobrepeso e, sob condições normais de alimentação, 10 a 20% escapam da biohidrogenação e são suficientes para prevenir a deficiência de ácidos graxos essenciais aos ruminantes. E como acontece essa digestão no intestino delgado? Os lipídios que estão presentes na digesta duodenal passam por duas fases: uma adsorvida às partículas fibrosas da digesta (podendo estar na gordura aderida a partícula do alimento), ou seja, a medida que o pH aumenta com a chegada do bicarbonato pancreático e também da ação detergente dos sais biliares e fosfolipídeos, vai promover a separação das partículas do alimento das gotículas de lipídeos que estavam aderidas. Nesse momento, acontece a dissociação dos ácidos graxos das partículas do alimento e como eles não conseguem chegar na borda em escova, precisam formar as micelas. Na luz intestinal, as lecitinas (as fosfolipases de origem pancreática) promovem a hidrólise liberando ácidos graxos e lisolécitina. Essa lisolécitina tem um alto poder detergente e vai auxiliar na formação das micelas. A segunda fase começa, onde são dissolvidos na forma de glóbulos microscópicos, denominados de micelas. As micelas são formadas em função da propriedade anfipática de moléculas, como os ácidos graxos livres, os fosfolipídios, o colesterol, os sais biliares, entre outros. Essas moléculas são caracterizadas por possuírem uma parte polar que interage com a água, a qual fica exposta na face externa das micelas, e outra parte que é apolar e fica confinada no interior do glóbulo. A micela então, tem como função transportar esses compostos insolúveis em água para próximo da borda em escova. Quando as micelas se aproximam dos enterócitos, é o fim da digestão e o início da absorção. A absorção inicia quando as micelas se aproximam dos enterócitos e os diversos elementos lipídios se difundem através do glicocálix para a membrana apical por proteínas ligaduras de ácidos graxos. Outros elementos micelares simplesmente se difundem pela membrana apical, como os monoglicerídeos, colesterol e vitaminas lipossolúveis. Todos os componentes da micela difundem-se nos enterócitos, exceto os ácidos biliares, que atingem o íleo onde são reabsorvidos por co-transporte de sódio. Após a absorção, os ácidos biliares são transportados diretamente de volta ao fígado pelo sistema porta-hepático. O fígado extrai eficientemente os ácidos biliares do sangue porta, de modo que a quantidade dos ácidos biliares na circulação sistêmica é pequena, portanto os ácidos biliares são extraídos pelo fígado e reciclados para a bile, esse processo de reciclagem ocorre constantemente Depois de absorvidos no intestino delgado, os lipídios esterificados são transportados pelas lipoproteínas sintetizadas nos enterócitos, as quais são lançadas, inicialmente, na linfa e, posteriormente, na circulação sanguínea. As lipoproteínas são glóbulos com estrutura e propriedades similares às micelas, mas são maiores, mais ricas em triglicerídeos e ésteres de colesterol e, entre as moléculas anfipáticas, incluem também proteínas. Além de transportar ácidos graxos, as lipoproteínas também carregam o colesterol que em ruminantes, é formado principalmente no intestino delgado e nas células adiposas. Várias lipoproteínas diferentes estão presentes na circulação, as quais se diferenciam de acordo com vários fatores, como: densidade, tamanho, forma, composição química e função. A entrada dos lipídios absorvidos na circulação ocorre, principalmente, na forma de lipoproteínas de muita baixa densidade (VLDL). A participação dos quilomícrons no transporte de lipídios no sangue dos ruminantes normalmente é pequena, sendo mais importante somente quando o teor de gordura da dieta e a absorção intestinal de ácidos graxos aumentam grandemente Depois de transportados aos tecidos periféricos, os ácidos graxos podem ser depositados intactos ou sofrerem alterações pelos processos de dessaturação da cadeia carbônica, mediadas pelas enzimas dessaturases, que oxidam dois carbonos da cadeia, originando uma dupla ligação. Os tecidos dos ruminantes, particularmente o fígado, o tecido adiposo e a glândula mamária, possuem a enzima Delta-9-dessaturase, que converte o ácido vacênico em CLA. Conforme dito anteriormente, os ruminantes precisam de lipídeos na alimentação, entretanto, esse fornecimento deve ser limitado, uma vez que, altos níveis de gordura podem reduzir a digestão da matéria seca no rúmen, provocando, consequentemente, uma menor disponibilidade de energia. Assim, a inclusão de lipídeos na dieta dos ruminantes não deve exceder quantidades acima de 5%. Acima deste limite a degradação da fibra pode ser reduzida e acredita-se que o principal efeito seria por recobrimento das partículas de alimento que dificultaria a colonização pelas bactérias do rúmen, principalmente as celulolíticas. Outro efeito negativo de elevados níveis de gordura na dieta de ruminantes está relacionado ao seu efeito citotóxico nos microrganismos do rúmen. Se a capacidade de biohidrogenação dos microrganismos é excedida, os ácidos graxos insaturados podem-se acumular no rúmen e interferirpotencialmente na fermentação. Nas fêmeas ruminantes, o metabolismo de lipídeos na glândula mamária difere de outras fêmeas não ruminantes por conter ácidos graxos de cadeia curta e baixas quantidades de ácidos graxos poliinsaturados. Justamente porque ocorre a biohidrogenação, onde os microorganismos mudam a composição dos ácidos presentes na dieta e na glândula mamária. Ou seja, o ácidos graxos do leite são derivados de três fontes, a dieta e a reserva corporal (que compõem 50% dos ácidos graxos do leite e são formados por AG cadeia longa e os outros 50% são formados pela própria glândula mamária ou seja, a "síntese do novo”, a partir das células epiteliais da glândula mamária (ácidos graxos de cadeia curta e média). Mas e como ocorre a formação de gordura do leite na glândula mamária? A produção de gordura do leite está diretamente associada ao tipo e qualidade de alimentos que as vacas lactantes recebem diariamente. A gordura do leite é formada a partir dos ácidos