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CRUZAMENTO INDUSTRIAL NA PECUÁRIA DE CORTE BRASILEIRA trabalho abate 11

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Cruzamento Industrial na Pecuária de Corte Brasileira 
 
Rodolfo Almeida Bacci 
Zootecnia-UFLA 
 
Introdução 
 
Na última década o cruzamento industrial de bovinos tornou-se uma importante 
ferramenta estratégica para implementar a produção de carne nos diferentes sistemas 
produtivos no Brasil. Isto em parte ocorreu em função, principalmente ao aumento da prática 
de inseminação artificial, e conseqüentemente pela possibilidade e acessibilidade a sêmen de 
touros de uma ampla variedade de raças. 
A combinação ou o acasalamento de 2 ou mais raças adaptadas para corte de 
diferentes tipos biológicos, que tem por objetivo melhorar eficiência na produção de carne, 
deve ser entendido como cruzamento industrial. O benefício gerado pela utilização do 
cruzamento industrial é poder explorar os efeitos da heterose ou vigor híbrido, que podem 
estar relacionados não só no aspecto produtivo (ganho de peso, peso de carcaça, fertilidade, 
precocidade, etc.) mas também no aspecto qualitativo da carcaça (como melhor acabamento, 
marmorização, e maciez). O cruzamento permite de forma mais rápida a obtenção de 
características desejáveis (carcaça, precocidade, etc.) em relação a seleção nas raças puras, 
efeito este também podendo ser chamado de complementaridade. Neste ponto deve ser 
esclarecido e enfatizado que o cruzamento de Zebuínos com raças adaptadas para leite, não 
são e portanto não devem ser chamados de cruzamento industrial, por razões óbvias. 
Na medida que se ativa um programa de cruzamento industrial na propriedade, suas 
necessidades já exigem um sistema organizado de controle genético, de nutrição, de sanidade 
e de manejo.Os resultados obtidos no produto final compensam porque haverá maior 
produção, com mais qualidade, em menos tempo. 
 O cruzamento industrial é valido para todos animais de corte (aves, suínos, ovinos e 
bovinos). Não existe mais raça, existe produção e produto. As raças são muitas com algumas 
delas ganhando destaque, mas nenhuma raça no mundo supera os resultados do cruzamento 
industrial. 
 
Tipos de cruzamentos 
 
1) Rotacionado: uso de apenas duas raças, segurando as fêmeas para reprodução, sendo estas 
acasaladas com animais da raça da mãe ou do pai (retrocruzamento); 
2) Terminal: cruzamento entre duas raças, onde todos os produtos são destinados ao abate; 
3) Rotacionado-terminal: usa-se duas raças para produzir o F1, e cruza-se as fêmeas F1 com 
uma terceira raça, onde os produtos, machos e fêmeas são destinados ao abate. 
 Podemos citar também o Cruzamento para formação de uma nova raça, também 
conhecidos como "boi composto", onde diferentes raças com características desejáveis por 
determinado "nicho de mercado" (adaptabilidade, precocidade, peso adulto, resistência a 
parasitas, etc.). Porém, vamos nos limitar a apresentar algumas diferenças entre os tipos de 
cruzamentos usados diretamente para a produção de carne. 
 Quando se faz referência a raças para programas de cruzamento industrial usa-se 
muito a palavra precocidade, que deve ser entendida como velocidade com que o bovino 
atinge a maturidade sexual (puberdade), ocasião esta em que o animal completa o crescimento 
ósseo e a maior parte da musculatura já está desenvolvida. A idade, ou a rapidez com que os 
bovinos atingem a puberdade esta diretamente associado a "precocidade de terminação". O 
termo "precocidade de terminação" deve ser utilizado para referir-se a animais que atingem a 
quantidade de gordura adequada na carcaça para o abate em idade jovem. 
 
 
 Desafios: Nem tão difícil, 
 Nem tão caro ... 
 
