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A educação no Brasilfinal

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A educação no Brasil: algumas reflexões necessárias 
Denise Costa Ceroni 
Dra em Educação 
História do Ensino no Brasil
Baseada na seletividade, na lógica da exclusão das camadas populares
Ignora o saber popular
Reproduz o modelo social
Lógica da centralização do Poder- Período Colonial
1500 a 1549
Não há preocupação com a educação escolarizada
1549 Chegada dos Jesuítas 
Divulgação da doutrina católica.
Ratio Studiorum:
unidade da matéria,do professor,do método, pautado na disciplina rígida,cultivo da atenção e perseverança nos estudos com ênfase na emulação , hierarquização,
obediência e meritocracia
1549 a 1759
Educação jesuítica é o instrumento fundamental na formação da elite colonial
Dualismo:
1-Formar a elite para o exercício nobre da colônia (saber elaborado)
2-Catequizar os índios para a conversão ao catolicismo e para a servidão (saber rudimentar)
Governo de Portugal não permitia a criação de Universidades na Colônia e não queria a emancipação intelectual do povo 
Os que se adaptam aos padrões europeus são considerados normais...os outros...
Reforma Pombalina 1772
Implantação do ensino público oficial
Coroa nomeava o professor,estabelecia os planos de estudos , de Humanidades para o sistema de “aulas régias”-disciplinas isoladas, professores pagos com “subsídios literários”...
Intenção
Oferecer aulas de línguas modernas (francês), desenho, aritmética, geometria, ciências naturais, 
Espírito dos novos tempos
Contra os dogmas da tradição jesuítica
Meio século de decadência...
Século XVIII - Brasil
Aristocracia agrária escravista
Economia agroexportadora dependente
Submetida à política colonial de opressão
Panorama de analfabetismo-Ensino precário
Período Joanino
1808
1810
Chegada da Família Real 
Criação de escolas de nível superior para formar oficiais do Exército e da Marinha, engenheiros militares, médicos,economia ...agricultura...
Imprensa Régia
Biblioteca -60 mil volumes
Jardim Botânico
1818-Museu Real
1816- Missão Cultural Francesa- Escola Nacional de Belas Artes
Século XIX
Não havia política de educação sistemática!
Constituinte de 1823-ideais da Revolução Francesa inspiraram os deputados –um sistema nacional de instrução pública.
Lei nunca foi cumprida!
Assembleia Constituinte dissolvida pela Coroa
Mantiveram o principio de liberdade de ensino sem restrições e a intenção de “instrução primária gratuita a todos os cidadãos”
Lei de 1827 –determina a criação de escolas em todas as cidades, vilas e lugarejos (art.1º)
Art. XI “ escolas de meninas nas cidades e vilas mais populosas”
Lei fracassou: economia,técnicos, políticos.
Sem exigência da conclusão do ensino primário para o acesso a outros níveis- a elite educava seus filhos em casa com preceptores ,ou ainda, os pais contratavam professores para os seus filhos sem vínculo com o Estado.
Para os outros segmentos –poucas escolas e bastava ler,escrever e contar!
1819- método de ensino mútuo ou monitorial- pedagogo inglês Lancaster: instruir o maior número de pessoas com o menor gasto!
Segundo Fernando Azevedo
1867- apenas 10% da população em idade escolar se matriculava nas escolas primárias
1890- 67,2% analfabetismo
1920- 60% analfabetismo
A educação arrastou-se inorganizada, anárquica, desagregada 
Entre o ensino primário e o secundário não há pontes ou articulações: são dois mundos que se orientam cada um em sua direção.
Século XIX
*Falta de recursos:
-construção de escolas
-preparação de professores
-remuneração decente
*Não havia vinculação entre os currículos,
*Disciplinas aleatórias, 
Ensino superior determinava a escolha das disciplinas do ensino secundário,
Ato Adicional de 1834
Emenda à Constituição 
Descentralizou o ensino :
-Coroa –função de promover e regulamentar o ensino superior- elite
-Províncias (futuros estados) destinados as escolas elementar e secundária- povo
1854- Reforma Couto Ferraz:
-ensino elementar obrigatório para maiores de 7 anos prevendo sanções para os pais ou responsáveis
Decreto 7.247 de 19/04/1879
Prevê a obrigatoriedade de frequência às escolas primárias de 7 a 14 anos para ambos os sexos, destina verbas públicas para escolas particulares que organizarem curso de ensino primário aos adultos analfabetos
1870- 1914
1890-1891
Período histórico-cultural da “modernização”
Período de ideias novas que se contrapõe ao pensamento católico conservador
Reforma Benjamim Constant:
Liberdade
Laicidade
Gratuidade da escola primária
Descentralização do sistema educacional
1º Grau -crianças de 7 a 13 anos
2º Grau – crianças de 13 a 15 anos
Fundamentação na ciência
Analfabetismo no Brasil
1890- 85%
1990- 75%
1920- 75% 
População com 15 anos ou mais
Século XIX
Propostas educacionais :
reafirmam a necessidade da escola pública, laica, gratuita e obrigatória
-crescimento das industrias
-explosão demográfica
Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados educadores da época.