acético e butírico, originados na fermentação ruminal, e de ácidos graxos com mais de 16 carbonos absorvidos no intestino ou mobilizados das reservas corporais, além dos AG de cadeia curta, sintetizados diretamente na glândula mamária Ou seja, os ácidos graxos de cadeia curta e média são sintetizados quase que exclusivamente pela síntese de novo na glândula mamária, predominantemente a partir do betahidroxi-beta-metilbutirato, os ácidos graxos de cadeia longa são oriundos exclusivamente da circulação (seja da mobilização do tecido adiposo ou absorvido pelo trato digestivo). Esses ácidos graxos são esterificados formando a gordura do leite. A medida que os ácidos graxos de cadeia curta são liberados começam a ser esterificados ao glicerol, a distribuição dos ácidos graxos no glicerol é regulada por enzimas acil-transferases específicas, a enzima delta 9 dessaturase tem importante para a modificação da composição de ácidos graxos de gordura do leite de ruminantes, ou seja, o tipo de ácido graxo que será depositado na gordura do leite, é comandada pela enzima delta 9 dessaturase, que se juntará ao glicerol. Nesse sentido, a utilização de suplementação lipídica com altos níveis de ácidos graxos poliinsaturados, mostrou-se bastante eficaz no aumento da concentração de CLA e outros ácidos graxos insaturados na gordura do leite. O CLA é de ocorrência natural, encontrado na gordura do leite e gordura corporal de ruminantes. Nesse sentido, a inclusão de lipídeos na dieta dos ruminantes é importante para o desempenho do animal, entretanto, deve-se respeitar e não ultrapassar o percentual de 5% da dieta, para que não traga prejuízos ao animal e ao produto final. Proteínas As proteínas são as macromoléculas orgânicas mais abundantes das células, fundamentais para a estrutura e função celular de todos os organismos vivos. Depois da água, são os nutrientes de maior concentração nos tecidos musculares dos animais. Compostas por unidades formadoras, os aminoácidos, aos quais estão unidos entre si através de ligações peptídicas. De peso molecular extremamente elevado, as proteínas são compostas por carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, podendo conter ainda o enxofre, ferro, zinco e cobre. As proteínas podem ser classificadas quanto a solubilidade, estrutura dimensional, função, propriedades físicas e ao formato geral. Em relação ao formato geral, elas podem ser proteínas fibrosas ou globulares. As proteínas fibrosas são a maioria insolúveis em meio aquoso e possuem pesos moleculares bastante elevados, fazem parte deste grupo as proteínas estruturais como o colágeno, a queratina, e elastina, miosina e a fibrina. As proteínas globulares possuem estrutura espacial mais complexa e são esféricas, são geralmente solúveis em meio aquoso como a insulina, globulinas, diversas enzimas e as albuminas plasmáticas. Os aminoácidos são as unidades básicas da proteína, são definidos de acordo com suas características de estrutura, tamanho, carga elétrica e solubilidade. Do ponto de vista nutricional para animais ruminantes e não ruminantes, os aminoácidos são classificados em: aa essenciais (aqueles que não são sintetizados pelo organismo, ou são sintetizados em quantidades insuficientes para suprir as exigências do animal), e em: aa não essenciais (aqueles que sintetizados pelo tecido animal a partir de metabólitos do metabolismo intermediário e de grupamentos amino provenientes de excesso de AA. Além dos aminoácidos, outros compostos nitrogenados são de grande importância para a nutrição dos animais ruminantes, como a amônia, a ureia, os nitritos, nitratos, etc. As fontes de proteína para atendimento em aminoácidos para ruminantes: A maioria dos aminoácidos absorvidos pelos ruminantes é obtido da proteína microbiana sintetizada no rúmen. Essa proteína, é composta por uma fração degradável no rúmen (PDR) e por uma fração não degradável no rúmen (PNDR), ou seja, aquilo que escapa da degradação ruminal e segue para o intestino. As exigências nutricionais são atendidas através da absorção intestinal de aminoácidos provenientes da PNDR e da PDR. A PDR fornece peptídeos, AA livres de amônia para o crescimento dos microrganismos, além de promover a síntese microbiana no rúmen. É uma exigência nutricional dos microorganismos ruminais. A PNDR é a segunda fonte de AA para os ruminantes e é uma exigência nutricional dos ruminantes. Para que o ruminante tenha um alto desenho produtivo, é importante que parte da proteína ingerida esteja na forma de PNDR, sendo essa uma fonte adicional de AA, suprindo a deficiência quantitativa de alguns aminoácidos essenciais na proteína microbiana produzida no rúmen. A qualidade da proteína no alimento é determinada pela proporção entre nitrogênio protéico e nitrogênio não protéico, pela velocidade e extensão de degradação da proteína degradável no rúmen, pela digestibilidade intestinal da proteína não degradável e pela composição em aminoácidos da proteína não degradável digerida no intestino. As proteínas verdadeiras, ao contrário dos compostos nitrogenados, são formadas por aminoácidos unidos em ligações peptídicas. As principais fontes desse nutriente na alimentação de ruminantes são: - Farelo de soja; - Farelo de algodão; - Resíduo de cervejaria; - Farelo de glúten; - Farelo de amendoim; - Farelo de girassol - etc. Já as PNDR não sofrem fermentação ruminal e são digeridas no intestino delgado. As principais fontes ricas nesse nutriente são: - Farelo de soja tostado; - Farelo de soja tratado quimicamente; - Farelo de glúten de milho - etc. Compreender a dinâmica de degradação ruminal da proteína dos alimentos é essencial para se formular dietas com níveis adequados de PDR, favorecendo os microrganismos do rúmen, e o conhecimento sobre a PNDR diz respeito ao benefício do próprio animal, promovendo, dessa forma, dietas mais eficientes. Portanto, para ter êxito na suplementação protéica rica em PNDR, é preciso fazer o balanceamento adequado da dieta em PDR, para que não haja limitação da síntese microbiana e que mantenha o perfil de aminoácidos