Montar a receita do cruzamento industrial é complicado? É caro? Esta é uma pergunta 
que muitos fazem. 
 Pode custar um pouco mais caro. Um animal puro pode ter alguma dificuldade para 
servir em regiões de clima muito quente, mas para resolver isso temos a Inseminação 
Artificial, temos os animais compostos (como o Montana), trabalhando muito bem, no sul ou 
na Amazônia. E temos também os adaptados (Caracu e Senepol). 
 O cruzamento industrial se confirma como solução. O produtor precisa vencer seus 
velhos paradigmas e produzir boa carne, não importa a cor da raça. O melhor disso é que tudo 
acaba sendo uma engenharia genética que se aprende todo dia. 
 Afinal, cruzamento industrial é buscar dois indivíduos de DNA diferentes, para 
produzir a heterose, que potencializa os genes positivos do animal. Na heterose você 
acrescenta rápido. Estamos crescendo com a produção de carne e podemos dobrar este ganho. 
Estamos numa fase de muito aprendizado e precisamos ganhar produtividade. Temos o menor 
custo do mundo e podemos fazer mais barato, quando sairmos dos 50 Kg por hectare e 
chegarmos a 100, 200 até 300 Kg por hectare. 
 Os cruzamentos industriais aumentarão cada vez mais sua participação na composição 
da produção dos rebanhos brasileiros. Isso, porque se adaptam melhor aos sistemas intensivos 
de produção, tem maior velocidade de ganho de peso e mais precocidade sexual. O 
cruzamento industrial nos rebanhos subira dos atuais 20% para cerca de 32% até 2012. 
 A Inseminação Artificial (IA) também crescerá significativamente sobre a monta 
natural promovendo o avanço dos cruzamentos terminais. A receita será: Vacas nelore 
inseminadas com raças européias para a obtenção de máxima heterose (100%), com seus 
produtos F-1 (1/2 sangue) destinados a recria e engorda. Este sistema reuni a rusticidade das 
vacas nelore (a menor custo) e o auto ganho de peso do cruzamento industrial. 
 Quanto mais se avança no conhecimento da genética, mais fascinante se torna o 
complexo de produção de carne. 
 Muitas barreiras culturais foram demolidas nos últimos anos, com por exemplo, a 
tradição que só permitia a primeira prenhez em vacas com três anos (hoje com cerca de 14 
meses). Contudo, outros paradigmas ainda geram controvérsias. Um deles diz que as vacas de 
grande porte não são viáveis, porque comem muito e dão bezerros com as mesmas 
características e resultados daqueles obtidos com vacas de tamanho mediano. Para alguns 
técnicos o tamanho excessivo das vacas já não é problema grave pois, com o pagamento de 
prêmios por carcaças mais pesadas e bem acabadas, este fator deixara de ser negativo, desde 
que elas desmamem bezerros machos com peso mínimo de 45% de seu peso. Porém, a 
questão do tamanho da vaca, bem como a busca da vaca ideal, ainda permanecem na pauta de 
que procura medir resultados ponto a ponto. 
Contudo, prevê-se alternativas para fortificar a participação genética das raças 
européias na produção de carne, com os cruzamentos industriais entre raças adaptadas e raças 
não-adaptadas. Por outro lado espera-se também um avanço das raças compostas. 
 Entre as raças puras, a tendência é que haja crescimento nos cruzamentos de raças 
puras com raças adaptadas, visando o seqüestro de genes de adaptação, para inseri-los depois 
nos cruzamentos. Raças adaptadas ganharão espaço nos próximos anos. 
 
 
 
 
 
 
Sanidade Animal no Cruzamento 
 
A pecuária desenvolvida e melhor remunerada pela eficiência possibilitará o uso de 
vacinas múltiplas contra as principais doenças que atacam os rebanhos, causando prejuízos de 
grande monta, como raiva, clostridioses, brucelose, doenças reprodutivas etc. 
 No caso das doenças reprodutivas, o uso mais intenso da Inseminação Artificial para 
acelerar resultados genéticos será eficaz, porque o sêmen deverá garantir a qualidade genética 
e sanitária, que hoje ainda é incontrolável na reprodução com uso de animais não atestado, o 
que acaba comprometendo os índices e a qualidade dos resultados. 
 Em relação a rastreabilidade, temos o SISBOV regulamentando a pecuária nacional 
com data (2007) para enquadrar todo o maior rebanho comercial do mundo, num país 
continental como é o Brasil. Para efeitode exportação as exigências já estão em vigor desde 
julho de 2003. Empresas certificadoras e programas de rastreabilidade adentram 
vigorosamente o cenário da nossa pecuária. 
 Apesar da polêmica, a rastreabilidade é parte definitiva da pecuária de resultados, que 
pretende conquistar mercados e agregar valor. 
 