 Em 1934, a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Público.
Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no atual município do Rio de Janeiro.
Escola Nova –Escolanovismo
*Superar a escola tradicional
*Escola+ realista que se adequasse ao mundo em transformação
*Métodos ativos em educação
*Formação global do aluno
*Educação integral (intelectual,moral e física)
*Educação ativa e prática
*Exercícios de autonomia
*Vida no campo,
*Ensino individualizado
*Exercícios físicos
*Psicomotricidade
*Percepção 
*Habilidades
*Compreender a natureza psicológica da criança
*Busca do método para estimular o interesse sem cercear a espontaneidade
*Laboratórios,oficinas,
Hortas,
*Valorização dos jogos
Estado Novo (1937-1945)
Refletindo tendências fascistas é outorgada uma nova Constituição em 1937.
A orientação político-educacional para o mundo capitalista fica bem explícita em seu texto sugerindo a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para as novas atividades abertas pelo mercado. 
Neste sentido a nova Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e profissional.
Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam livres à iniciativa individual e à associação ou pessoas coletivas públicas e particulares, tirando do Estado o dever da educação. 
Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário.
Marca uma distinção entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas.
O ensino neste período:
5 anos de curso primário 
4 de curso ginasial 
3 de colegial - podendo ser na modalidade clássico ou científico. 
O ensino colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório para o ensino superior, e passou a se preocupar mais com a formação geral. 
Apesar dessa divisão do ensino secundário, entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial.
República Nova (1946-1963)
A nova Constituição, na área da Educação, determina a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da educação. 
Além disso, fez voltar o preceito de que a educação é direito de todos.
Depois de 13 anosde acirradas discussões foi promulgada a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a oferta da educação aos brasileiros.
Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado muitas iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil da História da Educação no Brasil.
 Em 1950, em Salvador, no estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início a sua ideia de escola-classe e escola-parque; 
Em 1952, em Fortaleza, estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean Piaget: o Método Psicogenético; 
Em 1953, a educação passa a ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura;
 Em 1961, tem início uma campanha de alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos.
Ditadura Civil-Militar (1964-1985)
Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram “comunizantes e subversivas”
O Regime Militar espelhou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos e feridos nos confronto com a polícia e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores.
Nesse período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. 
Para acabar com os “excedentes” (aqueles que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular classificatório.
 
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização, aproveitando-se a didática do expurgado Paulo Freire. 
O MOBRAL se propunha a erradicar o analfabetismo no Brasil: não conseguiu. 
Entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no seu lugar, criou-se a Fundação Educar.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971. 
A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissionalizante.
Nova República (1986-2003)
No fim do Regime Militar a discussão sobre as questões educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e assumido um caráter político.
Para isso contribuiu a participação mais ativa de pensadores de outras áreas do conhecimento que passaram a falar de educação num sentido mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e à dinâmica escolar em si mesma.
Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e a concretizar discursos em nome do saber.
Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a fase politicamente marcante na educação, foi o trabalho do economista e ministro da Educação Paulo Renato de Souza, que tornou o Conselho Nacional de Educação menos burocrático e mais político. 
Jamais houve execução de tantos projetos na área da educação.
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2003...
De 2003 para cá tivemos muitas mudanças na Educação brasileira, incluindo uma grande reforma no Ensino Médio em 2017.
Tarefa individual para o dia 02 de Maio 
Pesquisar o que aconteceu na educação brasileira de 2003 até os dias de hoje ...
Buscar explicitar a relação com a avaliação da aprendizagem ( o que foi pensado e realizado?)
Tarefa a ser entregue de forma física ou digital.
Vale 3,0 
Referencias 
https://www.ocomprimido.com/dose-diaria/linha-do-tempo-da-historia-da-educacao-no-brasil/
VILELA, Thiago Dutra. Linha do tempo da História da Educação no Brasil. OCOMPRIMIDO, 2009. Disponível em: . Acesso em: DIA, MÊS e ANO.
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