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Clínic� Médic� Complicaçõe� Cirr�s�- Encefalopati� hepátic� Introdução ● Alterações leve de comportamento até o coma ● Tinha ideia de pensar apenas em uma fisiopatologia da doença, que é em cima da toxicidade da amônia. Entretanto, observa-se que não é apenas isso, já que há consequências no tecido nervoso de edema, por exemplo. NÃO é a amônia direta ou exclusivamente que traz essa lesão ● Muito comum em pacientes com doença hepática crônica ● 50 a 70% dos cirróticos ● Sinais e sintomas neuropsiquiátricos que não podem ser explicados por outras causas ● Precisa mesmo no paciente cirrótico, excluir outras causas de doenças neuropsiquiátricas, para falar que é encefalopatia hepática ● Distúrbio metabólico potencialmente reversível; alguns estudos mostram que mesmo revertendo a doença metabólica e o paciente regredindo com sintomas psiquiátricos, ainda há resquícios; o paciente tem uma crise, mas nunca volta no basal. A tendência é não voltar à normalidade. Quanto mais tardio e sintomas mais graves, mais chance de continuar pós doença metabólica Fisiopatologia ● Amônia está relacionada à sua gênese, ao lado de várias neurotoxinas e fatores diversos, como o edema cerebral, o tônus GABAérgico e microelementos como zinco e manganês ● Acomete o astrócito, que é a célula neurológica que tem o alvo comum de todas as ações ● Seu alvo comum via de regra é o astrócito ● Atinge o astrócito, trazendo edema, influxo de cálcio e alguns substâncias que mantêm o ciclo edematoso. Contam como alterações do próprio paciente; a condição da encefalopatia hepática não tem ligação direta com a amônia ● Relação da expressão gênica junto com modificações em proteínas/RNA e sinalização; não é uma doença que tem ligação direta com um valor de amônia; quanto mais amônia, mais chance de ter ● Comum alteração do astrócito através de expressões proteicas e edema ● Lactulose era a única base de tto, hoje observa-se que pode tentar outros medicamentos; ela tenta evitar que a amônia chegue no tecido cerebral, ela age pré sistema nervoso central ● Há substâncias que tentam agir mesmo estando em contato com tecido cerebral ● Hipotermia, AINES, Antagonistas TLR, Plasmaférese são opções que agem nos mediadores inflamatórios; alguns locais não conseguem fazer a hipotermia, já que deve ser colocado em câmara fria ● Estresse oxidativo Clínica ● Variável: distúrbios leve do humor, como o paciente ser tímido e com a doença ficou extrovertido ● Alteração sutil de personalidade até o coma ● Não depende do valor da amônia; não tem na prática clínica o hábito de dosar amônia, já que não é fidedigno; diagnóstico é em cima da clínica, a ureia pode ser mais fidedigna que a amônia ● A amônia é tóxica para todos, o que ocorre é a possibilidade de colocar amônia no ciclo da ureia e eliminar ● Gravidade pode depender de fatores hepáticos e extra hepáticos; condições como etiologia da doença cirrótica, vitamina ● Possibilidade de aumento de ureia sérica é produzir muita amônia; assim a ureia pode ser mais dosada do que a amônia Diagnóstico ● De exclusão: se não for cirrótico/doença hepática, se torna ainda mais diagnóstico de exclusão ● História clínica compatível com a encefalopatia hepática ● Exclusão de outras causas, particularmente distúrbios metabólicos (uremia), doenças infecciosas (SNC como encefalite e meningite e sistêmicos), processos expansivos do SNC (hematomas, neoplasias), distúrbios psiquiátricos e alterações de comportamento (transtorno depressivo, ansiedade, esquizofrenia, etc), especialmente abstinência alcoólica (podem trazer sintomas muito parecidos), ou ainda abuso de álcool ● Emprego dos critérios de West Haven e/ou escala de Coma de Glasgow Critérios de West Haven para classificação da encefalopatia hepática de acordo com a gravidade ● Grau I: alterações leves de comportamento e de funções biorregulatórias, como alternância do ritmo do sono, distúrbios discretos de comportamento como riso e choro “fácil”, hálito hepático (hálito putrefeito, cheiro diferente do hálito etílico, podendo trazer pequena distinção clínica) ● Grau II: letargia ou apatia, lentidão nas respostas, desorientação no tempo e espaço, alterações na personalidade e comportamento inadequado, presença de flapping (forma de diferenciar grau II e grau III) ● Grau III: sonolência e torpor com resposta aos estímulos verbais, desorientação grosseira e agitação psicomotora, desaparecimento do flapping ● Grau IV: coma não responsivo aos estímulos verbais e com resposta flutuante à dor Nova classificação da EH proposta pela ISHEN ● Clinicamente aparente: tem todos os quesitos, exceto flapping ● Paciente com clínica clássica de EH, nem precisa aplicar tais testes, já que visualmente tem qualquer tipo de alteração de marcha, por exemplo ● Encefalopatia ausente, pré encefalopatia Outra classificação ● Tentativa de buscar diagnóstico e possível etiologia da EH ● A: associada à falência hepática aguda; por exemplo, paciente tem hepatite fulminante e evolui com falência aguda, pode evoluir para encefalopatia hepática ● B: Associada à shunt portossistêmico. Possibilidade de evoluir com EH por conta do shunt, que é uma cirurgia proposta, desvia o fígado e perde possibilidade de transformar amônia em ureia, facilita o aparecimento de encefalopatia hepática do tipo B ● C: Associada à cirrose hepática: - Episódica: precipitada (teve peritonite bacteriana