que chegam no intestino adequadamente. A forma de utilização da proteína pelos microorganismos Os microrganismos ruminais adquirem a maior parte de sua energia através da fermentação dos carboidratos. Os microrganismos que fermentam carboidratos fibrosos crescem lentamente e utilizam a amônia para sintetizar proteína, já os que fermentam carboidratos não fibrosos, crescem de forma mais rápida e utilizam a amônia, peptídeos e aminoácidos para sintetizarem proteína. Essas bactérias, precisam dos aminoácidos e dos peptídeos como fonte energética para a manutenção, crescimento e para que haja a síntese microbiana. O ruminante é um animal com um sistema digestivo modificado, onde apresenta uma complexidade de reações químicas para a absorção de cada alimento. Quando se fala na proteína, lembramos de que ela é formada por vários aminoácidos, esses AA formam peptídeos e estes, formam a proteína. O animal não absorve a proteína inteira, então, no rúmen, ele quebra as ligações liberando ospeptídeos, através das peptidases. Toda essa quebra é realizada através das bactérias presentes no rúmen, até que os aminoácidos sejam liberados. Ou seja, quando a proteína chega no ambiente ruminal, ela vai ser colonizada por microrganismos, após essa colonização, esses microrganismos secretarão proteases, peptidases e deaminases, ou seja, enzimas que irão quebrar as proteínas extra celulares. As proteases vão agir sobre as proteínas que é degradável no ambiente ruminal e irão quebrar as ligações peptídicas. Essa quebra, vai gerar uma série de compostos derivados, os pequenos polipeptídeos , os oligopeptídeos, dipeptídeos ou AA livres. Nesse momento, entram em ação os mecanismos de absorção dessas moléculas pelos microrganismos ruminais. Se a bactéria estiver precisando desse AA no momento em que ele está sendo liberado, ela vai incorporar. Essa bactéria tem todo um aparato metabólico/enzimático, que consegue converter um AA em outro e formar o AA que ela está precisando. Dentro do corpo microbiano, esses AA vão ser metabolizados de acordo com o status energético desse microrganismo. Parte dos AA podem ser usados para a síntese de proteína microbiana, ou então, parte dele sofre deaminação (separando a amônia da cadeia carbônica). Essa cadeia carbônica pode ser fermentada e utilizada para a obtenção de energia e, consequentemente, a produção de ácidos graxos de cadeia curta. E a amônia, é liberada no sangue. Por ser tóxica para o animal, essa amônia liberada vai para o fígado, no fígado, entra no ciclo da ureia, passando por cinco reações enzimáticas (2 mitocondriais) (3 citosólicas) e é convertida em ureia. Essa ureia retorna para a circulação e retorna ao rúmen (via saliva ou via epitélio ruminal), pode seguir direto para a síntese de proteína do leite ou para a síntese de proteína no músculo (servindo também como energia) e, aquilo que não foi reciclado é mandado para os rins e são excretadas pela urina. Os motivos de limitar o nitrogênio não protéico da proteína degradada no rúmen: Grande parte do nitrogênio não protéico é transformado rapidamente em amônia e disponibilizado para os microrganismos ruminais. É considerado um fator de crescimento bacteriano, obtendo assim, a síntese de proteína microbiana, tornando-se disponível ao animal. Entretanto, a taxa de degradabilidade ruminal dessa fonte energética, é o principal fator limitante para a utilização de NNP, uma vez que, grandes quantidades de NNP, eleva a concentração de amônia no rúmen, que eleva o pH ruminal e, consequentemente, aumenta a absorção da amônia para o sangue. Essa amônia no sangue causa uma intoxicação no animal, esse animal passará a consumir menos, produzir menos e causará perdas financeiras no produtor e, dependendo da quantidade, poderá até levar o animal a morte. A utilização da ureia na alimentação de ruminantes: vantagens, limitações e toxicidade A ureia é um composto orgânico cristalino, de cor branca, amargo e solúvel em água e álcool. Na nutrição de ruminantes, o papel da ureia é fornecer nitrogênio não protéico na dieta, que, após ser ingerida pelo bovino, sofre a ação de microrganismos no rúmen e é transformada em proteína microbiana, considerada uma proteína de alta qualidade. Vantagens: - É uma tecnologia simples e acessível a qualquer produtor; - É fonte de nitrogênio não-protéico de baixo custo; - Baixo custo de implantação; - Reduz perdas de peso nos animais no período seco; - Mantém e/ou estimula a produção de leite. Limitações: - Baixa aceitabilidade, devido ao sabor amargo; - Elevada solubilidade no rúmen; - Toxicidade a depender da quantidade; - Em dietas com baixos teores de carboidratos solúveis e altas concentrações de parede celular de plantas maduras. Toxicidade: - Elevação do pH ruminal (pela rápida degradação de grandes quantidades de NNP); - Consequentemente, aumento de amônia no sangue; - Tetania ou convulsões, podendo levar o animal rapidamente à morte. Conclusão QUAL A IMPORTÂNCIA DAS PROTEÍNAS NA NUTRIÇÃO DE RUMINANTES? A proteína é o constituinte mais importante no corpo do animal porque esta presente em quase todos os tecidos do corpo. A falta de proteína certamente irá limitar o aproveitamento dos outros nutrientes, como por exemplo, a energia. Seu excesso também implicará em perdas para os bovinos, seja pelo gasto de energia na reciclagem do nitrogênio e, em casos extremos, até a morte, como por exemplo, no mau uso da ureia. A proteína que o ruminantes ingere, servirá como alimento para a flora microbiana presente no rúmen, essa flora é super benéfica para o animal. Elas utilizam a proteína contida no alimento como a matéria prima para sua multiplicação, degradando os nutrientes e, no final desse processo, quando parte dessa flora morre, a proteína gerada através dessa síntese, é a melhor proteína de valor nutritivo para o bovino. Uma nutrição de sucesso não se faz por excesso e sim, pelo equilíbrio, levando em consideração a exigência produtiva dos animais e os diferentes alimentos disponíveis. Carboidratos Os carboidratos são compostos formados por carbono, hidrogênio