Buscar

O CASAMENTO, SEGUNDO O DIREITO DE FAMÍLIA

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
FACULDADE DE ECONOMIA 
 
O CASAMENTO, SEGUNDO O DIREITO DE FAMÍLIA 
 
Aluno: Alcindo Gomes de Moraes Neto (2019.0534.0055) 
Disciplina: Direito e Economia 
Professor: Wilson Rodrigues Ataíde Júnior 
 
Antes de iniciar a discussão sobre Direito de Família, é relevante marcar um ponto 
importante, que é o seu forte aspecto social, o legislador na Constituição Federal de 1988 
tratou de mostrar essa sua relevância, pois a grande maioria das normas são imperativas. 
Dessa forma, precisa se ter o conhecimento de Família quanto fenômeno cultural de 
extrema relevância no universo jurídico, pois esse ente jurídico é tida como uma estrutura 
social basilar, por ser um ajuntamento de pessoas unidas entre si por duas formas de 
relações, podendo serem pessoais e patrimoniais, que são fruto do casamento, da união 
estável e do parentesco. Este primeiro, o casamento, é o mais importante nessa discussão, 
ele é um vinculo conjugal que liga um parceiro ao outro relacionado à ação de 
demonstração da vontade (ALMEIDA,2013). 
Assim, o casamento nos revela sua seriedade no ordenamento jurídico, como dito 
anteriormente, em razão da sua função social e por ser a principal maneira de se constituir 
família. Podendo ser definido como uma instituição, fundada e estruturada nos termos 
legislativos, com o objetivo de produzir descendência e recíproca assistência. Dois 
detalhes são importantes comentar, seu caráter de permanência, ou seja, por mais que não 
dure, o casamento foi idealizado para que seja, e outra característica é o personalismo, 
que se relaciona quanto ao motivo que faz o individuo celebrar a união com outro em 
razão da sua personalidade e predicados. Além disso, há o estabelecimento de direitos e 
obrigações, que partem do pressuposto de igualdade, ou seja, tanto o homem quanto a 
mulher devem ter os mesmos direitos e obrigações nessa relação conjugal (PEREIRA, 
2019). 
Bem como, outras instituições jurídicas e sociais, o casamento precisa partir de 
uma cronologia de construção, que são suas fases. A primeira delas, é a habilitação, o ato 
de que os nubentes, os noivos, demonstram interesse em casar, requerendo à autoridades 
a permissão do casamento, entregando documentos e registrando em cartório, com a 
presença de testemunhas assentando que não há qualquer impedimento para sua 
consolidação, por fim, a autoridade cartorária averigua a despeito dos documentos 
apresentados, havendo duvida é encaminhado para a apreciação por um juiz. Caso não 
aja impedimento, é dirigido aos Proclames, a divulgação em imprensa oficial do interesse 
dos nubentes em casar (LOPES, 1978). 
A fase conseguinte, é a de celebração, contudo, deve se ater a duas observações. 
A primeira é quanto a autoridade competente, o individuo por mais que se case perante a 
presença de uma autoridade religiosa sem atender os requisitos da celebração civil, não 
se considera casado frente à legislação, pois para haver a consolidação desse 
compromisso legalmente, é necessário atender todas as formalidades na presença do juiz 
de paz. Por fim, a ultima fase é a de registro, chamado de Assento, é a efetivação de que 
o casamento foi celebrado (DINIZ, 2008). 
Outro ponto relevante, é o impedimento de casamento por idade. Menores de 16 
anos são considerados incapazes, não podem casar, pelo entendimento jurídico são 
inaptos para praticar atos da vida civil. Apesar disso, há excepcionalidades, em caso de 
gestação e para se precaver de prescrição de pena criminal, nesses casos não haverá 
nulidade. Mas, podem casar menores entres 16 e 18 anos, desde que aja uma autorização 
dos representantes legais ou dos pais, e se não houver essa autorização as partes podem 
recorrer ao juiz para pedir a permissibilidade da união (MATHIAS, 2018). 
No que diz respeito a existência de um casamento, ou seja, a sua validação, ele 
pode ser existente, nulo ou anulado. A primeira espécie faz referência a um casamento 
atrelado a um problema muito grave, dessa forma não pode ser considerado a sua 
existência, por exemplo, quando não há a exterioridade de um dos nubentes. A segunda 
natureza é o casamento nulo, perante os termos da lei ele é nulo por ser impossível 
reproduzir efeitos no âmbito jurídico, sendo assim, a nulidade é uma consequência que se 
refere a validade (LOPES, 1978). 
Outras questões são trazidas ao se analisar o impedimento de um casamento, uma 
delas se refere as hipóteses. Algumas delas para a não legitimidade no campo jurídico, ou 
seja, indivíduos que não podem casar, é a de enfermidade mental, a pessoa não tem 
discernimento para a pratica de atos da vida civil causa na nulidade do casamento. Outras 
hipóteses, para a anulação, são a união entre ascendentes e descendentes, por mais que o 
parentesco seja natural ou civil, ou parentes em linha reta. O adotante com quem foi 
cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante, assim como, irmãos 
unilaterais ou bilaterais e demais colaterais, até o terceiro grau, não podem casar. Por fim, 
outras duas hipóteses para não casarem, é a de pessoas que já estejam casadas e indivíduos 
que queiram casar com o homicida do seu antigo parceiro (FINATO, 2016). 
Seguindo na discussão sobre a anulação do casamento, importante demarcar que 
do artigo 1556 ao 1558 ditam sobre os erros de vontade, assim, no que diz o artigo 1557 
do código civil brasileiro, os erros decorrem da identidade, da honra, da boa fama, o 
desconhecimento de crime anterior ao casamento ou defeito físico irremediável, ou de 