Viabilidade dos Cruzamentos 
 
Ao executar um programa de cruzamento industrial, o produtor tem interesse na 
rapidez do retorno financeiro. Para realizar lucro, é fundamental que se conheça a capacidade 
combinatória das raças envolvidas e a contribuição particular de cada uma delas no esquema 
de cruzamentos. 
 Quanto maior a distância étnica original entre os grupos intercruzados , maior a 
heterose nos produtos (filhos), expressa como vigor, crescimento, resistência e fertilidade. 
O sistema de acasalamentos pode ser otimizado quando, em manejo simples, 
conseguimos obter o máximo de cada contribuinte, conhecendo sua origem e capacidade de 
combinação. 
A definição de alguns critérios, até o sobreano (18 meses), pode definir entre as raças 
de bovinos o sucesso nos cruzamentos: 
1- Precocidade sexual 
 2- Precocidade de crescimento 
 3- Precocidade de acabamento. 
 A raça com precocidade sexual tem fêmeas que apresentam cio e machos com libido 
antes dos 18 meses de idade. 
 A raça com precocidade de crescimento apresenta animais com peso de 500 kg até os 
18 meses de idade. 
 A raça com precocidade de acabamento tem a carcaça pronta para o abate (3 a 10 mm 
de gordura de cobertura) aos 18 meses de idade. 
 
Escolha das Raças no Cruzamento 
A principal causa de uma raça ser mais precoce que outra ocorre em função do frame 
size, ou melhor tamanho a maturidade (idade adulta) que pode ser de grande, médio ou 
pequeno porte. Na figura 1 é possível observar bem claramente estas diferenças, onde os 
animais de diferentes tamanhos, atingem a puberdade e a maturidade com deferentes peso e 
idade. 
 
Figura 1: Curva de crescimento de bovinos com diferentes tamanhos corporais 
Do mesmo modo que o tamanho corporal, as raças ainda podem ser classificadas de 
acordo com grau de musculosidade, grossa, moderada e fina (Tabela 1). 
 
Tabela 1: Classificação de algumas raças de acordo com o tamanho corporal e grau de 
musculosidade. 
Grau de musculosidade 
Tamanho 
Grossa Moderada Fina 
Pequeno Angus, Gir, Red Angus Gir Leiteiro, Jersey, Pitangueiras 
Médio Belgian Blue, 
Limousin, Piamontês 
Brahman, Brangus, 
Canchim, Hereford, 
Nelore 
Caracu, Ayrshire, Lincoln 
red, Shorthorn Leiteiro 
Grande 
Blounde d'' Aquitaine, 
Charolês, Chianina, 
Fleckieh 
Marchigiana, Pardo 
Suiço, Simental Holadês, South Devon 
Animais de raças de tamanho grande e musculatura grossa têm taxas de crescimentos 
maiores (maior ganho de peso), porém são mais tardias para acumular gordura na carcaça, 
permanecendo por tempo superior no confinamento, tendo maior demanda por alimento. As 
raças de tamanho pequeno e musculatura moderada apresentam menores ganhos, porém são 
mais precoces em termos de acabamento de carcaça. Em alguns sistemas de cruzamento o uso 
de raças de porte maior, porém com acabamento mais tardio, podem ser mais interessante do 
ponto de vista econômico pois atingem maior peso de carcaça, devendo-se levar em conta que 
no plano nutricional a maior exigência destes animais. Por outro lado raças terminadas mais 
precocemente, com peso mais leve e maior quantidade de gordura na carcaça, podem ser mais 
viáveis, principalmente do ponto de vista nutricional, pois o consumo de alimento é menor. 
 A combinação entre raças de maior porte e de pequeno porte podem prover animais 
com carcaças mais pesadas e boas cobertura de gordura. A estratégia com que se realiza os 
cruzamentos dependem dos objetivos de cada propriedade. O cruzamento com raças de maior 
porte seja, talvez, mais indicado para o abate tanto de machos como de fêmeas, também 
chamado de cruzamento terminal. Entretanto, o uso de raças de menor porte em programas de 
cruzamento pode ser interessante quando deseja-se manter as fêmeas F1 (animais oriundos do 
primeiro cruzamento) no rebanho como reposição, pois estas são precoces sexualmente, 
entrando na vida reprodutiva mais cedo. Sendo que estas fêmeas podem receber touros de 
raças com maior tamanho a maturidade, abatendo-se todos os produtos. 
 Resultados de pesquisa e simulações econômicas de Instituições como a Embrapa, 
demostram que o cruzamento industrial permite incrementos na produtividade de até 25 %. 
 