e oxigênio que representam a categoria mais abundante em termos de nutrientes nas plantas. Fazem parte da estrutura do RNA e do DNA e são definidos quimicamente como poli-hidroxi-cetonas (cetoses) ou poli-hidroxi-aldeídos (aldoses). Podem ser classificados de diversas formas, pelos monômeros de formação, pela função que exercem no tecido da planta, estruturais e não estruturais e do ponto de vista nutricional como fibrosos (constituem a parede celular e dão sustentação ao vegetal) e não fibrosos (ligados à reserva e translocação de energia). Constituem de 70 a 80% da dieta dos ruminantes, uma vez que, a base da alimentação desses animais são as plantas forrageiras, as quais são formadas principalmente por carboidratos. No rúmen, os carboidratos são fermentados por meio de sua microbiota e gerando produtos como os AGV’s (fonte principal de energia 75% a 80%), importantes para gerar produtos como a carne e o leite, influenciando na produção de leite, porcentagem de gordura no leite, eficiência na conversão alimentar e no custo benefício de uma dieta. Dentre os carboidratos fibrosos, encontram-se a hemicelulose e a celulose. Já nos carboidratos não fibrosos, encontram-se a pectina, o amido, os açúcares solúveis e as frutosanas. Devido a uma relação de simbiose com os microorganismos presentes no rúmen, os ruminantes são capazes de fermentar e degradar a fibra contida na planta. Esses microorganismos são bactérias celulolíticas e sacarolíticas, que se aderem ao substrato liberando enzimas e degradando a fibra. A fermentação por sua vez, converterá os componentes estruturais das plantas em formas que possam ser utilizadas pelos animais. Por outro lado, dietas ricas em amido e/ou proteína favorecem a ação das bactérias amilolíticas e/ou proteolíticas. O ruminante, por sua vez, fornece para esses microorganismos o ambiente ruminal com condições relativamente estáveis (umidade, calor, pH, osmolaridade, anaerobiose) e substrato (alimento). O tipo de substrato presente no rúmen influencia diretamente o desenvolvimento da população microbiana, alterando o ambiente ruminal e os produtos gerados pela fermentação. A síntese de proteína microbiana no rúmen depende de uma faixa de pH ideal e do fornecimento adequado de energia e nitrogênio para os microrganismos. Um pH abaixo de 6,2 reduz o tempo de degradação da fibra, entretanto, um pH menor que 5,8 cria um ambiente propício para bactérias amiloíticas que levará o pH ruminal a uma faixa ideal entre 5,5 e 7,0. Sendo assim, dietas ricas em carboidratos de alta fermentação e baixo teor de fibra reduzem o pH, em razão da maior produção de AGV e ácido lático no ambiente ruminal. Já dietas com alto teor de fibra promovem o aumento do pH, por estimularem a ruminação e, consequentemente, a salivação, que irá diluir e tamponar o conteúdo ruminal. CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS / NÃO FIBROSOS Os CNE consistem, além do amido, em açúcares simples, frutados, ácidos orgânicos e outros compostos.Estão localizados principalmente nas sementes, mas podem ser encontrados nas folhas, caules e raízes, principalmente como carboidratos de reserva. Os açúcares solúveis de maior ocorrência nas forragens são a glicose e a frutose. Os CNE são, normalmente, rapidamente fermentados pelos microrganismos ruminais, sendo fontes mais rápidas disponíveis de energia para o meio ruminal. Entretanto, a intensa produção de ácidos graxos de cadeia curta em pouco tempo, pode causar uma diminuição do pH ruminal. A glicose é o monossacarídeo mais importante do grupo dos CNF, sendo o constituinte de compostos energéticos e chave na nutrição, como a sacarose, cana-de-açúcar e o amido. São fermentados de forma rápida e convertidos em ácidos graxos voláteis e, ocasionalmente, em quantidades significativas de lactato. Alimentos com alto teor de amido favorecem a formação de ácido propiônico no rúmen e podem induzir os animais a distúrbios metabólicos, como a acidose. CARBOIDRATOS ESTRUTURAIS / FIBROSOS Os carboidratos estruturais são aqueles que fazem parte da parede celular das plantas, basicamente representados pela celulose, hemicelulose e pectina. Nas dietas usuais dos ruminantes, eles são a principal fonte de energia. A pectina, apesar de ser um carboidrato estrutural, é praticamente toda utilizada no rúmen, de maneira semelhante aos carboidratos não estruturais. Advindos de alimentos vegetais, a hemicelulose normalmente tem degradabilidade ruminal entre 45-90% e a celulose entre 25-90%. Isso porque elas estão associadas à lignina, que reduz a degradabilidade. Possuem degradação lenta e parcial dos carboidratos e alta degradabilidade dos compostos nitrogenados. Um dos principais fatores de regulação do consumo em ruminantes é o teor de fibra e o volume da dieta ingerida. A qualidade dos alimentos volumosos, principalmente as forragens, é influenciada particularmente pela natureza e concentração dos carboidratos estruturais da parede celular. Portanto, conhecer as frações que compõem a fibra é super importante, uma vez que, essa composição irá influenciar diretamente no aproveitamento do alimento parte do animal. A REDUÇÃO DA DISPONIBILIDADE DO CF COMO FONTE DE ENERGIA PARA A MICROBIOTA RUMINAL A principal função dos carboidratos é ser fonte de energia para os animais. Há uma quantidade mínima de carboidratos estruturais que é crítica para a efetiva estimulação da ruminação, da salivação e da motilidade ruminal. Na falta de estímulo de fibra no retículo, o bovino não rumina, o que reduz a produção de saliva e, consequentemente, pode levar o animal a um quadro de acidose. Este, por sua vez, pode se desdobrar em timpanismo espumoso e laminite. A fibra estimula a motilidade, aumentando o contato do substrato com as enzimas extracelulares dos microorganismos do rúmen, auxiliando na ruminação e na renovação do conteúdo ruminal, ajudando a aumentar a taxa de passagem. A taxa de passagem tem relação direta com a produção microbiana. Caso ela seja rápida, irá favorecer uma maior eficiência no crescimento microbiano. Entretanto, se ela for maior