moléstia grave e transmissível, pelo contagio ou herança capaz de por em risco a saúde 
do outro cônjuge ou de sua descendência, ou desconhecer doença mental grave, e que 
assim, esses itens tornem insuportável ou a vida conjugal (MADALENO, 2008). 
Ademais, no artigo 1.558 se nota que a instituição jurídica privilegia e torna como 
um dos elementos mais importantes a existência da livre vontade, pois um casamento 
passa a obrigar o individuo de diversos direitos, da mesma forma que lhe traz diversos 
deveres, assim, a restrição por anulabilidade vem do fato de casamento se tratar de uma 
celebração conjugal, a posterior convalidação da sua vontade é mais importante do que 
deu inicio a ele. Então, se houve uma coação fundada em temor de mal considerável e 
eminente para a vida, a saúde e a honra, e mesmo assim a pessoa continua desejar estar 
casada, é preferível que ele continue valido, por ser passível de convalidação, ele não é 
nulo, contudo, anulável (LOPES, 1978). 
Continuando, no tríplice dos três artigos que definem os termos da consideração 
acerca dos erros de vontade, o artigo 1.559 comenta que, “somente o cônjuge que incidiu 
em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento”, assim, para ser 
legitimo ao alegar nulidade, não pode a parte que determinou o erro alegar isso para anular 
o casamento, e somente aquele que foi engado pode requerer a anulabilidade. Além disso, 
“a coabitação, havendo a ciência do vício, valida o ato, ressalvada as hipóteses dos incisos 
III e IV do art. 1.557”, já comentadas anteriormente (DOS SANTOS, 2014). 
São muitas as espécies do casamento, três delas valem destaque, a primeira é o 
casamento putativo, por mais que nulo ou anulável, por ser obtido de boa-fé por uma das 
partes produz efeitos civis como se tivesse validez. Por sua vez, o casamento nuncupativo 
é aquele realizado quando há perigo eminente de morte sem que obedeça a todas as 
formalidades jurídicas e as partes façam jus a sua vontade, a legislação traz como exceção 
por ser uma questão de extrema eventualidade. O ultimo é o casamento por procuração, 
concretizado através de um instrumento jurídico, entre um cônjuge e um procurador. 
(PEREIRA, 2019). 
No Direito de Família há causas suspensivas ditadas pelo artigo 1.523, comenta 
sobre aquelas situações em que ‘não devem casar”, como se fosseuma sugestão da 
legislação, apontando quatro hipóteses sobre isso, apesar disso, mesmo que pareça ser 
uma sugestão da legislação, ela carrega consigo forte força vinculante e impõe efeitos 
jurídicos, cada uma delas dita sobre interesses e que são relacionados ao patrimônio 
(MADALENO, 2008). 
E quanto a dissolução do casamento, até o ano de 1977 o vinculo de casamento 
era eterno e não havia a possibilidade de dissolubilidade, não podendo casar uma pessoa 
que já é casada, a partir desse ano se deu início essa possibilidade, porém é condicionado, 
antes de divorciar o individuo deveria formalizar a separação judicialmente. Em 2010, 
houve um Emenda Constitucional e a separação passou a não ser um pressuposto ao 
divórcio. Logo, o divórcio põe fim aos deveres conjugais e ao regime de bens do 
casamento, impedindo que a pessoa volte a se casar enquanto durar algum vínculo 
conjugal (PEREIRA, 2017). 
Já discutimos, que o casamento implica a existência de direitos e deveres entre os 
cônjuges, havendo igualdade nesses instrumentos entre o homem e a mulher. Dessa 
forma, os direitos e deveres que pertencem ao casamento são inúmeras, se destacam; o 
dever de fidelidade, convívio no domicilio conjugal, planejamento familiar, assistência 
mutua e dever de sustento guarda e educação dos filhos, e direitos de herança. Em 
seguida, a união estável é reconhecida pela União como entidade familiar e tem como 
estrutura basilar a convivência mutua e pacifica entre duas pessoas na finalidade de 
instituir família (FIDALGO, 2012). 
Finalizando a discussão sobre casamento, é de suma relevância comentar os 
regimes de casamentos interpretados pelo ordenamento jurídico, sendo quatro, comunhão 
total de bens, comunhão parcial dos bens, separação dos bens e participação final dos 
aquestos. Assim, tendo em vista a família como um regime institucional forte e solido na 
democracia brasileira, observa-se sua importância na economia, a exemplo temos o termo 
“Consumo das Famílias’ na economia e na contabilidade das contas nacionais, pois além 
da sua importância social, temos a sua na economia nacional, seja no consumo ou na 
oferta de fundos emprestáveis. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ALMEIDA, José Luiz. Direito Civil-Família. Elsevier Brasil, 2013. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. Editora 
Saraiva, 2008. 
LOPES, Fernando. Direito de família. 1978. 
MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. Forense, 2008. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: volume I: introdução ao 
direito civil: teoria geral de direito civil. Forense, 2019. 
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Divórcio-teoria e prática. Saraiva Educação SA, 2017. 
FINATO, César Tedesco. Anulação de casamento por erro essencial sobre a pessoa 
do cônjuge. 2016. 
FIDALGO, Roberta Flávia. Fonte originária do casamento. União de facto e união 
estável. FACIDER-Revista Científica, v. 1, n. 1, 2012. 
DOS SANTOS, Roberto Anacleto; DO REGO BARROS FILHO, Fernando. A nulidade 
do casamento e causas de impedimento. Jicex, v. 3, n. 3, 2014. 
MATHIAS, Elivania; VELTER, Stela Cunha. O casamento de menores de 16 
(dezesseis) anos: análise da exceção do artigo 1520 do código civil. TCC-Direito, 2018.

Continue navegando