 
No entanto erros na adoção da estratégia bem como na condução do sistema de 
cruzamento vem sendo cometidos ao longo dos anos Os erros em geral estão relacionados a 
problemas básicos na fazenda, ou seja, manejo sanitário e nutricional. O que foi possível notar 
é que o manejo nutricional adotado por parte da propriedades que utilizam-se do cruzamento 
industrial é inadequado, tendo como base os animais de origem zebuína, que apresentam 
menores exigências. Como conseqüência disto, o que tem sido observado são animais 
cruzados, que apesar do maior peso de carcaça, apresentam acabamento inferior aos zebuínos. 
 Barbosa (2002) realizou uma extenso levantamento de dados em diversos trabalhos 
onde se comparavam as características produtivas de diferentes grupamentos genéticos de 
raças de corte em relação aos zebuínos puros. Os componentes produtivos considerados no 
trabalho são de peso de carcaça, idade e acabamento (Espessura de gordura, mm) para 
animais terminados em confinamento ou pasto (tabela 2 e 3). É possível notar que os animais 
cruzados foram abatidos com idade inferior aos zebuínos quando, para um mesmo peso de 
carcaças, porém observa-se menor grau de acabamento em praticamente todas as situações de 
cruzamento, independente de animais terminados a pasto ou em confinamento. 
Tabela 1: Desempenho relativo (%) para peso de carcaça (kg), idade de abate (meses) e espessura de gordura 
(mm), de acordo com o grupo genético, para animais terminados em confinamento 
Peso Idade Espessura
Grupo genético 
Kg % Meses % Mm % 
Raças Zebuínas (Z) 253,3100 27,4 100 5,4 100
F1 Britânicas (B) X Z 264,1 104 23,5 117 4,4 81 
F1 Continentais (C) X Z 258,3 102 22,0 125 3,3 61 
Retrocruza 2/3 B + 1/3 Z 225,9 89 16,4 167 4,8 89 
Retrocruza 2/3 C + 1/3 Z 249,3 98 26,3 104 3,9 72 
Retrocruza 2/3 Z + 1/3 B 252,1 100 21,0 130 2,8 52 
Retrocruza 2/3 Z + 1/3 C 255,1 101 23,3 118 3,3 61 
Cruzados de 3 raças ou + 
raças 260,9 102 20,4 134 3,8 70 
Média dos animais cruzados 253,3100 22,0 124 3,6 67 
Fonte: Barbosa (2002). 
 