que a renovação desses microorganismos, irá levar a uma redução dessa população. Na determinação do nível mínimo de fibra na dieta é importante que seja considerada a porção da fibra que efetivamente estimula a ruminação, o fibra em detergente neutro fisicamente efetivo (FDNfe), essa porção da fibra do alimento ou dieta, é que estimula a ruminação e a motilidade ruminal. A FDN está relacionada com a limitação do consumo, em razão do espaço ocupado no rúmen, levando-o ao enchimento. O teor de fibra do FDN, tem como principal efeito benéfico a manutenção da saúde ruminal, por causa da mastigação e ruminação que levam para uma maior produção de saliva e, consequentemente, exercendo um efeito tamponante sobre o rúmen. Quando se tem diferentes espécies com um maior coeficiente de digestibilidade da FDN, foi observado nos animais um maior consumo da matéria seca, produção de leite e produção de leite corrigida. Dentre os microrganismos ruminais degradados da fibra temos: Bactérias: os grupos de bactérias que degradam a fibra são as celulolíticas, hemicelulolíticas, degradadoras de pectina e xilanas. Elas possuem uma taxa de crescimento lenta e são dependentes de amônia e ácidos graxos de cadeia ramificada para sintetizar proteínas. As fermentadoras de carboidratos fibrosos geram como principais produtos o acetato, o propionato, o butirato, o succinato, o formato, o CO2 e o H2. Protozoários: constituídos em sua maior parte por ciliados pertencentes a dois grupos, os entodiniomorfos (presentes nas dietas à base de forragem) e os holotrichas (nas dietas ricas em concentrados). Os protozoários fermentam o açúcar, lactato e parte dos AA. Fungos: os fungo presentes são quitridiomicetos anaeróbios e colonizam as fibras. Eles se aderem aos fragmentos das forragens, penetrando nos tecidos vegetais por meio dos talos e dos rizóides. Gerando produtos como o acetato, lactato, succinato, CO2 e o H2. O EFEITO DO TIPO DE CHO PARA A PRODUÇÃO DE METANO NA FERMENTAÇÃO RUMINAL E SUA JUSTIFICATIVA A fermentação de carboidratos fibrosos no rúmen favorece o desenvolvimento de microrganismos metanogênicos. A produção de metano oriundo da fermentação dos CF ocorre em razão da maior liberação de H2 no ambiente ruminal. Uma vez que, o H2 é o principal substrato utilizado pelas metanogênicas para sintetizar o CH4. Além disso, os CF possuem um maior tempo de permanência no rúmen, por serem de fermentação lenta. Logo, a fermentação das gramíneas tropicais ocasiona um aumento na produção de metano por causa da maior proporção de CF em sua estrutura celular. Nesse sentido, existe a possibilidade da redução na produção desse gás pela modificação da fermentação ruminal, obtida por alteração do volumoso, do tipo e da quantidade de carboidrato suplementado à dieta, pela adição de lipídeos e pela manipulação da microbiota do rúmen com aditivos alimentares ou componentes naturalmente presentes no alimento. FORNECIMENTO DAS DIETAS COM DIFERENTES RELAÇÕES VOLUME E CONCENTRADO (VO:CO) SOBRE A QUANTIDADE E COMPOSIÇÃO DO LEITE. Os carboidratos são a fonte de energia mais importante e os principais precursores da gordura e do açúcar (lactose) presentes no leite. Os microorganismos que vivem no rúmen permitem que os CF (celulose e hemicelulose) que estão ligados à lignina que está presente na parede celular das plantas. As fibras da celulose e da hemicelulose ficam retidas por mais tempo no rúmen e são fermentadas de forma lenta. As fibras aumentam a contração ruminal e o fluxo de saliva, logo, ajudando a manter o pH ruminal próximo da neutralidade. Dietas com pouca fibra normalmente resultam na produção de leite com baixa porcentagem de gordura e podem desencadear distúrbios digestivos. Os CNF são rapidamente fermentados no rúmen, resultando em um aumento da energia e densidade da dieta, estimulando também a ruminação e a produção de saliva e, se em excesso, podem impedir a fermentação das fibras. O balanceamento de CF e CNF é importante para a produção ideal de leite. Durante a fermentação ruminal, a população dos microrganismos fermentam os CHO para produzir energia, gases (metano e dióxido de carbono), calor e ácidos (acético, propiônico e butírico). O CO2 e o CH4 são eliminados pelo orifício esofágico e a energia do CH4 é perdida. A maioria do acetato e todo o propionato são transportados para o fígado, já o butirato é convertido na parede ruminal em corpos cetônicos (Beta hidroxibutirato), sendo estas, fonte de energia para a maioria dos tecidos do corpo. No fígado, o propionato é convertido em glicose e junto com o lactato, são importantes para a produção do leite. O tipo de fonte de CHO da dieta irá influenciar na quantidade e proporção de AGV que são produzidos no rúmen. A população microbiana converte os carboidratos fermentados em: - 65% de ácido acético; - 20% de ácido propiônico; - 15% de ácido butírico. A quantidade de propionato produzido no rúmen pode limitar a quantidade de leite produzida devido a falta daglicose. CNF (presente em muitos concentrados) propiciam a produção de ácido propiônico CF (presente nas forragens) propiciam a produção de ácido acético no rúmen Grandes quantidades de concentrado (ou quando o tamanho das partículas da forragem é muito pequena) levam a: - Uma menor porcentagem de ácido acético, menor que 40%; - Uma maior porcentagem de ácido propiônico, maior que 40%. Podendo levar a um aumento da produção de leite, devido ao aumento da glicose (advinda do propionato), entretanto, as concentrações do ácido acético importantes para a síntese de gordura, podem estar em concentrações muito baixas, levando a uma redução na produção de gordura, com baixa porcentagem de gordura no leite. Ademais, esse excesso de propionato, poderá levar a vaca a acumular gordura corporal e, como consequência, a obesidade. Que causará não apenas problemas no parto, mas também, problemas metabólicos como fígado gordo ou cetose. A falta de concentrado na dieta limita a ingestão de energia e afeta na produção da proteína o leite. As mudanças na proporção de forragem e concentrado na dieta têm um