espontânea, ascite); espontânea (não teve nenhuma infecção e mesmo assim evoluiu); recorrente (melhora, é espontânea, precipitada). Nesse perfil de paciente tende a ter o comportamento da doença dessa forma, sem conseguir regredir de maneira absoluta. Episódica vem e melhora - Persistente: leve, acentuada e dependente de tto - Mínima: alteração muito pequena do comportamento, sendo classificada como tipo C (cirrótica), mas do tipo mínima) Diagnóstico diferencial ● Estado confusional agudo: - Diabetes (hipoglicemia, cetoacidose, coma hiperosmolar, acidose lática) - Álcool (intoxicação, abstinência/delirium, Wernicke-Korsako�- uso de bebida alcóolica e redução tiamina) - Medicações/drogas (BZD, neurolépticos, opióides) - Distúrbios SNC (neuroinfecções, AVC, epilepsia) - Distúrbios psiquiátricos - Hipoxemia/hipercapnia - Acidose/uremia ● Outras apresentações: - Demência - Lesões cerebrais (traumáticas, neoplasias, hidrocefalia de pressão normal) ● Entra com o tto de maneira empírica; se o paciente tem história clínica compatível, já o realiza Pesquisa de causas desencadeantes ● Se não tratar fatores desencadeantes, o paciente continua com sintomas de EH ● Infecção (PBE, ITU, pneumonia, celulite- lesão de pele) ● Sangramento TGI ● Diuréticos; pode acumular amônia; na internação o paciente pode evoluir com EH por conta da prescrição. Ter esse cuidado sempre! ● Distúrbios renais e hidroeletrolíticos; mesmo sentido dos diuréticos ● Constipação ● Ingesta excessiva de proteína ● Drogas (BZD, narcóticos) ● Piora aguda da função hepática; paciente estabilizado da cirrose e piora de um momento para o outro ● TIPS: retira o fígado da transformação de amônia e ureia; irreversível ● Todas essas causas devem ser investigadas, já que algumas são reversíveis Tratamento ● Dissacarídeos não absorvíveis (Lactulose)- Reduzir substrato. Dose para 02 a 03 evacuações com pH < 6; não absorve o dissacarídeo na mucosa intestinal, ele passa ileso e faz diarreia osmótica, e o paciente elimina. A função é reduzir absorção de proteínas; o ciclo da ureia elimina muitas partes na urina, mas algumas partes são via intestinal, e isso reabsorve. Ideia de diminuir a absorção e aquela que já transformou em ureia não reabsorver novamente para não formar amônia mais uma vez. Em ambiente hospitalar é mais fácil realizar a pHmetria; a profilaxia secundária, mede pH ● Metronidazol e Neomicina (Bactérias intestinais e ação metabólica); ideal usar associado, mas usa-se mais metronidazol; tentar eliminar bactérias que transformam amônia no TGI; para não reabsorver mais amônia ● Rifaximina 1200 mg/dia em 03 tomadas(bem tolerada a longo prazo); atb usado de mais fácil posologia. Se usa por muito tempo, sobrecarrega o fígado ● L-ornitina L-aspartato (LOLA) aumenta a conversão da L-ornitina para glutamato no músculo esquelético, podendo diminuir a concentração plasmática de amônia. Essa é a ação teórica! Não sabe se in vivo realmente faz tal ação. Prescrita sendo tto alternativo, usada de forma associada EH na insuficiência hepática aguda ● Paciente pode até ter cirrose compensada e depois descompensa; deve ter cuidado especial com uso de atbs e LOLA por conta da lesão hepática, já que usam proteínas produzidas no fígado ● Dissacarídeos não-absorvíveis, L-Ornitina L-Aspartato (LOLA) ou antibióticos não devem ser rotineiramente empregados para tratamento da encefalopatia hepática da insuficiência hepática aguda ● O uso de N-acetilcisteína deve ser considerado no tratamento da insuficiência hepática aguda não associada ao acetaminofen (paracetamol); insuficiência hepática pode usar acetilcisteína se não for pelo paracetamol; se a insuficiência hepática for pelo paracetamol não pode usar porque compete com o acetaminofeno e não elimina amônia ● Deve-se considerar monitorização invasiva da pressão intracraniana nos pacientes com IHA cursando com EH graus III-IV Nutrição ● Requerimento energético: Pacientes cirróticos precisam receber 35 a 40Kcal/kg por dia; manter a questão da ingesta calórica; antes fazia a restrição absoluta de proteína, hoje em dia isso não é feito, volta com a proteína, já que sua falta traz quebra de proteínas em outros locais, principalmente muscular ● Ingestão de proteínas: Deve-se evitar dieta hipoprotéica (1,2 a 1,5 g/kg de peso por dia). Casos graves podem ser reduzidos por curto período. Proteínas de origem vegetal; deve ser usada dieta normoproteica ● Possível manter dieta normoproteica com proteínas de origem vegetal; tem menor potencial de serem transformadas ou metabolizadas em amônia; grão de bico, lentilha, etc ● Uso de probióticos: redução da amônia sanguínea e reversão de encefalopatia subclínica em 50% dos pacientes; terapêutica já usada nos pacientes Profilaxia ● Profilaxia primária: não é recomendado rotineiramente. O uso da lactulose profilático nos casos de HDA pode ser recomendado. Paciente tem cirrose, nunca teve HE, não precisa realizar profilaxia, a não ser que já tenha tido hemorragia digestiva alta (HDA) ● Profilaxia secundária: após o 1º episódio é recomendada com lactulose (ajustar para 2 a 3 evacuações pastosas/dia), exceto nos casos em que o fator desencadeante foi identificado e retirado e o paciente apresenta boa reserva funcional hepática (avaliar caso a caso). Paciente já teve o 1º episódio e quer evitar que tenha mais; dependendo do perfil do paciente, pensa-se em não usar até mesmo na secundária
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