Tabela 2: Número de estimativas (N) e médias do desempenho relativo (%) para peso de carcaça (kg), idade de 
abate (meses) e espessura de gordura (mm), de acordo com o grupo genético, para animais terminados em 
regime de pastagens. 
Peso Idade Espessura
Grupo genético 
Kg % Meses % Mm % 
Raças Zebuínas (Z) 225,310034,5 100 5,7 100
F1 Britânicas (B) X Z 245,4 96 35,9 96 3,4 60 
F1 Continentais (C) X Z 228,6 114 30,4 114 3,5 61 
F1 C x B 226,8 101 38,0 91 1,6 28 
Retrocruza 2/3 B + 1/3 Z 228,5 100 34,5 100 4,2 74 
Retrocruza 2/3 C + 1/3 Z 246,8 126 27,4 126 2,1 37 
Retrocruza 2/3 Z + 1/3 B 256,1 95 36,5 95 4,0 70 
Retrocruza 2/3 Z + 1/3 C 256,6 107 32,3 107 1,9 33 
Cruzados de 3 raças ou + raças 283,5 115 30,0 115 2,6 46 
Média dos animais cruzados 236,1105 32,7 106 3,3 59 
Fonte: Barbosa (2002). 
Os resultados indicam que os animais de cruzamento industrial estariam sendo 
abatidos com o peso abaixo do ideal, para que apresentem a espessura ideal de gordura 
subcutânea (5 mm), ou manejo nutricional estaria inadequado para as exigências. As 
raças européias por terem maiores taxas de crescimento, e maior peso adultoem relação 
aos zebuínos, apresentam maiores exigências energéticas para que todo o seu potencial 
genético seja explorado. Almeida e Lanna (2003) observaram que o consumo de MS de 
animais europeus puros (Angus) e cruzados (Brangus) foram 12 e 10 % superiores em 
relação aos animais Nelore, respectivamente. Com base nestes dados pode-se concluir 
que as diferenças de consumo estão relacionadas as diferentes exigências energéticas. 
 Um dos fatores limitantes na produção de carne do país é a ineficiência em suprir 
alimentação adequada para o rebanho, ou melhor "o problema é a falta de comida". 
Neste cenário, animais de maior exigência, como os cruzados criados de maneira 
"tradicional", tem o seu desenvolvimento prejudicado, sendo abatidos com peso e 
acabamento de carcaça inadequados. Enquanto que o animal Zebu, que tem menor 
exigência, são os menos prejudicados. Animais de cruzamento industrial, deste que 
manejados de forma correta possibilitam vários benefícios para cadeia com um todo, do 
produtor ao consumidor. Além de permitir carcaças mais pesadas e melhor acabamento, 
o cruzamento origina carne com maior maciez. Sem considerar o mau processamento de 
carcaça, sabe-se que a variação genética tem considerável influência na palatabilidade da 
carne. Diversos trabalhos foram realizados principalmente na Austrália e EUA, e alguns 
também no Brasil, onde demonstram que o uso de raças taurinas no cruzamento com 
zebuínos melhora de forma significativa a palatabilidade da carne, devido a melhora na 
maciez. Atributo este, determinante para a aceitabilidade pelo consumidor, devendo ser 
considerado quando se diz respeito a mercados mais exigentes, como o Europeu por 
exemplo. 
 O banco de dados do MSA (Meat Austrália Standart) demonstra que em condições 
comerciais a % de Bos indicus (zebuinos) nos cruzamentos apresentavam grande efeito 
na palatabilidade da carne (Tabela 4). Carcaças oriundas de animais com 75% ou mais 
de sangue zebu apresentaram 63% das carcaças apresentaram baixa palatabilidade de 
acordo com testes em consumidores, enquanto que em animais com menos de 25% de 
sangue zebu apenas 11% das carcaças foram reprovadas no teste. 
Tabela 4: Resultados de aceitação do consumidor de carcaças oriundas de animais com 
diferente grau de sangue zebu 
% sangue Bos indicus % de carcaças reprovadas% carcaças aprovadas 
>75% 63 37 
25-75% 31 69 
<25% 11 89 
Fonte: Thompson, 1998. 
No processo de tomada de decisão da escolha das raças para o programa de 
cruzamento industrial, deve-se estudar as características (precocidade, rusticidade, etc.) mais 
adequados aos objetivos do sistema de produção. Freqüentemente temos observados 
insucessos em sistemas onde as raças escolhidas não eram as mais adequadas. È indiscutível a 
importância do zebu para pecuária brasileira, sendo talvez o principal responsável pelo Brasil 
estar se tornando exportador competitivo. Com cruzamento é possível melhorar ainda mais a 
eficiência produtiva, agregar valores ao produto, e principalmente atender a mercados mais 
exigentes, tanto o externo como o interno. 
 
 Conclusão 
O topo da pirâmide pecuária, ou a elite pecuária, juntamente com os nossos centros de 
pesquisa, tornaram possível esta proeza: sabemos fazer boi com muita qualidade a custos 
imbatíveis. Falta agora migrar para os rebanhos comerciais e quantificar qualidade em larga 
escala. O cruzamento industrial é a ponte da viabilidade para realizar a necessária 
qualificação. 
Utilizando animais com avaliação genética (Sumário com as DEP’s), os cruzamentos 
subseqüentes serão conseqüência dos pais qualificados, desde que usados os esquemas 
de um cruzamento industrial. Ao executar os cruzamentos, devemos nos lembrar: 
“Os ascendentes de um animal nos prediz o que o mesmo poderá ser ; a observação de seu 
desempenho no ambiente nos informa o que o mesmo parece ser; somente sua progênie nos 
garante o que ele é “. 
Nenhuma raça foi superior em todas as características para produção de carne bovina. 
Sistemas de cruzamento que exploram a heterose e a complementaridade e compatibilizam o 
potencial genético com restrições de mercado, alimentares e de clima fornecem o meio mais 
efetivo de melhorar geneticamente a eficiência da produção. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
MANELLA, M. Q. Cruzamento industrial para produção de carne. 
Piracicaba: ESALQ, 1998. 78p. 
 
SANTOS, R. Os Cruzamentos na Pecuária Tropical. Livro de edição 
comemorativa de 100 anos de pesquisas oficiais sobre cruzamentos (1899-
1999) 672p. Editora agropecuária tropical. 
 
ANUALPEC - 2003

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