profundo efeito na quantidade e na porcentagem de cada AGV que são produzidos no rúmen. Outra fonte de glicose para o fígado é o lactato, que é produzido no rúmen através da oferta de amido na alimentação. Entretanto, quando esse amido é ofertado em excesso, o ambiente ruminal se torna ácido, a fermentação das fibras não acontece adequadamente e em casos extremos a vaca para de se alimentar. Durante a lactação, a glândula mamária tem uma grande necessidade de glicose, que é utilizada principalmente na formação da lactose (açúcar do leite). A quantidade total de lactose sintetizada no úbere está diretamente ligada com a quantidade de leite produzida por dia. Logo, a produção de leite é fortemente influenciada pela quantidade de glicose que pode ser produzida pelo propionato ruminal. - Glicose convertida em glicerol = produção de gordura do leite; - Acetato e o Beta-hidroxibutirato = formação de ácidos graxos que ficarão aderidos ao glicerol na formação da gordura do leite. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, é importante ter o conhecimento sobre o manejo e nutrição dos ruminantes na quantidade de carboidrato que será ofertado e, principalmente, sobre a digestão do mesmo, uma vez que, essa classe representa sua principal fonte energética. Sendo importante e essencial manter o equilíbrio ruminal estável. Os CHO são convertidos em AGVs (acético, butírico e propiônico). Sabemos que os AGV têm finalidades distintas e podem ser direcionado para glândula mamária, tecido muscular e tecido adiposo. A velocidade de fermentação desses CHOs pode direcionar qual AGV pode ter sua produção acentuada. Dietas com alto teor de celulose predomina a produção de ácido acético, dietas ricas em amido proporciona aumento no ácido propiônico e dietas ricas em proteína elevam a produção de ácido butírico. Além disso, não podemos esquecer dos problemas relacionados ao fornecimento de dietas com alto teor de grãos (amido), que levam a acidose ruminal, laminite... E dietas que não fornecem glicose suficiente para o animal, o que acaba prejudicando na produção de leite, uma vez que, a glicose juntamente com o lactato, estão diretamente ligadas a produção de leite. Vitaminas As vitaminas são moléculas complexas encontradas naturalmente nos alimentos ou na forma de precursores e são responsáveis pelo controle de muitos processos metabólicos e são requeridas em quantidades mínimas para a manutenção da saúde, crescimento e reprodução de ruminantes. São classificadas em hidrossolúveis (Vit C e Complexo B) e lipossolúveis (K, E, D e A). A vit. B9 (ácido fólico) e B12 (cobalamina): são hematopoiéticas e participam da produção de células sanguíneas (hemácias). A vit. B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), B5 (ácido pantotênico) e B7 (biotina): são liberadoras de energia e participam da respiração celular e produzem energia para as células. A vit. B6 (piridoxina): participam do metabolismo de AA. A vit. A (retinol): desenvolvimento ósseo, reprodução e produção de rodopsina (que previne a cegueira noturna). A vit. E (alfa tocoferol): antioxidante, proteção e composição da membrana fosfolipídica. D2 e D3 (ergocalciferol e colecalciferol): metabolismo do Ca e P, crescimento e reprodução. K: co-fator da coagulação sanguínea. As lipossolúveis são estocadas, possuem excreção lenta através da bile (fezes), controle rígido para A e D por poderem causar intoxicação, são hormonais e possuem uma baixa estabilidade. As hidrossolúveis não são estocadas (muito pequenas), excreção rápida através da urina, intoxicação é rara (B2), são co-enzimáticas e com estabilidade variável. Vitamina A Não ocorre nas plantas na forma ativa. Seus precursores são alfa, beta, caroteno e criptoxantina. O beta-caroteno é o mais importante. A absorção e conversão a retinol ocorre na mucosa intestinal. É responsável pela coloração dos produtos de origem animal como leite, queijo, carne, ovos. Os bubalinos possuem uma maior eficiência nessa conversão, por isso o leite é mais branquinho. Vitamina D O metabolismo da vit. D2 são de fontes naturais (ingesta) - sintetizada em plantas a partir do ergocalciferol. O metabolismo da vit. D3 são sintetizadas na pele através da luz do sol. Apesar de que a luz ultra-violeta que quebra as ligações de carbono é essencial para a produção de ambas as formas ativas da vit. D. ● Pele (7-deidroxicolesterol) —> UV —> Pré-vit D3 —> isomerização pelo calor —> Vit. D3 —> sangue —> fígado. ● Ingerida —> absorção no ID proximal —> formação de micelas através de sais biliares —> absorção pela membrana do enterócito —> dentro da célula metabolizada em quilomícrons —> vai para o sistema linfático —> fígado. No fígado através da enzima 25-hidroxilase é convertida em 25 hidroxicolecalciferol que se liga a uma proteína transportadora e para para o rim. No rim ocorre uma 2 hidroxilação e, através do paratormônio (PTH) é convertida em 1,25 diidroxicolecalciferol. A partir daí, estará envolvida no metabolismo do Ca e P. Diminuindo o nível de Ca, há a liberação do hormônio da tireóide, que estimula a conversão de 25 (OH)D3 em 1,25 (OH)2D3, no intestino delgado estimula a síntese da proteína ligadora de Ca, promovendo uma maior absorção de Ca no enterócito, a vit. D e o PTH, aumentam a reabsorção de Ca nos ossos e diminui a excreção através da urina. A carência de vit. D deprime a absorção intestinal de Ca e tende a baixar a concentração sérica do íon. A baixa concentração de Ca estimula as paratireóides que passam a sintetizar PTH que vai agir aumentando a taxa de reabsorção de Ca e P dos ossos e diminui a deposição de Ca e P. Vitamina E A vit. E é um protetor contra radicais livres. Ela se vincula aos radicais livres e neutraliza (diminuindo) a ação desses radicais. Selênio + Vit. E Atuam de forma sinérgica em defesa da peroxidação dos fosfolipídios vitais. A vit. E ela anula, inibe a ação dos radicais livres e o selênio ele destrói. Dentre as Vit. Do complexo B, a que destacaria seria a B12 Sem a vit. B12 não ocorre a síntese de glicose a partir do propionato. Ou seja, o principal substrato gliconeogênico para os ruminantes é o propionato. As vitaminas do complexo B são sintetizadas pelos microrganismos, entretanto, precisa que a dieta tenha concentrações adequadas de cobalto para que elas sintetizem a B12. Pq o cobalto é a estrutura central da vit. B12 . A vit. B12 é essencial em vários sistemas enzimáticos envolvendo transferência ou síntese de 1-carbono, metabolismo de ácidos nucléicos, proteínas, gorduras e carboidratos. Minerais Os minerais são importantes tanto para o organismo do animal como para a microflora. Suas principais fontes são do alimento e variam de acordo com a espécie forrageira, idade, gênero, espécie, solo, etc. São classificados pela localização no tecido de órgão específico, pela concentração no organismo (como macrominerais e microminerais) ou pelo significado nas funções vitais do organismo (minerais essenciais, não essenciaise tóxicos). Essenciais: presente em concentrações constantes nos tecidos, sua deficiência resulta em anormalidade estrutural e/ou fisiológica, podendo ser revertido (a deficiência) quando se adiciona na dieta. Não essenciais: sem papel metabólico, presença acidental nos alimentos. Tóxicos: todos são tóxicos, a depender da quantidade e período de consumo. Ocorre natural ou pela contaminação nos alimentos, água e ar. Função - Estrutural: compõem órgãos e tecidos. Ex: Ca, P, Mg ossos e dentes. P e S proteínas do músculo. Zn e P estabilidade das moléculas. - Fisiológica: controle da pressão osmótica, balanço ácido-base, permeabilidade das membranas. - Catalítica: ativadores de enzimas e integrantes de estruturas metabólicas - Reguladora: regulação na replicação e diferenciação celular. Macrominerais: Ca, P, Mg: mineralização óssea S: componentes dos AA’s sulfurados K, Na e Cl: regulação da pressão osmótica Microminerais: Fe, Zn, Cu, Mn, Mo e Se: componente de enzimas I: componente de hormônios tireoidianos Co: componente da vit. B12 Deve-se sempre trabalhar no platô, ou seja, a faixa ótima do total de nutrientes na dieta. Uma faixa ótima está relacionada à quantidade de minerais controladas dentro de certo limites, sem que haja modificação na resposta do animal. Evitar: Faixa deficiente: o animal não apresenta resposta satisfatória às suas funções de produção e reprodução. Quantidades menores que as exigências mínimas. Faixa tóxica: a resposta animal passa a diminuir à proporção que se aumenta o nível do nutriente. É preciso estar atento também aos nutrientes que podem inibir ou potencializar a ação do outro. É preciso atender uma demanda adequada, evitando excessos de minerais específicos para não gerar problemas de antagonismo mineral. Os minerais são co-fatores exigidos para o perfeito funcionamento de várias enzimas. Distúrbios Nutricionais Os distúrbios nutricionais são desequilíbrios causados pela ingestão de nutrientes, pela manipulação intensa da dieta. Causando doenças metabólicas, que são distúrbios específicos da assimilação ou excreção dos constituintes nutricionais, bem como a diminuição, excesso ou falta na ingesta. Os distúrbios nutricionais podem ser primários, que atacam um indivíduo ou o rebanho, e secundários, decorrente de outras enfermidades. Principais distúrbios: Acidose: condição patológica causada pela elevação da acidez do sangue, onde acontece a diminuição da taxa de bicarbonato hemático, com um aumento do hidrogênio e, consequentemente, a diminuição do pH sanguíneo. Causas: dietas ricas em concentrado, retenção de CO2 no sangue, perdas de íons de bicarbonato por enterite aguda, etc. Sintomas: aumento da frequência respiratória, desidratação, fraqueza, lentidão, etc. Tratamento: corrigir a alimentação, diminuir o concentrado e fornecer bicarbonato de Na nas 1 's 24h. Laminite: processo inflamatório agudo nas estruturas do casco, resulta em claudicação e deformidade permanente. Causas: provavelmente por toxinas bacterianas por superalimentação de grãos ou então infecção local. Sintomas: dor, tremor muscular, sudorese, cascos quentes, inflamação visível e relutância em se mover. Tratamento: atentar para aquilo que provoca Timpanismo: quando a movimentação cíclica do rúmen é comprometida, causando uma detenção anormal do rúmen-retículo. Pode ser timpanismo gasoso ou espumoso. Gasoso: ocorre por disfunção esofágica ou pela ingestão de objetos estranhos ou então pela disfunção rumino reticular. Espumosa: é a formação de bolhas de acúmulo de espuma na região da cárdia, provocada pela dieta (leguminosas e grãos) ou podendo ser individual (animais mais susceptíveis que outros). Prevenção: balancear corretamente as dietas ricas em concentrado, evitar o excesso de alfafa e trigo. Tratamento: agentes anti-espumantes. Alcalose: excesso de amônia no rúmen, excedendo a utilização do fígado. Causas: excesso de uréia na alimentação e diminuição da quantidade de carboidratos não fibrosos. Prevenção: correta adaptação alimentar, fornecer em quantidades adequadas - adaptação a ureia. Tratamento: ácido fraco como o ácido acético a 5%. Cetose: aumento da concentração de corpos cetônicos nos tecidos líquidos e corporais. Como acontece? Em um baixo consumo de alimento (balanço energético negativo), leva uma menor produção de propionato. Com isso, leva a uma menor produção de glicose, com uma diminuição da insulina e, consequentemente, há o aumento da atividade das lipases no tecido adiposo (ele começa a ser mobilizado). Os triglicerídeos armazenados no tecido adiposo são hidrolisados e liberados em ácidos graxos e glicerol. O glicerol vai para o fígado e o AG se junta a albumina sérica e vai atender a demanda energética do organismo. Os AG não esterificados, quando chegam no fígado ocorre uma lipáse incompleta, ou seja, pela falta de unidade de oxaloacetato, as unidades de acetil não rodam no ciclo de Krebs para oxidação completa do CO2 e água e acaba gerando compostos intermediários, que são os corpos cetônicos. O organismo não utiliza todos os CC e acaba entrando em cetose. Quando chega muito AG não esterificado no fígado ocorre a esterificação com formação de triglicerídeos o que acaba se acumulando e levando a uma esteatose hepática - fígado gorduroso. Sintomas: redução na produção de leite, perda de apetite, incoordenação dos membros posteriores, redução da gordura do leite e odor de acetona no ar expirado, urina e leite. Prevenção: balancear a dieta Tratamento: endovenosa de solução glicosada a 40%. Paraqueratose: é caracterizada pelo endurecimento e aumento das papilas do rúmen. Causas: animais alimentados com alta concentração de concentrado durante o período de terminação. O que leva a um aumento da produção de ácidos na fermentação, com redução do pH do fluido ruminal, acumulando alimentos concentrados nas papilas, formando verdadeiras placas entre elas. Hipocalcemia ou febre do leite: é uma queda drástica dos níveis de Ca no sangue após o parto, complicando também pelo início da lactação. Cai o Ca, Mg e P, e aumenta a creatina quinase. Implicações: retenção de placenta, prolapso uterino, síndrome da vaca caída, mastite, etc. Como ocorre o controle homeostático? Com a diminuição dos níveis de Ca no sangue, a tireóide é sinalizada a produzir hormônios paratireóide (PTH), que por sua vez, estimula nos rins a conversão do 25(OH)D3 a ser ativada e transformada em 1,25(OH)2D3 que irá sinalizar no enterócitos, nas células do intestino, a produção e síntese da proteína ligadora do Ca. Que irá aumentar a absorção de Ca dos ossos. Com o aumento da absorção e o aumento dos níveis séricos de Ca no sangue, a tireóide estimula a produção da calcitonina, esta por sua vez, inibirá o PTH e assim, mantem-se os níveis de Ca estáveis. Sintomas: níveis baixos de Ca, tremores musculares, não ficar em pé, frequência cardíaca acelerada, etc. Passa por 3 estágios que vai da excitação e o animal não come (1), sonolência cabeça voltada para o flanco, atividade ruminal franca (2) e timpanismo (3). Prevenção: suplementada de Ca e vit. D2, equilibrar a dieta. Tratamento: quanto mais rápido se trata, mais rápido se recupera. Restabelecer os níveis de Ca, solução de borogluconato de Ca. Fotossensibilização: manifestação sintomatológica da pele que absorve energia da radiação, causando dermatites. Pode ser primária (ativada pela luz) ou hepatógena (quando produtos metabólicos normais acumulam nos tecidos devido a falha do fígado (hepatite), muitas vezes causados por plantas tóxicas. Compostos anti-nutricionais: as plantas e seus mecanismos de defesa, como taninos, glicosídeos cianogênio, saponinas, mimosinas e micotoxinas. Esses compostos podem afetar o valor dos nutrientes, interagir com outros da dieta, como por exemplo, a canina dificulta a absorção da proteína. De um modo geral, todos os distúrbios nutricionais elevam os custos da produção e a prevenção é o manejo adequado, essa é a melhor solução. Exigências Nutricionais É definida como a quantidade diária de um nutriente que o animal deve ingerirpara alcançar determinado nível de produção. Nutriente: é algo que nutre o animal, que é requerido na dieta para o funcionamento normal dos processos vitais. Energia: capacidade de realizar trabalho. Nos ruminantes é fracionada em Energia bruta (perdida pelas fezes), fica a energia digestível (perdida pela urina e produção de gás metano), fica a energia metabolizável (perdida na fermentação e processos metabólicos), ficando a energia líquida para a mantença e produção. Ou seja, a energia líquida é a energia disponível para o animal. NDT: nutrientes digestíveis totais é baseado na quantificação da digestibilidade dos nutrientes do alimento ou da dieta, não levando em consideração as perdas de energia. Proteínas: cadeia de AA 's, constituintes da célula. Proteína bruta PB: é o conteúdo de nitrogênio do material multiplicado por 6,25 Proteína metabolizável: é aquela que após sofrer os processos de digestão no estômago e intestino delgado, está disponível para absorção, para ser metabolizada pelo animal. NNP: não são proteínas verdadeiras, mas como apresentam o nitrogênio em sua composição (ureia e biureto), são usadas como substratos nitrogenados pelos microorganismos para a síntese de proteína microbiana. Minerais: são elementos químicos inorgânicos que participam de reações enzimáticas, bem como constituintes estruturais de órgãos, tecidos e fluídos corporais. Vitaminas: são compostos orgânicos que ocorrem naturalmente nos alimentos. Requeridos para a mantença e produção. Catalisadores e atuam em diversas reações para o metabolismo do animal. Exigências totais = exigência de mantença (Proteína e Energia) + exigência para ganho (Proteína e Energia x o ganho de peso) + exigência para gestação + exigência para lactação. Ajuste de interpolação das tabelas de consumo = ex: quer o consumo de 25kg, mas na tabela só tem 30 e 20 kg. Consumo de 30 = 1,05 e o consumo de 20 = 0,59. 1,05 - 0,59 = 0,46 / 2 = 0,23. 0,23 + 0,59 = 0,82 (o consumo de 25kg). A compreensão dos aspectos sobre as exigências nutricionais é de extrema importância, porque é através da formulação das rações que se atende o estabelecimento de estratégias nutricionais. Formulação de Mistura mineral e mistura múltipla Suplemento: é aquilo que se dá a mais, que supre a deficiência, que visa aperfeiçoar a dieta dos animais. Suplementa-se a dieta, o pasto, e não os animais. Complemento: aquilo que se junta a uma parte, complementa-se a alimentação dos animais. Suplemento mineral: macro e micronutrientes na composição. Valor menor que 42% do proteico. Suplemento mineral com ureia: macro e micro com no mínimo 42% de equivalente protéico. Suplemento mineral proteico: macro e microminerais com pelo menos 20% de PB e mínimo de 30g de PB por 100 kg de peso corporal. Suplemento energético: NaCl + Sal mineral e alimento energético. Suplemento mineral proteico energético: macro e microminerais com pelo menos 20% de PB e fornecer no mínimo 30g de PB por 100g de NDT por 100kg de peso corporal. Mistura múltipla ou suplemento múltiplo: ureia + NaCl + mistura mineral de alimentos energéticos e proteicos. Ou seja, suplemento proteico + suplemento energético. Lembrar de sempre utilizar a mesma unidade para realizar os cálculos.